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Equipe de realizaeao: Proto gif de Lio G. Machado © Eduardo J. Rodrigues ‘Acscaoria editorial de M \: Revista de Herbene’ Mattioli e-Valéra C, Salles CCIP-Brasi. Catalopugfo-oa-Fonte ‘Camara Brasilia do Livro, SP Sehwarn, Rober, 1B "Ao wencedor a6 Balas : forma lilerie © proceso social nos inleios do. romance brasileiro. | Rober Shware 2 ed) "Seo" Pavlo © Duss Cidades, 1981 Dibtiogatia, 1, Alencar, Jot de, 18201877 — Critica ¢ inter. protagao 2 Assis, Machado de, 1838-1808 — Critica © Imerpretagio 3. Romance brasicito — Historia e erties I Tilo, 81-0000 €DD-869 9309 Indices para catdlogo sistemétco: 1. Romances + Literatura brasileira : Histria © critica 869.9309 Il, A importacdo do romance e suas contradicées em Alencar (© romance existiv no Brasil, antes de haver romancistas Dasileiros (Quando apareceram, foi natural que estes se- fzussem 0s modelos, bons roins, que a Europa jé havia est belecido em mosses habitos de leitura, Observagdo banal, que no entanto ¢ cheia de conseqidneias: a nossa imaginaco fixara- Se numa forma cujos pressupostos, em razodvel parle, 0 se ncontravam no. pals, ou encontravam-se alteradas. Seria a forma que no prestava — a mais iluste do tempo — ou seria, (© pais? Exemplo desta ambivaléncia. propria de nagdes de Perileria, € dado na época pelo americano Henry James, que cabaria\emigrando, atraido. pela complexidade social da In- platerra, que Ihe parecia mais propicia 2 imaginacao (). Mas Neja-se 0 e4so de mais perto:\adotar o romance era acatar tam tem a sua manera de teatar as ideologias. Ora, vimos que ‘entre nis elas estéo deslocadas, sem prejuizo de guardarem 0 home eo prestigio originals, diferenca que ¢ involuntéria, um tleito pritico da-nossa formagao social. Caberia a0 eseitor, fem busca de sintonia, reterar esse deslocamento em nivel for- mal, sem o que ndo fica em dia com a complexidade objetiva te saa matétia — por proximo que esteja da ligdo dos mes: tres. Esta serd a faganha de Machado de Assis.’ Em suma, a mesma dependéncia global que nos obtiga a pensar em cate- {goris impréprias, nos indusia a uma literatura em que essa Impropriedade alo tinha como aflorar. Ou por outra, anteci~ pander em vez de Principio construtivo, a diferenga apareceria Involuntaria © indesejadamente, plas frestas, como defeito. ‘Uma instincia literéria do nivel intelectual rebaixado 8 que ros referiamos no capitulo anterior. — Lembrando os anos da 29 Alencar fala nos serdes'da intincia, em que tia ém vor alta para a mie e a8 parentas, até ficar a sala toda em prantos. Os livros eram Amanda e Oscar, Saint-Cair das Hhas, Celestine ouitos. Menciona tambéen os gabinetes de letura, 4 biblioteca romintica de seus colegas, nas repablicas estudan- tis' de Sio Paulo — Balzac, Dumas, Vigny, Chateaubriand, Hiigo, Byron, Lamartine, Sue, mais tarde Seott © Cooper — © 4 impressdo que entiéo Ihe causara o sucesso de A Moreninha, © primeiro romance de Macedo). Por que ago tentar, ele também? “Qual régio diademe Yala essa auréola de entusia- ‘mo a cingir 0 nome de um escritor?” (?) Néo faltavam os gran- dies modelos, e mais que esse ou agucle havia o presigio do tokle geral, e 0 desejo patnstico de dotar o pais de mais um melhoramenio do espirito modemo ©). No eatanto, 2 imigra- Ho do romance, particularmente de seu veio tealista, iria por iculdades. “A ninguém constranga freqlentar em pensamen- to sales © baricadas de Paris. Mas trazer as nostas Tuas © salas 0 cortjo de sublimes viseondessas,-ativistas fulminantes, ladrées ilustrados, iministros epigramsticos, principes imbecis, cientistas vsioninis, ainda que aos chegassem apenas os seus problemas e 0 seu tom, mio combinava bem. Contudo, haveria Tomance na Sua auséncia? Os grandes temas, de que’ vem a0 Tomanee a energia e nos quais se ancora a sua forma — a car- reira social, a forea dissolveate do dinheiro, 0 emhate de mee. togracia-e vida burguesa, © antagonismo entre amor © conve- cia, vocasio ¢ ganhe-péo — como ficavam no Brasil? Mo- sificados, sem divida. Mas existiam, além de existitem fort ménte na imaginagdo, com a realidade que tinha pars n6s.0 conjunto das iéias européias. Nio estavam 4 mio no entanto © sistema de suas modificagies, e muito menos os efeitos deste Smo sobre a forma lterdra,” Estes deveriam ser descobertos e laborados. Assim como, aliés, 0s mencionados temas nao estiveram prontos desde sempre, a expern Jo romance earopeu, Svrgiram, ow tomaram a sua forma modema, sobre o solo da transigio' — continental e secular — da era feudal a do capi- talismo. Também na Europa foi preciso explori-ios, isola, combinar, até que se formasse uma espécie de acervo’comum, m que se alimentaram ruins, medianos e grandes. Dige-se de prasagem que & este aspecto’ cumulativo e coletive da criaga0 inerarva, mesmo da individual, que iia permitir a multidao dos romances razodvels que © Realismo produziu, ‘Na cists. das solugies ideias cortentes, ainda se mao a8 aprofundam, estes livros fazem a impressio de complexidade, e logram_sustentar © interesse da Teitura. Como em nossos diss o bom filme. Um atnero de acunulagio que fot difeil para a iteratura brasile "a, cujos estimulos: vinkam © vém de'fors. Desvantagem, por w ‘outro lado, que hoje tem as suas vantageas, convergindo multe naturalmente com a dancarrota da tradigdo, a que durameate © acostuma o intelectual europeu, a fim de chegar — como # luma expressio-chave de nosso tempo — A deseontinuidade.¢ 20 arbitério culturais em que no Brasil, bem contra a vontade, sempre se steve Escritor refledo ¢ cheio de recurso, Alencar deu respos- tas variadas e muitas vezes profundas a esta shuaclo. 'A’sua cobra é uma das minas da literatura brasileira, até hoje, © em bora no. pareea, tem continuidades no Modemnismo. De fra: ema, alguma coisa veio até Mecunaima: as andangas que en trslagam as aventoras, 0 compo geografico do pals, a matéra mitologica, 2 toponimia india ¢ a Histria branca; alguma coisa do Grande-Sertao jd exisia em Ti, no ritmo das faganhas de ‘io Fera; nossa iconografia magindria, das. mocinhas, dos fn. dios, das forests, deve aos seus livos muito da. sua fixaglo Social; e de modo’ mals geral, para nio encompridar a lista & desenvoltura inventiva ¢ brasilerizante da pros alencarina ain dia agora ¢ capaz de inspirar. Tss0 posto, & preciso reconhecet 4que-a sua obra nunca é propriamente bem sucedida, © que tem Sempre um qué descalibrado e, bem pesada a palavra, de bo- bagem. “E interessante notar contuda, que estes pontes. fraeos Sto, tamente fortes nouta perspective. Nao sto acdentas nem fruto da fala de talento, sto pelo contriio prova de cont Seqigncia.Assinalam os lugares em que 0 molde.ewropeu, combinando-se A matéria loeal, de que’ Alencar foi simpati zante ardoroso, prodizia contra-senso. Pontos portanto que sto eriticos para a nossa literatura e vida, manifesiando oF dese. cordos dbjetivos — as incongruéncias de ideologia — que re- Sultavam do transplante do romance e da cultura européia para i, “Iremos estudi-los no. romance urbano de Alencar, para precsi-los, ¢ ver em seguida a solueio que Machado de Asis Ihes dari.” —“Comentério curioso destes impasses encontra-se em Nabuco, 0 europeizante, que os percebia muito bem, por achi-los horriveis. Ao conteirio do que dizem, a sua disputa com Alencar € pobre em reflexio e baixa ios recursos — um ‘de d wie de geantes", segundo Aftinio Coutinho; brigam ate para ver quem sabe mais francis, Mas tem o interesse de reter lima situaydo. O realism de Alencar insirava a Nabuco dupla averslo: uma por alo guardar as aparencas, ¢ outra por 0 desrespitilas com, digamos, a devassidto escolada © apresen- tavel da literatura francesa,” B como um cidadlo viajado que voltase para a sua cidade, onde o mortiticam a existencia ‘Je uma east de mulheres, e 0 seu povco requinte. As-meninas alencarinas, com os seus arrancot de grande dama, the pare> iam ao mesmo tempo inconvenientes © bobocas, mem Torn ticas nem naturalistas, © que & bem percebide, embora pesando no prato estérl da balanca("). As observagSes sobre o tems escravo e sobre o abrasleiramento da Tingua t&m © mesmo tear. Se the aceitasse a erica, Alencar escreveria ou romance edi- ficamte, ou romance europeu, Nabuco pe o dedo em fraquezas reais. mas para escondé-las; Alencar pelo contririo incide ne~ las fenazmente, guiado pelo senso da realidade, que o leva a sentir, precisamente ai, o assumto nove e o elemento brasileiro. Ao circunscrevé-tas sem as resolver, nao faz grande literatura, mas fixa e varia elementos dela — um exemplo a mais de como € tortuoso o andamento da criagio Ti Estudando a obra de Macedo, em que toma pé a tradigho dde nosso romance, Antonio Candido observa que ela combina © realismo da observagio mitida, “sensivel as condighes sociais do tempo”, © a miquina do enredo roméntico, Sto d pectos de ‘um mesmo conformismo, que interessa_distinguir adesio pedesite “ao meio sem relevo social ¢ humano da but guesia Carioca”, e outro, “que chamariamos poético, e vem a Ser 0 emprego Uos padrbes mais proprios & coneepga0 roman~ fica, segundo acaba de ser sugesido: lagrimas, teva, traigio, canflito”. © resultado irk pecat por falta de verossimilhang “Tanto que nos perguntamos como é possivel pessoas t30 chi se envolveram nos arrancos a que (Macedo) as submete” (") ‘Como veremos, ligeiramente ajustada, esta anilise vale também para o romance urbano de Alencar. Antes, no entanto, volte- ‘mos 0s seus elementos. A notagdo verista, a cor local exigida pelo romance de entio, davam estatuto ¢ curso literitio 3s fi- zuras ¢ anedotas de nosso mundo cotidiano, J4 0 enredo — 0 verdadeiro principio da composicio — esse tem a sua mola nas ideologias do. destino romdntico, em versio de folhetim ara Macedo e algum Alencar, e em versio realista para o Alencar do romance urbano de mais forca, Ora, como jf vimos ‘© nosso cotidiano regia-se pelos mecanismos do favor. incom- ppativeis — num sentido que precisaremos.adiante — com. as framas extremadas, proprias do Realismo de iaflugncia romén- ica. Submetendo-se ao mesmo tempo 2 realidade comezinha © A convencao literaria, © nosso romance embarcava em duas canoas de percurso divergente, e era inevitével que levasse al- guns tombos de estilo proprio, tombos que no levavam os livros franceses, ja que a histéria social de que estes se alimen- tavam podia ser revolvida a fundo juntamente por aquele mesmo tipo de entrecho. — Vista segunde as origens, a disparidade entre enredo € notaglo realista representa a justaposigio de 32 um molde europe is apurnsias lois (nfo mporta, no caso fue esas apartncine se tenbam snsformad em mata ie: Tria por inflagnca’ do_ propo romantic), Segundo. poss troguse a origem no mapremundl pear chs que stor tmonte The correspondian teremos vlad, com mat clrera fora das rahe subjacentes, 30 problems propio’ a. compo- Sido — em qu idologas toméaticey de vesente sea lbeal Seja arsocravane, mat sempre refeosy, a merconizagto da vide fguram, como. chavermesta do" usivero. do. favor Feta realdade obserada (Das) © 20 bom medslo doo: mance (europe) 0 seritr ret, sem sabe © sem eso ‘ela uma iicongraia conta em nosra vida pnsada, [Note se que nde i coneqéncn simples a tr deva. duane; tm pais de cultura dependent, como o Bras, a su preenga ETngvvc, co seu relado poe st bom ou ry quest de analisar ano por caso Licrara nto € juz, & figuagao os movimentor df una reptads chive que mo bra nada tm Possivelmente grande interesselirisi. "Veremos que em Ma hada de Asta chave sera aber pea Yechadurat Senhora 6 um dos lvios mais euidados de Alencar, a sua compose vai nos servir-de"ponto de patida, Tratase de tim romance em que tom varls marcadamente” Digos que tle & mat dealopado on perferia que no ent: Lemos, Ye finer © imereseto tio da Reroog, gordnho somo um vaso hints tem ar de pipoes; 0 velho Camargo € um farendiro barbagay, rode mas dei, na Fitmina, me deencomenta fu conveniénia,extala jos nu face da meri a quem serve. f quando. sents, acomods wa sun, gordira sem leila () ‘Noutras palnvr, ma esfera singel © fafa, em que pode aver soltmeato‘c confit som ue ela propria sje posta em ust, leiimads oe ex pela tatral¢ span propenso Aer pions sobrelivencin ota, Os neposianer Wo ex eralhten, as inmiziahas aboegadar, ©. parencla aprovel, isos, virus © maces adnitem-se trangilament, de modo gue pro 0 decrees, na pre neg Nao con temas, pois lous, nem ‘ propraments cca, ols no quer tansformar, © regatta. se, quando, passamoe” 20 Cirelo mandano, limitado ash. mock casadoura, — "0 ve tem sey inefesse, como se verd. Agu preside 0 clculo ‘Dvainheiroe das apaténias, c 0 amor. A Mpocrsin, complexa por detngio, combina-se @preensio de exemplarideds, pro Fria deta exer, e8'de espomtanstade, prpria 90 senimento foméntes, saurando a inguagem de mpleegbes mora Es- Pontaneamente esas obrigea’ teflerio, normative, 2 csta Soe prazers simples da evoceyao. ‘A matrix distant soa sla fa proc de Balzac, Fimalmeme. no contro dene cent, 8 3 voltagem vai ao teto. quando est em cena Aurlia, a heroina Uo tivo. Para esa herdere bon, itlgene © sortejada © dineiro rigorosamente a mediagio, maldita: questions ho- fnens © coisas pela fatal suspeta, 8 que nada cSeapa, de que Sjam mercves: Simetrcamate, exaspernse na moa 0 Sete ithento di pureza, expresso nos terns. do. moratidade” mals SonvencionalPureaa ¢ degradaco, uma 6 taler fing, uma Eimoterve angantose de um + outro exremo, Auris fvigem a um movimento vetiginos, de grande alcance ideols {geo 0 alcance do dinbeito, ease "deus moderno” —e um Pouca banal; falta complexidade a seus pélos A rigueza fica Feduzda a um problema de vitude © corupsio, que é infado, Be tomar-se a meoida de do, Results um andamento” Jenso te evota¢ de profundo conformisno — a inignaszo do bem- pensante —~ que nfo é 6 de Alencne. E uma des mistoras do Seals, « mate do dramathge rominico, da futoraradiono- tela, € sinda hi pouco podia ser visto no diseuro udenista Contra a corrupeio dos tempos. Mas voltemos stds, para cor fig a distingdo do principio ente 0 tom das personagens pe- ‘leis e dae centr, A questo néo & gradual, ¢ qualita No caso dat primeira, traa-se de apovetar as evidéncias do Consens, locaistac tuits yezes burlesc, tai como trad Sore habto,o-afto, em tous a irepitridade, as havamn satiety, Seu mundo 0: que & nas. sponta para owe, ierente dele. no qual se. devese transformar, ov por outta tinds, nip € problemitio: exclu a intengao” universalist © Sonmava, propria da prosa romintico‘iberal da taxa de Av- Tein, Veremor ainda gue esta € 2 tonaligade de um romance Importante em nossa Werstura, at Memorias de um Sargeno de Milla. E ada impede, seja dito" de pasagem, que este onsensotragn cle propio a cuss de tradiges iterinas. NO Seyundo caro, pelo’ contri procuraseperceber_o presente emo problema, como estado UE cosas a recusar. Estas rardo do peso maior, da "seredade” destas pastagens — ainda que itesaramente Sela sempre um alivo quando Alencar volta A futra mancira, que Ihe di, paginas de muita raga e fora naf- fatva. Enteanfo, € neste segundo esto earregado de pone pos, polarzado pela altemdnela de sublime Infima, que lc Se file linba forte do Realismo de seu tempo, ligada, jst mente, ao esforgo de figrar 0 presente em sat contadle; fm lugar de dieuldades Iocan, as rispagies universals dace vilizagio bargiese. f este o eallo que itd prevaleccr. Rest- Inindo cigemos que em Senhora a relexio toma 0 aleato © @ taneita a exera mundana, Jo diheiro, da carria, dando-Ibe por conseguinte a primar na compongse. Como as grandes Feronagens da Comsia Humana, Rurlia vive 0 eu acer 4 mento © procura exprési-lo, transformando-o em elemento in telecual da existéndia comum, © em elemento formal como se veri, & propesito do enredo — responsivel pelo fechamento do romance No estan, eite wom rellexivo © problemitic, hem realizado em si meamo, no convence interamente, © € infeliz em seu coavivio.com’o outto. Faz cletopretensiso, tem alguma cola descabids, que nteresa anallsat ean mnls setae Observe-se, quanto &_ isto, que predominincia for mal “e posoocial em “Senhora ‘ndo "coincidem. Se é tatu, ‘por _exemplo, "que "a cendmandana esteja em opesigio & provincia e A pobreza, ¢ eaquisito que inloa pequc- nos foneiondrios © filhas de-comerciantes remediados, Ee é es. Suistssimo que exclua ov adultos nas festas da Corte, as mics Miunca sto mais que respetivels senhorgs, que. vigiam as Tas c nfo cansam de cnicar os modox desenvoton de Avré= lin “impréprios de mininas bem educadas™ (). Como alls os homens, que +0 catieaturas, dewe que 080 sejom_rapaate Em sumo tom da moda €reservado & moridade adbile be. posta, de'gue ¢ 0 omamento, mas nio é a satese da expetin- Ein socal de uma class além de ser mal vito se val longe Néo tom curso ente ae pessoas que jésejam sis, a8 qua por a vex, fcam exclutias do biiho itearo, e do movinen- {ode idGns que dove rustentar o arrematar 0 romance, Por Sin ‘composigho, portanto, o Hero se config aos limites da Inivolidade, a despeito de'seu andamentoambicloso, que fea Prjudicado. "Este desacordo ndo existe no sods; para etl Zalferenga, basta Jembrar a importncia que tim 6 aultéio tnadurdo, 2 police, as arroghncia do podet, an cena munda- aa de Balrae. Alencar conservahe \Tom'e varios. proce mentos,sortm deslocadcs pelo quatko local, imposto pla e- rossinihanga.” Adiant, voters A diferenga. Agora, ve tos a complendade,« varedade de aspects dete empréstimo, Inilalmente-€ prec retar, mas nig de todo, 0 sentido pe- joratve a est nosto. ‘Comideree 0 que sigufcava, como stuaizagio ¢ desenvoltua, fazer gue tina pewonagsm, mulher tina por luxo, tratase lvremente das. qustGee de que nto, fu poteo antes, trtare 0 Realsmo europew. Em certo sentido tuto slaco, € un feito, sja qual for o resuliado iterario. Algo Semethante, para gerapio dos que Tizeram.20 agora, aes anos 60, co" salto'dos manuais de filovofia e sociofoga, cm lingua espantola, para os. livros de Foucault, Althusser, Adorno, Entre umd allenasio antiga e outra modern, co: ragio henformado nao beste. Ficava para (rs a imitagdo Inidda e-complacene, 0 tomancista brignvase-a uma concep. $H0 das coists, impunha nivel contemporines & reflexio. “0 3s romance sledgave a eriedade que a poeta romtntcn jé hava Mlangado ha as tempo. Finsimente consierese ©. proprio ‘movimento. da" imitagho, que’ € mais complicado que. parece No preiio de Sonhor Ouro, esreve Alencar: “Tachar estes ire de coneigno atangera’& relevem eros, no eo- thecer' sostedade fuminene, que ales a Tocra-se_pelas Salas e-ruas com atavoeparseney, flando a algemia Sersol que 2 Hngu do progreto,jague erica de termos Francesc ingeses aan, @ agora também alemdes. / Como Sc ha de tiara folorafa desta socidade, sem the copia as Feigoes™ (™) ©. primeiro. paso portato’ € dado pel vida Seti cao pela iteratura, que va iitar uma imitedo (*). Mas fatalmento progesso e's aavios pains iaservian- aq noua potia;Tetomando © 2050 termo do no, so idcelbgia se segundo grau (=). Chapa 0. romancisia, que € fare ele prprio dese movimento taco da sosedade, © 230 ithe copie ws nova feigbes,copiadas A Faropa, como as copia SSeundo # oanira européia’ Ore, eta sepunde copia Ustarea. tees no por completo a natuesa 8a primes, que para a Tteratura & uma tnflcdade, ¢ The acentua a Yela oreamental ‘Adotando forma e tom do somanee realist, Alencar acata 2 Mapreiagto ticta tn vide 6a its, Fis problema: tata Sema’ seis as iis que entre néx sG0. diferentes; como se sree pair Wecogine de sequin gra Soma em con Seqléncis Go lado empolado-¢ssrico — a despeito do asia Sstindaloso —-desprovido da malca sem a gual 0 tom mo- demo cnie més € inconsencia histicn, "Anda me ver che amos 20 86 gue Machado de’ Ass val desta. Tem suma,ambem nas Letras 9 dvida externa & invitic vel, sempre compicada, e nfo € parte apenas da obra cm que “posse Far ga no corp geal da esto. com meio 2 tlvel'e os emprestmos podem taclimente er uma audiia tora ou poliica, © mesmo de_ gosto, a0 mesmo tempo que tim desnero herétio. Oval dsses contextes importa mais? Nadas no sera deformasao.pofisiona, ebrign 20 eft Uniaingnte esc, Assim, prosuramos asinalar um momen {ore desprovinetaniagao, 4 posigdo. agumentatt na 10- nalidade que predomina em Sethora, © nem por isso deiare tos de velo adlante em Iie detavorvel, nem The dist femos's faguezs, do pont de vita Ja consiructo. Mes vol temog stasno gest, © andamento do Horo € aaciono in onclvel gosta Je set um vos na altar dd tempo; Jt seu Tigar na Composgao, pelo conto, far ver sete inpulso five ua prenda de sla. A ihima pala mo ao @ se Sinda, Pod slgams rarie, que 0 levor ji agora avin. & fs ialcice oral Jo ato se pret ao Bll te to. 36 cidade faceira, mas no afeta 0 fazendeiro rico, © negociante, fs mics burguesss, « governanta pobre, que se orientam pelas regras do favor ou da brutalidade simpies. Contudo, sio estas as personageas que tornam povoado 0 romance. Embora se- ‘cundirias, eompdem o trasado social em que circulam asf. fporas centrais, de cuja importincia serio a medida. Noutras Palavras, nosso procedimento foi o seguinte; filiamos o anda- mento do romance — depois de caracterizi-lo — a0 circulo festrito que exprime, tudo sempre nos termos que 0 proprio Fomance propoe. Em seguida vimos como fica este circulo, se ‘considerado relativamente, no lugar que The cabe no espago social, também cle de ficgdo. Qual autoridade do seu dis- Eurso? O que deside é 0 retluxo desta segunda vista: diante dela, 0 tom do liveo e a pretensio que o anima fazem efeito infundado. A sua dicgdo desdiz da sua composigio. Q opos- to justamente do que se observa no modelo: a manera sen- Sacionalista © genefalizante de Balzac, to construida © forga- da, liga-se a extraordinario esforco de condensarao, e de fato Yai se tornando menos incdmoda a medida que nos conven- Semos de sua continuidade profunda com os intimeros perfis ‘ocasionais, de “periferia", que deslocam, refletem, invertem, ‘modifica — em sua, rabalham —o coaflito central, que du tna forma ou doutra é 0 de todos (19). Seja por exemplo o dis- curso desabusado e “centralissimo” dalguma de suas grandes Samus: € revoltoro, futriqueiro, vulnerivel, calculista, destemi- Yo, como 0 set, quando apsrecerem “easualmente”, 0 erimi- hnoso, a costureira, © pederasta, 0 bangueiro, 0 soidado. O fandamento vertiginoso afasta-se do natural, beira bastante © dfeulo, mas avaliza esta distincia — 0 seu’ nivel de abstragio com’ grande Iastro de conhecimentos ¢ experiéncia, que ul trapassa de muito a latitude individual, © nfo é fato apenas li terurio: é a soma de um processo social de reflexo, na pet pectiva, digamos, do homem de espitito. £ este o cinglientio Yivido © socidvel que segundo Sartre € 0 narrador do realism franeds("). Dos pressupostos histéricos desta forma falaremos adiante. Por agora bastasnos dizer que esta reflexdo se alimen- tava de um processo real, novo, também ele vertiginoso e pou: Co tnatural™ que revirava de alto a baixo a sociedade européi freqlentando igualmente a brasileira, cuja medula no entanto io chegava a transformar: trata-se da, generalizagio. — cor Seus infnitos efeitos — da forma-mercadoria, do dinheiro cor hnexo elementar do conjunto da vids social. £ a dimensio gi iantesea, ao mesmo tempo global e celular deste movimento, ue iri sustentar a variedade, a mobilidade tio teatral da com- Hosicdo balzaqueana — permitindo o livre trinsite entre areas Sociais e de experiéncia aparentemente incomensuréveis, Em a7 resumo,herdivamos com o romance, mas nfo 36 com ele, uma postura e desde que nao assentavam nae cireunstinels Toss Edestoovam dels. Machado de’ Assis iia ror multo pordo este desajuste, naturalmente comico, Para indicar dame ver 4 inha de nosso raciocinie. 0 temario peifrico e localsta de Alencar vird para 0 gsntro do romance machadiano, este des- iocamento afta os motivos “europeus", a grandilogiéncia seria ¢ cenral'da obra alencarina, que nao desapareeem, mas, to- tram lonalidade grotesea, Estar resolvida a quest@o. Mas vol temos a Senhora. Nosso argumento parece tales. atbitéro: como podem umas poncas personagenssecundaras, ocupando Sim are pens dem mee quniearne dec mente o fom? De fato, se fosem climtnadas, desaparecin a Alssondncia, Mas restaria um romance Trans fo do Autor, que pslo conréio queria nacinalzar 0 g2neto. Entretanto, ©. pequeno mando. vetundiva, itrodure como for loth no como elemento alo, de estruura — uma franjr mas sem s qual o live ado se pasa no Bras — desloca © patil eo peso dovandamento de primeio plano, Eis 0 que importa: € o tayo focal deve ter fora bastante para araizar © romance, ten-na também pata aio The dela Incontasada 2 Gicedo. Pela razies que vimos’¢ por otttas que. vermes, fata pasa agar em fal, Noutas palaveas,o problema at- ico. da unkind formal, tem fundamento na singularidade de toss cho leologeo © finsiment, através ele, em nosh pO- Sido dependentendependente no concerto das magdes — ainda oe o ivro nao wate Je nada disse. Expressa lirariamente a icldade de inegrar as tonalidades Toealista © europea, co fmandadas respectivamente peas ieologias do favor liberal Nao que o romance pudesse climinar de fato esta oposgdo: mas tera de schar um arranj, em que estes elementos no’ com fpmesten uma incongruenea, e sim um sistema regula, com im logica propria e sous nossos — problemas, tratados na sua dimensio vidvel Menos que explicat, 0 que fizemos af aqui foram ati es: im tom para c, ouva para Id, o ensedo para a Europe. S*taedoas para o Biasl cer Para escapar 40 acasos da po Termidade, contudo, € preciso subsitulr a contingéneia dao fem guna pos presuposto sociogics as formes, sts Sim stuns ¢ indescativels. Mais preciamente, cigamos que do conjumo mais ou menos contingent de condigdes em que tims forma nase, esta rlém ereprodar algumas — sem a8 guts uo tori senile que passom a ser 0 tu efeio Meri, © Seu “ete de reaidade”("), 0 mando que sigiicam. Eis 0 chs nee panda esp sich un pr Padigoes hitSroas origins eaparec, com sus mesma Toca, 38 ‘mas agora no plano da fieso ¢ como resultado formal, Neste Sentido, formas sio o abstrato de relagbes sociais determinadas, © £ por ai que se completa, a0 menos a meu ver, a espinhosa passagem di historia social para as questdes propriamente li- Teriras, da composigdo — que so de l6giea interna e niio de im, Dizfamos por exemplo que em Senhora hi duas dic tes, © que uma prevaloce indevidameate sobre a outra, © Teitor cordato provavelmente reconhect, porque acha também a semelhanga, que uma delas vem do Realismo europeu, en- {quanto a outta é mais presa a uma oralidade familiar e loca- Tista, Como explicagao, porém, este reconhecimento nfo chega ‘ao problema. Por que ra2io nao seriam compativeis as duas Imanciras, se incompatibilidade & um fato formal, © no, ge0- trifico? E porque nao pode ser brasileira a forma do Realismo uropeu? Questio ests ltima que tem o mérito de inverter a pperspectiva: depois de vermos que origem nio 6 argumento, Fea indieado quanto € decisive 0 seu peso real. Enfim, uns tantos empréstimos formals importantes, indicados os presst- postos da forma emprestada, que vieram a ser o seu efeito; Gescrigao das matrias @ que’esta forma esteja seado aplicada; por fim os resultados literitios deste deslocamento — serio testes os mosses tdpicos Para comegar, vejamos o desenrolar da histéria, — Au- rélia, moga muito pabre e virtuosa, ama a Seixas, rapaz mo- Gesto © um pouco Teaco, Seixas pede-a em casementoy ss depois desmancha, em favor de outra que tem um dote, ‘Auré~ Tia herda de repente. Teria perdoado a Seixas a inconstancia, ‘mas nfo The perdoa 0 motivo pecunidrio. Sem dizer quem é, manda oferecer 40 antigo noivo Um casamento no escuro, com dite grande, mas contra recibo. O rapsz, que esta endividado, fcelta. E onde comeca propriamente 0 enredo principal. Para thumithar 0. amado © Vingar-se, mas também para pé-lo cm brios e Finalmente por sadismo — de tudo isso hi um pouco —"Aurélia passa a’ tratar 0 marido recém-comprado como a ‘uma propriedade: reduz 0 easamento de conveniéacia a seu aspecto.mercantil, cujas implieagSes por suprema ofensa vo comandar a trama, A tal ponio, que as quatro etapas da his" torn sio chamadas O Prego, Quiagdo, Pose, Resgete. Como indica este rigoriemo na condusao do conflito, enredo e figura sho de finhagem balzaqueana. Com abundincia de reflexdo © Sofrimento. levam 2 improvavel conteqincia iltima (.mbora haja uma coneliagao no final, de que ainda falaremos) um grande tema da ideologia contempordnes. Aurélia é da familia ferrea ¢ absoluta des vingadores, alquinista, usurrios, art tas, ambiciosos ete, da Comédia Humana; como cles, agarra- Se a uma questdo —- dessas que haviam cativado a imaginagao 39 4 gu ep eps Seid ae tlore fata 3h otis ay canes tagh a al rn orae & penalise oe soto fie elms aes Utes" ae ee ede i testinal Scien Stes aaa chs hin ts Gino sates ist intact Page ate de tak ii ainda at lth a on Soe rcean | at aa sean vane eigen pen cree i Ste Tipaliat folks Enon Ste anism ei ee a jue na Europa oitocentista sustentam sem despropésito o valor petit fan soit gant le 2 pusttnimds eta eba, torent Eeeendt nclong ts weber ts shoe Ene anti caenen cece et Son VE eee noe me Begins eke oe cee Sete St ets tart we as sees tae coin oes th Silt ei eet ree pen Tentoe sem reclaboragio. Frente a Trenle, no espago exrito © logic de um romance, contradizenrse em prt, 0 pesso Gue.a sua comnigno aio @ levada adiate por |” senso da ‘eaidades Nem conclindss, nom em guerra, nSo dio a rele FEncin uina outa, deve preckaram para desmanchar a Sun imagem comencionel ¢ ganar inepidade atic 9p tneia fea sem verossimiinnga, a segunda fica sem importn- Sh eo todo peco desequbrado, Todo, no entanto — 2 surprova — cin que i felidade imiativ, 0 "eunho aac tal" que leva Alena a iste na recelta, extabileiln_ pata 25 nolss fers. Para tradi de nosso Reallsmo, € 01s Tegado mals profundo, Assim, falacia formal cforgamimética tstio reunidas. O lekor disse conta de que 20 dieblo esamos felendo 0 lvro por outro prisma. A snconsstincia sgort € ‘sta ndo como fragucza Goma obra ou dm autor — como re- petizao de Meslogis =—ias como initaglo deum aspecto ESveneil a realgade. Nio€efeto final, mas recurso oa porto Ge pusagem para oul cfsto mais amplo. Tratse de ume icra de segundo grav, oe roeupera para = rflexdo @ ver Shue nem sempre volta do "tamanho tominense™ Note Se também que o Jefeto formal ¢lagredent, agu, a mesmo 4” titulo que os ingiedientes que © produzem a cle defeito. De forma " inconssinciapasst ™ matria, ‘Tanto assim que, em lugar da combinagio. de dois elementos — forma curopeia © IeatGa local gue resulta precdia,femos Uma. combimagao Ge tgs resullado precirio da combinagio de forma europsie mate local, que resulta engragad, Substtvindo © primeiro eto, rebaiade a clemento, aparece um segundo, diverso © ‘esabusado,cuja groga estd nas desgracas do primeira. E ver- dave que seu fendimento ineectiale artstico faz fala quase ompldta em Alencar. Para aprecilo, ser preciso esperar Pela segunda fase de Machado de Assis. Néo obstante, € a Propria substncia — a desenvolver — do “tamanho fluminen- FE-PE abstrato seria 0 segint: seo efeto desencontrado € tim dado ini ¢ prevsto da construgio, deverin dimensionat waificar os elementor que 0 prover, além de Ihes rede- fines relagbes,Deveria telatvzar a pretensto enftica do temisio europea, fetirar. a0 temério Tocaista a inocéncia da tharginalidade,e dar sentido caleulado comico aos desnives farttive, que assinalam 0 desenconito des postulados reuni- {ge no fe, O leilor esta reconhecendo, espero, 2 tonalidade tnachadiana, avez se convenga mais, levando em conta uma esto decal se a qualidade imaive reat da aura do njunt feaqucja em sias partes, em que no entanto se de roles Sire! eli seed tedlwn como de flo. 6 — © hd Tro de economia Iterdria. Para aproveitar « solugio, seria previso concentriria, de modo 2 dae presenca a todo mo Tiesto da narrava; wansformar o feito de arqutetra em qu- mica da escrta, Ora, a prosa mochadiana como que depende a miniaturzagio prévia or ciruitos do romance de Aenea ajo eapago idcolico inti, inconsstnciainclasa, ela per cebre“quaie que a cada frase, Redusida, rtiizada, stizada Som daidadd rimiea, 2 desproporgio entre as grandes ides urguesas e-0 valvém do favor transforme-se em dice, em ihe sueddnica e familar. Da incoasistencia formal 4 iacoe- TEncia humoristica e confessa, 0 resultado tornou-se ponto de ia nate mats compen, que outta forma iré explora ido eigro com ito que O romance de Machado sein 0 pro- uta Simple da eiti'ao romance de Alencar. A tradi lit firta nao core assim separada. da vide. Na verdade os pro- bemar de Alencar etam Com povea Wansposiclo os problemas Be tur tempo, continuidade Tiel de documentar com discrsos Ema de‘imprensa, que sotriam das. mesmas contradgoes § deaproporgoes, Machado podia emendar num. como aouto, Nene teats propriamente de inflvéncia, que houve e no € Bie de catars © que intressaexaminar de mals pert, age, 2 tormagio de um substrate fiero com densidade NS: 50 rica suficiente, capaz de sustentar uma obra-prima._ Voltemos ftrds, a forga mimética do impasse formal, Este sltimo resul- ta, conforme nossa andlise, da incorporagio acritica duma combinagio ideolégica normal no Brasil — submetida & exigén- ‘cia de wnidade propria a0 romance realisia e 3 literatura mo- dea, Repetindo ideotogias, que sio clas mesmas repetigses de aparéncias, a literatura é ideotogia ela também. Segundo ‘momento, o impaste é tido como caracteristico da vida macio- nal. Em conseqncia, passa a ser um efeito conscientemente procurado, o que € o mesmo que relativizar a combinagio de deologias formas que 0 produz, uma vez que nao valem por si mesmas, mas pelo faco resultado de seu convivio. A repe- tiedo ideoldsica de ideologias & interrompida, por efeito da fi- elidade mimética, Assim, “tamanho fluminense” € um nome ppara este hhiatozinho, que sem ser uma ruptura Tevada até 0 fim, virtualmente basta para redistribuir os acentos e remanejar as perspectivas, fazendo vislumbrar o campo de uma literatura ppossivel, que nio seja reconfirmacio de iusbes coafirmadas — asso que Machado ird dar. No que toca ao escritor, esta mo- ragio pode ter muitas razbes. Do ponto de vista objetivo, {que nos importa agora, ela leva a incorporar as letras, en- quanto tal, 0 momento de impropriedade que a ideologia eu- tem entre nos. Noutras palavras, o processo ¢ uma va- riante complexa da chamada dialética'de forma e contedd ross mutgria wlewngs deusidade suficiente 36 quando. incl, fno proprio plano dos contedidos, a faléncia da forma européia, sem a qual no estamos completos. Fica de pé naturalmente © problema de encontrar a forma apropriada para esta nova imatéria, de que € parte essencial a inanidade das formas a que ‘por forga nos apegamos. Antes da forma, portanto, foi preciso roduair a propria matéria-prima, enriquecé-la com a degra- ‘ago de um universo formal, Note-se a proptsito desta ope- ragio que 0 seu mével € puramente mimético. Semelhanca, fassim, a0 & um fato de superficie. © trabalho de ajustamento da imitacio, & primeira vista limitado pelo acaso das aparén- tis, como que prepara o curso de um novo rio. Seus efeitos para a composigio, determinados pela exigtacia logica — his- ‘orien — da matéria utilizada a bem da semelhanga, ultrapas- sam infinitamente © circulo estreito do mimetismo, que no en- tanto os traz a luz, Neste sentido, para uso do escritor, 0 “ta- manho fluminense” pode ser um vago critério nacionalista€ imitativo, que dispensa de maiores definigSes; objetivamente, contudo, produz algo como uma ampliagéo do espago interno da matéria Iteriria, a qual passa a comportar uma permanente referdncia transallantica, que sera sua pimenta e verdade. Now- {ros termes, para construir um romance verdadeiro € preciso 31 {que sua matéria seja verdadeirs, Isto 6 para nosso caso de pais dependente, que seja uma sintese em que figure com re~ gularidade a marea de nossa posigao diminuida no sistema nas- cente do Imperialismo, Por forea da imitacio, da fidelidade a0 “eunho nacional”, as ideologias do favor e liberal estio reuni- ddas em permangncia, formando um quebra-cabecas que a0 ser ‘armado — a forca de logica, e ji no de mimetismo — ira dar ‘uma figura nova e néo-diminuida da diminuigdo burguesa, eujo ciclo ainda hoje nos interessa, pois nfo se encerrou. Ficou para o fim 0 defeito mais evidente de Senhora, 0 seu desfecho acuearado, Tmagine-se quanto a isto um final iferente, que “o hino misterioso do santo amor conjugal” néo festragasse: 0 romance teria uma fraqueza a menos, mas n30 seria melhor. Nenhum dos problemas que viemos ‘apontando estaria resolvido. © fecho r6seo ou pelo menos edificante nfo 6 especialmente ligado a literatura brasileira, mas a0 romance de conciliago social, de Feuillet ¢ Dumas Filho por exemplo, aque foram influéncias diretas. Estes sim destruiram a sua teratura a forga de cilculos conformistas, Tome-se 0 Roman d'un jeune homme pauvre, de Feuillet, © tornem-se agudas us ccontradicbes que ele atenua: estarfamos diante de um bom ro- ‘mance realista (*). £ que Feuillet, como Alencar, é herdeiro de uma tradicio formal com os pressupostos criticos da revo- lugio' burgueta. Senhora eo Romance de wn Moco Pobre cireulam entre 0 quarto modesto ¢ o palacete, a cidade © a pro- vineia, 0 eseritério do negociante e os jardins da amads, o sen- mento aristocrético © © burgués etc. No livro de Feuillet, os antagonismos implicados nesta disposi¢ao de espacos e temas so como sombras de divida © subversio, debeladas pela vir~ tude das personagens positivas. Triunfa uma liga exemplar de aristocratas igualitérios © burgueses sem gandncia, No entanto, fs problemas da revolugio burguesa no s6 estéo formalizados no travejamento do romance Tealista, a que se filia Feuillet, ‘como sobretudo trabalham a propria realidade, © corpo social ‘da Europa, que & a matéria viva desta literatura. Assim, dis- farcar as contradigbes sociais e desmanchar o relevo literério so neste caso uma e a mesma coisa, caso é outro com ‘Alencar, que aliss concilia apenas no final € ndo é conformis- a no percurso, em que & audacioso e amigo de contradi- jgbes (4), Que fazer com esta forma, se as oposigdes de prin- ‘ipio que a compsem nfo vincam também a matéria que deve organizar? Se a fazenda do velho Camargo nfo & o lugar das ‘virtudes provincianas e aristocriticas, mas do Capital e tam- bém dos costumes dissolutos da escravaria, qual o resultado de seu confronto com a cupidez e a leviandade da Corte? seja qual central, nem Ihe responde. Ana- 52 logamente, 20 mudar'de seu quarto pobre para o palacete da esposa, Seixas ndo muda proprlamente de classe social e sobre~ tudo de ideologia — como faria supor 0 contraste dos lugares; ‘muda 36 de nivel de consumo, como se diria hoje, © que tira a forga podtiea & localizagdo da acto. Etc., etc. Se as oposi- 08 que definem a forma ndo governam também o chao social A que ela se aplica, rigor formal e desequilibrio artistico esta- ig juntos, © haverd conformismo no proprio desassombro com que Se ponham contradigdes ditas tremendas — mas prestigia- das, Dai alids um efeito esquisito destes romances, que sendo voltados para a histiria contemporinea, nio produzem a im pressio de ritmo histérico algum. Justamente, porque a poesia este iltimo depende da periodizaydo 20 vivo, isto é, da cor- respondéncia entre a matéria de conflitos bem datados, © as ccontradigSes historieas que organizam © conjunto em seu movi- ‘mento. — Assim, depois de mostrarmos que a melhor cont ‘buigdo de Alencar A formagdo de nosso romance esta nos pon- tos fracos de sua literatura, vejamos também como a sua fraqueza passa por pontos realmente fortes, que tomados iso- ladamente sio méritos de escritor. A propésito de Senhora, Antonio Candido observa que sev assunto — a compra de um maride — da forma nio s6 ao enredo, como repercute também no sistema metaférico do livro. Trata-se justamente da consis- téncia formal, cujo efeito queremos estudar. “A herofna en- urecida ao desejo de vingaaya, possiblitade pela posse do Ginheiro, intciriga a alma como se fosse um agente duma ope- ragdo de esmagamento do outro por meio do capital, que o reduz a coisa possuida. E as proprias imagens do estilo mani- festam @ mineralizacao da personalidade, tocada pela desuma- nizagio capitalista, até que a dialética romantica do amor re- ceupera a sua normalidade convencional, No conjunto come nos ppormenores de cada parte, os mesmos_principios estruturais enformam a matéria” @).’ De fato, 0 movimento dramatico transforma a menina rica, exposta a “turba dos pretenden- tes” ("), em mulher revollada e veemente. Quando tem a ini siativa, ‘Aurélia. considera o mundo através dos deulos do dinheizo, com a intengio de devolver em dobro as humithasses sofridas, Reverso da medalha, quando sente a propria pessoa exposta aos mesmos culos, sobrevém a livider. marmérea, 05 labios congelados, as faces jaspeadas, a erispagdo, a voz rispida © metalizada, etc. ("7). Até aqui, a dialética moral do dinheiro © 0 mal que ele faz as pessoas. Contudo, como ja sugerem © imiirmore € 0 jaspe, © movimento € mais complexo. A minera lizagio a que Se refere Antonio Candido esti na intersecgio de rmuitas linhas: dureza necessiria para instrumentalizar 0 outro, recusa visceral de emprestar a propria humanidade 20 cilculo 53 alheio, paganismo da matéria inconsciente © da esttua, recuse Go corpo, substincias caras, etc. Em suma, o objeto da eritica ‘econdtnica tem prestigio sexual. “E o mundo é assim feito que foi o fulgor satinico da beloza dessa mulher a sua maior se- dusio, Na acerba yeeméncia da alma revolta, pressentiam-se fabismos de paixdo; e entrevia-se que procelas de volipia havia de ter o amor da virgem bacante” ("), Assunto explicito: © ‘inheiro reealea os sentimentos naturais; assunto latente: di nheiro, desprezo e recusa formam um conjunto erotizado, que fabre perspectivas mais movimentadas que a vida convencional Noutras palavras, o dinheiro é deletério porque separa a sen- sualidade do quadro familiar existente, e & interessante pela mesma razio, ‘Dai a convergéncia, em Alencar, entre riqueza, Independencia feminina, intensidade sensual © imagens da es fera da prostituigio. Como se vé, 0 deseavolvimento € de audicia ¢ complexidade consideriveis, verdade que bem apoi do na Dama das Camélias. Isso posto, a conseqiiéncia formal feom que Alencer desenvolye 0 seu assunto fortalece — em Tuga dle eliminar — a dualidade formal que viemos estudando: coloca no centro do romance a coisificacdo burguesa das rela- es sociais. Onde Antonio Candido aponta uma superiorid Se, gue existe, hi também uma fraqueza. A utilizagio instru- ental ¢ portanto 9 antagonismo absoluto é 0 modelo, aqui Ga relacio entre os individuos. Ora, esse € um dos efeitos ideo- Togicos essenciais do capitalismo liberal, assim como é um dos méritos do romance realista signfic-lo em sua prépria estru- fura. Mas nao era 0 principio formal de que precisivamos, ‘embora nos forse indispensivel — como tema, sa Notag ———————— 1. Leinse a este respeto © sugestivo estudo de Marise. Meyer, 0 gic 2 Ou auom fei Steir das ibaa? im Revita. Instiu de Esa Bravos a® 14, Si0 Paulo 1973, 3 MTeobaldo’ um americano enfatico Je “The madona of the Fx ture’ 1878: "Some on deseaden da are! Eslaos.condeosdat & ste Pevfcsidade, ecuidos do citeulo. epcantado! © solo. da perseppio Bipericuma €'bm sedimento essa, ever, arfical! Sim, etahon dest ‘adon h inperfegio. Para atigir a cxcslzcia, © amerisano Tem que prender der'verss mais que 0 curopeu. Falaaos o venthlo mais 9p 7hto. Nig tems gosto, tao ot feng E come haveriamos de te Nowo {hima rude © malsnctrado, nest pasado ‘enclose, nosso presente et Surecedor,presio constant dat cireunstincias devprovidas de gra swiido ido Sem estimulo, alimento © inspiragie para o arts, qoanlo Em" amargura o meu coragho. 20, dla! Nos, pobres spitates, ‘overemor ‘iver em perpetuo exit” ‘The Complewe Tales of Mem) James "Rupert Hage-Davity Lond, 1962, vol. 3, p. 1415. De yok AAmérica, em visita a Boston, James anota: “Tenho 37 anos, tz, trina escbihay sabe Deus que ao tenho tempo perder, A Greolha, 0 vilho mundo —"minha escolha, misha nevesidade aisha Shin '(..,) Men tnbalho esi la— fe wal que five neste vaso 70v0 Thundo. Nao € poutvel farce as dass conus —- precio essolher. (..-) ‘Ope t necestariamenie maior para-um amenicano — pots ele précina Rake aaion mene alads, que 20 por illengho, com,» Eusope tnaante que. europea lgum’é obrgado”a Tita sequct”minimaments Soa a Ameria, Ninguém vat achalo menos completo por causa dso ‘alo anuratmente de pessoas que fazcm «meu tipo Ge trabalbo; alo A ceonamitas ou do. Peswoal das cincis sori) © ino Je cost ‘tos que mio se osipe dx Amérca So" € incomplete, por eoquante, Mas Sagolsa com anos —" caver cinglenta — ele certatente o ser" The Aiebooks of Henry James, ed. FO» Matthiesen eK. B, Mur Auck, Galury Book, No” York, 196i, entrada de'25.X1 1881, p. 23:24.) si njese de, Alencar, Como por que sow romancits, Obra Com pista Ba Joxd Aguiar, RJ 1989, 0k dem pie 5. Antis Candido, “Aparecimeno da Fiesio", Formario da Li- teratnéa Brasileira, Matin §, Paulo, 1969, v0 i 1 Ca A Polemica Alencar Nabuco,expeialnente 2 objeges de Nabuco # Biv 7 Ver ma citada Formayao da Literetwra Brasileira os capitalos que alam de'fomunst. © seu conju. compoe uma teora da, forma (ko deve géneto. no Bra, «pode ser Inde como uma inroducio a Macho de Assis” Embora io faga parte da fase “formativa” de que {rats 0 lio, ¢ sieia mencionado 36 amas poucas veces, Machado é uma et fat Hgure contro seu ponto de fuga: iadiglo € consderads, 35° enor cm parte, com vistas no. aprovenamento. que Machodo The Seed Pare ov tcehos chaos ver 140-141-182 ‘a fosé de Alencar Senora Obra Completa, vo 1, p. 938, 966, 969, "i068. 1066 3. Senhora. 952 10. “hn Complete, vol. tp. 689. 55 11, A siuasio € comparivel & de Caetano Veloso cantando em Inglés. Actsado polos “nacionalitus”, responde que no fol ele quem leoure Of americanos a0 Beasl. Sempre gus cantar nesta tingha. We {Suvi no ridio desde pequeno. f ¢ claro que cantando inglés com pro nine nortsia repstrs um momento subsancial de ost hitora © ‘maginato, 12, Comentando of Bibitos de consumo no Brasil de fing de sé: culo, Warren Dean observa que 0 comércio Imporiador tanstormava fem artigos de lung os produtos que 4 infusralizagao tornara corremes Forage Eton Union CEA thdriaaeo te Sap Pani, Dt consider Sendo "eazerado’, ‘So se limita Se formulagses Beihantss epltanies; antes manifests fevelagfo bem marcada Jo, esencal, ma tensfo extrema dos clemento> ontriroe que u compoem.” (Betzac and der Fransiche Reallsmus, G ukies, Werke, vol 6, 8. 483). TH, Jub. Satie, "Questceque ta lérature”, Situations Gallimard, Pails, 1948, p. 196 © ss. Para um condemsado cOmiso dos fiques balzaquctnes, ver'n incomparavelimitugdo que dees fae Prot fm Pastches er Melanges. O aspect desfuivel e seativ.das_generae agees de Balzac ¢ mensionado por Walls Berjasin, no estado sobre ,Elinear, in Charts Bante, Sava, Frankton SL, 1968, 7 1S, Expresto de Althusser, mas com outra flsofa Te. Pata exemplo.leumse' pagina se Lukies sobre 0 papel do Romantinmo no somance resis, Sendo mz idologia espontanea 8 Incooformiomo ancapitalita do sds XIX, a visho romimica era Imatéra de romance por assim dizer obvigaGra, ieoogia de persona sens ¢. clin teria, que enredo destoga- (Balzac, sce de ‘Sten, op. i) Tr." somente com o séc. XVIII e ma “sociedade burguesa” que ss diferentes formas do relsvionamento social se deparam a0 individyo Como sendo simples irstcumentos para a sonsesugdo de suas finaidades frivads e como nevesilade exteaa.” K. Marx. “Eiletang”, Grandrise er Krilk~ der ‘poliichen “Ockonomie, Europaeische. Veragsansalt, rankfort/My r/d, p. 8. -Ch. também G. Lubsss, Die Theorie des Ro: ‘nang, Luchiettand Neuwied, 1962, ¢ Geschichwe und Klasenbownssten, ‘Werke, vol 3 cap. 4; Lucien Goldmann, Pour wre Sociologe du Roman, Gallimard, ‘Senhora, 1028, 1029, 1026, 1028. tem, ps8. 20. Para ‘a consrugio do contaste entre marativa. pré-apitaita a sobre 0 fundo da transi do artesanato & prodayio is tramigio que no €'x brasil = velase 0 admitdvel ero de Walter Benjamin sobre o narrador, in Selri/ten (Sahtkamp, Franke fur/M, 1955, nol, I). Hdesimente e stscando, digamos que 0 "causo Submele a experéncin de seus ouvints, ©. tradigio em que estes Se cnuoncam, s_siplicidade inessotivel’ de uma anedots. Experincia C sradgdo compostas elas também de anedotas, ss quais a mais recente, ‘mal for contada, if ess se ecorporando. Uma historia, desacad vom 36 Iatidade sobre o fando visio do reperrio gue campoe a sabodora omim, cit'a poesia este genero —- de que eta banido 0 coniecimento onceitil, © contecimento que nfo teohs eauydo vvida ou tradusto foutra anedota. © coniirio do ve se passa com o romance, cijas {venturas sio.atravessadat ¢ explicadas pelos mecanismos gerais mas fontr-ituitivos da sociedads burguesa: a poesia Usie esd na conjungio Smnoderna* e ardsdcamente diict de oxperincia viva, naturalmente a firm do esforgo mimstico, © do conhecimenta abstato ¢ exfico, Teterido Sobretudo 1 fredominincia social do valor. destoca © hs mil vaiantes da ontradigio entre igualdade formal e desigualdade real. A dureza © 3 ‘onsequfncia Nigica esido entre as suas marcas. de qualidade, Digamos ppraato que no romance ‘0 incidents € alravessado de seneslizga0, ‘eneralidade & referiia a im tipo particular de sociedade. ada no confite centtal pee ane eS : oe nee eee cs Sees eer Laois Som oe eo SUS crocs a beers rns ate ere deste oe Doreen ch aie ign ore Cea eS aces Se Se oie reins iawn en ele eaet fe cannoli oe Sea ete ty tans Ae en rene 2 ees aero yey a ee coe en as eee cee cone ee ce Sree eran ee eae Se ese ae egomarc 2g Mla ores ol ae ane ae Toe AS tl eros ee Soe ety cee ame Geet Borer ese cers scans aa een oe eet Sie oe evant eae ea eee eet ree ae eee eat Soe ceee wise agers eee Seka pre poe ae on eee a Sle on eer meters ge beer seed omy ons ee i Capea ei cee pies Seman ein i's sees Ese Sond Oren are pega meh ac 9 mice oo Sey ni en ne ene ee rere en aes a ee Scag es an eer Hearse ce ere aa set i Wr ne Sree ser ae ae ee Pare es eee ae ee See ee oer erence noe 37 dingo, éefetivamenterepassada de nostalgia, mts por instants Ihe acon- {ene de ser a pasager brasileira e mam nada, Onde 0 rominlics, po. Icmisando contra o feu tempo, imaginaiamenie epristinavam percepeto ‘oaturera, Alencar contib’ para a. glina desea pots, camandoihe ‘ pasigem e ensinindo o> pairicos « véla.O sortilega romantica serve- ihe e Fao para valoriear a aa tera, © nio para recescobrr-a contra os ontemporincos menos semsives. Assim, a calla romdnticn da na: ise tls fete cote ns i uu forge nant, acts fonds ‘0 padrio. de ono, patiovamo ‘em materia de. palagem. O. pres!gio uma escola Herdria’ moderna consagrava:@ err, que outros conse Tavam rue, ¢ 1, dexoberia Se nose terra consagrava.sverdade da ‘cola Herrin (A. Candi, op. ell, vol. Il, p. 9). Com grande sa- Sigh nto de progres st nhs ib putas em a como scien gle" mans feveperar sin Fo ghee chan st ‘Sm jovem pas. Daa superpongGo to exguista em raceme, de. poes {it ditincia que doura de romantismo os nomes Indios ¢ os ace eogrificon ede ineagio propriumente informativn © propagandtca SoCuperposigio que Ji maftem 4 une zona de infereaga eatre le- Tatwra’e ufanmo, ou honalga e caro pow, combinagio. cectperada ia humoritica, © 46 enti verdadelra na porsia itil dos Moder isto Em verso igndbil, pon sesiuida de ingenuidade, » confusto ‘de-paralao'¢ pais emprico "a “mentirada gem” de-que falava Mario de Anirads hoje alimenta a propagands oil, —~ Sejo come for, sopra da meditagio romantica Gregoo tambem até o romance resist ‘mors dito pela prom exteasaecontrariado pelo assunto mundane Em gar da nafurera e do vile, toaldade dexenvolvigs do muro do posta, muna de finaimeste onkecimentos fattais, a sua elaboragio ‘9 movimento desimpedigo da refiexio—Nntese que contiaria em to 8 fendensa do séedlo, em gue os tr quesitos rignvaim ene Si. come outiniam brigando. Aids uma vez 0 exemplo sera Balzic. A sin DOs ada e nem sompre convincente, apresenli-se como 1 faculdade "penta" de abarcar ‘numa so mizaia do espiiio a Frangi fo capitals de aucunarine 0, movimento complexo a partir de ial: ‘ier detnbe supestvo, de fantasiar liveemente sel fespelo, scm ‘pe- Jeo Ge sempre dizer verdades raras, finah, originals ele A naturera do asunio, ontado, atrapalha: a inimiade reflexiva’com © mundo Sburgués s6\ custo sintenta tm clima de medifgso — transagoes. no ‘Ho. palsaens nem destizos "donde. g ocasional imprestio de que o Iitsnkino viontrio ds Balzac € também um detconnal impo fo. Fogueiro, Alencar. gue procura a mesma atmesfera, em bons Tesuliados ‘guande € retospeciivo: debando suspenso 0 conflta de primeiro plano Gem sue nso ¢ feliz, volta sts para tragar, dae origens, 8 hintela ‘sconbmico, e tumbem podlco, Vejamsealém da historia previa de ‘Aurelia, t de Seimay e 0'cap. 10, parte ly de O Tronco do Ini. Breve © informative por definigio, @ relrospecto, Unita 2 seflexio.Meoi6gica da petsonagem ou do narrador —~ que prejudiea 0 romance urbano ©. pro Blemétizo —'e as aventuras descabeladas — que prejadicam os livros ‘mals aventurosos E reallta por defingios a sua retra ¢ 0 encades ete la shes doy Sts coms ca mi ae aes ‘pa origem 63 flathcuek. Results uma figoragio mats trangia, le essa na descr, endo ma cafes, des forgas que iio. pesar. E tia sagem Gut ruham talento mimetic, cllura brea © "visio de conto de Alencar, ao mesmo tempo que. se minimizam ‘Os efeltos desemcontradios Ue nossa vida lease, Recurso-ocasonal fem ‘Senhora, este andamento ¢ ventenl em Til © 0 Tromco do. [p2. 05 58 romances alencarinos da fazenda, Sio livros de intriga abstr sma nogio sublteratia do destino eda expiagéo as culpay, noqao ‘gus no ‘entento ver tlgeirarihes prosa, 4 manelra’ do que, vinos fata ‘0 jlait-back Em logar da complexdade analica Jos problema, Bforga do destino, Not dois aor ratase da ricos fazendetos, que ‘Severko peesr em delathe os esquecidos malfeitos da. juventade. No fetanto, fuendo sobe a cent ese abate sobre of mortals, 0 peso de Shs culpa coincide em larga meaida —"e vantajosamente — com 0 PESO ‘Jo potindo, com o encadesmeato ¢ a purgayac os antsgonismos obje- tivos do mando da Fazenda: fihos ieptimes, escravos enlouguecidos de pvr, propriedades.sobraidas, capangat © atsnssinatos, inadios, si bersigao, fevanos na. sensula'elc. Lame, em Til, op capliolos em Soita dol Incéndio (cap. TIX, parle IV), para ter ideia da. orca © “amplitude deste movimento, allie na usigade de fblego de seqléncias Tongas e variadas, como evia'a que nos feferimom que se ales forge romantica, “subjetiva, 9 nicfador. af tambem, ne presteza com que The acoder as palavras e a6 imagens — presiera de que nem sempre 2 beslialguco esa, nusente — que a dicgdo. de. Alencar converge com 3 fala comim, prélleriria, O ‘andamesto neveleseo, por sua vez, de omptemse em episédios breves, compatives: com a atrativa de tra. Siege popular A‘Trim, om matéria do que podsria ter sido, parece que S89 ster dovs os seas melhores Tivos. DL. Senhora, p. 1203. BB. Ona ‘Completa, woh. 1, v.65. 23. Idem, p. 608 © 652. 34. Eenpestio.e. problema slo sugesties de Alexandre Eulélio, ‘que vé.a digao de Alenear como sim reatragjo da. pros juridico-potica ‘os prémior esontantis paulistancs, 2 gual no deivaia munca de vinear tua, prosa do Heyto, B57 nota anexa a Senhora, p. 1213, Be. Soinora, p58 Bi tem, y. 959 28. Ider, p96. 29. Idem. p 1054. 30. Diva, p. $27. M4’ Paut da Gazela, p. 609. 32. Gulberto Frovre resitia 0 problema, com finura quanto & sua permanéncis, com copueira de cluse” quanto fs suas dificuldades, © Bfetudo sem o megor dstanciamento a despeilo dos quase cem anos ‘que'se passarame "De enodo que precisamos estar atentos a essa conta Sigio® de" Alencar: 0 seu modernismo antpatrian ive 0 deseo de “cera emancipagso failatao indivi ato ir ciftra brasileira sobre Base a0. mesmo tompo modernista e trade ‘Somalia que fol, em nossoe dias, o Movimento Regionaista do. Recife, ft Indo do mais rrandiowo Modernismo Je ‘Sto Paulo, do qual também ima ala se esforgow pela comabinacto dagueles coniririo,”™ G. Freyre, lone de Atenear, Cadzrmos de Cultura, B15, 27-28, 55 "Gem intengio.contriria, Paul Bourget faz ‘vagdor "Leado ot seus livres, senfese uma estima singular po Shisto, Que, dado embors as audacias da andlise is curiosidades pe Fgoms, soule guardar 0 culo do cavalbelreszo, da malber ¢ do. amor. Che Pager de Criique et de Docirine, Plon, Paris, 1912, p. 113. Im- pressionado talvez. com a Comuna de Paris, Dumas fils €, fais direto: Rforse © tempo de ser expritoso, ameno, libertine, sarcstico, oHi20 59 f ftantsioxo; io & hora para ino, Deus, 4, natresa. «trabalho, © “aumento, amor, a crangh, sig cosas serus.” (Prefocio Je La Ferme FE Chane Gtato cm saihoiogte des Préfoces de Homans Franeals die Saxe Scie, ef W'S. Gersnman @ KB. Waitworth J Juliana, Pas ‘96a p 525 2% istingio ene contormisme e conclagio em Alencar me {oy feta por Clara Alvin. Ss" "Antonio Candi, “Critcn © Socologin”, in Literatura ¢ So edate, COP’ Nactonaly 8! Paulo, 1968. p. 67 36. “Senora, p84. BF. ter, 0. Hous, ions. Bh tem. p. 98S

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