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Teologia Fundamental

“Bíblia, História e Conceito”

1ª aula

ALGUNS PRESSUPOSTOS QUE DEVEMOS APLICAR EM NOSSAS VIDAS


EM RELAÇÃO AO ESTUDO DA BÍBLIA:

 Devemos crer –

a. Algumas áreas da revelação divina não podem ser totalmente compreendidas por
nossa mente finita, é necessário ter fé.
b. As questões mais profundas em relação a Deus são ensinadas pelo Espírito Santo,
algo que só o crente possui (1Co 2. 10-16)

 Devemos pensar –

a. Pensar de maneira exegética (investir tempo na leitura do texto para descobrir o


sentido do texto). O que há por trás do texto – autor, ocasião, cultura, tradição,
figuras literárias.
b. Pensar de maneira interpretativa (essa tarefa é denominada de hermenêutica).
Meditar profundamente no texto, anotando as verdades e desafios que mais se
destacam. Qual é a ICT ? (ideia central do texto), ou seja, extrair a mensagem do
texto e aplica-la a minha vida e a dos ouvintes.

 Devemos depender –

a. “Somente o intelecto não forma o teólogo” Charles C. Ryrie. A dependência do


ensino do Espírito Santo deve ser considerada na teologia. Essa dependência
acontece na humildade do interprete e na diligência do estudo.

 Devemos saborear –

a. Não devemos ler a Bíblia apenas por um mero exercício acadêmico, ou para
encontrar textos de um sermão, devemos ler a Bíblia porque é o próprio alimento que
Deus providenciou para a nossa alma. A Bíblia não é apenas uma carta lida para os
outros, mas uma carta do próprio Deus a nós.

Charles Spurgeon comentou a respeito de Jhon Buyan:

“Corte-o em qualquer lugar que o seu sangue é cheio de Bíblia. A própria essência da
Bíblia fluirá dele.”
O QUE É A BÍBLIA?

- É o livro dos livros

- Livro Sagrado

- Livro Santo

- O que é a Bíblia para você?

“A Bíblia é em religião o que o telescópio é em astronomia. Ela não contradiz coisa


alguma outrora conhecida. Ela conduz a vista para novos mundos, abre mais lindas
visões e descobre belos sistemas onde pensávamos que houvesse só cousas vagas ou
escuridão” Jhon Mein – A Bíblia e como chegou até Nós

“A Bíblia é a biblioteca do Espírito” Hernandes Dias Lopes – A Vida do Ministro é a


Vida do seu Ministério

“A Bíblia é tão onipresente no mundo de hoje, sempre encontrada nos púlpitos, em


milhares de lares e bibliotecas, que corremos o perigo de detratá-la como um objeto
comum” Edgar J. Goodspeed –Como nos veio a Bíblia

“A Bíblia é um livro singular. Trata-se de um dos livros mais antigos do mundo e, no


entanto, ainda é o bestseller mundial por excelência. É produto do mundo oriental
antigo; moldou, porém, o mundo ocidental moderno. Tiranos houve que já queimaram a
Bíblia, e os crentes a reverenciam. É o livro mais traduzido, mais citado, mais publicado
e que mais influência tem exercido em toda a história da humanidade.” Norman Geisler
e Willian Nix – Itrodução Bíblica: Como a Bíblia chegou até nós
A BÍBLIA É A REVELAÇÃO ESPECIAL DE DEUS E UM REGISTRO DO
PROGRESSO DESSA REVELAÇÃO

1) Revelação diz respeito à exposição da verdade


Revelação é o ato pelo qual Deus comunica verdade à mente. Nós não
conhecemos a Deus tropeçando nEle por acaso. Deus tomou a iniciativa de revelar
a si mesmo. Nunca poderíamos ter conhecido a Deus se Ele não tivesse se revelado.
E as duas maneiras pela qual Deus se revela foram chamadas de “revelação geral”
e “revelação especial”. É por isso que a teologia é possível, pois Deus se revelou.

2) Revelação geral de Deus e suas características


- Ela é encontrada na Criação
- Abrangente: afeta a todas as pessoas (Mt 5.45)
- É geral no aspecto geográfico, encobre todo o planeta (Sl 19.2-4)
- Na consciência humana (Rm 1. 19,20; Rm 2. 14,15).

3) Meios da revelação geral de Deus


a. Argumento Cosmológico
- Todas as coisas tem uma causa
- O mundo criado é um efeito que exige uma causa adequada (causa e efeito)

b. Argumento Teleológico
- Na criação existe propósito, ordem e beleza, logo, quem planejou tudo isso?
(Willian Paley – O Relojoeiro)

c. Argumento Antropológico
- A alma, consciência, instintos religiosos. Todas as facetas do homem corroboram
para comprovar a existência de um ser moral, inteligente, pessoal e vivo.

d. Argumento Moral
- A consciência revela o fato de que há uma lei absoluta do certo e do errado no
Universo e de que há um legislador supremo que encarna essa lei em sua própria
pessoa e conduta. (Rm 2. 14-16)
4) Revelação especial de Deus
a. Características da revelação especial de Deus
- Não é abrangente, necessariamente não é dada a todas as pessoas, ou Deus revela
a Si próprio ou a sua verdade em momentos especiais e de várias maneiras.

b. Maneiras de apresentação da revelação especial


- As sortes sagradas. (Ex 28.30). Segundo Ralph Gower em “Usos e Costumes dos
Tempos Bíblicos”, os judeus eram familiarizados com as sortes sagradas,
conhecidas como Urim e Tumim, pela qual a vontade de Deus era algumas vezes
adivinhada pelos sumos sacerdotes. Ainda segundo ele, eram provavelmente dois
discos de pedra, branco de um lado e preto do outro. Guardadas em uma bolsa de
lona entre o peito do sacerdote e o peitoral de ouro que ficava do lado de fora.
Quando as pedras eram jogadas da bolsa, duas brancas significavam “Sim”; duas
pretas, “Não”; uma preta e outra branca, “Espere” (Ex 28.30; 1Sm 28.6)

- Sonhos, a ênfase está no que se vê (Gn 20. 3,6; Gn 31. 11-13).

- Visões, a ênfase está no que se ouvi (Is 6.1).

- Teofanias, “theos” (Deus) e “phanei” (aparecer), significa a manifestação visível


de Deus em algum lugar, coisa ou corporeamente, na forma que Ele quiser. (Gn 16.
7-14; Ex 3.2).

- Anjos, a Bíblia registra o uso de anjos para entregar mensagens divinas (Dn 9. 20-
21; Lc 2.10,11).

- Os profetas, no Antigo Testamento trouxeram a mensagem de Deus às pessoas


(2Sm 23.2; Ef 3.5)

- Milagres, um milagre genuíno é um acontecimento fora do comum, que realiza


uma obra útil, que revela a presença e o poder de Deus (Ex 4. 2-5; IRs 18.24)

- A atividade de Deus na história também se constitui um canal de revelação. A


libertação do povo de Israel do Egito (Mq 6.5), a própria encarnação de Cristo (Jo
1.14).
c. A revelação especial de Jesus Cristo
Cristo é o centro da história e da revelação. Apesar da revelação geral de Deus na
criação, história, consciência o mundo gentio se voltou para a inimizade com Deus.
Tão pouco as demais revelações especiais como milagres, visões, teofanias,
profecias, sonhos foram capazes de dar o conhecimento pleno sobre Deus ao povo
de Israel.
- Ele é a expressão exata do Seu ser (Hb 1.1,2)
- Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1.15)
- Toda a plenitude da divindade habita Nele (Cl 2.9)
- Jesus Cristo revela o Pai (Jo 1.18)
- Quem vê a Cristo vê ao Pai (Jo 14.9)
- Em Cristo temos a revelação da existência de Deus, da vontade de Deus e da
natureza de Deus
- A revelação de Deus em Cristo é o fato mais profundo da história

d. A revelação especial de Deus nas Escrituras

i. A Bíblia é a única regra de fé e conduta do cristão. A crença na veracidade da


Bíblia é um pressuposto básico.
Não podemos ter certeza de que aquilo que aprendemos sobre Deus é verdade a
menos que acreditemos que a nossa fonte é digna de confiança. (Ilustrar – a dúvida
sobre Lc 17.34)

ii. A Bíblia tem autoridade absoluta e inerente para estabelecer a verdade.

✪ Absoluta porque a sua autoridade independe de todas as demais. A questão da


autoridade gira em torno do estabelecimento da verdade. Quem estabelece a
verdade? A razão, sentimentos, ou a consciência? A própria igreja, tradições ou
credos? A experiência religiosa?

✪ É inerente, pois a Bíblia é em sua totalidade a Palavra de Deus. Ela é nada menos
que o decreto real divino – “Assim diz o Senhor”. Ela provém de Deus e está envolta
na autoridade divina que o próprio Deus lhe concedeu.

✪ A Bíblia alega para si mesma ser a palavra de Deus e ter uma mensagem com
autoridade divina. Dois textos principais falam dessa verdade:

2 Pe 1. 20,21
- Os escritos proféticos (Antigo Testamento)
- Não é de origem humana, a origem está em Deus
- Mas Deus utilizou os instrumentos humanos (profetas) para comunicar e registrar
sua revelação

2Tm 3.16
- O texto sagrado foi “soprado” por Deus, e por isso, dotado da autoridade divina
para reger o pensamento e a vida do crente

✪ Em numerosas ocasiões o Senhor Jesus recorreu à Palavra de Deus escrita, que


ele considerava árbitro definitivo em questões de fé e de prática. O Senhor recorreu
às Escrituras como a autoridade para ele purificar o templo (Mc 11.17), para pôr em
cheque a tradição dos fariseus (Mt 15.3,4) e para resolver divergências doutrinárias
(Mt 22.29). Até mesmo Satanás foi repreendido por Cristo mediante a autoridade da
Palavra escrita de Deus: "Está escrito [...] Está escrito [...] Está escrito...". Jesus
contra-atacou as tentações de Satanás com a Palavra de Deus escrita (Mt 4.4,7,10).

iii. A Bíblia é a Palavra de Deus - “O que a Bíblia diz, Deus diz!”.

Outra forma pela qual a Biblia alega ser a Palavra de Deus é expressa na
formula: “O que a Biblia diz, Deus diz”. Isto fica manifesto no fato de que
frequentemente passagens do Antigo Testamento reivindicam que Deus é quem
falou; contudo, quando estas mesmas passagens são citadas no Novo Testamento,
este afirma que “as Escrituras” é que o disseram:

O que Deus diz O que a Bíblia diz


Gn 12.3 Gl 3.8
Ex 9.16 Rm 9.17
Gn 2.24 Mt 19. 4,5
Sl 2.1 At 4. 24,25
Is 55.3 At 13.34
Sl 16.10 At 13.35
Sl 2.7 Hb 1.5
Sl 97.7 Hb 1.6
Sl 104.4 Hb 1.7
Sl 95.7 Hb 3.7

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