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RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola. Civilização Brasileira.

Rio
de Janeiro: 2006.

A descoberta da américa pelos europeus é considerada por muito como uma


das maiores conquistas da humanidade, diversos pensadores como Abbé Raynal e
Adam Smith corroboram com tal afirmação. Alguns afirmam que não importa o que
homem fará, nada irá superar o feito europeu nas américas, nem mesmo as viagens
espaciais.

Apesar de se dar tanta importância para o feito europeu alguns afirmam que a
conquista espanhola foi feita por “um bando de aventureiros hispânicos” já que eram
poucos homens e de baixo nível escolar, muitos deles inclusive eram analfabetos.
Esses aspectos fazem nos questionar como tal feito foi dado por esses homens.
Esse tema é um dos mais intrigantes entre os historiadores

Um dos mitos criado a cerca de colombo é de que ele era o grande visionário
e descobridor de que a terra possuía formato esférico e esse mito é retratado em
diversas obras. É retratado em uma delas o encontro de colombo em Salamanca
com diversos sábios para discutir sobre o formato da terra, nessa obra é dito que
colombo era o único a afirmar o formato esférico da terra. Entretanto é notório que
essa ideia já era de entendimento feral na época e a reunião na verdade era
simplesmente um debate sobre a extensão do mar a oeste.

Grande parte da imagem que possuímos sobre Colombo é uma construção


do século XIX. Essa concepção apaga passagens e ligações importantes de sua
vida, entre elas a sua forte ligação com Portugal. Apesar de genovês colombo viveu
grande parte de sua vida em Portugal e era casado com uma portuguesa. Mesmo
antes quanto depois de tentar uma viagem patrocinada pela coroa castelhana,
colombo tentara o mesmo com a coroa portuguesa.

Apesar do que é comumente achado, não foram italianos e espanhóis a


controlar o atlântico. O reino português contratava diversos marinheiros experiente
vindos da Itália para compor suas explorações. Com isso, Portugal chegou a
dominar grande partes das ilhas do meio atlântico. Por conta desse poder português
Colombo tentou inserir-se nesse cenário, porém fracassava pela falta de contatos.
Mesmo após o êxito em sua viagem, seu sucesso foi questionado pois a terra
que tinha achado era segundo a bula papal território português. Ao longo de 1490
ficou mais claro seu fracasso em buscar uma nova rota para as índias. Com o
sucesso de Vasco da Gama em sua viagem as índias em 1499, a carreira de
manchada irreversivelmente.

A imagem manchada de colombo só passa a mudar após a sua morte, porém,


só é dada uma característica de grande importância histórica a sua figura no
tricentenário do primeiro desembarque de Colombo nas Américas. Essa nova
imagem não é dada a partir de europeus ou latinos, ela passa a ser criada com
historiadores americanos e a ser celebrada por descendentes de italianos e
irlandeses imigrantes nos estados unidos e com isso criando fundam instituições de
solidariedade centradas na imagem de colombo. Sendo assim, pode-se dizer que
que o colombo mitológico ensinado comumente não é um homem do século XV e
sem um homem do século XIX e XX.

Os conquistadores espanhóis Cortés e Pizzarro possuem grande poder


histórico. A conquista trouxe à tona um novo protagonista dos atos e narrativas; o
conquistador. O discurso histórico do conquistador surge com as pobanzas. As
pobanzas eram cartas enviadas a coroa como forma de deixar o monarca a par dos
acontecimentos. Essas cartas também possuíam um papel de cobrança de novas
recompensas, sendo assim, o conquistador era obrigado narrar seus feitos de forma
a os enaltecer e minimizar ou ignorar feitos alheios.

Esses tipos de cartas eram escritas de forma extremamente breve


normalmente e acabavam muitas vezes sendo ignoradas pela coroa, sendo lida
somente por alguns membros do governo e logo depois eram arquivadas. Muitas
dessas cartas foram redescobertas somente no século XX.

Uma das pobranzas mais conhecidas são as de Bernal Díaz na qual ele narra
a conquista do México em ao menos 600 páginas. Díaz passou toda sua vida
enviando pobranzas para o rei a fim de conseguir mais benefícios, porém fora
ignorado.

Com isso, a pobranza passa a se tornar uma forma de crônica e a ser


espalhadas pela população. A coroa de certa forma incentiva as publicações, pois
gerava propaganda, porém, supria, pois tinha receio que gerasse comoção popular a
favor do conquistador contra a coroa. Sendo assim, a pobranza torna-se o discurso
histórico do século XVI.

Cortés se torna uma divindade no século XVI com a publicação de suas


cartas. Nelas era descrito como ele conquistou todos aqueles povos e como levava
a civilidade e o cristianismo para aqueles povos.

Franciscanos foram fundamentais no processo de catequização americana,


foram a primeira entidade religiosa espanhola a por os pés no continente e com
ajuda dos nativos em publicações de textos, e com isso criando a pedra angular da
etnografia.

Sabendo-se que todas as fontes que possuímos sobre a conquista espanhola


foi produzida a partir da visão europeia dos fatos é natural que durante grande parte
da historiografia os conquistadores tenham sido vistos como grandes heróis e quase
divindades além de menosprezar os povos nativos os tratando como primitivos e
inferiores.

Os conquistadores espanhóis seguiam alguns certos ritos e alguns eram


seguidos com base nos atos de Cortés. Um desses era a queima das embarcações
quando se chegava no destino, porém, os atos de Cortés nesse caso não foi por
acaso. Os padrões seguidos pelos colonizadores eram extremamente comuns entre
eles incluindo a busca excessiva por ouro e prata, já que com isso eles poderiam
comprar títulos e terras (o ouro para eles possuía um simples valor de troca, era
como uma moeda). Buscavam também especiarias locais, interpretes aliados e
apelavam para a demonstração de violência. Ou seja, os conquistadores não
possuíam nada original em suas decisões e atos.

Existem diversas teorias sobre como se deus a conquista espanhola e muitas


delas se dão pela superioridade hispânica sobre os nativos habitantes das américas.
Entre elas estão a de superioridade religiosa cristã na qual divindades cristãs
interveem nos conflitos a favor dos espanhóis. Outra seria de que os nativos
acreditavam que os espanhóis eram seres divinos e por isso não lutaram contra eles
e assim foram derrotas. Outra hipótese muito recorrente é a da questão militar
espanhola, a tecnologia espanhola por ser superior à dos astecas fez com que os
espanhóis subjugassem aquele povo com extrema facilidade. Talvez o fator em
comum entre todas as teorias seja a questão das doenças trazidas pelos europeus
para o continente americano

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