Com o mesmo fim com que Natividade usa seu ethos de religioso letrado no prólogo de
suas Centúrias, destaca-se alguns elementos similares na edição de Os Lusíadas (1672)
comentada por João Franco Barreto. Assim como no livro de Natividade, anuncia-se a presença de um “index de todos os nomes próprios” emendados, junto com os argumentos, na última impressão. Hoje, uma sinalização como essa corresponderia à “segunda edição revista e atualizada”. Mas, como no caso de Natividade, não se trata de mera estratégia comercial. Na primeira página do index de todos os nomes próprios, enfatiza-se, novamente, a recolha e ordenação realizada por Barreto. A referência a ele na elaboração dos índices no frontispício e, novamente, na primeira página dos índices não é fortuita. Tanto o apontamento de Natividade quanto a referência a Barreto convergem para o mesmo lugar: o estabelecimento de auctoritates indiciais. Se, no caso de Natividade, o índice seguiria a preceptiva de Drexel, com o próprio autor assumindo a responsabilidade por eles, garantindo-lhe copiosidade e autoridade, no caso de Barreto trata-se de legitimar o índice impresso com a autoridade de um reconhecido letrado, mesmo que não o autor da obra indexada. Noutras palavras, enfatizar que a “recolha e ordenação” dos lugares-comuns e das sentenças foi realizada por Barreto é garantir ao consulente que sua elaboração não foi posta nas mãos de algum dos impressores iletrados a que se referia Drexel e outros preceptores.