Você está na página 1de 19
PETER HABERLE Professor titular de Direito Publico e de Filosofia do Direito da Universidade da Augsburg-RFA HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL A SOCIEDADE ABERTA DOS INTERPRETES DA CONSTITUICAO: CONTRIBUIGAO PARA A INTERPRETACGAO PLURALISTA Ee. “PROCEDIMENTAL” DA CONSTITUIGAO Tradugao de Gilmar Ferreira Mendes Doutor em Direito pela Universidade de Minster-RFA Professor da Universidade de Brasilia Sergio Antonio Fabris Editor Porto Alegre / 1997 Reimpressdo / 2002 I. TESE FUNDAMENTAL, ESTAGIO DO PROBLEMA 1. Situacao atual da teoria da interpretagao constitucional A teoria da interpretacgao constitucional tem colocado até | aqui duas quest6es essenciais: | — a indagacao sobre as tarefas e os objetivos da interpre- | tacdo constitucional , e | — a indagacéo sobre os métodos (processo da interpreta- cao constitucional) (regras de interpretacio)’. Nao se conferiu até aqui_ maior significado a questo relati- va ao Contexto sistema ico.em que se coloca um terceiro (novo) problema relativo aos participantes da interpretagdo, questao que, cumpre ressaltar, provoca a praxis em geral. Uma andlise " genérica demonstra que_existe_um_circulo_ muito _amplo_de participantes do _processo de interpretacao pluralista, processo este que se mostra muitas vezes difuso. Isto j4 seria razao Como tarefas devem ser mencionadas: justica, equlidade, equilibrio de interesses, resultados satisfat6rios, razoabilidade (cf., por exemplo, BVerfGE 34, 269 287 s) (Jz 1973, 662, 665, ver minha nota sobre Kubler), praticabilidade, justiga material (Sachgerechtheit), seguranga juridica, previsibilidade, transparéncia, capacidade de consenso, clareza metodolégica, abertura, formagio de unidade, “harmonizagio’ va ca Constitivigio, comecio igualdade social, orclem puiblica voltaca pars (Scheuner VVDStRL 20 (1963), p-125), forca norma funcional, protegio efetiva da liberdade, bem comum. Cf., a propésito, fundamentalmente, Hesse, Gru tc, BRD, 7a. edigdo, 1974, p. 20s. ndatige des Verfassungsrechts der . ara a doutrina tratar de mancira destacada C850 te. suficiente Pe vista, especialmente, uma concepgio tebric ma, tendo aan A teoria da interpretagio Constitucional Soe oas vinculada a um modelo de interpretagio de uma | ocieda de fechada”, Ela reduz, ainda, scu Ambito de investiga. | cio, na medida que sc concentra, primariamente, na interpre. taco constitucional dos juizes ¢ nos procedimentos formali- \ zados, . . Se se considera que uma teoria da interpretacio constitu- cional deve encarar seriamente o tema “Constituicao e realida- de constitucional” — aqui se pensa na exigéncia de incorporacdo das ciéncias sociais* e também nas teorias juridico-funcionais’, bem como nos métodos de interpretagdo voltados para atendi- mento do interesse publico e do bem-estar geral’ -, entdo ha de se perguntar, de forma mais decidida, sobre conformadores da “realidade constitucional”. Os agentes 2. Novo questionamento e tese { tii Nesse pees Permite-se colocar a quest4o sobre os par- icipantes i eS ; | fechas an eo da interpretagao: de_uma_sociedade nterpretes. da Constitui¢ao para.uma interpreta- * Ch, porém, a 4 B » a observacio de Ehmk 133) voltada para a “comunidad rear CWVDStRL 20 (1963), p. 53 M)s., p. Deans, Pensadores razoiveis 0 auf das "ganze Gemeinwesen"), pata to. Denkenden’, Dever-seia co a & Justos” (“aller Verniinftig und’ Gerecht. ‘ lementar: e “atu; ” (Ey ‘. 2 propésito, « antes” (“Handelnden’). fs Stgdos constitucionais: BVerfGE 36,1 = JZ 1955, 417, 418}); 36, 342 356 s.). fa fassung, Zt 21 (1974), p. 111 (121s). gio. constitucional. pela_e_ para uma der geschlossenen Gesellschaft der zur Verfassungsinterpretation durch Gesellschaft). : Propoe-se, pois, e Seguinte tese: no processo de inter. pretagao constitucional estao__ potencialmente vinculados te dos os Orgaos estatais, todas as poténcias pUblicas, todos ol cidaddos € ‘grupos, nao sendo possivel estabelecer-se um elen-| co cerrado ou fixado com numenus clausus de intérpretes da Constituigao. Interpretagao_constitucional tem sido, até agora, cons- cientemente, coisa de uma sociedade fechada. Dela tomam par- te apenas os intérpretes juridicos “vinculados as corporacdes” (ziinftmassige Interpreten) e aqueles participantes formais do processo constitucional. A interpretacio constitucional é, em realidade, mais_um elemento da sociedade aberta, Todas as poténcias publicas, participantes materiais do processo social, estéo nela envolvidas, sendo ela, a um sé tempo, elemento resultante da sociedade aberta e um elemento formador ou constituinte dessa sociedade (...weil Verfassungsinterpretation diese offene Gesellschaft immer von neuem mitkonstituiert und von ihr konstituiert wird). Os critérios de interpretag4o consti- tucional hao de ser tanto mais abertos quanto mais pluralista for a sociedade. Sociedade aberta (von Verfassungsintepreten und fiir die offene 3. Esclarecimento da tese € conceito de interpretagao O conceito de interpretacio reclama um esclarecimento que pode ser assim formulado: quem vive a norma acaba por interpreté-la ou pelos menos por co-interpreté-la (Wer de Norm “lebt”, interpretiert sie auch (mit). Toda atualizagio da Constituiggo, por meio da atuagdo de qualquer ne 13 e arcialmente, uma interpretacio a, Originariamente, INCUCESe Como Mterpreta. al antccipada. nde que, de forma consciente ¢ intencig. apenas 2 sompreensao. ¢ a explicitagao de Sentido 4, dirige-SC ae "4 texto)”, A utilizagéo de um Conceito dg ‘uma norma Sine também faz sentido: a pergunta Sobre interpretagio le mplo, apenas sc pode fazer quando se tem \o metodo, aed -io intencional Ou consciente. Para uma Des. uma Ae eatigacd realista_do desenvolvimento da inter. fist ou onetitucional, pode ser_exigivel um conceit jms amplo de hermentutica: cidadaos _¢ STUPOS, Orgios tais, 0 sistema publico_¢ a opiniao publica (.) represen. tam forgas produtivas de_interpretagao Gnterpretatorische \ Produktivkrifte); eles séo intérpretes__constitucionais em ‘sentido Jato, atuando nitidamente, pelo menos, como pré- | intérpretes (Vorinterpreten). Subsiste sempre a respon- | sabilidade da jurisdigio constitucional, que fornece, em geral, a Ultima palavra sobre_a interpretacao (com a ressalva da forca COnstity, |formatizadora do voto minoritario). Se se quiser, tem-se aqui juma democratizagio da interpretagao_constitucional®. Isso | Significa que a teoria da jinluéncia da teoria dei iMterpretacio. da Cong; | Poténci: interpretagdo deve ser garantida sob a ‘mocratica. Portanto, é impensavel uma ta¢ao. tituicdo sem © cidadao ativo e sem as las publicas mencionadas ; oe, em an & Preconizaca por Hesse, Grundeige, p21 CaO) (Verwirk Ho lato, € considerado interpretagio come mSteHada por Hang (en. Aktualisierung) da Constituigso. Posigio einen 0, GS fe jn DEE Ue prefere falar de “coneretizacio” 20 Metta, of tambet 1972, p. 191 (195), Em favor ce um conceit “Apropenign * Ehmke WYDStRL 20 (1963), p. 53 (68 8) Mito, p_ Habetle, Zeit Und Verfassung, Zep 21 (1974), p. 111 (1185): Todo aquele que vive no contexto regulado por um: ive com este contexto 6, indireta ou, até mesmo direta: m intérprete dessa norma. O destinatario da norma é Rae gtivo, muito Ma's awe “9 eee pode Supor tradicionalmente ‘a *rocessO hermenécutic f Como NAO sao apenas og in, . Fridicos da Constituigao que vivem a norma, n monopélio da interpretagao da Constituigao. ‘Aqui ndo se cuida apenas da praxis estatal” (por exemplo a interpretagao do art. 54 e seguintes da Lei Fundamental pelo presidente da Republica ou do artigo 65 pelo Primeiro-Minis- tro) (NT 1). Em se tratando de muitos direitos fundamentais, ) ja se processa a_interpretagao (talvez conscientemente?) no, modo como os destinatarios da norma preenchem 0 Ambito de | a Norma e ~ térpretes| 40 detém eles | protecao_ daquele—direito. Dessa forma, a Corte Constitucio- \ nal define o 4mbito de protegdo do art. 4°, n* 1 € 2, da Lei | Fundamental, com 0 auxilio da concepgdo da _igreja, das | a we | organizages_religiosas_€ de_opiniio". Semelhante significado Winter e Schumann (Sozialisation und Legitimierung des Rechts im Strafverfahren, in: Zur Effektivitit des Rechts, Jahrbuch fiir Rechtssoziologie und Rechtstheorie, vol. 3, 1972, p. 529) exigem, para a esfera do Direito Penal, a intensa participagdo dos acusados na afericao critica ¢ no desenvolvimento do direito por meio da Justica. " Como isso influencia a interpretagio j4 0 demonstrou GJellinek com a forga normativa dos fatos (Allgemeine Staatslehre, 3a edicio, 7a. reimpressio, 1960, p. 18s., 332 s). (NT 1) O art. 54 da Lei Fundamental (Grundgesetz) dispde sobre a elei¢io do Presidente da Reptiblica, fixando a durag’o de seu mandato em cinco anos ¢ prevendo a reeleigdo por um periodo. O art. 65 da referida Carta Magna fixa 0 chamado “principio do Primeiro-Ministro” (Kanzlerprinzip), estabelecendo, fun- damentalmente, que a ele compete fixar as diretrizes politicas do Governo (Richtlinien), " BleriGE 24, 236 s. (247 5), com a referencia express 2 Tee dade pluralista”, cf., a ace a ctitica, in DOV 1969, p- 385 al Schlaich, Neutralitit als verfassungsrechtliches Prinzip, 1972, p. 202 s. © nue *notagées in: ZevKR 18 (1973), p. 420 s. - Sobre a ness concensie ds Organizacées religiosas apés ° inicio da luta das igrejas 0% jurispeuce! “socie- Pen 1S NOQcker: a = og cgi ewe ne Ye Bw Wn de Mocfa Coperdat Oca.) ede WOrragg. laxumcs-, OY ) Zo do artista para q , joria CONCEPS! fet ~inter via ter a pro ntia da liberdade artistica (art, 50, Mi, ine pode! da gan liberdade cientifica, concebida ge ue 4m para uma nte orientada, coloca-se a questig . S| Ci cessualm “ae : lista € se ue medida esse direito, com o sey conceitg em a ber Cinciag iancia ® deve ser co-interpretado pelas ” de ci , . : “gberto de § suas metateorias). Em suma, deve-se indapar singles ee fundamentais hao de ser interpreta oo *apecifico. Em um sentido mais amplo, po sentido es introduzir aqui uma i moderna democracia plural se sal dos em , derse.ig interpretagao orientada Pela realidade da partiddria (art. 21 e 38)", a doutrina da do RFH, Stolleis, Gemeinwohlformein im nationalsozialistischen Recht, 1974 p. 2905. * Sobre 0 conceito constitucional de arte: Knies, Schranken der Kunstfreiheit als verfassungsrechtliches Problem, 1967, especialmente p. 128 s., 164 s., 172s, 217 s.; M. Heckel, Staat, Kirche, Kunst, 1968, p. 97: sobre a abertura do conceito de arte da Constituigao. ” Sobre. liberdade de pesquisa, agora, Schmitt Glaeser, WissR 7 (1974), p. 107 8. 177 8; BVerfGE 35, dialogiog ePleealismus’y, 4 Ciéncia enquanto Processo no definitivo, Procura de ‘conheci, nao Sonformasdo do legislad, mbecimento (p. 157), bem como a liberdae de Reformen”y (p.165). Brine PA a “Reforma das reformas” (“Reform det Solte CTheolone w fYF de um conceito aberto de liberdsde centfich fs atamente improgcct Universitit, 1971, p. 30, 33 ¢), que sem wants Provavel uma interpretacdo neutra dos Direitos Fund "Cha "3 Propésito : - , Hess, an me 0: EXtrai.se Eee St P. 69 8.5 ver, também, Hiberle JuS 1967, Patlamentar * Fundament al pesigées Constitucionais sobre 0 Parlament ©’ Cohilicacign CVerfG MA Protecio constitucional para as E ith , 56 “consti lei 98 fracdes py, 104) [= JZ 1966, 517, 518]); A “© Prop Meta a Paramentares cae no art, $3.4 t 2° periods a Meu ary E27, 44 (51s.) [= Jz 1960, 631, 632k: ls J 1969, 613 ] [= J F { | | | | | } } | f I | t | | i ' rater plural da liberdade cientifica (“freiheitlchen | S., nota 10), | ie liberdade de_imprensa_ou de sua “atividade publica” de iche Aufgabc) ou da interpretagao da chamada ade de coalizao (art. 9°, n° 3)”, desde que ela considere a concepsao de coa ee x Arclevancia dessa concepgao ¢ dla correspondente atuagao do individuo ou de grupos, mas também a dos Orgios estatais configuram uma excelente e produtiva forma de vinculacgdo da interpretagao constitucional em sentido lato ou em sentido estrito. Tal concep¢ao converte-se num “elemento objetivo dos direitos fundamentais” (grundrechtliches Sachelement)”. Assu- | me idéntico relevo o papel co-interpretativo do técnico ou! expert no Ambito do processo legislativo ou judicial. Essa com-} plexa participagao do intérprete em sentido lato e em sentido estrito realiza-se nao apenas onde ela ja esta institucionalizada, como nos Tribunais do Trabalho, por parte do empregador € * sw 4 A rofissional”, a adogio de um conceito | % Aatribui-sedhe, porém, um significado limitado: BVerfGE 7, 377 (397); 21, 173 (180); 34, 252 (256); Maunz/Diirig/Herzog, GG Art. 12, n°. 24 s. * Cf, a propésito, BVerfGE 34, 269 (283); 12, 113 (125 s. [= JZ 1961, 535, 536 minhas anotagdes sobre o trabalho de Ridder]) ¢ o meu “Off. Interesse als juristisches Problem”, 1970, p. 582 s. ” Referéncias em BVerfGE 4, 96 (108); 18, 18 (2 s.) (= JZ 1965, 103, 106; cf., a propésito, Herschel, p. 81]; 34, 307 (316 s.), bem como Lerche, Verfassungsrechtliche Zentralfragen des Arbeitskampfrechts, 1968, p. 53; Scholz, Die Koalitionsfreiheit als Verfassungsproblem, 1971, p. 43 s., 93. Ver, também, o argumento sobre a falta de “recepc4o adequada” pelos participantes do circulo, in: BVerfGE 34, 293 (304 s. [= JZ 1973, 311, 313 minhas criticas a Schumann}}), bem como a convicgdo geral dos advogados; E 36, 212 221). Uma anidilise completa da jurisprudéncia teria de demonstrar quando as opinides juridicas dos circulos juridicos no sio consideradas (Cf, também, § 346 HGB!). fiPecialmente a formagao do direito’ costumeiro deveria apresentar-se como fonte. Em geral, coloca.se a indagagio sobre 0 momento em que uma dada concep¢io praticada por grupos marginais phuralistas E 35, 202 219)". 21 que atuam, sobretudo, mediante , ty age 27 " . anus” da elei¢ao de juizes QT 2); . “longa ma de pressiio organizados (§ 10, do Regimentg e) os grupos Ce ssao Orgal i Federal < verno Feder: ; 7 a ones ou partes nos procedimentos administra. f) os requer — = 28 tivos de carater participativo_; parlamentares), (3) a opiniao publica democritica ¢ pluralista Frees politico como grandes estimuladores: media aes ae a | televiso, que, em sentido estrito, ndo s4o_particip: processo, 0 jornalismo profissional, de um lado, a_expectativa de leitores, as cartas de leitores, de outro, as iniciativas dos ® De forma manifestamente conseqiiente, cf,a 73, 415 (453). No sentido de uma vincula WDSIRL9 (1952). p. 17 (102, 106, nota 25), QT 2) Nos termos da Lei Fundamental (art. 94), Clonal alemé devem ser escolhidos pelo Parlament Conselho Federal (Bundesrat), A Lei do Bundes propésito, minhas criticas in: JZ Gao politico-partidaria, ver Drath, 0s juizes da Corte Constitu- © Federal (Bundestag) e pelo verfassungsgericht estabelece, EPECial Wahtausscheginnt® PPOCESSO indie nS “SOlhiclos pelo Parlamento canal Ue lograe oh POA por 13 Memb COmissio parlamentar “Special. Assi iale-se, on Pel Menos oito ee i Considera-se eleito o trace eMC, uma’ as mgr ortuno, S memernembros da Comissao fragces p; tares ¢ mas 'mportante andres dessa Comissao Proporcional Wethalinjs cleitos pelo atlameng ‘ MENLO ~ sig indicados pelas KS 4 questag, HD pelo si A Hop o™ bservancia do critério *NPologia no mens Schmitt Glaeser, vwpy "Offentliches Interes ootRL 31 1973), p. 1979 c ; 22 SSC", D. 88 s, SCE, também, ae as associagdes, OS partidos politicos fo ita rganizada (Cf. 2, d), igrejas, teatros, stim Ambito dc an dade, 08 PEAABOROS, as associagbes de pais.” . escola | da C i : da 4 cumpre esclarecets ainda, 0 papel da doutrina const | =jonal NOs P s 1, 2 ¢ 3; cla tem um papel especial por tema. rucionarticipacao de outras forcgas €, ao mesmo tempo, parti ioe nos diversos niveis. Da ip’ 3, Esclarecimento do catalogo sistematico A analise até aqui desenvolvida demonstra que a inter-) | pretacao constitucional nao _€ um “evento exclusivamente \ atal”, Seja do ponto-de vista tedrico, seja do_ponto de vista | pritico. A esse. processo tem _acesso_potencialmente todas..as forcas da comunidade politica”. O cidadao que formula” um recurso constitucional” é intérprete da Constituicao tal como o partido politico que propde um conflito_entre_6rgados” (NT 3) | * Significativa, a propésito, é a reivindicagao de legitimacio ativa por parte da associacao de pais, FR de 18.3.1975, p. 4. * Cf porém, a recusa de Forsthoff a uma “democratizacao” da interpretagio constitucional em relac’o, por exemplo, aos cientistas politicos, in: Der Staat der Industriegesellschaft, 1971, p. 69; ver, a propésito, minha critica in: ZHR 136 (1972), p. 425 (443). n . Se 6e toma a sério a exigéncia de A. Arndt, quanto a discussao juridica, entao devem as partes do processo atuar, em primeiro lugar, como os “pensadores tzapiveis ¢ justos” no sentido de Ehmke (Cf. Roellecke, FS fr Gebh. Miller, 1970, p. 323 28 s). » veauumann, Justiz — Die stille Gewalt, 1972, p. 118, indica as parte® do £580 como “fornecedores de alternativas” ( “Lieferanten flir Alternativen”)- 2 fa ‘no sentido da decisio proferida, in: BVerfGE 4, 27 G0); 20, 56 (113 992 , “ncia consolidada do Tribunal. OT3) 09 “co, §¢ desenvol questé, eS re ayes Clacionadas com a competéncia € as atribuicoes : jal que nflito entre érgdos” (Organstreitigkeit) € wm Proceso rear i 5 mplexas Ve perante a Corte Constitucional, destinado a solver cOmh de érgaos estatais 5 23 | se instaura um processo a eee fun. ou contra 0 dj até pouco tempo impe le que 9 ionamento (NT 4). Ate Pp constitucional estava_reduzido a0 . ous de interpreragao F antes diretos do proceso, Tinha. brgtos estatais Ou 40s Fe ncerpretacdo constitucional nos “6. se, pois, uma fixagio da gos que desempenham 0 complexo gios oficiais”, naqucles ee s fungdes estatais. Isso nao signify. jogo jurdicoinstituciona : importancia da atividade desen. ha ress entes A inverpretacdo constitucional €, toda. a ra ee que, potencialmente, diz ‘Tespeito a todos, Os’ grupos mencionados e o préprio individuo podem ser considerados intérpretes constitucionais indiretos ou a longo Prazo. A conformacio da realidade da Constituiggo torna-se também parte da interpretagio das normas constitucionais Pertinentes a essa realidade. Também nas funces estatais (CLegislagio, Governo, tal Saban Mdministracio ¢ Jurisdigao) © nas relacdes a elas Subjacentes ndo se podem Perder de Vista as Pessoas concretas, Proce; . 20 de fang; “Sitimidag, Govern Fede Patlamento fs SOnaments d le cral (8§ 13, pa Federal, ao Coe © partic, © 43.47) Onselho Federal lo Ou - samentaresy os eincionetes Publicos, 08 juizes™ (perso. nalizagio” da inter pretagao constitucional). O chamado debate fonstitucional do parlamento alemio de feverciro de 1974 ver E ngsdebatte des Deutschen Bundestags im Februar\ 1974)” constitui, nesse sentido, uma_ interpretagio constitu-| cional antecipada. Parlamentares tornam-se aqui intérpretes da Constituigao. As suas manifestagdes podem ter efcito - ainda que sem um significado juridico-formal especifico — sobre, v.g., acontrovertida questao da admissio dos chamados inimigos da Constituigao No servico publico, afetando, de mancira inques- tionavel, a praxis administrativa (NT 5). * Cf, a propésito, tentativa de Kommers (The Federal Constitutional Court in the West German Political System, in: Frontiers of judicial research = Organizadores: Grossman und Tanenhaus, 1969, p. 73 s), de, com base cm uma andlise “behavorista” da sociologia judicial americana, pesauisar a concepgio da Corte Constitucional alemi, Critica, sobre © assuint&y Wittig, Politsche Riicksichten in der Rechtsprechung des BVerfC?, Der Staat 8 (1969), p. 137 (156 s.). Sobre as diferentes abordagens cientificas rekativas a condutas, f, também, Rottleuthner, Richterliches Handleln, 1973, p. G1 s. % 79, Sessiio do 7° Parlamento, de 14. 2. 1974, notas taquignificas, p. 5002 (B), com 4, sobre todos os aspectos, excelente contribuigio do Ministro da Cultura do Estado dda Baviera, H. Mayer, p 5089 (C); Ver, também, Ehmke, $0. Sessio dos 7° Parlamento, de. 15. 2. 1974, Notas taquigrificas, p. 5139 C) s. 5140 ©)- (NT 5) Uma Keitura sistemitica do disposto no at 21, Hl, e no art, 33, I, da Let Fundamental, enseja a formulagio da obrigas: de fidelidade constitucional (Verfassunstreuepflich®), aplicavel aos candiclatos a 6B ow fungdes piiblicas, bem Como aos servidores publicos em gerul. O desenvolvimento jurisprudencial permitiu que se entendesse incompativel com @ referida cliusula conduta individual consistente na participagio em movimento ou onganizagio partidiria que tivesse como objetivo a superagio da ordem liberaldemocr ic da Republica Federal dx Alemanha, Com base nessa disposigio, subsiste ™ Alemanha orier jurispru- dencial que veda 0 acesso a cargos publicos aes © anvaclos “eadicais”, entendidos como tais aqueles que integram partidos ou org: nizagdes politicas que defencam pontos programaticos incompativeis com elementos basilares da ordem constitu- Cional liberal-democritica (Cf. BVerfGE 39, 334 B49, 368), 46, 13.62). 25 Olitico, que, ezes_referido processo p itas_vezes reierict¢ O_muitas_v ma sub-espécie de Process, lo como uma sub-e. BS sent resentado itucional”, represe a, sempre, € apr terpretacdo constitu da in Os em face ase © livre COnstj. i ftante — mais im Or: Je fato, um elemento om j —- ean scl supde ‘geralmente ~ da interp | tante do Ue 86 Ge +. 37 interpretacio constitucional) + Esse a € a : tucional, (politica como ae da Constituicao, configu. Proceso politico ndo é et ou central no mais puro sentido elemento vi que imput rando antes um arado a um_moto q : ele deve ser comp: a a inova. da palavra: cle i, verificam-se 0’ movimento, g ificam-se ; Se Processo. Aqui, ver ‘ ‘imento siona se se que também contribuem para o fortalec Gao, a 7 ey ge em | © Para a formacao do material | da Bee tie constuciond a | Ser desenvolvida Posteriormente, Esses impulsos sdo, Poranto, ; tagdo Constitucional, Porque, no seu qe ay Se, muitas VeZ€s, essa propria Da mudanga seja Perceptivel. O 40 de que dispoe ° legislador enquanto Se, ~dualitativamente,_ do Ta. 20 juiz Constitucional na interpretacgo, = €Spaco é limitado de. re Maneira » Com base em de in Ole técnica’™ pnaneira d ndole técnica? '8s0 nio sign ifica, rem, que, “ica, porém, que * Tambem Laufer Verfasstingsgcrichtsbay eit und Politischey Prozess, 1968), IPVEstiga de maneigg especial, 4 infuencia SXercida peg Cort F al Sobre o Processo politic, Nao existe apen, ‘anbem interpr AS politica Nnstitucional etacay Por meio ge Merpretacs, io Onstitucional Por Neio d, Staci “onstitucionay, mas la Politica 4 Corte Constituy i ‘ , Iciona : SO de eleigses Pela ca, te aero oo s de_uma Po pectiva quantitativa, exista diferenga fung, mere as Gus SiUAGOES. mental or O processo politico nio é um Processu |i rituigos ele formula pontos de vistas, Provoc: gesenvolvimentos que, depois, se revelam imp pectiva constitucional, quando, por exemplo, 0 juiz constity cional reconhece que € missao do legislador, no ambito das alternativas compativeis com a Constituigio, atuar desta ou daquela forma” . QO legislador cria uma parte da esfera publica (Offentlichkeit) e da realidade da Constituigao, ele coloca acen- tos para o posterior desenvolvimento dos principios consti- tucionais_ Ele atua cc mento precursor da interpretacio constitucional e do_processo de mutacio constitucional”. Ele interpreta a Constituigéo, de_modo a possibilitar eventual revisiio, por exemplo, na concretizacgao da vinculagao social da propriedade. Mesmo as decisGes em conformidade com a Cons- titui¢do sdo constitucionalmente relevantes e suscitam, a médio ea longo prazo, novos desenvolvimentos da realidade e da publicidade (Offentlichkeit) da Constituigao. Muitas vezes, essas concretizagdes passam a integrar o proprio contetido da Consti- tuicdo. berto da Cons. 4 © impulsiona ortantes da pers. ” Sobre a figura argumentativa da “alternativa” no fendmeno de interpretaeie Esser, Vorverstiindnis, p. 65 s., 132, 151 (com referencia a Popper); © Bet” BerfGE 24, 300 (348 [= JZ 1969, 557, 561, cf., a propasito, RNs. 5331): 0 oferecimento de “alternativas politicas” para a conformass® diversos setores da vida constitui fungio relevante dos rtidos politicos. Ver redo ott interprewncate também, o ca: i ” entre a constru ; » © CaSO peculiar sobre “alternativa” entre 4 I (BVerfGE 34, Ndicial ou dever de aguardar uma decisfio por parte do legishetor (28 269 @91 5: Sob; : 437 8). «4 -OPre 0 assunto, cf, P. Hiiberle (AOR 99 (1974), P ve des At 19 Abs. 2 cits Propésito, minha tese: Die Wesensgehalsgiy a ' Ta. edicio, 1962, 2a, edigio ampliada, 1972, P- 178 e 6pria Ciéncia do Direitg ial e muito ativo € a Om é um catalisador e, Fator essencial risdi¢ao constitucional ¢ do Direito Cons, Constitucional. ae 0 tinico, da ‘ icional® A sua efetiv, iadaton # . ; ; sencial, ainda qu interpretacdo eee sobre a sua legi. titucional como retativa suscita indag ara_as outras fore influéncia interp lue também se aplica ar dee lredamiaace timagao, questo pcesso de inter, pretacao beraclpantes dojproct ui desenvolvidos. andlise dos pontos até aq ° Bxemplos famosos: Pi MauneDusigficrzog, an 1°, SJ, 21, 362 [371 5] (= yz Constituicéo (B 36, 344 62) V2 01, 736), i referencia iy, 0 736) © linterpretacio “nstitucionay ide federativa” Smend (BvertGp 4 Undestreunchich P12. 205 (254), kv, Hassel, ©M sentido lato, da ; °° Vethatten ne SeNtido ge a32d 4, >. or ra

Você também pode gostar