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ARTIGO ARTICLE 737

Acidente de trabalho, com material biológico,


em profissionais de saúde de hospitais públicos
do Distrito Federal, Brasil, 2002/2003

Work-related accidents in health care workers


from public hospitals in Brasilia, Brazil, 2002/2003

Roberta de Betânia Caixeta 1


Anadergh Barbosa-Branco 2

Abstract Introdução

1 Hospital das Forças This study evaluates the knowledge and accep- Estudos sobre acidentes do trabalho com po-
Armadas, Brasília, Brasil.
2 Faculdade de Ciências
tance of biosafety measures by health care pro- tencial risco de transmissão do vírus da imu-
da Saúde, Universidade fessionals in light of the potential risk of occu- nodeficiência humana (HIV ) em profissionais
de Brasília, Brasília, Brasil. pational transmission of HIV. The survey as- de saúde têm sido realizados em várias partes
sessed 570 health care workers from 6 hospitals, do mundo, mais particularmente nos Estados
Correspondência
A. Barbosa-Branco randomly selected from all hospitals in the Fed- Unidos 1,2. Entretanto, no Brasil, é clara a limi-
Departamento de Saúde eral District (Brasilia), Brazil. The sample corre- tação de estudos epidemiológicos sobre o as-
Coletiva, Faculdade
sponds to 15.0% of the all health professionals sunto, além da restrição desses aos profissio-
de Ciências da Saúde,
Universidade de Brasília. in the selected hospitals. These professionals an- nais de enfermagem.
Campus Universitário swered a semi-structured questionnaire on O Ministério da Previdência e Assistência
Darcy Ribeiro, Brasília, DF
70910-900, Brasil.
knowledge of biosafety and universal precau- Social define acidente de trabalho como o ocor-
anadergh@unb.br tions, risk of occupational HIV transmission, rido pelo exercício do trabalho a serviço da em-
work-related accidents, use of personal protec- presa, o qual provoca lesão corporal ou pertur-
tive equipment (PPE), and acceptance of chemo- bação funcional que cause a morte ou a perda
prophylaxis and HIV testing. The overall acci- ou redução, permanente ou temporária, da ca-
dent coefficient was 39.1. Dentists, physicians, pacidade para o trabalho 3. Bem antes do ad-
and laboratory technicians were those who most vento da síndrome da imunodeficiência adqui-
frequently suffered such accidents. The accident rida (AIDS), a Lei n. 6.367, de 19 de outubro de
coefficient was inversely proportional to the 1976, já equiparava ao acidente de trabalho a
hospital capacity. The professionals’ knowledge doença proveniente da contaminação aciden-
of biosafety concepts and the fact that written tal do pessoal da área médica 4.
norms were displayed in their workstations did Os acidentes envolvendo material biológi-
not positively affect the work accident coeffi- co, freqüentes entre os profissionais de saú-
cient. de, não se enquadram na definição legal. Con-
tudo, as suas conseqüências, a curto e médio
Biosafety; Acquired Immunodeficiency Syndrome; prazo, fazem com que o seu registro junto aos
Health Personnel; Occupational Accidents serviços competentes da unidade hospitalar
(Medicina do Trabalho, Comissão de Controle
de Infecção Hospitalar e outros) seja funda-
mental.

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O fato da comunicação do acidente de tra- dos. Estas medidas são classificadas em quatro
balho ser procedimento facultativo é um pro- grupos: medidas administrativas, técnicas, edu-
blema grave, pois, muitas vezes, o acidente não cacionais e médicas” 7 (p. 13).
gera nenhuma das situações previstas na defi- Face ao exposto, o objetivo deste estudo é
nição de acidente de trabalho, nem tampouco, identificar os fatores que interferem no aciden-
no momento ou muito próximo desse, fica ca- te de trabalho envolvendo material biológico
racterizada a transmissão. Legalmente, esse ti- em profissionais de saúde.
po de acidente não teria comunicação compul-
sória, realizada apenas quando a doença se de-
senvolve. Percebe-se claramente, nesse caso, a Métodos
falta de componente preventivo.
Para garantir os benefícios acidentários dos Trata-se de estudo epidemiológico, descritivo,
trabalhadores, grande parte dos hospitais pro- do tipo inquérito transversal, realizado em seis
cura estabelecer alguma forma de registro des- hospitais públicos do Distrito Federal, Brasil,
ses acidentes, mas, na prática, há falta de nor- em 2002 e 2003.
malização desse procedimento e uma deficien- A seleção da amostra das unidades hospita-
te divulgação junto aos profissionais de saúde. lares foi feita por método aleatório estratifica-
Além disso, é necessário o estabelecimento de do, definido segundo o porte dos hospitais. Fo-
rotinas relacionadas às medidas de precaução ram estabelecidos três estratos: o primeiro, com-
imediatas, bem como as orientações e a dispo- posto por um hospital de grande porte (> 300
nibilidade da quimioprofilaxia em casos de aci- leitos). O segundo, por dois hospitais de médio
dentes com material biológico de pacientes so- porte (> 100 e < 300 leitos) e, o terceiro, por três
ropositivos para o HIV ou desconhecidos. hospitais de pequeno porte (< 100 leitos). Den-
Entretanto, pouco se sabe sobre o nível de tre as unidades hospitalares que compõem es-
conhecimento dos profissionais de saúde so- te estudo, quatro são da Secretaria de Estado
bre o assunto, bem como o grau de adesão às de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e duas
normas de biossegurança. Em razão do poten- são organizações militares.
cial desconhecimento dessa realidade nas ins- Em cada unidade selecionada foram entre-
tituições de saúde brasileiras, faz-se necessário vistados o mínimo de 15,0% dos profissionais
estabelecer novas políticas de saúde e seguran- de saúde, perfazendo um total de 570 profissio-
ça para aqueles que cuidam da saúde da popu- nais, pertencentes às seguintes categorias: ci-
lação. rurgião-dentista; enfermeiro; farmacêutico-
Outro fator importante está relacionado ao bioquímico; médico; técnico de laboratório de
termo biossegurança que tem assumido, a par- análises clínicas; técnico de enfermagem; auxi-
tir da Lei n. 8.975, de 5 de janeiro de 1995, 5 que liar de enfermagem; atendente de enfermagem
criou a Comissão Técnica Nacional de Biosse- e auxiliar técnico de laboratório. Procurou-se
gurança (CTNBio), uma dimensão ampla, que contemplar todas as categorias e todos os tur-
extrapola a área da saúde e do trabalho, sendo nos de trabalho.
empregada quando há referência ao meio am- Para a coleta de dados foi utilizada técnica
biente e à biotecnologia 6. Todavia, não se per- de entrevista, por meio de um instrumento do
cebe o mesmo empenho, principalmente go- tipo roteiro semi-estruturado, o qual abordou
vernamental, de se discutir as questões relacio- aspectos como: conhecimento sobre biossegu-
nadas à biossegurança no ambiente hospitalar rança, uso de equipamentos de proteção indi-
e à saúde dos trabalhadores envolvidos. vidual (EPI), ocorrência de acidente de traba-
Considerando que este estudo também tra- lho, reencape de agulha, risco de transmissão
ta do conhecimento dos profissionais de saúde ocupacional, aceitação da quimioprofilaxia e
e a adesão destes às medidas de biossegurança realização de teste sorológico anti-HIV.
frente ao potencial risco de transmissão do HIV, O instrumento foi validado por meio de pré-
o conceito de biossegurança adotado será o teste e aplicado individualmente por uma equi-
instituído pela Comissão de Biossegurança da pe multidisciplinar previamente treinada.
Fundação Oswaldo Cruz, o qual é definido co- O projeto foi submetido à análise dos Co-
mo “o conjunto de medidas voltadas para a pre- mitês de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
venção, a minimização ou a eliminação de ris- (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde, Uni-
cos inerentes às atividades de pesquisa, produ- versidade de Brasília (UnB) e da SES-DF, sendo
ção, ensino, desenvolvimento tecnológico e pres- aprovado em ambos.
tação de serviços, que podem comprometer a Os dados foram armazenados no Access e
saúde do homem, dos animais, do meio am- posteriormente analisados por meio do pro-
biente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvi- grama SPSS 10.0.

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A análise foi realizada a partir dos dados do Em relação à distribuição do tempo de ser-
conjunto de profissionais de saúde, em relação viço, verifica-se que os profissionais de saúde
à ocorrência de acidente de trabalho, por meio apresentaram uma média de 10,3 ± 8,1 anos.
das seguintes taxas padronizadas: Na avaliação da influência do porte do hos-
• Coeficiente de acidentabilidade (C. A.) pital e da categoria profissional no coeficiente
de acidentabilidade de trabalho envolvendo
Total de acidentados material biológico, observou-se uma relação
C. A. = x 100
Total de avaliados inversamente proporcional ao coeficiente de
acidentabilidade. Foram registrados para gran-
• Coeficiente de aceitação (C. Ac.) de, médio e pequeno porte, 32,9, 39,9 e 44,1,
respectivamente.
Total de pessoas que Quanto à categoria profissional, aquelas
aceitariam a quimioprofilaxia cujos profissionais mais relataram acidentes
C. Ac. = x 100
Total de profissionais avaliados com material biológico foram a de cirurgião-
dentista (64,3), médico (47,8) e técnico de la-
Na análise estatística foram utilizados os boratório (46,0), enquanto o menor relato ob-
seguintes testes: servou-se na categoria dos farmacêuticos-bio-
• Teste Exato de Fisher: análise univariada pa- químicos (17,6).
ra verificar o grau de associação entre a ocor- Analisando-se o coeficiente de acidentabi-
rência de acidentes do trabalho e o conhecimen- lidade de trabalho segundo o sexo dos profis-
to dos profissionais de saúde sobre biossegu- sionais de saúde, verificou-se uma ligeira pre-
rança, a definição de biossegurança, o risco de dominância no sexo masculino.
transmissão do HIV em caso de acidente com Esse mesmo indicador, analisado de acordo
material perfurocortante, o uso e a aceitação da com o sexo e a categoria profissional (Figura 1),
quimioprofilaxia, o conhecimento dos profis- mostrou que entre os profissionais do sexo mas-
sionais sobre as precauções universais, o trei- culino, os maiores coeficientes correspondem
namento em biossegurança e a realização de à categoria de atendente de enfermagem (100,0)
teste sorológico anti-HIV, com nível de signifi- e entre os técnicos de laboratório (72,2). Entre
cância (p < 0,05). as mulheres, as categorias que mais se aciden-
• Teste Qui-Quadrado: para verificar a dife- taram foram as de cirurgiã-dentista e médica,
rença estatística entre a freqüência em que os 72,2 e 50,8, respectivamente.
profissionais de saúde relataram ter o conheci- No conjunto dos profissionais de saúde hou-
mento sobre as normas de biossegurança e a ve pouca diferença entre as faixas etárias. Os
disponibilidade das mesmas, com nível de sig- maiores coeficientes foram observados nas fai-
nificância (p < 0,05). xas etárias de 30 a 39 anos e de 50 a 59, com
43,5 e 43,2, respectivamente.
Na análise do coeficiente de acidentabilida-
Resultados de de trabalho, segundo o tempo de serviço na
atividade, identifica-se a faixa de 11 a 15 anos
Os seis hospitais possuíam um total de 6.179 como a mais vulnerável, tanto no conjunto dos
trabalhadores, dos quais 57,0% (3.466) são pro- profissionais (54,8 acidentados em 100 profis-
fissionais de saúde. Do conjunto desses profis- sionais) quanto individualmente, nos níveis mé-
sionais foram avaliados em média 16,4%, tota- dio (57,1) e superior (58,3).
lizando 570 profissionais de saúde. Na análise da interferência do tempo de
Dentre os profissionais de saúde avaliados, atividade e da categoria profissional no coefi-
223 (39,1%) referiram ter sofrido acidente de ciente de acidentabilidade, subdividiu-se o tem-
trabalho com material biológico. po de atividade em menor ou igual a 10 anos e
Ao se avaliar a distribuição das categorias maior de 10 anos e observou-se pouca diferen-
profissionais em relação ao sexo, observa-se ça entre esses dois grupos. A categoria técnico
uma predominância feminina em todas as ca- de laboratório obteve maior coeficiente entre
tegorias, totalizando 75,2% da amostra. os profissionais com mais de 10 anos, enquan-
A idade dos profissionais de saúde variou to que na categoria médica o coeficiente foi
entre 20 e 68 anos, apresentando uma média maior entre aqueles com menor tempo de ser-
de 38,8 ± 9,3 anos, e mediana de 32 anos. Ob- viço.
serva-se que os profissionais de saúde são pes- Constatou-se associação significativa entre
soas jovens, uma vez que 71,2% estão concen- a freqüência em que os profissionais de saúde
trados na faixa etária ampliada de 20 a 39 anos que se acidentaram relataram ter conhecimento
e mediana de 29 anos. sobre as normas de biossegurança (χ2 = 178,985;

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Figura 1

Coeficiente de acidentabilidade de trabalho segundo a categoria profissional e o sexo do acidentado.


Distrito Federal, Brasil, 2002/2003.

140
Masculino

120
Feminino

100

80

60

40

20

% 0
Médico Técnico de Enfermeiro Cirurgião Farmacêutico/ Auxiliar de Técnico de Atendente de
laboratório dentista Bioquímico enfermagem enfermagem enfermagem

df = 2; p = 0,000) e a disponibilidade das mes- traram que os profissionais do sexo masculino


mas na unidade de trabalho (χ2 = 231,217; df = reencapam mais agulhas do que os profissio-
3; p = 0,000). nais do sexo feminino. Observou-se um maior
Não houve influência do fato de os profis- coeficiente de acidentabilidade entre aqueles
sionais de saúde afirmarem ter conhecimento que sabem que não se deve reencapar agulha.
do conceito de biossegurança no coeficiente de Considerando o conjunto de profissionais
acidentabilidade de trabalho, uma vez que esse que sofreram acidentes de trabalho, segundo o
indicador foi maior entre aqueles que conhe- tipo e a categoria profissional, observa-se que
ciam o conceito (50,0) do que entre os que de- 86,5% do total de acidentes envolveram exposi-
claram não o conhecer (37,5). ção percutânea. Nesse tipo de acidente, desta-
O treinamento recebido pelos profissionais cam-se as categorias de farmacêutico-bioquími-
de saúde, com conteúdo sobre biossegurança, co, atendente de enfermagem, auxiliar de enfer-
nos últimos dois anos não diminuiu o coefi- magem e cirurgião-dentista como aquelas com
ciente de acidentabilidade de trabalho envol- o maior porcentual de acidentes, totalizando
vendo material biológico. Os dados apontam 100,0%, 100,0%, 97,1% e 94,4%, respectivamen-
um coeficiente mais elevado para aqueles que te. Por outro lado, as categorias que apresentam
referem ter recebido treinamento (44,5) do que maior porcentual de acidentes por contato cutâ-
para os que não receberam (37,3). neo-mucosa com fluidos potencialmente conta-
O fato de os profissionais de saúde terem minados são as de enfermeiro (23,5%) e de téc-
ou não conhecimento do risco de transmissão nico de laboratório (13,0%) (Figura 2).
ocupacional do HIV não interferiu significati- A distribuição dos profissionais de saúde
vamente no coeficiente de acidentabilidade de acidentados com material biológico, em relação
trabalho, apresentando coeficiente maior entre à aceitação de quimioprofilaxia, em casos de
aqueles que conheciam o risco (41,2). acidentes com indicação para a mesma, mos-
Quanto ao uso de equipamentos de proteção trou que, dos 223 acidentados, 87,4% aceita-
individual, a influência do conhecimento dessas riam a quimioprofilaxia, e destes últimos 30,0%
medidas e a adesão dos profissionais à utilização efetivamente a realizaram (Tabela 1).
das mesmas no coeficiente de acidente de traba- Quanto à realização da sorologia anti-HIV,
lho mostraram haver pouca ou nenhuma relação do total de acidentados, 80,3% relataram ter
significativa entre essas variáveis. realizado o teste (Tabela 1).
O índice de reencape de agulha e o coefi- Visando a conhecer o nível de aceitação da
ciente de acidentabilidade segundo o sexo, mos- quimioprofilaxia por parte dos profissionais de

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ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO 741

Figura 2

Percentual de acidentados segundo o tipo de acidente com material biológico.


Distrito Federal, Brasil, 2002/2003.

120
Percutânea

100 Cutânea/Mucosa

80

60

40

20

% 0
Médico Técnico de Enfermeiro Cirurgião Farmacêutico/ Auxiliar de Técnico de Atendente de Total
laboratório dentista Bioquímico enfermagem enfermagem enfermagem

Tabela 1

Percentual de acidentados segundo a aceitação e o uso de quimioprofilaxia (QP), teste anti-HIV e porte do hospital.
Distrito Federal, Brasil, 2002/2003.

Estrato/Unidade Aceitação QP Uso de QP Realização do Total de Total de


hospitalar* teste anti-HIV acidentados profissionais
n %** n %** n %** n %*** n %

Grande porte
A 47 88,7 17 32,1 48 90,6 53 32,9 161 28,2
Total 47 88,7 17 32,1 48 90,6 53 32,9 161 28,2

Médio porte
B 54 91,5 21 35,6 44 74,8 59 46,8 126 22,1
C 38 95,0 13 32,5 32 80,0 40 32,8 122 21,4
Total 92 92,9 34 34,3 76 76,7 99 39,9 248 43,5

Pequeno porte
D 17 77,3 6 27,3 19 86,4 22 43,1 51 8,9
E 27 90,0 7 23,3 23 76,7 30 37,5 80 14,0
F 12 70,6 3 17,6 13 76,5 17 56,7 30 5,3
Total 56 78,9 16 22,5 55 77,5 71 44,1 161 28,2

Total geral 195 87,4 67 30,0 179 80,3 223 39,1 570 100,0

* Unidades hospitalares: A, B, C, D, E, F.
** Percentual calculado em relação ao total de acidentados.
*** Coeficiente de acidentabilidade.

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saúde acidentados, frente ao risco de transmis- profilaxia e aceitação da quimioprofilaxia, veri-


são do HIV, foram estabelecidas algumas situa- ficou-se que houve diferença estatisticamente
ções ligadas ao acidente que interfeririam po- significante (Tabela 3).
sitiva ou negativamente nessa aceitação (Tabe-
la 2). Dentre estas, as situações em que o pacien-
te-fonte apresentava carga viral intensa e/ou Discussão
sorologia positiva prévia foram aquelas que
mais contribuíram para a decisão do profissio- A principal causa de acidentes de trabalho em
nal em aceitar a quimioprofilaxia, totalizando profissionais de saúde está relacionada ao uso
94,6% e 94,2%, respectivamente, seguida por de material perfurocortante 8. Neste estudo, a
paciente-fonte fase inicial (91,9%) e profundida- maioria dos profissionais de saúde relatou ter
de e extensão da superfície de contato (91,5%) sofrido acidente com esse tipo de material.
(Tabela 2). O número de acidentes envolvendo mate-
O coeficiente de aceitação geral dos profis- rial biológico pode ser reduzido se as normas
sionais acidentados em relação à quimioprofi- de biossegurança forem implementadas no
laxia foi de 87,4. Na análise específica de cada ambiente de trabalho, conforme demonstrado
situação do acidente quanto à aceitação da qui- no estudo de Beekmann et al. 9, realizado no
mioprofilaxia, os maiores coeficientes encon- Centro Clínico do Instituto Nacional de Saúde
trados foram para a sorologia positiva do pa- dos Estados Unidos, em Maryland. Os aciden-
ciente-fonte (99,6) e a carga viral intensa (99,0) tes relacionados a comportamentos considera-
(Tabela 2). Ao se verificar o nível de significân- dos de risco, como reencapar agulhas, dimi-
cia estatística apresentado pelas variáveis estu- nuíram de 16,0% para 10,0%, redução estatisti-
dadas em relação à ocorrência de acidentes do camente significativa, o que comprova a efi-
trabalho – análise univariada – Teste Exato de ciência dessa recomendação.
Fisher, observou-se que não houve diferença Quanto ao coeficiente de acidentabilidade
estatisticamente significante para as variáveis: por categoria, neste estudo o cirurgião-dentis-
conhecimento das precauções universais, trei- ta ocupou o primeiro lugar, o que pode ser ex-
namento em biossegurança, reencape de agu- plicado pela prática diária com materiais per-
lha e teste sorológico anti-HIV (Tabela 3). furocortantes. Estudo realizado também em
Entretanto, para as variáveis: conhecimen- Maryland, entre esses profissionais, constatou
to sobre biossegurança, definição sobre bios- um aumento no uso de barreiras. Entretanto,
segurança, risco de transmissão, uso de quimio- destacou altas taxas de reencape de agulhas,

Tabela 2

Coeficiente de aceitação de quimioprofilaxia e distribuição dos profissionais de saúde, segundo a situação


em que potencialmente aceitariam fazer uso da mesma. Distrito Federal, Brasil, 2002/2003.

Situação do acidente Coeficiente Aceitação da quimioprofilaxia Total


de aceitação Sim Não
n % n % n %

Acidentes de pequena magnitude 64,4 124 55,6 99 44,4 223 100,0


Profundidade e extensão da superfície 92,8 204 91,5 19 8,5 223 100,0
de contato no acidente
Pequena quantidade de material inoculado 83,8 171 76,7 52 23,3 223 100,0
Impossibilidade do teste sorológico 91,3 196 87,9 27 12,1 223 100,0
do contaminante
Demora para a obtenção do resultado 91,8 183 82,1 40 17,9 223 100,0
do paciente-fonte
Paciente-fonte em fase inicial da doença 97,1 205 91,9 18 8,1 223 100,0
Sorologia positiva do paciente-fonte 99,6 210 94,2 13 5,8 223 100,0
Sorologia negativa do paciente-fonte 49,4 82 36,8 141 63,2 223 100,0
Carga viral intensa do paciente-fonte 99,0 211 94,6 12 5,4 223 100,0
do acidente

Total de pessoas que aceitariam a quimioprofilaxia


Coeficiente de aceitação = x 100
Total de profissionais

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ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO 743

Tabela 3

Nível de significância estatística apresentado pelas variáveis estudadas em relação à ocorrência


de acidentes de trabalho.

Com significância estatística Sem significância estatística


p < 0,05 p > 0,05

Conhecimento sobre biossegurança (0,05) Conhecimento das precauções universais (0,68)


Definição sobre biossegurança (0,04) Treinamento em biossegurança (0,14)
Risco de transmissão (0,00) Reencape de agulha (0,62)
Uso de quimioprofilaxia (0,00) Teste sorológico anti-HIV (0,33)
Aceitação da quimioprofilaxia (0,00)

Análise univariada – Teste Exato de Fisher.

problema de difícil solução, uma vez que, nes- ressaltam a importância de se fazer um diagnós-
sa categoria, a natureza específica do procedi- tico das condições de risco de acidentes com
mento “anestesia” exige a repetição desse ato agulhas, a fim de buscar soluções fundamenta-
durante um mesmo atendimento 10. das na realidade de cada instituição hospitalar.
No Brasil, onde não existem muitas pesqui- Com relação à faixa etária, este estudo en-
sas direcionadas exclusivamente à categoria de controu na população compreendida entre 30
cirurgião-dentista, os estudos apontam o aten- e 39 anos o maior coeficiente de acidentabili-
dente de enfermagem, seguido do auxiliar de dade, dado que corrobora os resultados de Bran-
enfermagem, como os profissionais que mais di et al. 18, que também avaliaram se os mate-
se acidentam. A justificativa apresentada é a de riais perfurocortantes estavam infectados com
que os profissionais com pouca ou nenhuma o HIV. Essa avaliação não foi realizada neste es-
qualificação profissional estão mais expostos tudo, mas o material perfurocortante represen-
aos riscos de acidentes 11,12,13. Paradoxalmen- tou a principal causa de acidente.
te, neste estudo, essas categorias obtiveram o O tempo de serviço não influenciou no coe-
quinto e quarto maiores coeficientes de aci- ficiente de acidentabilidade, entretanto, os da-
dentabilidade, respectivamente. dos mostraram que a categoria médica apre-
A distribuição dos profissionais que se aci- sentou um maior coeficiente de acidentabili-
dentaram segundo o sexo é diferenciada em dade dentre aqueles que possuíam menor tem-
vários estudos, embora se perceba um predo- po de serviço, provavelmente, em decorrência
mínio do sexo feminino 14,15,16. Isso pode ser da inexperiência.
explicado pelo fato desses estudos terem sido Dentre os profissionais entrevistados, os
realizados na equipe de enfermagem, conside- que afirmaram conhecer todas as normas de
rada predominantemente feminina 17. biossegurança foram os que mais se acidenta-
Em contrapartida, Brandi et al. 18 observa- ram. Isso se deve, em parte, por considerarem
ram a tendência de o grupo masculino aciden- ter adquirido um conhecimento que, na práti-
tar-se mais que o feminino na realização das ca, não acontece, ou por estarem mais expos-
mesmas tarefas. Entre os profissionais deste tos aos riscos de transmissão do que a parcela
estudo, a diferença entre os dois sexos foi qua- que relatou desconhecer ou ter um conheci-
se insignificante. Entretanto, o fato do profissio- mento parcial dessas normas. Isso pôde ser ob-
nal do sexo masculino ter se acidentado mais servado especificamente na categoria farma-
está relacionado à prática do reencape de agu- cêutico-bioquímico, que apresentou o menor
lhas ser maior entre esses profissionais, estan- coeficiente de acidentabilidade, uma vez que o
do mais expostos ao risco. risco de exposição desses profissionais é me-
A incorporação da prática de não reencapar nor do que o dos demais.
agulhas pelos profissionais de saúde requer o O treinamento recebido pelos profissionais
suprimento adequado de recipientes próprios estudados não interferiu no coeficiente de aci-
para descarte em todas as unidades hospitala- dentabilidade, fato que deve ser melhor explo-
res. Saghafi et al. 19, também sugeriram tornar rado, pois não apareceu neste estudo que esse
mais acessíveis os recipientes próprios para des- treinamento tenha de fato resultado em uma
carte, bem como a rotina de descartar esses re- melhoria na capacitação dos profissionais quan-
cipientes antes da superlotação. Esses estudos to às normas de precaução universal.

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744 Caixeta RB, Barbosa-Branco A

A relação entre o conhecimento e a adesão prática, esse dado não foi tão expressivo, pro-
dos profissionais de saúde ao uso de barreiras vavelmente, em decorrência da ausência de in-
de proteção não foi significativa. Demonstrou- dicação de uso da quimioprofilaxia, devido ao
se que eles têm o conhecimento, mas não ade- tipo de acidente, ou pelo fato de o profissional
rem às medidas e possuem uma percepção fra- acidentado ter optado por não fazer uso da me-
ca de risco, pois fazem uso de barreiras apenas dicação em função dos efeitos colaterais. Po-
mediante o diagnóstico de soropositividade pa- de-se questionar também a falta da orientação
ra HIV. Este é um dos aspectos mais preocupan- correta dos serviços responsáveis, nas unida-
tes, uma vez que esta falsa segurança aumenta des hospitalares, pelo controle dos acidentes
significativamente o risco da transmissão do de trabalho.
HIV. De modo geral, observa-se que a ocorrên-
Particularmente para os profissionais de cia de acidentes de trabalho envolvendo mate-
saúde, o uso de barreiras de proteção deve ser rial biológico potencialmente infectado pelo
conduta priorizada, diferentemente do que é HIV foi significativa, sendo de primordial rele-
recomendado pela Portaria n. 3.214 do Minis- vância o desenvolvimento de medidas técnicas
tério do Trabalho e Emprego para os agentes e administrativas para a minimização desse
insalubres químicos e físicos 20. Nos casos dos problema.
agentes químicos e físicos, os EPIs devem ser Vale ressaltar que a relação conhecimento
adotados tanto quanto todas as outras possibi- das normas de biossegurança e treinamento
lidades (equipamentos de proteção coletiva, demonstraram que os treinamentos desenvol-
controle da fonte). No caso dos agentes bioló- vidos devem ser reavaliados. Esse dado pode
gicos, como em grande parte das situações é ser alarmante num primeiro momento, já que
impossível ou inviável o controle da fonte ou atualmente muito se confia e investe em trei-
do ambiente como um todo, as barreiras de pro- namento enquanto ferramenta de capacitação
teção, representadas nesse caso pelos EPIs, de- profissional. Deve-se no entanto, observar o ti-
vem estar presentes em todas as situações que po de treinamento, sua qualidade, sua adequa-
ofereçam risco, mesmo que potencial. ção ao tipo de ambiente e de categoria profis-
A eficiência dessas barreiras foi demonstra- sional que se pretende atingir. Além de propor
da no estudo de Bennet & Howard 21 e Mast et a implantação de um programa de educação
al. 22, que comprovaram que as luvas funcio- continuada, que possa constantemente mobi-
nam como medidas de proteção no caso de aci- lizar os profissionais quanto às ações de prote-
dentes com exposição da pele das mãos a san- ção dos profissionais de saúde, principalmente
gue e fluidos corporais. No caso de acidentes as que dizem respeito à prevenção de aciden-
perfurocortantes foi demonstrado que uma úni- tes envolvendo material biológico potencial-
ca luva pode reduzir o volume de sangue inje- mente infectante.
tado por agulhas maciças de sutura, em 70,0%. Sendo assim, este estudo sugere a imple-
No caso de agulhas ocas, a luva pode reduzir de mentação de medidas de biossegurança em
35,0% a 50,0% a inoculação do sangue, uma vez hospitais, que são fundamentais para a prote-
que uma porção deste permanece na parte in- ção dos profissionais de saúde. Tais medidas
terna da agulha 23. Mesmo oferecendo redução abrangem tanto questões de ordem adminis-
menor que com agulhas maciças, sem dúvida a trativa, de organização do trabalho, como rela-
utilização de luvas configura uma barreira au- cionadas à educação continuada, e ao controle
xiliar para a prevenção de acidentes perfuro- de qualidade e prevenção de acidentes.
cortantes.
Conforme as normas pós-acidente, os pro-
fissionais devem ser encaminhados para coleta Conclusões
de sorologia anti-HIV, hepatites B e C 18. Entre-
tanto, questionados sobre essa coleta, somente Os dados apresentados permitem concluir que
54,3% referiram ter realizado teste anti-HIV, o coeficiente de acidentabilidade foi inversa-
dado que não foi corroborado neste estudo, em mente proporcional ao porte do hospital; os
que o percentual de profissionais que afirma- profissionais de saúde do sexo masculino aci-
ram ter realizado esse teste foi bem maior, o dentaram-se mais do que os do sexo feminino;
que demonstra que eles aderiram mais a al- as categorias cirurgião-dentista, médico e téc-
guns dos procedimentos recomendados. nico de laboratório foram as que mais se aci-
Quanto à aceitação e ao uso da quimiopro- dentaram; a realização de treinamento com
filaxia pelos profissionais estudados, no perío- conteúdos sobre biossegurança não interferi-
do pós-acidente, uma grande maioria afirmou ram positivamente na diminuição de aciden-
que aceitaria fazer uso da medicação, mas, na tes; os profissionais de saúde com maior tem-

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ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO 745

po de serviço se acidentaram mais, a exceção


dos médicos que apresentaram uma relação
inversa; o coeficiente de acidentabilidade foi
maior entre os profissionais de saúde que afir-
maram conhecer todas as normas; não houve
relação positiva entre o conhecimento e a ade-
são quanto ao uso de EPI entre os profissionais
de saúde.
Estes resultados apontam para a necessida-
de de uma reavaliação da estrutura e dos con-
teúdos dos treinamentos em serviços oferecidos
aos profissionais de saúde no Distrito Federal.

Resumo Colaboradores

Foi estudada a ocorrência de acidente de trabalho em R. B. Caixeta e A. Barbosa-Branco participaram em


profissionais de saúde no período de 2002/2003 e a in- conjunto de todas as etapas de elaboração do artigo.
fluência das medidas de biossegurança e aceitação de
quimioprofilaxia frente ao risco de transmissão ocu-
pacional do HIV. Avaliou-se 570 profissionais de saúde
de seis hospitais públicos, selecionados aleatoriamen-
Agradecimentos
te, do conjunto de hospitais do Distrito Federal, Brasil.
Esses profissionais foram questionados quanto ao co- Aos acadêmicos de medicina Gustavo Vasconcelos
nhecimento sobre biossegurança, ocorrência de aci- Carvalho e Paulo José Tonello Ferreira pela colabora-
dente de trabalho, aceitação da quimioprofilaxia e ção na coleta de dados, ao Ministério da Saúde e à
teste sorológico anti-HIV. Entre os profissionais ava- UNESCO (CFA n. 645-2) pelo financiamento desta
liados, o coeficiente de acidentabilidade foi de 39,1 e pesquisa.
mostrou-se inversamente proporcional ao porte do
hospital. Dentistas, médicos e técnicos de laboratório
acidentaram-se mais, em contrapartida aos farma-
cêuticos e enfermeiros. As situações relacionadas ao
acidente de trabalho com maior aceitação e adesão ao
uso da quimioprofilaxia foram sorologia positiva e
carga viral intensa do paciente-fonte (99,6-99,0%), em
contraposição à sorologia negativa do paciente-fonte
e acidente de pequena proporção (36,8-55,6%). O co-
nhecimento dos profissionais de saúde sobre o concei-
to e as normas de biossegurança, a disponibilidade
destas na unidade de trabalho e a realização de treina-
mento em biossegurança não influenciaram positiva-
mente no coeficiente de acidentabilidade de trabalho.

Biossegurança; Síndrome de Imunodeficiência Adqui-


rida; Pessoal de Saúde; Acidentes de Trabalho

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746 Caixeta RB, Barbosa-Branco A

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Recebido em 17/Dez/2003
Versão final reapresentada em 03/Nov/2004
Aprovado em 09/Nov/2004

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(3):737-746, mai-jun, 2005

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