Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
TURMA:4PG1M
BRUNO VALÊNCIA
JOUBERTH SOARES
BELÉM
2010
O LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Andréia Souza *
Bruno Valência **
Jouberth Soares ***
Resumo
Esta é a realidade que enfrentamos nas salas de aula diante do recurso Livro
Didático, um material de suma importância que tem o objetivo de contribuir no
processo de ensino-aprendizagem, principalmente dos alunos do ensino fundamental.
A despeito de ter sido criado no século XVII, é só a partir do XIX, que o volume
de obras didáticas aumenta como afirma Schäffer (2003, p.137):
1
A obra mais importante de Comênio (Comenius), Didactica Magna, marca o início da sistematização da
pedagogia e da didática no Ocidente.
2
Anteriormente, nas escolas dominicais, que também ensinavam a ler e a escrever, utilizava-se a Bíblia
como material instrucional. A escola laica na Europa, bem como todos os métodos e materiais de ensino
são desentranhados da igreja. A invenção da imprensa por Johann Gutemberg, por volta de 1450, foi
uma das condições materiais para que esse material existisse. Estamos entendendo aqui que o livro
didático trata-se de material didático pedagógico para os alunos, professores e instituições
educacionais, para as editoras esse é identificado predominantemente como mercadoria. Já os autores
têm uma relação ambígua com eles, constituem-se em material didático pedagógico e mercadoria.
bíblicos entre os alunos de classes mais abastadas. Até então, a Bíblia era
a obra mais vendida para o ensino e também a mais barata. A prática
dos exames públicos, em especial a partir do início do século 20,
condicionou o uso do livro didático entre toda a população estudantil,
nivelando o ensino.
No Brasil, somente a partir de 1937, a política para o livro didático passou a ter
maior relevância. Cria-se em 1937 o INL (Instituto Nacional do Livro Didático,
subordinado ao Ministério da Educação (MEC), e logo em seguida no ano de 1938,
cria-se o Decreto-lei nº 1006/38 que instituiu a Comissão Nacional do Livro Didático,
que deliberava sobre as condições de produção, importação e utilização do livro
didático no Brasil. SCHÄFFER (2003, p. 138) faz considerações a este processo
afirmando que neste momento “[...] implantou-se, oficialmente, o controle político-
ideológico [...].” do livro didático. Em 1945 o Estado passou a controlar todo o processo
de adoção de livros nas instituições de ensino no território nacional.
3
Habitus, relaciona-se à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes
por meio de disposições para sentir, pensar e agir.
Em 1983 foi criada a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), que absorveu
os programas da FENAME, e ao longo de todo esse período a relação do professor e do
livro didático praticamente se manteve inalterada. Reformulando, a adoção do livro
didático pelo professor, assim como seu uso, estavam vinculados com às políticas que o
Estado Brasileiro estabelecia em relação aos mesmos.
Costumo lembrar que o livro didático é uma tradição tão forte dentro da
educação brasileira que o seu acolhimento independe da vontade e da
decisão dos professores. Sustentam essa tradição o olhar saudosista do
país, a organização escolar como um todo, o marketing das editoras e o
próprio imaginário que orienta as decisões pedagógicas do educador.
Não é a toa que a imagem estilizada do professor lhe apresenta-o com
um livro nas mãos, dando a entender que o ensino, o livro e o
conhecimento são elementos inseparáveis, indicotomizaveis. E aprender,
dentro das fronteiras do contexto escolar, significa atender a liturgia dos
livros, dentre as quais se destaca aquela do livro “didático”: comprar na
livraria no início de cada ano letivo, usar ao ritmo do professor, fazer as
lições, chegar a metade ou a três quartos dos conteúdos alí inscritos e
dizer amém, pois é assim mesmo (e somente assim) que se aprende.
Dessa maneira verifica-se que a adoção do livro didático tem dependido muito mais das
políticas educacionais do que da decisão docente.
4
Vernáculo é o nome que se dá à língua nativa de um país ou de uma localidade.
2- O ensino da Geografia nas séries iniciais
MOREIRA (1987, p. 163) pensa que “(...) a história dos homens é inseparável da
história da natureza”. Contudo, na atualidade ainda podemos observar a utilização da
Geografia Cartesiana nas escolas, academias e materiais didáticos. É o que Freire (1997)
denomina Ensino Bancário, filosofia na qual se observa o professor como detentor do
conhecimento e o aluno como um mero armazenador desse saber transmitido pelo seu
mestre. Esta é uma educação tradicional e conservadora, onde o educando tem suas
experiências e criatividade tolidas ao longo do processo educacional. Para Freire
(ibidem), ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua
produção e a sua construção.
3- A Geografia e seu ensino através do livro didático
Apesar de a prática pedagógica não poder se limitar ao livro didático e nem poder
ser confundida com o uso deste material, ela depende, sobretudo nas escolas públicas,
mesmo que não idealmente, desse objeto complexo. Sem sombra de dúvidas, esse
material didático se tornou referência para ser usado pelos professores em sala de aula, e
mesmo aqueles docentes que não seguem um livro didático específico, acabam por
utilizar atividades de diferentes manuais didáticos.
d) Questões inferenciais: Quando se interroga sobre algo que não está explícito, quando
se propõe a observação, a explicitação do que não foi revelado literalmente
Diz ainda que apesar das atividades inovadoras, as orientações acerca de leitura e
escrita para os alunos são muito limitadas, que não se trabalha a compreensão do texto
tal qual deve ser, sem exploração ou síntese em cima das inferências resultantes da
compreensão do texto na hora da leitura mesmo, deixando para o final as perguntas
norteadoras do texto, como se somente naquele momento fosse possível testar o
aprendizado do aluno sobre o assunto trabalhado. Completa dizendo que a produção
escrita é sempre pouco estimulada, e que quando é feito não há uma grande exigência
para justificativas ou argumentos dos alunos para as respostas solicitadas.
SILVA (2007, pág. 7) nota em sua pesquisa direta que o livro didático é o
principal recurso pedagógico de referência em sala de aula, seguido dos mapas e outros
recursos, e que apesar de todas as limitações impostas pela escola ou pelo sistema, ou da
falta de habilidade de alguns docentes para o rompimento do tradicionalismo, cabe ao
mesmo explorar ao máximo os recursos disponíveis na instituição para que as aulas
despertem cada vez mais o gosto de se estudar a Geografia crítica, contribuindo assim
para a formação de cidadãos críticos, empenhados em entender a realidade do mundo
que os cerca.
CONCLUSÃO
Diante deste problema, cabe a todos que tiveram a possibilidade de ler este artigo,
estimular práticas pedagógicas diferenciadas do tradicional e articular maneiras de
estimular o aluno para a chamada alfabetização espacial, não deixando o livro didático
para trás, mas apropriando-se do mesmo de uma maneira mais correta, fazendo o seu
trabalho em cima de metodologias inovadoras de estímulo ao saber crítico.
REFERÊNCIAS
MELLO, Guiomar Namo de. O livro didático no sistema de ensino público do Brasil.
Fundação Victor Civita, São Paulo, SP, 1999.
MELO, Sandra Helena Dias de. “Atividades de leitura e escrita no livro didático de
Geografia” UFRPe, Pernambuco, 2009.