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Gopysigt © 1957 by tan Wate Pro aweas em Portal Gri stale segunda Arb Orterfie da Linge Porte de 199, fenton em gerne Bre em 2009 Til iin “The rie the novel: Sea Inia dria Roberto Schwarz Df, Richardson and Fihling cope Jel Fisher Pep Nat Almeida Salles evnss Renato Poenes Rodrigwes Jelione Keo nay Tah! aria nrc #2149 2010 “Talon des desta igo reserved Raa BaneiraPsulit, 702, 632 4812-003 — Sia Paula — ‘Telefon: (1) 1707-3800 Paes 902-1801 sletrcombe SUMARIO Preficio 7 | O realismo ea forma romance 9 . O pablico leitor e o surgimento do romance 37 Robinson Cruse o individualism ¢ a ron Defoe romancista: Moll Flanders 100 Oamor ee romance: Pamela 145 Aexperiéncia privada e o romance 184 Richardson romancista: Clara 220 Fielding ea teoria épiea do romance 254 Fielding romancista: Tom Jones 277 realismo e a tradigio posterior: um comentétio 310 nce 63 Notas 323 Sobre o autor 347 PREFACIO. Ext 1938 rnictet UM TRAMAL imento «lo piblico rgimento do romance na laterra do culo XViti; © em 1947 esse estudo tomou a forma dle uma tse de fillewship para o St. Joha's College, em Cat bridge, Contudo dois problemas mais amplos ni fora resol dis, As mudaneas do publico leitor da epoca sem dvd afta ng. porém com certera 0 que is profundamente suas obras foi o novo elima de ial e moral que eles seus leitores do séeulo XVI partilharam, Nem se poderia falar muito sobre a maneira coma esse clima se relacionava com o surgimento da nova forma lite~ rita sem definir as caractristicas especifiea do romance. i desses problemas que trato no presente trabalho, e eles sf0 {Ho extensos que demandam necessariamente uma aborthgem seletiva. Por exemplo, limite-me a uma referéncia incidental is tradigdes dle fiegSo mais antigas e a0s precursores e contempo- ineos mais préximos de minhas figuras cenrais;infelizmente também tive de abordar Fil Defoe e Rich romance jé haviam surgido, pareciasuficiente analisar a forma ‘como os conjugou com a tradicio litera clisica, Enfim, pro- cure’ basieamente elucidar de modo mais sistemtico as relagdes, constantes entre as caracteristcaslitersrias do romance ¢ a5 da sociedadle em que comegou a florescer, por ‘sso: em parte porque eu também queria ap lo critiea geral de Defoe, Richardson e Fielding, e em parte porque meus estudos me levarama encararo exemplo de Walter Shand, aquele pensador rigorosamentesistematico que “eorcia e forgava tudo na natureca para fundamentar suas hipsteses’ sobre a relagio entre 0 fou grato 4 William Kimber and Co. por me permixir citar um trecho de Maybeass London [A Londres de Mayhew, de Peter Quennell;agradego também aos editores da Revie o lish Studies € dos Eserys on Criticism por me deinarem utilizar — sobretudo nos capitulos 1, 3 © 8 — material originalmeme publicado em suas piginas. N3o posso deixar de mencionar a competéncia e a dedicagio de Cecilia Scurfield e Elizabeth Walser, que se incumbiram da datilografia e da criptografi; € ‘sou profundamente geato pela ajuda financeira, entre outras, que recehi do St John's College, em Cambridge, do Commonwealth Fund of New York e do presidente da University of California. ‘A maioria das fontes € mencionada nas notas bibliogrfias, mas devo mencionar o grande estimalo que no inicio de minha pesquisa foi aleitura de Fiction and the reading public, de Q. D. Leavis. Minhas outras dividas sio extensas. Mrs. A.D. M. de Navarro, Erie Twist e Hugh Sykes Davies interessaram-se pelo trabalho desde o inicio; sou grato a eles es an 0s em virios campos de interesse que leram ¢ dliversos rascunhos que resulearam no presente Ii G. Lloyd Thomas € miss Hortense Powdermaker, Theodore Adorno, Louis B. Wright, Henry Nash Smith, Leonard Broom, Bertrand H. Bronson, Alan D. McKillop, Ivor Richards, Taleott Parsons, Peter Laslett, Hrothgar Habakkuk e John H. Raleigh, Devo muito a cles ¢ também aqueles que mima posiglo mais, formal porém igualmente amistosa orientaram meus estudos ‘em virios momentos ¢ lugares: a Louis Cazamian e a0 falco F.T. Blanchard, com os quais trabalhei por um breve periodo;, ¢ sobretudo a John Butt, Edward Hooker ¢ George Sherbura, ceujo estimulo erterioso, combinado com uma eritea irrefuti- vel, pouparameme muitos esforgos infrutferos. 1 P.W, University of California, Berkele fevereino de 1956 1. O REALISMO E A FORMA ROMANCE, Aiba NAO MA RESPOSTAS inteiramente sat s das perguntas genéri tras para ss que qualquer pessoa interessada forma romance. uma forma literiria nova? Supando que sim, como cm geral se supe, € que se iniciou com Defoe, Richardson ¢ ielding, em que 0 romance difere da prosa de ficio do passa- do, da Grécia, por exemplo, ow da Idade Média, ou da Franca do séeulo XVti? Eni algum motivo para essas diferenas tere sparecido em determinada época ¢ em determinado local? Nunca ¢ ficil abordar quest®es to amplas, muito menos, respondé-las, e neste casa cas so particularmentedifieis, pois a rigor Defoe, Richardson e Fiekling nfo constituem uma eseo- la literiria. Na verdade suas obras apresentam tio poueos ind cios de influéncia reciproca e sio de natureza tio diversa que & primeira vista pareeia que nossa curosidade sobre o su do romance dificilmente encontraria alguma satisfagio al daquela oferecida pelos termos “genio” e“acidente”, a dupla face Alesse Jano do beco sem saida da histérialteriria. Certamente nio podemos desearté-los; por outro ado no nos sio de grande vali. Assim, o presente estudo toma outra diregio: consider tho que o surgimento dos trés primeiros romancists i na mesma geragio provavelmente nfo foi mero acidente que seu génio 86 poderia ter eriado a nova forma se as condigdes da Epoca fossem favoriveis, este trabalho procura identifica tais condigBes do ponto de vista literito e social e descobrir como benefieiaram Defoe, Richardson e Fielding. Pra tal exame precisamos inicialmente de uma boa defini- io das caracteristcas do romance — uma definigio bastante ‘strita para excluir tipos de narrativa anteriores e contudo bas- ’ tante ampla para abranger tudo que em geral se classifica como romance. Quanto a iso os romaneistas mio nos ajudam m F verde que Richardson e Fielding se consider: dle uma nova forma lterriae viamt em sua obra uma ruptura ‘com a fiegio antiga, poréin nem eles nem seus contemporineos thos forneeeram 0 tipo de caraeterizagdo do nove género do «qual precisamos; na verde sequer assinalaram a diversidade ‘les fiogio muando-the o nome —o termo *romance” 6 se consagrou no final do século xv Gragas a sua perspectiva mais ampla os historiadores do romance conseguiram contribuir muito mais para determinar dades da nova forma. Em resumo consideraram 0 erenga essencal entre a obra dos ramancistas do inicio do séeulo Xvi ea fcg0 anterior. Diante dessequadeo — ‘sertores distintos que tém em comum o “realsno” — 0 estu- dioso seme a necessdade de maiores explicagies sobre o préprio termo, quando menos porque usi-loaleaoriamente como uma caractersica essencial do romance podria sugerir que todos os tscritores¢a8 forms literias anteriores perseguiam o ireal ‘As prineipais assacingbeseriticas do termo “reaismo” so com 4 escola dos realists franceses. Como definigio esttica 2 palavra “rise” foi wsuda pela primacira vex em 1835 para dlenotar a “eritébumaine” de Rembrandt em oposigio 3 “id lie poctique™ da pintwea neoclissca; mais tarde consagrou-o conto termo especificamente literirioa fundagio, em 1856, do Réalivoe, joenal editao por Duranty Infelizmente a tilidade do temo em grande parte se per- dlew nas azelas controvésias sobre os temas “vulgares” © as “envnciasimorais" de Flaubert e seus sucessores. Em eonse-

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