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‘OBRAS DO AUTOR direito penal. 4, ed Coimbra Editora, 1995, SEmin brio Od —TSeuro Crtentzic ‘Dados Internaconais de Catalogasso na Publica (CIP) (Chmare Brasera do Livro, SP, Bras) PEE EERE ESS EERE rr eee terre Diag, Jorge de Figseiredo Ci do edness to do pena visa /Jerge de Figueiredo Dis, ~ So awl Bator Reva dos Tibunss, 199. 99.5102 Loe cous indices para catitoge seteméico: Ls Dirto-penal 343 JORGE DE FIGUEIREDO DIAS QUESTOES FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISITADAS EDITORA, rat REVISTA DOS TRIBUNAIS I Questionabilidade atual ‘das medidas. de seguranga: crimiinais no:sistema sancionat6rio (da nazi-fascista,& corporativis' ‘rumento por exceléncia de domfni i fpios proprios do direito penal. O que sendo a mancha do oprobrio, ainda ental”, que const ranger os opositores, os dissidentes ¢ 0s dem” (nomeadamente, politica) estabelecida, a abranger. em s demigcraticos, con- smentos de defesa dos mpordneos'e mesmo nos mais recentes if ;os Humanos, bern pelo contririo, se ten um verdadeito direito fundamental; 0 1s Biselarecedora, a propérito, a obra de Szasz: Le mythe de la maladie mentale (1975), ldéologie et folie (1976) ¢ La loi, la liberté et la psychiatrie (1977). seguranca 141 40 QUESTOES FUNDAMENTAIS 00 DIREITO PENAL REVISITADAS WINDAMENTO, SENTIDO E FINS DA MEDIDA DE rae nfo existissern Assim se diria que 0s perigos da medida de segura isto que, em ordenamentos penais anttiore "Gevesoer set a; significa que s6 um pouco por toda enas, qualquer que iz expressao. de sanale-uma expressao dogmétics diversas in ides. de sg fazise desde abilidade das medidas. de- seguranga faz-se A neiePeplinente, seni a-uny primeic. nfvels ao nivel do reetrgicn a dispensar aos chamados agentes inimpurdvels. omaete wm fata, Hcio- a inimputivel ~<. isi0 ° =e ifica, logo por definigio, ineapan uo vf tanra dade ov, em prnofpio, um esquizoli am re vento pode set sancionado com uma pena; e todavia, se He iriticado ea personalidade do agente revelarem a existéncia eae perigosidade, sistema : sancionatério. criminal nao Einar sob pena de ficarem por compris tazefas esenc ie nneyal gue 2 uma poltica criminal racional © efieaz sem no que respeita as condigdes da sua aplicagao ¢ do seu re; particular da sua duragdo. E esta circunstincia que me leva que, porventura mais do que a teoria da pena, a teoria da medi seguranga tem de ser hoje revisitada ¢ repensada, para que se do estado atual das questes do seu sentido e das suas final esta a tarefa de que em seguida me ocuparei, se bem que no de sistemtica e tendencialmente completa, mas apenas por referé certos tépicos que muito particularmente relevam para a respo pergunta com que iniciei este escrito. 2. A razio dogmatica pela qual o sistema das sanges ju criminais continua em regra a assentar em dois polos, 0 das pr ‘© das medidas de seguranga, res To 56, porém, no Ambito da inimputabilidade tem justifieasio miervenglo de medidas de seguranga. Um segundo nivel — mais tuvidoso © problemstico, mas nem pot sso mos rnporint =o se faz sent nd erito-tipico tena sido praticado por um ‘bem pode suceder que os princ! desta, a0 limite méximo de rer a uma especial ias do fato € (ou) ‘consabidamente em que, engui as primeiras tém a culpabilidade por pressuposto © por_ irrenuncidveis, as segundas tém na base a perigosidade (indi do delingiiente. Logo neste sentido alguma razio cognominado de “duali sucedeu nas ordens juridicas do passado, em que so a pena conhecida como instrumento sancionat6rio criminal. cia de uma de Carl Stoos (1895) fe bem que no deva x1 aa eee rio de Ferri ~ ¢ j& mesiww + fncuido portgo2s fj supre, Capo 2 V2 in fine, mas a 8 | rae ita o Allgemeines Landrech fr die pieupischen Stecen, de 18°. oS sia de 1a apresentada pela primeira vez por E. F. Klein. Cf ; TSUW 86 (1974), p. 621 ¢ Jescusce, AT, $ 91 Maurach / Zipf, AT, § 67, n. m. 2. CE, supra, Cap “Contra-Projeto” de v, Liszt e Kahls (19) esquecido, com anterioridade, 0 requ 3° 142, QUESTOES FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISITADAS pela culpabilidade, com a aplicagéo de uma medida de seg ditigida & especial perigosidade do agente complexa (¢ de mais relevantes implicages no sistema) de problemética: a de saber se, de acordo com a regra do tema juridico-penal sancionatério deve assu vamente a agentes imputdveis, natureza monista ou antes Mas também uma correta dilucidagao desta ganhe 4 medida de seguranga ~ como instramento sancionatério un que deve assumir a mesma natureza a qualquer um dos dois referidos — pertencem num ordenamento Estado de Direito contemporaneo. Gnesio supe que s SUMARIO; 1. problema das fialdades: a) Fnalidads prevaente: a prevengao especial: b) Finalidae secundii: a prevengto geal — 2. O problema de legitimagfo, 1. © problema das finalidades ; a) Finalidade:prevalentéd a ‘prevengao special ” ; De acordo ‘dom a: rao’ histotica' e+ polttico-ctiniinal’ d0 seu recimento, as medidas de’ seguranga visam a finalidade genérica de srengo do perigo de cometimento; no futuro, de-fates ilfeite-tipicos| lo agente, Elas sG0 por isso orientadas, a0 menos prevalentemente, por inalidade de prevencdo especial ou individual da repetigio da! ‘to-ipicos. Por Outras palavras, as medidas de nuranga visam obstar, no interesse da seguranca da vida comunitar rtica de fates ilicito-tipicos futuros através de uma atuago especial- preventiva sobre 0 agente perigoso: A finalidade. de prevengio. especial ha assim, também neste enquadramento; uma -dupla funpiio: por um ima fungdo de seguranga;:por outro-ladoy umia Fungo’ de socia- cdo S Mas 8° questo complexa e discutida saber qual’ déstas duas des deve assuinit'a privnazia’ eae “Se bem qué cétainte no pedi de afta a questionabilidade pottica do gang oa f ofp ex, Marie, penale”, Jus (1974),'p. 498 e'Romano, pré-art: 1, n. m. 46. 44 QUESTOES FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISITADAS FUNDAMENTO, SENTIDO E FINS-DA MEDIDA DE SEGURANGA 145, Se, como acima sugeri, é a protecdo especffica dos interesse seguranga da vida comunitaria que aqui esté, de uma forma ge: questdo, poderia supor-se que também em cada caso concreto a de seguranga deve prevalecer sobre a funcao de socializagao. M: tal afirmago nfo seria exata. Exato 6, pelo contraio, que 0 pro} socializador deve, sempre que possivel, prevalecer sobre a int de seguranga, como € imposto pelos pi humanidade que dominem a constituigo de Direito contemporaneo; e, conseqiientemente, que a seguranca pode constituir finalidade aut6noma da medida de seguranca se ¢ 01 a sociatizagdo ndo se afigure possfvel.” Até porque através da se; Fanga como tal nao se torna posstvel lograr a socializacao; enquai sta, quando tenha lugar no quadro de uma medida de intername arrasta consigo um elemento de seguranga pelo tempo d respectivo. ‘Também nas medidas de ses da perigosidade do agente, vale dizer, do perigo de cometimen- le, no faturoj.de- outros’ fatos ilfcito-tfpicos: Mas no é isto ‘a tentativa: de;operan umai socializagaio, reputada necessérit fel encontra-se,-ainda-e sempre: também na'dependéncia da -a, pelo agente, deum-fato.qualificado pela lei:como um ilfcito- Fato que nao possui’ unicamente,:como, ainda hoje. con: ina largamente.domitiante; ovalor de “'sintoma’ de. uma neces- le de socializagao ¢ do qual aquela se possa sem mais, concluir. Nesta dupla exigéncia reside, quanto. a'mim,.o puncium saliens Jo. moderna da medida de seguranga, que. cor ‘seguranga” em sentido amplo). Partir daqui, decerto, torna-se logo © sempre indispensavel a. veri idades do instituto agora em anélise, tal como no ‘mornento ® esente devem ser voncebidas: mente justi b) Finalidade sectindaria: a prevencao geral Assim também, na doutina alema,Stratenwerth, ; ‘A exigéricia da pratica pelo agente de um fato ilfeito-tipico como pressuposto da aplicago dé, uma medida.de seguranca,.vem, na verdade, suscitar uma outra questo, importante (e até agora pratica- inente desconhecida ‘na.'doutrina): 0° papel quea finalidade: de ‘medida de seguranga prevista no prevalece claramente sobre a de soci Gizer abandonada), parece inquest Num se © execugio da medida de seguranga se-trady da liberdade fisica, interdigao de profiss6es, atividades ou exercicio 147 1A DE SEGURANGA 146 QUESTOES FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISITADAS FUNDAMENTO, SENTIDO-EiFINS-DA MEDIDA DE $1 % conseqiiente. tutela das: expectativas: comunitérias.'" Depois, 4 considerar que pressuposto, da,aplicagio, de uma medida de iranga nao; devecser = logo porstazGes: politice-criminais Sbvias, da prética de fatos \icos. Nomeadamente quando apli F tomar como exemplo o comportamento do inimputével.? Esta con} incfpio, bem fundada. E, O bor furidimiento desta afirmagio parece assegurad: ‘orde- -nto juridico-penal:portugnés, face a uma norma corho ado art: 2. do CPyao dispor que quando o'fato cometido'pelo inimputavel sponder a crinie contra as pessoas'ou a crime de_perigocomum| integragdo deve estar também aqui presente de forma auténoma, | apenas da forma reflexa e dependente acima assinalada. Antes de mais nada, se, como disse, a aplicagdo da medida ¢ Que nao pe (de seguranga sm tarp, mas sen otra depois desta asergo as conctusses que julgo s, Maria'Jo8) Antunes, como na nota 8p. 155)¢,s8. © Assim Marie Joo Antunes, como na nota 8p. 97 148 QUESTOES FUNDAMENTAIS 00 DIREITO PENAL REVISITADAS presungio pevsistir ~e com ela o internamento — mesmo que se categoricamenie demonstrar que a perigosidade cessou, até 0 por expressamente se proibir a revisdo da situagio do internado (ar 3). Um tal regime € sinal de que no se trata aqui de mera pres Ge durago da perigosidade, mas se trata de que, grave de certa natureza, ha razdes. ‘al ¢ de tutela da confianga comw ra sempre a perigosidade do agente tradugdo mais fiel e terminan geral positiva ou de integraga A conclusio nao pode, pois, deixar de ser a de que também ambito das medidas de seguranga (embora ndo de forma prevalente, como sucede no dmbito das penas, antes meramente secundéri finalidade de prevencao geral de integragiio cumpre a sua Fungo ¢, n verdade, uuma fined auténoma. Com o que, de resto, ganharao nova hv, ‘exigencias comoas da pratica de um ilfcito-tipico grave e de propor nalidade enquanto presswpostos de aplicagiio da medida de segurang Nio deixa, de resto, de ser curioso (e importante, no present comtexio) acentuar que a sensibilidade perante a questo posta se afinado a um ponto 0 das preocupagies atuais com igo dos pressupostos da estatalidade de direito do regime das de seguranca criminais, que ela foi recentemente levada propésito justamente das normas do CP portugués acabadas de re se bem que na redacdo anterior & Reforma de 1995 - & sindicai do Tribunal Europeu de Estrasburgo, sob alegacdo de que aqui 1 0 disposto no art. 5,°-4 da Convengao Européia dos em. Por sentenca de 15-11-96 0 Tribunal Europen =e bem, de acordo com o ponto de vista que acabei de , por isso que, face & alta ficava-se razoavelmente a privagio da liber- dade pelo menos durante 3 anos." justamente, do critério da preven © CL Ant6nio Henriques Gaspar / Mar 1996 do Tribunal Europeu dos ©. Portugal”, RPCC (1997), p. 131 e ss Joo Antunes, Anotaglo 8 decisfo de ios do Homem, "Caso Silva Rocha mente, da’ sua aludida finalidade' global de defest soci de ilfcito-tipicos fururos: pelo ‘agente:*petigoso" que ‘Cor exigineias juridico-con: s : viélidas ent todo: o/ordenamento:eth que vigore-2 regra-do’ Bstado de FUNDAMENTO, SENTIDO £ FINS DA MEDIDA DB SEGURANCA 149) 2. O problema’ da legitimagao' A legitimagao das medidas’de segufanga dbciorte, si do de-medidas de seguranga seja monopélio jo;#¥e de ques por outro;-a'suaaplicagio jue na dependéncia dos prinefpios da necessidade, da subsidiarie- ide e da proporcionalidade ou proibigao de excesso."* Isto é, concre- wmente: que uma medida de seguranga s6,possa ser, aplicada. paral efesa dé win interesse comunitério preponderante ¢ ei lesproporcional & gravidade. do Como §6 deste moda poder4, se, accitar de, seguranga, nao sendo.fungao da, idé -penal de culpabilidade, nem encontrando nesta 0 seu limite, jodavia. constitua, uma: reagdo aceitvel nos, quadros, do Estado de ‘ede modo algum. violadora.do respeito pela dignidade da Cf. pl ek 6 art 208 x nesta linha 0 jd tanlas, vezes referido art. 18° da CRP 150 QUESTSES FUNDAMENTAIS DO CIREITO FENAL REVISITADAS de outras pessoas que, na sua globalidad mais do que as limitagdes que 0 causador do perigo deve sofres a medida de seguranca”.'* Fica com isto afastada uma concepgao ~ extremamente per seguranga, necessdrio se tomaria consideré-la denteo da categor medidas puramente administrativas (na doutrina italiana generican te chamadas “medidas de prevengio”).!* Uma tal concepgo, por parte, lancaria a teoria da medida de seguranga para fora do cam direifo penal e da politica criminal, amputando esta e aquele instrumentos sancionatérios que, como logo de inicio procurei most slo essenciais & realizagio da sua fungio e das suas finalidades; ” B todavia muito diftndida absolutamente dominante: cf. p. © Serrano Gomez, Derecho penal espati ‘prio tendi mum certo estégio ta Penal. Notas e Apontam ientos, copiografedk CL AA. VV, Le misure di prevenzione (1973) €, por ‘misure di prevenzione (1992). Ineressante ~ mas estranho considero — seria comparar 0 entendimento que preside a estas medidas ‘© que esté na base das chamadas, pela doutrina juridico-admin FUNDAMENTO,’ SENTIDO E FINS DA MEDIDA DE sEcuRANGA — 151 -administrativizagio" -das medidas de: seguranga encontrava 10, em Portugal; na evoluigiorpor elas sofrida no perfodo do ativo, nomeadamentey/as.que eran aplicadas aos delin- 2 :1s30 explicay poruirh ido; que:mnuites autores, que inham ‘dado~O setivaplatso 2 idéia“da'imtegtagao no a penal das medidas: de‘segurantay tenliatt-passado' posterior ‘acombat8-la. Como-explica;por outio lado, que penallistas figis leais democraticos tenham,tentado expurgar do.campo do direito ‘a problematica, das medidas, de. segurang2, afastando-a, para 0 . das medidas puramente administrativas, como forma:= todavia a! — de manter incdlumes os principios fundamentais da teoria ; ao mesmo tempo que advogavam a.consagra- ‘um sistema monista, como forma de ilegitimar a-aplicagéo de das de seguranga aimputdveis e, pot conseguinte, a.delingtientes “porém, que, motivagées deste. tipo encontram-se ultrapassadas em toda a:parte, onde, valha a regra do: Estado de © principio democritico'e nao devem, por isso, desempenhar ‘qualquer papel nas: orientagSes politico-criminais.e dogmaticas do momento presente! > vt S6 qué, se é’assith perisonSe'emn uma Out 'verténid,' oposta ‘acabo de refefenciar =, importa enti eticizar’” o fuhdamento redida de'seguranga, 2’semelhatigs do qué se'faz'voim a pena srionar indissoluveliente sui aplicagao com 0 pensamento dade jurfdico-penal. Enésta via, porque a'conexdo:culpabi medida de seguranga’ tofné:se impossivel logo a partida, pro: 1 Welzel estabelecé-la através do pensamento. seguinte: ode que 140 legitimados pare participar livremente naivida extemo-soci njueles que possuer liberdade e:autonomia intemo-pessoal e podem cr isso ser influericiados pelas normas. Ou dito:de outra forma: toda ‘um ettica(2A0iinay fea resposte de Palma Caos; Jornal do-Foro (1964), p37 8 8. eontendo tuma earta de apoio de Cavaleiro de Fereia “Be tet sido o caso éxemplar do ensino de Eduardo Correia, Como tect sido esta a razdo por que o seu ProjPG de 1963 nio entortrot mined abetagtio I 0 momento da. dembcratizago do Estado: porniguts, foi logo tual esta Se veifcos ” QUESTOES FUNDAMENTASS DO DIREITO PENAL REVISTTADAS, iberdade externo-social s6 se legitima, em tiltimo termo, pe posse da liberdade mor doentes mentais, nem tZo-pouco aqueles que, em virtude de mis . herdadas ow adquiridas, ndo se encontram em condiciies re decisio a favor da norma. Por isso nvio podem estes ter ando-se, quanto a cles, | dire’ a aplicagdo de medidas de seguranga pr Esta concepsio €, porém, de todo 0 ponto, inads os inimputaveis € os criminosos empedernidos ou habituais, so, © todo 0 caso, plenamente “pessoas”. Com efeito, uma concepgio | levaria, no extremo, a furara | em nome da doenca que os atingiy, da carga hereditéria ou adqui que sobre cles pesa e da conseqiente incapacidade de se deixa ‘motivar pelas normas. Numa palavra: em nome da negacéo da prép iberdade! Principios que subjazem a teoria da medida de segurar toda a parte onde vale a regra do Estado de Direito ~ nomeat mente, os principios da tutela de interesses piblicos prepondera | eda proibigdo de excesso ~ nfo teriam aqui qualquer sentido e lo izagdo" das medidas «le seguranga com a pritica pelo agente de um fato conseqiiéncias que daf decorrem, méxime, em mi aquelas medidas com a matriz da prevengio geral ‘como creio resultar clarame! do exposto, a referencia a um: & profundamente equivoca e, com os fins acabados de ref AT, § 32, \go Eduardo Correia, Actas da Comissdo Revisora do Cédigo P 965), p. 265. SUNDAMENTO, SENTIDO E FINS DA MEDIDA DE SEGURANCA 153 |, devendo por isso ser evitada, De “eticizagio” s6 ‘timo falar — embora, ainda aqui, a equivecidade persista ~ dar a entender que na legitimagao, da medida de seguranga Jmiervém, como acentuei, um principio de defesa social nao em pura vesie naturalistica, mas conexionado com uma ponderagdo de bens gonflituantes e (sobretudo) limitado pela maxima absoluta da pre~ ervacdo da dignidade da pessoa,.aquiassumida, como direi de sexuida, em termos de proporcionalidade. FUNDAMENTO, SENTIDO E.FINS DA MEDIDA DE SecURANGA 155 pena a estrita: observancia. de. principio da. culpabilidade, prin que néio .exerce: papel: dey nenhuma:espécie no. Ambito: das idas de seguranga; e:de, conseqiientemente,sa medida de:seguran 1+ determinada, snaisua::gravidade: ¢:nansuasduragio,: ‘no, pela| da culpabilidade; mas pela existéncia da perigosidade, todavia nte limitada por umn prineipio.de proporcionalidade* Daqui, ainda segundo Roxin,*f uma.certa aproximagio: a0" das sangdes\criminais; no-sentido.deique as-duas espécies de todavia existentes,, penasic medidas -de. seguranga,: seriam ‘énieo,e-s6 na Esta convepgté é)coind reStlti'de quaiito deixey dito, emaniiiha de sufragar: Mas ela ‘apetias'aflora um problema nuclear'de li O relacionamento da pena la de seguranga: a questo do “monismo” ou “dualismo” do sistema SUMARIO: 1. Modida de seguranga e pena ~2. 0 dualism do s = 3. Monismo e dualismo: estado atual da controvérsia e perspe futuras, 1. Medida de seguranga e pena A conclusao a retirar de matéria de finalidades das reag fundamentais entre penas e medi a forma de relacionamento entre as finalidades de pre m ele que terminarei as minhas consideracdes. sputavel lugar, enquanto fi 5 ; revenga al de : Prevengéo especial de qualquer es * 2. O dualismo do sistema, Hjem primeifo lugar; qué nos enténdermos sobrelo:que seja um sistema’ sanicioriat6rlo ‘crimnialmonista’ ota . por isso, apenas Aquele | nem por-isso o sistema perde a sua cara | cariz dual | estupro (% g., porque atuou sob influénci | 156 QUESTOES FUNDAMENTAIS 00 DIREITO PENAL. REVISTTADAS das de seguranga, mas asaplica apenas a inimputdveis —se ele i ro nivel de necessidade gue refer t6ria -, bem se pode e deve afirm: na minha consideragio int ‘Aqui, pena e medida de seguranga campo de aplicagao a priori e diferentemente definido, de tal mo: nio existe sobreposigao entre eles. E ndo existe ainda mesmo q) a0 mesmo agente se possa aplicar uma pena e uma m seguranga, se bem que por fatos diferentes. E perfeitamente po: por exemplo, que o agente de umm crime de estupro, a que se segu furto da vitima, venha a ser declarado inimputavel relativamente de uma neurose determinante de uma tara de natureza sexual); mas seja jé consider imputivel relativamente ao furto. Caso em que Ihe deverd ser aplic ma pena pelo furto e, eventualmente, uma medida de seguranga stupro. Ainda aqui, porém — sustenta-se, e bem -, 0 monismo sistema nio seré afetado, porque ndo existe uma “acumulacio” da pe! om a medida de seguranga como formas de resco contra a erimi Jade, antes, talvez eu possa dizer assim, pena e medida de seguranya ‘convivern” muma sua divisso horizontal.” © E ais oesquecimento da citcunstnciaevideniads — de que o mesmo agent deve poder ser julgado, até no mesmo processo, imputive!relaivamene « um fato ¢ inimpuvelrelativamente& outo: ef © proprio Eduardo Comes medidas de seguranca a inimputéves hem tio-pouco pelo fato de aplicar medidas de segurang: iimputaveis, desde que tais medidas de seguranga possuissem cariier no detentive, pelo contririo, porém, a aplicagio de medidas de seguranga de imemnamento a um imputavel aria sempre perder 0 cunho moni mesmo que, no caso, no houvesse lugar & aplicaséo de uma Conia, I, p. 52 € ss. © ProjPG, p. monismo € dualismo as sangSes detentivas (privativas de ode compreender por ser nesse domfnio que se levantam os pr a ficuldades de execucio, criminal e dogma rmesmos terme berdade. se trate de sangGes privativas ou aio privat lente para. dar, resposta.,aquelas medida da pena até um_ponto em_que; dde seguranga se torne dispensdvel. Se.a questio receber uma resposta “1 Sendo ests os verddeiros limits da Controvéssia “moniisno versus du VUNDAMENTO, SENTIDO E FINS DA MEDIDA DE SEGURANCA 157 A verdadeira alternativa monismo/dualismo s6 surge, em met , quando’ se pergunta se-o sistema é um tal que permite ‘cumulativa aa. mesmo:agente,,:pelo mesmo fato,: der de uma medida de seguranea. Neste:sentido. se:podemy com| preferir & expressio ‘sistema dualista” as de sistema de dupla| de duplo bindrio.* & aqui ¢.s6 aquiy por.conseguinte, que surge| ‘problematismo, especifico, da. alternatiya, aquele, segundo, nivel. de idade que pus em evidéncia na minha consideragio introdutéria. |eral torria-se inapelavel e incontornévvel: Je conseqiiente defesa social);¢, mo € conveniente .estender..0,,conceita,de culpabilidade.-e..8 tervengao de, uma: medida smativa,. pode-entdo, pensar-se' na, adogao. de, um, sistema monista omo talvez melhor se diré: tendencialmente monista), a9, qual claras yantagens, do ponto de, vista da execugio. Se, Tesposta for negativ adogo de um sistema bem'se pode afrmas que ela'e hula '56 ‘como questi te da doutrina das medidas’ de’ segurancai mas’ como probleia especifico’ da resposta lepislativa a dar quesifo dos delingienies especialmente perigotos £ € assimypa verdade, que ele, tems dloutrina pomaguesa mais Repressd ¢ na Prevengao (1943 8. e Figueiredo Dias, Liberda toda esta probleindtica face & resto, parece s¢ aproximar mui fda que facovenm texto:~ enc Kriminalpolitik en: Portugal oe & doutrina portuguesas —e que, de ‘seul sentida geral © nas suas velorages, sé em Hunerfeld, Die Entwicklung der 113), P..DN4 # $8. 225 € $5, © 235 € ss. [58 QUESTORS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISTTADAS 3. Monismo ¢ dualismo: estado atual da controvérsi perspectivas futuras Ora, a verdade € que qualquer sistema dualista na acep acabada de precisar ~ apesar de continuar a ser, nas diversas lagGes, porventura dominante ~ esté hoje sujeito a uma critica pes. centrada sobretudo na consideragao de que, por esta forma, se p idade, para depois a completar ou complement de seguranga que, por definigao, ni ade constituirs puro farisaismo.’ HE neste argumento — convenho ~ muito de verdade, podend ir um poderoso convite a que se limite por todas as fo impressionante que & primeira vi As exigéncias de defes como aqui jé vérias vezes acentuei, incondicional de culpabitidade como pressuposto de apl io do Estado, ndo € rodavi lidade, com um sentido ialmente andlogos aos que The presidem no © fosse, 0 prinefpio da culp: ido subst Assim, com veeméncia, Eduardo na, também Romano, pré-ar. . ProjPG, p. He, "8, m, 44, Nuin sentido eensivo ¢ prOximo do que em seguida defendo no Rodrigues, "A fuse de execugdo €a pens...". BME 380." (198 HUNDAMENTO, SENTIDO E FINS DA MEDIDA DE SEGURANGA 159) al, teria de ser um prinofpio juridico-constitucional de todo icnamento. juridica. sancionat6rio (civil,,administrative ete.); © ilidade em sentido juridice-penal, de, limitagio do poder. do} ambém elas, podendo,¢,devendo ser reconduzidas a expres-| sminente'dignidade da; pessoa. iy aM ¥ 9 que sucede;rnomeadamente;'com prin ade (ainda ele um principio juridico-constituc pmo sublinkel 4, 2-aplicagio'de qualquer medida de'seguranga, Se {ul principio acrescentarmos outros como os dat"niecessidade” ¢ da : jariedade”, teremos de concluir sex por tin lado legitiona 2 uz ps prinefpios do Estado’ de: Direito (nomeadamente;-do: principio i da. preservagio- dadignidade’ da -pess6a);por outro: lado iminialmente adéquada ds exigencias:de'uma-defésa' social egal dé-utr sistema dualista. Ovproblema do ismo_ nd ‘estdj. poisy tanto “iqui:'quanto-enti Jograr uma’ correta ago entre'a’ pena e-a ‘medida’ de: seguranga ~ nomeadamente, ‘quando uma e outta: sejam: privativas' da liberdade ~ sempre 'que sumulativamente aplicdveis ao mesmo delingiiente. Essa atticulag’o ¢ aleangdvel através: de urn equilibrado sistema te vicariato na execugdo. Uin sister, isto é, em que'a execugio de mbas as sangdes;'na expressio paradigmitica de Zipf, possa ser ida “como unidade de efeitos reciprocamente determinados” to for possivel, e na medida’em que © seja, ficaré afastada uma objegio que sempre se opde ao ‘sistema do duplo bindrio: a de ‘a execugao (em principio sucessiva) das duas espécies de sangio vievitavelmente em causa 0 propésito inalidade por exceléncia da medida'de seguranga e uma: das finalidades que, sempre que possivel, deve também ser almejada pela ‘pena? Em verdade, tambémi neste arguménto existe muito de procedén- te. Seva primeiradas SangGes'a executar, qualquet que’ seja, tiver cumprido a sua finalidade socializadora, surge entao'0 cumprimento 1 Zipf, in: Roxin et alli, Einftthrung in das newe Strafrecht (1974), p. 106. > Beleza dos Santos, Nova Organizagao, como na nota 29, p. 20 se Eduardo Correia, “A doutrina da culpa na formagko da porsonalidade”, RDES 1 (1945), p35. “. Outras formas existem, na,erdads, que,nfio a Gs exigénciay 1 | | 160 QUESTOES FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL REVISTFADAS FUNDAMENTO, SENTIDO E FINS DA NEDIDA DE SEGURANCA 161 da segunda absolutamente sem sentido & luz desta finalidad iio mesmo a prejudique e ponha assim em causa o c: positive que coube & execugo da primeira. E, com principio da estadualidade de direito da constivuigSo p: que fica em causa, Mas procedéncia jo atalhar, justamente, através da tido e um méximo correspondente ao maximo cabido aquele rime actescido de 6, de 4 ou de 2 anos (cf. arts. 83° a 90."); e cuja duragdo concreta sé durante a execugio seré determinada, em fungo ido momento em que seja de esperar que o delingiiente, uma vez em :dade, conduziré a sua vida de modo socialmente responsével, sem ter crimes.» Esta pena — diversamente do que pensava Eduardo reia?S — no se pode integralmente conceber como uma pena da ilidade. E antes (como se tornow definitivamente claro, repito, s a Reforma de 1995 do CP) tim miisto de’pena ¢ de medida de vranga: de pena até o limite da sango que concretamente caberia ‘ato, eventualmente agravada jd em fung%o da “‘culpabilidade da rsonalidade”; de medida de seguranca na parte restante, comandada persisténcia da perigosidade-do delingtiente. Mas solucdo, em na segunda sango a cumprir devem lo 0 caso, politico-criminalmente prefertvel & da mera “adigio” de teis que com a execugio da tna pena € gé uma medida de seguranga aplicadas ao agente pelo aicangados; 3) A execugiio no seu todo devem ser aplicadas as medi nesmo fato, na medida em que permite alcangar por forma étima as (0 € 05 incidentes de execugao que possam favores finalidades que se propée o sistema do vicariato. Solugdo assim que realiza definitivamente ~ dentro de pressupostos inatacdveis do ponto de vista da regra do Estado de Direito — aquele monismo pratico que A doutrina de Beleza dos Santos propumha e que justifica que o sistema portugués das sangées criminais merea ainda ser considerado um sistema tendencialmente monista, libertagao condicional Se este programa ~ ¢ 6 ele que hoje se contém, de f jtemenie explicita, no art. 99.° do CP portugués, apés 2 de 1995 ~ for realizado com éxito € na medida em que seja, n&o parecerd entio jt segundo 0 qual o principio do ". antes se devendo, pelo contrério, dizer que, deste modo, scien ficariam fechadas. Ao mesmo tempo que se abre a possibilidade consagragéo de um sistema monista pritico, que reage con criminalidade especialmente perigosa com instrumentos formalmer considerados como penas, mas que constituem, de um ponto de vist substancial, verdadeiras medidas de seguranga. E justamente o que sucede com o CP portugués, a0 punir jentes especialmente perigosos com uma pent r minada: ume pena que tem um minimo corres pondente a 2/3 ow a 1/2 da pena que concretamente caberia ao crime rquardt, Dogmatische 72), p. 34 ¢ Maria Joo An talpolitsche Aspekte des 1s, como na note B, p. 135 ¢ ss. Em pormenor sobre 0 ' ProjPG, p. 56. 85. 10, Figueiredo Dias, DP If, § 875 ¢ ss.

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