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TNA Ne Noe Nas ceL NACA AN NO PROCESSAMENTO DA ATENGAO SOFRER DE ANSIEDADE Pensamentos trazem a percepcao de vulnerabilidade e distorcem a forma de lidar com eventos estressantes A psicopedagogia na maturidade Abordagem relacionada Qaprendizagem de criangas pode ser eficiente na estimulacdo cognitiva i da terceira idade Quando o riso 6 patolégico A risada 6 uma emogio social que demonstra empatia, mas pode esconder uma doenga neurolégica Shakespeare NAS BANCAS FE LIVRARIAS Quacesse www.escala.com.br Wi /escalaoficial Lafonte D editorial PA Gites Vio, eters As fronteiras da ansiedade ‘ma pessoa pode se sentir ansiosa por achar que existe uma ameaga de algo que possa acontecer, € mesmo que as sensagé fiveis, elas podem ser mui ..O problema é quando nao se consegue controlar a duragio dessas sensagdes, bem como nio ter 0 controle daquilo que € real. O que caracteriza 0 estado como patolégico € quando essa situagio passa a dominar a vida mental, quando 0 sofrimento emocional ocupa © primeiro plano na vida. Aprendemos a sentir ansiedade e medo por meio dos nossos modelos, das nossas relagées ¢ também de informagdes que nos sio transmitidas pelos meios de comunicagio. De forma geral, a ansiedade nos ajuda a reagir em situagdes de perigo, ficar vigilante ¢ atingir metas. Esta edigio da Psique Ciéncia&Vida se debruga em compreender esse fendmeno que di 0 Brasil a colocagio do pais com maior taxa de ansiedade mundial. Aproximadamente 9;3% dos br -s provocadas no sejam agra 9 titeis como modo de preven: ros apresentam esse transtorno, muitas vezes com outra psicopatologia associada. Segundo 0 artigo de capa, a ansiedade € o medo sio compreendidos como emogoes basicas, que fiazem parte da natureza humana e se inse- rem em um sistema complexo que objetiva, principalmente, assegurar a sobrevivéncia da estrutura biol6gica. Ela pode ser expressa através de componentes fisiol6gicos, cognitivos, emocionais ¢ comportamentais. Porém, os indi que sofrem de ansiedade nao conseguem diferenciar sinais de seguranga e de perigo. Seus pen- samentos sio sempre dominados pela percepgiio de vulnerabilidade. 0 texto mostra ainda que um dos primeiros passos para o manejo da ansiedade é reconhecer 6 sinais logo que eles surgem, ¢ a pritica de exereicios fisicos pode complementar 0 tratamento psicolégico. Assim como é possivel a meditacio ser uma forte aliada contra a ansiedade, pois € ‘uma pritica que alinha os batimentos cardiacos ¢ a respiragio e desacelera 0 provesso ansioso. Essas e outras estratégias, em conjunto com a psicoterapia, podem ajudar no controle das crises ansiosas ¢ oferecer o limite necessi io na fronteira desse desafio. Boa leitural Giéucia Viola ‘A maior parte da ansiedade que sentes é devida a uma mente ‘incapaz: de te obedecer ¢ com uma capacidade tremenda de snventar cendrios sombrias.” « favo Santos sumario DOSSIE: Um perigo ey real ou percebido Os sintomas cognitivos da ansiedade podem > estar relacionados as distorgdes cognitivas com pensamentos de Ses StS MATERIAS O sistema visual A influéncia do ritmo . da banda de frequéncia alfa no processamento da 22 atengio através do movimento saciidico dos olhos ENTREVISTA Acalculia, discalculia e ansiedade matemitica: conhega semelhancas diferengas, com a psicopedagoga Ana Maria de Campos Quando rir é um transtorno ‘Tumores cerebrais, lesdes Ol neurol6gicas, traumatismos SECOES i encefalocranianos, epilepsia, 05 PERFIL doencas degenerativas podem gerar ‘#NEUROCIENCIA ‘uma patologia nada engragada 46IN FOCO 48 PSICOPOSITIVA 20PSICOPEDAGOGIA 30DIVA LITERARIO 34LIVROS 72 Maturidade em pauta S2PSICOLOGIA SOCIAL A psicopedagogia, abordagem muito focada em jovens € criangas, também pode ser efetiva para estimulagio cognitiva de idosos 54 RECURSOS HUMANOS 64CINEMA 68 PSICOLOGIA JURIDICA 78 RELACOES EM PAUTA 20EM CONTATO 82NAREDE perfil Por Anderson Zenidarci Um COraCdO de lata ferido JUDY GARLAND TEVE UMA CARREIRA METEORICA, MAS SUA NAO ACEITACAO I JA AUTOIMAGEM A FEZ ENTRAR EM UM CIRCULO DE DESTRUICAO REGADA A ALCOOL E REMEDIOS cida Frances Ethel Gumm, em. innesota, em 1922, filha mais das trés filhas de Frank N tisticos dos pais, atores de teatro, me Ethel Milne, nomes ar Baby.como era chamada por seus paise ims, comparthava 0 “dom” de sua familia para a mdsica © a danga, fizendo sua pei ‘meira aparigto aos 3 anos de idade em um show de Nat Depois se junto com todos da fuiia, ju &s iemas Mary Jane € Dorothy no paleo do teatro do pai wadas por sua mike a0 piano. Frances era uma crianga e ficaram anos se apresent do e dangando, Apés rumores de que 0 sexualmente alguns funcior teatro, a familia se manteve mudow-se para a Califia. Nessa épo- cea ela tinha 9 anos. Prank comprou ou: ‘uo teatro em Lancaster, ¢ Ethel, stuando como sua ger para colocar suas egou a trabalhar thas em filmes. Como rllo teve sucesso, resolveu que as fithas preciswvam aprimorar canto e dang Por isso, como Gumm Sisters, “as ie ‘mus Gum, matricularany se em uma es cola de ‘oi por meio da danga que fizeram p em filmes de 1929 smérito” da mie No final de 1934, 0 Gumm Sisters ha via mudado para Garland Sisters ¢ Prances mudou seu nome para Judy, inspirada ‘numa eangio de Hoagy Carmichael, que la amava. Em agosto de 1935, classe sepa kenas participagtes 35, para orgulho “e am, quando uma das iemas decid casar € smudou de estado, Nesse mesmo ano, seu pai morre de meningite ¢ a outeairma no Sua mie dedicase intensamente a igs citciatnide 5 perfil PARA ACOMPANHAR O RITMO FRENETICO DE FAZER UM FILME ATRAS DO OUTRO, ELA E TANTOS OUTROS ARTISTAS CONSTANTEMENTE CONSUMIAM ANFETAMINA E REMEDIOS sapresentar Judy, a nica das fihas que desejava manterse no shore business, aos ‘stidios de Hollywood, Blas foram a0 estidio’ da Metro- ‘Goldwyn Mayer para uma entrevista com Busby Berkeley, qu apostou nea ¢ medi ‘amente assinaram um contrato. A princi io, 0 estidio no sabia 0 que fazer com ela; ‘com 13 anos, era mais veha que a etre infantil tradicional, mas muito jovern para papés adultos, Sua aparéncia fica também ‘rio tm ddema, pois, com 1.51 m de ara ‘€ seueito meign, nto refieta a personal de das protagonists da Epo la niotinha a beleza das outras atrizes ‘eenaconsciente ¢ preocupads com sua apa réncia Esse fo um grande problema na vida ‘de Jy, que sempre a atormenton:sentise fia Soa autoimagem rebaixads, associa a ‘eis para seus dentes ¢ un moxelador nasal, ‘que deca seu nariz mais fino e ameitado, ‘Segundo Charles Waiters, que a dirigiv ‘em virios filmes, Judy era uma miuina de fazer dinero na época, um grande suces80 ‘© considerada uma das principais estes tantas vezes durante seus citimos filmes. Mas, com esse papel, foi indicada 90 Oscar deM thor Atriz Principal e era ova pronsivel yeneedora pelo Piiblico e erticos. Porém © Oscar foi dado 1 Grace Kelly, linda Judy atrbui o Oscar de Grace a sua beleza. Senti-se mais uma vex reetada, discriminada, ¢ entra em crise epressiva bebendo compulsivame Seu tikimo filme, Ne Gléria da Amar gu, ionican tou sua prd- pria vida com a histéria de uma cantora ste represe mundialmente famosa, triste, solitiria aledolatra, Judy contratou Sidney Luft como seu ‘empresirio no mesmo ano em que s di vorciou de Minnelli ¢ rapidamente $ cas ram ctiveram um casal de filhos. Em 059, Judy fol internada com diag néstico de hepatite meicamentosa aguda € cise aloodtica, Usava muitos medica ments de forma impulsiva para controlar ua produtividade, pa acondar, dormir, antidepressivos, ansioit ‘cos muita bebida junto. Ela foi informadla pelos méabicun de que provavelmente teria menos de cinco anos de vida, No entanto, recuperou se a0 longo dos meses sexuintes 1 palo com grande sucesso, evoltou No inicio dos anos 1960, ela estava em ‘uma situagio financeira preciria, acumu: Jando dividas Em 1963 estreou a série semanal The Judy Garland Shoe, rite elogiada pela tia € pablico, Accitou este programa na televiso para pay suas dividas e garantie sex futur finaneeiro, Mas estranhamente o programa duro apenas uma temporada e foi cancelado, O fim da série foi pessoalmente ¢ financeira mente devastador para Judy, que nunca se recuperou completamente dese acs. Ela t rios momentos de sua vida, © suicidio. sntou por diversas vezes, em vi Aces Zeki ¢ metre ern Paco pla PUC- SP. sucerisor ep Sobre isso disse: “Tudo que eu podia ver a frente era mais confuslo e tristeza. Eu queria apaga sado, Eu queria me machuc o futuro, assim como o pas ea todos Judy pedi divérdio ¢ procesou Luft alegando “crueklade” como motivo. E afirmou que tinha sida repetidamente es pancada enquanto ce estava bébado © que tinha tentado levar os filhos dela & forg Mas ca bebia muito, também. ox-se com Mark or de sua turmé, porém, por Logo na sequéncia, Herron, prod conta do aleoolismo avangado dela 0 caso ‘mento durou apenas seis meses. Em 1969, sua saide havia se detrions cdo muito, ela estavafraca, wémula, magra, cenvelhecica deblitada até para cuir de si Memo nesse estado, casa-se com Mickey Deans, seu ikimo marido, Nesse mesmo ano Judy Garland foi encontrada morta no banheiro de sua casa, em Londres, dias de pois de completar 4 A autopsia revelow que nio havia ne inhum residuo de droggas em seu extmago, portanto no existia evidencia de suickbe, Morreu do coragio, Ela € um caso exemplar de artista precoce que caiu em desgraga na vida pessoal quando adulta > Comer € tere & 010 be eeacdeican am Terctoroe Pte Pua ‘pe Fans protessax de pce-raduacto no curso de Pog de Sade Hostal ra PUC-S, Als haus ce 30 aos rorerocrs Pacobgu com epecal dedcacio spacosamutea tartorose peloogt en diversas segrertos do O QUE HA POR TRAS DA DISCALCULIA, ACALCULIA E ANSIEDADE MATEMATICA A psicopedagoga Ana Maria Antunes de Campos aponta semelhangas e diferengas entre os trés distirbios e como devem onhecer © processo de aprendiz Matematica e suas dificuldades nos permi- te abranger os varios campos do conheci- mento, buscando integri-los de forma que 68 contetidos € os fracassos escolares passaram a ser diminutos frente 20 desenvolvimento biopsicossocial do estudante Esta é a avaliagio da professora e psicopedagoga ‘Ana Maria Antunes de Campos, que concedeu en- trevista a Psique. Para ela, conhecer as diferengas ¢ semelhangas entre acalculia, discalculia ¢ ansiedade r encarados por pais, profe atide da ionais e profis Por Ana Lucia Bomfim e Lucas Vasques Pena matemitica poder ser um caminho para modificar as priticas de ensino com vistas a amparar os estudantes, ue apresentam caract Ana Maria Antunes de Campos é doutoranda em Educagiio Matemitica, mestre em Educacio e pesqui sadora em discalculia e ansiedade matemitica, além de neuropsicopedagoga. E autora dos livros Discalculia: Superando as Dificuldades de Aprender Matemética, Ra: ciocinio Lfgico: Atividades para Auxiliar Criangas ¢ Ado- Aescentes e Jogos Matemdticos: uma Nova Perspectiva para Diwalculia, publicados pela Wak Editora ‘ew Luis Bore Lucas Vagus Feta so jal ¢colaboren rest pleas ge citciatoide 9 O QUE DISCALCULA F QUAL Sua ORICA Ax\ Manis: Discaleulia € um distsbio neurolgico que afea a parte do racioc io matemitico da eranga. A primeira vez ‘que a palavra discalula foi apresentada foi em 1920. Entretant, 56 ganhou forga «e destaque a partir de 1974, por meio das pesquisas de Ladislav Kose, que observou ‘que a discalcla estava embasada em pos siveis sistemas anatomicos € fsiokigicos ‘envolvides 1a maturacio das habilidades smatemiticas. Algumas peaqusas apontar _que pode ser genético, ‘Quats 0s PRINCI SINTOSLASE ELES SUR- (GEM A PARTIR DE QUAL. DADE? Axa Mus: Os primeiros sinais jf po- dem ser ideniicados desde a tenra idade. ‘Conrado, para umm diagnéstico corto & necessrio que a crianga tena vivenciado (05 anos iniciais da educagio bisica. Em se tratando dos sintomas da discal, (0s mais caractersticos sio difcukdade no desenvolvimento de cileulos matemiticos, podendo apresentar alterago nas habilida- des visomotoras,dificuklade para asocar rimeros com quantidades © operagies de ‘conservaco,espaco temporal preudicado « difculdades para distingir formas, tama- hos, quantidadese espessuras AS DAFICULDADES SE. NICIAM EM DADE ES (COLAK, MAS PODE SE MANIFESTAR APENAS, NA mAbE ADULIA? Ax Mount: As difculdades so percepts vis desde a educago infantil. No caso da A primeira vex que a palavra discalculia Sot apresentada for em 1920. Entretanto, s6 ganhou forca e destaque a partir de 1974, por meto das pesquisas de Ladislav Kose acaleulia, pode se manifestar na vida adult, ‘uma vez que acontece por danos cerebeais, fia discaleulia ¢ observada ainda na pet escola. A ansiedade matemitica, segundo ‘os estado, & percebicta no inkio da escola- izagio, masa idade & um componente que ‘implica na ansiedadle matemitica,estando aswociada ao desempenho matematicn. Como uma COM 0 ALLNO COM DISCAL- cu? Avs Ma: De algumas formas: um olhar dlferenciado para as atividades, com vistas «a compreender que tipo de sabercs mate- _matcos esto inrinsecos nesastarefase de «que forma podemos ajudar o aluno a pon dra sobre esses saberes Estabelece estra- ‘éyias de enffentamento quanto a stuagbes «que envolvam Matematica, Elaborar inter- vengdes que vem 08 aspectos cognitivos, afetivos © emoxionais dos estudantes,ax- sim como organizar 0s estudos (horition, Jocal, material ditco), buscando solutes para os problemas. Usando a tecnologia, Jogos tradiionais, digitais © outros recursos materiais para 0 ensino, ‘Vooct: Possu SUGESTOES DF J0008 (QUE PROFESSORES B PAIS FODEM. REALIZAR COMO INTERVENCNO JUNTO A CRANES DISCALCE- wea? Paka comalros com decscdae rpariate usr tecrcog 090s se CUNO ECU TONES AN Miu: As ativdades hdicas sho im- portantes para o desenvolvimento do es tuxdante Jogos de tabuleiros, como tha, ama, xadrez, pentalf, hanco imoblicio, detetve ¢, ainda, barlho © domind so recunos que ajudam na elaborago de es tratégis, racocinio,eileulo € contemplam ‘utres contesios do curiculo materiticn. “Mostrar ao estdante que a Materia fiz parte das atividades dirias € um dos cami- ‘hos a ser tilhado, para amparar esses esto dantes Outro recurso Fico €0 uso de jogos digits, on-line e apicativos de celular. (Os RPCURSOS DAS THCNOLOGLAS FODEM SER UMA FORM DE INTERVENGAO FARA AJUDAE A AMENIZAR ESSE TRANSTORNO? DE QUE ANE? Ax Miwus: Os recursos teenokigeos so benéficas para intervengio, embrando que todos os recursas devem ser orientados Logo, 0 uso da tecnologia ou. dos jogos Precis ser mediado para que as criangas © dolescentes ponderem sobre a Matemit «a envolvida nos recunos. A tecnologia € bbenéfica failtando 0 aprendizado da Ma- temitica tomando-o agracive interessan- te, divertidoe simples. No qual oestudante debaa de ser espectador © passa a ter con- trole sobre suas agtes,criando, asim, uma ‘oportunidade para refleo, para que viven- «em situages em que so cupazes de sim- bolizar e de abstr exspandindo as posibi- Tides de aprenzado, Jogos digits como Mincorat alicativos como ‘Mathematics, Jogos para eelulares como 0 2048 ajudam na interagio, raciocinio © no desenvoli- mento de habiidades matersiticas (Qos sto 05 rRocEDAMENTOS De INCENTE WO FSICOLAGICO ADETADOS Nos CAS0S QUE APRESENTAM CARACTERSTICAS MARCANTES DEDSCALULN? Axa Mani:Osestudantesprecsam de um atendimento pscokigicn com vistas dieu tiras quests emocionas, que so aigidas pelos esteretipos sociais Também prec sam de sjoda para eaboracto de estratégas para enfntar as Grcunstincias que enol vam a Matematica e necesstem de apoio para intervengho ¢ orientagies de estos. QUA AS BVTRIVENGOES SUGERINS PARA (0 AUXIUO DAS CRANCAS QUE FOSSLIEM DIS- Ax Mint: Estudantes com discaleulia & ansialade matemitica reyuerem diferentes tipos de intervencio, de aconlo com suas expeofcidades Observamas que a socieds dd esti repleta de atitudes que estigmatizam fatemitica ¢, consequentemente, 08 cs tudantes, com frases do tipo: Matemiitica & cata; sem significado; no serve para nada; 6 dic € dom, quem sabe Matemitica € ‘mais intligente: precisa de atid com ex: presicsestereotipadas com base no géne: +o, ou Seja, Matematica € para homens; que a conquista da Matematica ext relacionada a eania. A escola e a familia podem ajudar eixando de reforgar esses pensamentos, incentivando a leitura de Kiros paradidti os acerca da Matematica, onganizando 0 ‘material, local para estado e horirio. © QUE F ACALCUIA F QUAL SUA ORNGENE AX Muu: Acaleula €ocasionada por um dano cerebral, como 0 acidente vascular cerebral, traumatismo craniano ou alguma outa lesio no cérebro. Consiste na perda das habilidades matemiticas decoerente ddssesepislios ¢ refere-s & perda ou alte: raglo na capacidade de realizar tarefis mar temiticas, sendo resultado de algum tipo de ddano cerebral A acalcuia a pera das ha bilidades matemiticas jf adquiridas, como contar, omar e subtrar Em se tratando dos sintomas da di caracteristicos séo dificuldade no desenvolvimento de calculta, os mats célculos mateméticos, podendo apresentar uma série de alterag e dificuldades (Quas 05 PRINCIPNS SINTOMAS SURGEM A PAKTIR.DE QUAL IDADE Ax Max: A acaleulia pode surgir em qualquer idade, uma vez que sua causa est relacionada a um dano cerebral COMO LIDAR COM © ALUNO COM ACAL Ax Miu: Existem algumas posibiida des, como considerar as peculiaridades dos cestudantes com vistas a aleangar 0 desenvol: .de novas formas de ensino e apren dizagem da Matematica. Elborando ati: dales que sajam individualizadas para poder ating os objetivos educacionais com uma maior concentrago,interesse e motivasio. (Qu sto 0s ksrecINIsTAS exDscADOS Ax Ma: Uma equipe mulidicptinar com pediatra, neuropediata,fonoauilo sm, psig, pope. EXISTEN TOS DE ACALCULIA DISCAL Avs Manu: discal ea acaeulia apre sentam subtipos acerca das habiddades. ‘Contudo, os estudos nilo revelam se existe uma discalculia leve ou moderada, como encontramos em outros distrbios. A acal- ‘clia pode se manifestar de trés manciras afisica ~ incapacidade para compreender ‘08 ntimeros ¢ simbolos aritméticos como linguagem - geralmente se associa com a asia, que € caracterizada pela difculdade de nomear pessoas e objetos;visuoespacial ~ compreensso inapropriada dos nvimeros, sequénca, valor posiclo dos nimeros, espa ‘g> e tempo; anaritmética ~ definida come a incapacidade de reconhecer 0 valor de um nero e sua categoria numérica (uniade, dezena, centena etc). A discalclia € dass ficada como: verbal, na qual ha difculdade ‘com a designagio verbal de termos mate Iiticos especitioos: practognéstica, que resulta da dificuldade de manipular objetos ‘matematicamente. A dificuldade de ler sim bolos matemiticos € chamada de discaleu- lia lexical: dificuldade de eserever esses simn- bolos é chamada de discaleulia grifica, Os ‘outros tipas so discalculia ideogndstica, na ‘qual hd dificuldade de entender ideias mate indticas e daborar as solugihes mentas para problemas; dcalculia operacional, que af ta. a execucto das proprias operagies Popenta eR TRATADO? Ax Maus: E fundamental que o estudan- te seja alfabetizado matematicamente, do mesmo modo que ¢ alfabetizado no pro- ‘cesso de escrita¢ leitura. Ao conceituar al- sgumas habilidades iniciais, principalmente CAR OS TIPOS DE DISCAL ‘© conceito do nimero (correspondéncia, ‘comparagiio, sequenciagio, clasificagto, seriaglo/ondenagio, inclusio de classe, cconservagio © enumerasio), 0 estudante pice citectoide 1 abarcari saberes que contemplam esses subtipos da discaleulia. Aprendendo a nomear as quantidades matemiticas, 0s rimeros,termos, simbolos € a8 relapses (Giscaleulia verbal); enumerando, compa rando ¢ manipulando objetos reas ou em imagens, matematicamente (practognés- tica);lendo, escrevendo © reconhecendo ‘0 simbolos matemiticos (éxica: grifca); realizando operagoes mentais © na. com- preensio de conceitos matemiticos (ide- ‘ognéstca) ealizando cilculos ¢ executan- do operagées matemiticas (operacional). Em que correspondeéncia €a acto de insti ‘ira afinidade “um a um", cada elemento do primeiro conjunto deveri comresponder 41.um e somente um clemento do segundo ‘conjunto; comparacto € a acdo de instituir diferencas ou semethangss entre objetos, estos, lagares; sequenciagio é a ago de ‘onganizar cada componente a um imedia- to sem considera a ordem entre ees; Cas- Siicagto € a ago de separar em categorias ‘coisas, objetos pessoas de acondo com se- melhangas ¢ diferengas; seriagio/ondena- ‘$30 € a agio de onganizar um elemento em relagio ao outro, sem considerar a ordem ‘entre cles, apenas estabelecendo relagdes do tipo: cor, tamanho, peso, forma: incu- silo de clase € a ago de compreender que tum conjunto engloba outro: conservagio € 8 acto de entender que a quantidade no depende da disposicho dos objetos, forma ‘ou posiglo, mo importando a maneira ‘como se agrupam os elementos, a quanti dade no se modifica; enumeracio &a ag ‘de reconhecer um elemento dentro de um ‘conjunto. Ocorre quando reconhecemos 0 ‘conjunto de valores que uma variével pode assumir. A partir do entendimento desses ‘contetidos matematicos,criangas adoles- ccentes adentram no universo do nimero, sob uma Sptica de compreensio ¢ assimt- lagio de sua aplicabilidade no cotidiano nas aividades rotineras. sos DIsTURMOS VAO ALEM DE FROBLEMLAS RELACIONADOS Co A Marantknca? Ax Manu: A disealeulia e a acaleulia v0 além de problemas relacionados com a Matemética, desencadeando dificuldades Ao contrério da discalculia, que pode ser tdentificada nos primetros anos de vida, a acalculia pode surgir em qualquer idade, uma Vex que sua causa estd relactonada a um dano cerebral de ordem psicossocial. iso ocorre porque vida cotidiana fica desestruturada, com ‘ ms eaaate Que To De commosrersETO DA ID SOCTAL PODE OCORRER? ‘Axa Masi: Compromete muito, uma vez «ince sobre vida cotiiana do est ante, abrangendo as frcas educacionais, cmocionais, comportamentais ¢ algumas veres, deseneaeia reagies fogs, 00 sca, diante de atvdades que envolvam a Matematica, 0 estudante pode sentir dor cstomacal mos fase trémulas, dor de ea- beg e outros, SixTOMAS COMO TAQUICARDA, TREMEDE RA.OU SUDORESE SAO REAQOES DESCRITAS FOR ALGUMAS FESSOAS DIANTE DE QUES: “TOES QUE EAOLYEM CAICULOS QUAI SKO AS CAUNAS DIESSA FOB, DENOMINADA AN= SIEDADE MATENLATICA? Ay Manu Alguns estdantes apresentam versio e medo i Materia © que dieu ta su processo de aprendizagem de manc- ager visto que as atvidads escoares so permeadas de stuagses nas quai € necessi- ria a resoluglo de problemas numéricas. As ccausas ainda ndo foram estabelcidas. Con- tudo, algumas pesquisa revelam certosas- pectos, como distrbios de aprendizagem, das atitudes dos professores, metodologas inadequadas, fatores cognitivos ¢ afetivos, ansiedade dos pai a nflanca friar, Prsquisapones mt UNIVERSIDAD Stanroed (EUA) FIZERAM RESSONAN- (CUS MAGNETICAS RAF ALUNOS, ENQUINTO, RESOLIAM QUESTORS DE ADKCAO R SU TRAGAD. O RESULTADO MOSTROK QUE ESSA CONDIGAO FRODUZ NO CERERMRO EFEITOS SEMELIIANTES AOS APRESENTADOS EI FES SOAS QUE SOPREM COM FOBIA DIE ARANHAS (Ov COBEAS. DE QUE FORMA 4 ANSIEDADE MATEMATICA SE MANIFESTA EM TERMOS DE ATIVIODE NEURONAL? AN Manu: Os estudos acerea da ansie- dade matemitica sdo novos, grande parte feita na década de 1980, Entretanto, algu- mas pesquisas apontam que ansicdade matemitica esti associada a diferengas signifcatvas nas ativagtes de dreas cere- brais que modiam a afetividade € 0 pro- ‘cesamento de informagies cognitivas. Ox ives de ansiedae matematica apresentam padres distntos de ativagio em escala fina no nicleo basolateral da amigdala dircita. Pde estar asociada com hiperatvidade € ‘conectividade efetva anormal da amigdala: na atividade reduzida do cortical pré-frontal dorsolateral, egies cerebrais associadas 20 Processo dor © emogies negatives EXIST: CURA PARA DISCALCULA, ACALCU- LAR ANSIEDADE MATEMATICN? ‘Ax Maat: Pura ajdar os estudantes com dscalcuia, scalculia ou ansiedade ma- temética € fandamental um dagnéstico ‘correto € precoce, além de intervengses individualizadas¢ estrturadas, consderan- do 08 aspectos emocionais € metacognith ‘vos dos estudantes. Nao se trata de does ‘que precisam de medicaglo ou cura mas de ‘estudantes com caractersticas individu ‘que apresentam difculdades em lidar com a1 Matematica e que, por meio de estraté- sas de ensino personalizadas, monitoras « asssténcia, conseguem desenvolver suas habiliaces matemticas. EXIST ALGUNA SEMELILANGA ENTRE A DISCALCULIA, ACALCULLA F ANSIEDADE MtA- crete? Avy Manis As semethangas so. as im- plicagies em sala de aula, uma vez que os ‘otudantes apresentam difculdades como, por exemplo: no conhecimento de fatos ‘€ na compreensio dos procedimentos © ‘stratgias matematicas; dffeuldade com aitmética bisica € conceitos numéricos ‘isicos; dificuklade para visualizar eon- {juntos de objetos dentro de um conjunto maior; dficuklade de conservar a quanti: ‘considerados como “erros" do. processo de aprendizagem ou, ainda, como des Ieixo, preguiga © incapacidade. Esses r6- tulos levam 0 estudante a se esquivar de atividades que covolvam a Matemética © scarretem prejuizos emocionais € sociais Nessa perspectiva,é fundamental conhe- ‘er 06 estudantes€ suas capacidads, sem agnostci-los, mas intervindo com me- todologias que visam as caracteristicas de ‘cada estudante. QUAL © PAPEL DOS FROFESSORES NESE PROCESO? ANY Mania: Nido € papel do professor iagnosticar alunos. Entretanto, & le um dos primeiros a pereeber as difculdades dos estudantes, devendo direcioni-los a tum profissional eompetente para ajud-los. ‘Do mesmo modo, conhecer esses fitores & ‘uma mancira de no rotular 0s estudantes, ‘mas orienté-los quanto 20 seu processo de apeendizagem. EXISTE OUTROS TRANSTORNOS QUE PO- DEM SER CONFUNDEDOS COM 0 APRESES ANA Masui: Os distirbios apresentados podem ser confimdidos com transtomo de ansicdade, que inctui fobia social, ow com reagdes de distrbios de aprendiza- gem, dentre eles a dislexia. A Associagio Intemacional de Dislexia aponta a seguinte 30 Ha). Especificamente, a banda alfa esti relacionada com 0 processo de atencio e relaxamento (Diniz et al,, 2012). Essa frequéncia apre senta atividade répida e reflete ate nuagio da atividade neuronal cor- tical (Pfurtscheller, 2001; Cunha et, al, 2004), Nas reas sensoriais que estio relacionadas com a per cepsio, essa banda desempenha ‘um papel importante (Bittencourt et al., 2012). Também esti relacionada ao estado de vigilia, inatividade men. tal, sendo sua melhor visualizagio nas regides parictais ¢ occipitais Gevins, 1999; eller, 2001). Em CR ESTUDOS DOS PROCESSOS ATENCIONAIS NAO SAO RECENTES Vice de itens (.) sdo apresentados aos meus sentidos e nunca entram Jpropriamente na minha consciéncia. Por qué? Porque nao tem interesse para mim. Minha experiencia ¢ aquilo que eu concordo em prestar atenc30 (.) Todos sabem 0 que ¢ a atencdo. € a tomada de posse pela mente, de forma clara e vivide, de un dentre o que parecem ser virios objetos possivels simul taneos ou linhas, de pensamento. A focalzaco. a concentracio da consciéncia @ sua esstncia. Esta implica a abstencdo de algumas coisas para poder lidar eficazmente com outras” (Willam James, 1890}. Essa citacdo aponta que os estudos voltados para 0s processos atencionais nao sto recentes. Especificamente, a banda alfa esta relacionada com 0 processo de atengao e relaxamento. Essa frequéncia apresenta atividade rapida e reflete atenuacao da atividade neuronal cortical alguns estudos, a banda alfa tem sido dividida nas sub-bandas infe rior (8-10 Hz), associada a niveis de atencio ¢ esforso, © superior (11-13 Hz), que responde basica mente A codificagio de estimulos e da meméria semintica (Jausovec; Jausovec, 2000; Klimesch; Pfurtscheller; Schimke, 1992; Stecklow; Infantosi; Cagy, 2007), Transtorno bipolar choenfeld e colaboradores (2010) definem a atencio como tum processo de selesio de informa- g0es relevantes e a rejeigdo das ndo relevants © sistema nervoso é capaz de filtrar as informagdes que chegam através dos érgios sensoriais, deslocando a atengio para o que considerar im portante, dando a garantia de uma eficaz interagio com o meio. © ato de prestar atensio, in- dependentemente da modalidade sensorial, aumenta a sensibilidade . Assim, entende-se que de percepsio para a discriminagio do alvo, reduzindo a interferéncia provocada por estimulos distrato- res (Pessoa; Kastner; Ungerleider, 2003), Segundo Dalgalarrondo (2000), a atengao voluntiria esta ligada diretamente aos interesses € expectativas do individuo. Na aten- so involuntiria, 0 individuo no escolhe o foco da sua atencio. Em um experiment classico realizado por Posner em 1990, 0 participante sentava-se em frente a uma tela de computador orien- tado a fixar 0 olhar em um ponto central. Um estimulo aparecia po- dendo indicar para qualquer lado a ocorréncia de um estimulo-alvo, Sem desviar 0 olhar, 0 individuo devia pressionar um botio imedia- tamente no instante em que esse estimulo fosse projetado na tela. A medida do intervalo de tempo en- tre o aparecimento do estimulo-al- vo € 0 tempo de reacio para a res- posta motora era realizada, Como resposta, os menores tempos de reagdo foram interpretados como tum grau maior de atengio do par- icipante. No entanto, a pista po- dia indicar um local contrério ao aparecimento do alvo. Nesse caso, © tempo de reasio media a rapidez com que 0 individuo mudava sua atensio de um local para outro, £ fundamental entender os meca- nismos dos processos atencionais, sabendo-se que estes representam a base de todos os processos de cognigio. E preciso prestar aten- 40 para que memérias sejam for- madas (Lima, 2005). Diniz € colaboradores (2014), em um recente estudo com ele troencefalografia _quantitativa (EEGa), investigaram as alterasées da coeréncia em alfa no cértex fron- tal em trés grupos de pacientes com transtorno bipolar em fase depressi- ‘ya, maniaca e eutimica, durante os momentos pré e pos a realizagio de ‘uma tarefa de atencio, envolvendo o movimento sacidico dos olhos. A pesquisa aconteceu no Insti- tuto de Psiquiatria, especificamen- te no Laboratério de Mapeamento Cerebral ¢ Integrasio Sensoriomo- tora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A tarefa experimental foi realiza- da através de uma barra composta por 30 diodos emissores de luz (LEDS), sendo 1S LEDs posiciona: dos no lado esquerdo ¢ 15 no lado direito, Essa barra foi posicio- nada na altura dos olhos dos participantes em uma distancia de 100 em. O co- mando era manter os olhos fixos no centro da barra ¢ deslocar os olhos quando percebessem o acendimento de um dos LEDs, mantendo a cabesa imével. A tarefa. experimental consistiu. na apresentagdo do estimulo-alvo, alternan- do entre os LEDs. Essa tarefa_caracterizou-se pela previsio do apa recimento do estimulo no tempo € no espago, assim dire- cionada pela meméria. A probabi- lidade de acendimento do LED da extremidade esquerda ou dircita era a mesma. Houve uma duracio de 2SOmin € 0 intervalo entre 0 acendimento dos LEDs era de 2s. A atencao nao acontece de maneira unica. Ela pode ser dividida em seletiva, sustentada, dividida e alternada. A atencao é condi¢ao fundamental e necesséria para a escola e 0 trabalho O aumento de ata em seas posteriotes cs Cdeesta esta associaco com emocoes oe despeazer. O aumento de alfa em pacientes deptessivos labem estana assocado com lemacoes de esprazer Cada participante realizou seis blocos com estimulo e dois blocos de repouso sem 0 estimulo, sendo © primeiro repouso antes do inicio da tarefa e © outro apds 0 término da mesma. A tarefa de atengio do movi mento sacédico envolveu a condi sie fixa, em que 0 estimalo-alvo era sempre 0 12° LED em cada lado da barra, apenas alternando 0 acendimento do LED para os lados esquerdo ¢ direito. Dessa forma, 0s participantes eram diretamente guiados pela meméria. Estes esta- vam mapeados com os eletrodos do EEG. Para a aquisis’o dos_movi- mentos sacddicos foram ut dos quatro eletrodos adicionais de 9 mm de didmetro, montados ripe tnintide 27 Res NEUROBIOLOGIA de uma forma bipolar, usados para medir aeletro-oculograma (EOG). Os eletrodos foram dispostos ho- rizontalmente a partir do Angulo ocular externo de ambos os olhos, para determinar 0 EOG horizon: tal (hEOG), e foram posicionados verticalmente por cima de ambos 08 olhos, para determina 0 EOG vertical (vEOG). Os resultados dese estudo de monstraram um padrio diferen: ciado de comunicacio entre areas entre os subgrupos de pacientes com transtorno bipolar. No cértex frontal medial e no cértex frontal lateral direito foi encontrado efei to principal, o que demonstra que essa rea especifica ¢ influenciada pela tarefa sacddica. No que diz respeito a0 cértex frontal lateral 28 ping itidide direito, ele parece estar especial: mente relacionado 4 meméria de trabalho (Cowan, 2005). Além dos aspectos cognitivos, existe a par- ipagdo dessas dreas no contro: Ie da atividade motora dos olhos, promovendo a integragio do cam po frontal com a rea suplementar do campo dos olhos. Essa_ireasuplementar pos. sui grande relasio com as saca- das geradas pelo tronco cerebral (McDowell et al., 2008). Estudos anteriores demonstraram alte ragdes nas Sreas frontais em pa- cientes com quadros depressivos, sendo consideradas uma alteragio clinica relacionada a0 compro: metimento da atengio, capacida: de executiva e tomada de decisio (Alexopoulos et al., 2002), larke et al. (2002) investi- garam o aumento de alfa em adultos com transtorno do déficit de atengio © hiperatividade. Eles identificaram que a reducio de alfa esté associada com desatengio, O cértex frontotemporal ito tem sido associado a0 processamento emocional Assim, © aumento de alfa em Areas posteriores da dircita est as sociado com emogdes de desprazer. © aumento de alfa em pacientes de- pressivos também estaria associado com emosdes de desprazer (Flores- -Gutiérrez et al., 2009) Devido & atengio apresentar cariter seletivo e direcional, ela permite manter vigilincia sobre 0 que acontece a0 nosso redor, res pondendo a estimulos relevantes inibindo os estimulos que nio sio de nosso interesse. A forma involuntiria da atengio esti presente nos primeizos anos de vida do individuo. Sua origem € biolégica ¢ € fortemente atraida por estimulos externos. A atencio voluntiria j4 € mais elaborada ¢ construida pela crianga em idade escolar. Essa forma de atengio re quer certo grau de maturidade do sistema nervoso ¢ se relaciona com a capacidade de responder a instru: ses verbais, apesar de estimulos que provoquem distragio (Luu; Flaisch; Tucker, 2000). A atengio nio acontece de ma- neira tinica. Ela pode ser dividida em seletiva, sustentada, dividida e alternada. A atencio seletiva esti relacionada & capacidade de disc minar estimulos considerados rele- vantes para determinado individuo dos estimulos considerados irrele vantes para ele A sustentada consiste em con seguir manter o foco atencional em um estimulo especifico durante a execusio de uma determinada ta refa, Na atensio dividida, 0 ind viduo € capaz de dividir 0 foco da atengio ao desempenhar duas tare- fas simultaneamente. A alternada € a capacidade de alternar 0 foco atencional entre estimulos diferen- tes (Andrade et al., 2016). Entende-se que a atengio é con: digio fundamental € necessiria para © progresso na escolarizagio. © processamento das informagses, a integragio de informagdes sele cionadas, 0s processos mnémicos associativos ¢ a programasio de respostas motoras © comporta- mentais sio dependentes do bom fancionamento dos processos aten: cionais do individuo. A capacidade de focalizar um estimulo por algum periodo de tempo ¢ inibir ai réncia de estimulos nio pert A situagao € uma habilidade impor. tante para que a aprendizagem seja eficiente (Shayer et al., 2015). Lntana ja. mas eaboradse atencao requer certo grau de A aprendizagem é um processo resultante de modificacdes e altera¢des neuroquimicas @ neuroanatémicas, semipermanentes ou Permanentes, e promove a neuroplasticidade Educar é unir ‘ygotsky esclarece que educar significa unir a linha do in teresse da crianga com 0 que deve ser apreendido por ela, unindo es- ses dois extremos em um todo dai: 0. No preparo da agto, antes de suscitar algo novo deve-se suscitar a expectativa desse novo, porque para o aluno a atitude de atengao se revela antes de tudo como ex pectativa da atividade que seri de- senvolvida, Dessa forma, 0 processo do aprendizado se tornari prazeroso ¢ eficaz (Bordin, 2010). A apren: dizagem é um processo resultante de modificacées e alteragses neu: roquimicas e neuroanatdmicas, semipermanentes ou permanentes, ‘¢ promove a neuroplasticidade (Ba- midis et al, 2014; Berryhill et al., 2014; Ward, 2017). A aprendizagem esti. intima- mente ligada ao desenvolvimento do encéfalo, 0 qual se reorganiza € se desenvolve junto aos estimu- los ambientais (Bartoszeck, 201 ssi; Leroy; Almeida, 2015). As- sim, para que acontega uma melhor aprendizagem, & extremamente ne cessirio que haja atenco, para que ocorra a formagio de memérias, uma ver que 0 sistema nervoso sé consegue compreender a informa- 40 quando o individuo esta atento (Andrade et al., 2016). A atengio esti intimamente di- recionada a vontade do sujeito e sua principal caracteristica é ser seletiva € direcional. Por isso, exige 0 con- trole dos estimulos desnecessirios para captagio de estimulos signifi- cativos ¢ a alternancia de um esti mulo para outro (Nunes; Oliveira, 2010; Andrade et al.,2016). pic itncatnide 29 A luz da postulada por estrela do livro, Har- ry Haller, € um homem de 50 anos, antissocial, alcodlatra e intelectual, que experimenta um tormentoso estado de conflito entee sua porgio lobo ¢ sua porcto homem. O perso nagem teria sido inspirado no escul- tor suigo Hermann Haller, amigo de Hesse. Haller & um retrato do con flito do homem moderno, marea da obra do alemio. Outros de seus livros, Demian (1919) © Viagem a0 Oriente (1959). também slo criticas a sociedade ocidental eA burguesia. Em O Jogo das Contas de Vidro (1943), Hesse questiona a civilizagao tecnol6gica. ‘Ao contribuir em relagio a tal ques- Uo, a obra analisada representa um importante meio de posicionamen- to ideoligico, uma reflexto sobre determinados dogmas que deter- minam como se dio as relagées na sociedade. © personagem tem cariter au- tobiogrifico: as iniciais HH seriam uma referéncia feita por Hesse a0 préprio nome, Haller vive um periodo hist ‘em que os individuos eram subjuga- CONTEMPORANEO DE SIGMUND FREUD, HESSE INTRODUZIU NO LIVRO CONCEITOS DA TEORIA PSICANALITICA, QUE ESTAVA EM VOGA NA EPOCA. O ESCRITOR ER UM ESTUDIOSO AFICIONADO DO ASSUNTO dos pelo pragmatismo, domestican- do 0 lobo que havia dentro de si. A histéria do protagonista, de alguma forma, remete também a0 caminho de Hesse: uma educagio rigorosa, que deixou em sua personalidade tea- G08 que provocavam desajustamento. Contemporinco de Sigmund Freud, Hesse introduziu em O Lobe da Estepe conceitos da teoria psi canalitica, que estava em voga na Epoca. O escritor era um estudioso aficionado do assunto (cle chegari a se tratar com o de. J. B. Lang, psi canalista de Lucerna, depois da Pri- meira Guerra Mundial) “H4 momentos em que toda uma geragio cai entre dois estilos de Vida, e toda evidéncia, toda moral, toda salvagao e inocéncia fieam per- didas para ela", escreveu 0 alemdo. © conflito interno deserito nesse fragme o reflete © comportamen- to neurético, segundo a teoria de Freud. Para 0 psicanalista, todos somos neuréticos, com excegio dos psicéticos ¢ dos perversos. Na neurose existe um conflito entre as instincias que formam a pisque. chamadas ego c id. O ego éa parte da psique que surge a partir da interagdo do ser humano com a sua realidade, adaptando os instintos pri 1s (0 id) ambiente em que vive. O id envolve desejos, vonta- des ¢ impulsos primitivos, formados principalmente pelos instintos. Ele é © sistema da personalidade que pos: sui contedido inconsciente. Entio, no conflito neurdtico, 0 ego no accita algumas das exigén- cias do id, pela oposigio de outra parte da psique - © superego, uma forca inibidora dos instintos da per- sonalidade que representa os valo- res morais da pessoa. Explicando de mancira mais simples: € como se 0 ego. que equilibra as forcas da psi- que, ignorasse nossos instintos por causa da pressio exercida pelos nos- S08 valores morais. Os nossos valo- res morais esto sempre em conflito com 08 desejos. “As neuroses trans- ferenciais se originam de recu! © ego @ aceitar um poderoso impul- so do id ou a ajudéclo a encontrar tum escoador ou motor, ou de 0 ego proibir aquele impulso o objeto a que visa", esereveu Freud 0 id & predominamte nos bebés, ele tem como objetivo a satisfagio dos descjos. Ji 0 superego é uma espécie de juiz que condena nossas ages quando nio estto de acordo Roberta Meceros ¢ Jommaistacentiica © atusimente esca-se } erate pikwecitcintoide 31 SE A BIOGRAFIA DE HESSE esse era filo de um missionério que procurou he dar formac3o relgio- 2. Foi estudante de semingrio. mas abandonou a teologia, tomando-se aprendiz de mecénico e. depois. auxilar em sua casa comercial Trabahou ‘em lvraias na Suica. Dedicou-se exclisivamente & literatura. tendo realiza~ , antes da Primea Guerra Mundial, emorada viagem pela India. Naturali- 0u-se cidadio suico. ‘Abandonando escola. Hesse faz uma jura: "Ser poeta, ou nada’. hi- lava, assim, uma carreira marcada pelo inconformismo ~ 2 rebekdia dos esajustados. Hesse dizia ‘nio" a muita coisa: 2 rigida disciplina escolar € 20 ensino nacionalista de orientacdo pratica, ‘os 15 anos. Hesse escrevia uma carta zengada a seu pal: “No obe- deco e no obedecerel nunca’. Era 0 comeco de uma revolta que marcaria sua vida No processo dessa transformacao. ele man- teve-se quase sempre afastado de todos (nem o pprémio Nobel ele recebeu essoalmente). produzin~ do livros mais livros, intando aquarelas. sen- do analisado (por Jung). alertando seus compa- triotas para os perigos do germanismo excessivo ~ chegando a ser conside- ado traidor. com os valores da socie: dade, € como se fossem os pais agindo na conscigncia do filho, O ego é, portanto, o grande me- diador, ele se desdobra no intuito de atender a vontade do id e do superego. O superego € a instancia que conside a 0 valores recebidos da sociedade. Freud o descreve da seguinte manei ra: “defensor da luta em busca da per feigto ~ © superego é, resumindo, 0 32 pike itindide Assim, observa-se em Haller essa relagdo de conflito, que oscila entre as pulsdes primitivas (0 id) ¢ 0 espi rito racionalista do homem moder- no (0 superego), entre o lobo € 0 ho- mem, nem natureza, nem espirito ~ a relagdo € naturalmente conflituosa € 0 equilibrio, precirio. & a partir dese conflito que o personagem ex: menta a vida e desenvolve suas es de pessoa e do outro. Con ra 0 autor, hi diferencas e NO CONFLITO NEUROTICO, O EGO HESITA PARA NAO ACEITAR ALGUMAS DAS EXIGENCIAS DO ID, PELA OPOSICAO DE OUTRA PARTE DA PSIQ SUPEREGO, UMA FORCA INIBIDORA DOS INSTINTOS DA PERSONALIDADE E QUE REPRESENTA OS VALORES MORAIS DA P IA peculiaridades entre cada uma das duas instincias. De um lado, ha a cultura da fa- iflia burguesa ¢ os ideais religiosos. Esse universo representa os valores da sociedade na qual o personagem estd envolvido, Tal mundo reflete a rigorosa educagiio a qual era subme- tido ~ associada a uma patrutha da conduta, Esses valores alinham-se, 1m a teoria freudiana, a0 9 lado, hi um gar so: lento, represenraso pe rebeldes ¢ indomestic’: los impulse veis, que € dotado de alguma dase de violéncia ¢ assombro. Esse ani- verso € incongruente com primei- ro mundo. Nesse sentido, podemos enquadrar nesse mundo sinistro os transgressores dos costumes. Esse mundo alinha-se ao conceito de id. As duas esferas habitam 0 pro- traz mistério, violencia, perigo. No- ta-se que essas esferas coexistem na mente do personagem. Os conflitos gerados na conscigneia de Haller em decorrén: cia da concepgio dual da realidade refletem a dificuldade dos individuos Se dimento do “out o* que nio parta de versdes opostas. Porém, 0 que Hesse nos oferece & um person: gem que tra duz 0 conflito que se: longo do enredo. B a relagio com a nova realidade que se mostra ndo é tranquila e sim cheia de sofrimento. A dor é entio um caminho, um meio de superagdo © possibilidade de resgate dda propria identidade Essa busca fica marcada quando o protagonista conhece Herminia e Pa blo, pegas-chave para sua descober ta, jf que o da angistia daquele cing onduzem p: angustiado. Até que o climax repre DESCONSTRUGAO DE IES RE O Ml CRIACAO CAMINHA OS SO ASSIM EXISTE RGIMENTO DA AL senta a transigo para uma multipli cidade de vozes e pessoas que habi- tam 0 individuo, ‘Simboliza uma sada para 0 confi to neurdtico. Quando ele € levado a0 teatro migico, no jogo de espelhos. Haller descobre 0 inconsciente. “As sim como a loucura, em sew mais alto sentido, € 0 principio de toda sabedo. ria, assim a esquizofrenia é o princ pio de tos arte, de toda fantasia.” Na trajet6ria de Haller, a descons trugio de sua visio sobre si mesmo € sobre 0 mundo mostra que a cria- io caminha ao lado da destruigto, pois s6 assim existe a possibilidade de surgimento da autenticidade, da singularidade. A expressio alean- ada pelo protagonista provém de uma tentativa de reconstituigio de {O SOBRE S )O MOSTRA QUE A DO DA DESTRUICAO, >OSSIBILIDA si mesmo. Nesse ponto, a descoberta do ser mais profundo é condigio ne cesséria para dar novo significado as suas experigncias. Assi € posstvel vislumbrar 0 sombrio sem desestabi lizar-se, sem desmanchar-se ou sem perder-se no abismo. Esse movimen: to implica no contato com 0 caos ‘numa viagem interior. - » livros rote TZN y Hipnose em clinica (resultados expressivos) Hoje as psicoterapias sozinhas nao se bastam mais e certamente necessi tam de ferramentas complementares eficazes © com con fea rovago ciet ddos seus resultados em grandes popula sgbes. Aqui apresentamos a Hipnotenapia Cognitica como coadjuvante, mais pre cisamente a hipnose clinica em parceria com a TCC, mas qualquer abordagem se adapta ao protocolo. A hipnose, princi palmente no Brasil, tem enfrentado uma série de preconceitos diante da possibi lidade de seu uso em psicoterapia. Po- réim, hoje, sites idéneos como Medline ¢ Pubmed, APA ~ American Pricholegical UCEH ~ Journal of Clinical and Experiencial Hypnosis (Jornal da APA) aprese Associaton, International mais de 2.500 artigos dando evidéncias da comprovagio. Aqui nos propomos a justifcar a relevincia da hipnose nas in tervengiies psicoterap como fer: ramenta integrativa que vem qualficar © atendimento, ¢ quem ganha com isso € 0 paciente. ‘itor Beromny Setar Eaters Sroptys Pagras: 9 34 pre tide Canto surdo (uma leitura psicanaltica) Em 4 Pricanalitica Sobee Oper ¢ Eletinics, «) aor ¢ pricanalista Jean: fo mo Div: uma Leitura Mésica Saora Michel Virexbesenenive sua tese sobre ‘vor enquanto viyita primordial do sje to, antes mewmord velo matemo ~ como a Psicanalise tem defendido até agora ‘Com cocréncia clinica e elareza coneei tual, Vives analisa os trés tipos musica, de forma audaciosa. Entrelaga esse uni verso as questdes psicanaliticas para de- ‘monstrar como os temas desenvolvidos despertam afetos especiicos no ouvinte, do mais puro prazer 20 horror desmedi do. A obea nos leva a refletie a partir de

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