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Petrobrás
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2021
1
Agradecimentos
A conclusão e desfecho da universidade nos faz refletir sobre toda a nossa formação
como ser humano, consideramos esta etapa como uma das mais significativas nessa
formação. Agradecemos aos nossos professores que são um importante pilar da sociedade e
tem o nobre propósito de nos ensinarem a serem profissionais e seres humanos melhores.
Sobretudo, agradecemos a nossas famílias, amigos e companheiros, que nos apoiaram
e suportaram durante todo o tempo e que também fazem parte dessa certificação. Obrigado
por nos ensinarem nossos valores e princípios, dentre os quais que o trabalho árduo
compensa.
Obrigado.
2
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
3
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Production Engineer.
Currently, there are different valuation methodologies. Among the best known methods
are discounted cash flow and market multiple. Each one has its particularity, however, they
are a static portrait of the company over a certain period of time, in which it is assumed that
managers will have a passive attitude towards reality. Thus, by elucidating the calculation
methods, the real options method intends to close this gap, bringing into the calculations the
uncertainty that we have with each management decision that is made.
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Sumário
1. Introdução 1
2. Objetivo 1
2.1. Objetivo geral 1
2.2. Objetivo específico 1
2.3. Justificativa 1
2.4. Motivações 1
2.5. Limitações 2
3. Estrutura do Projeto 2
4. Petróleo - indústria e contexto histórico 4
5. Definição físico-química 4
6. A indústria de óleo e gás 8
7. Relevância no cenário internacional 11
8. Relevância no cenário brasileiro 18
9. Derivados 21
10. Refino 25
11. O que é 25
11.1. Separação 25
11.2. Conversão 27
11.3. Tratamento 28
12. O Refino no Brasil 30
13. Refinarias brasileiras 37
13.1. Refinarias Petrobras 38
13.2. Refinaria Nacional de Petróleo (RLAM) 38
13.3. Refinaria Duque de Caxias (REDUC) 39
13.4. Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) 40
13.5. Refinaria Gabriel Passos (REGAP) e Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP) 40
13.6. Refinaria Capuava (RECAP) e Refinaria Isaac Sabbá (REMAN) 40
13.7. Refinaria de Paulínia (REPLAN) 41
13.8. Outras refinarias Petrobras 41
13.9. Outras refinarias 42
14. Teorias de Valuation - Referencial Teórico 43
15. Teoria de Fluxo de Caixa Descontado e suas limitações 43
15.1. Valor Presente Líquido 44
15.2. Fluxo de caixa para o acionista 45
15.3. Fluxo de caixa para a empresa 46
15.4. Custo do Patrimônio Líquido 47
15.5. Taxa Livre de Risco 48
15.6. Prêmio de risco de patrimônio líquido 51
15.7. Beta 53
15.8. Custo da dívida e do capital 55
15.9. Estimativas de fluxo de caixa 56
15.10. Estimativas de crescimento e valor terminal 57
15.11. Limitações e ineficiências 58
16. Teoria de Valuation Relativo - Múltiplos 59
16.1. Escolha do direcionador de valor 60
16.2. Seleção de grupo de pares 64
16.3. Criação de múltiplo sintético 64
16.4. Cálculo do valor da empresa 66
16.5. Limitações e ineficiências 67
17. Teoria de Opções Reais 67
17.1. Flexibilidades Gerenciais e Incertezas 67
18. Estudo de caso - Aplicação de Teorias De Valuation as Refinarias Petrobras 72
19. Aplicação da Teoria De Fluxo de caixa descontado 72
19.1. Composição Acionária 72
19.2. Características micro e macroeconômicas 75
19.3. Premissas 79
19.4. Petróleo 79
19.5. Câmbio 80
19.6. Análise dos Demonstrativos 81
19.7. Estimação do beta 93
19.8. Estimação da Taxa Livre de Risco 96
19.9. Estimação do Prêmio de risco 103
19.10. Estimação do Custo do Patrimônio Líquido 106
19.11. Estimação do Custo da Dívida 106
19.12. Estimação do valor final pelo Fluxo de caixa descontado 108
19.13. Análise de sensibilidade 109
19.14. Fator de utilização 110
19.15. Crack Spread 110
20. Aplicação da Teoria De Opções Reais 111
20.1. Árvore de decisões 111
20.2. Opção de Postergação de Investimentos 111
21. Conclusão 113
22. Referências Bibliográficas 115
23. APÊNDICE A - LIMITAÇÕES E DELIMITAÇÕES 123
24. APÊNDICE B - UNIDADES DE TRATAMENTO POR REFINARIA 125
1. Introdução
1.1. Objetivo
1.1.1. Objetivo geral
O objetivo geral será fazer uma valoração das refinarias da Petrobras usando
diferentes metodologias de valuation, percorrendo pela Teoria de Opções Reais. Para
tanto, será abordados diversos itens, como: o contexto histórico no qual a atividade se
insere; os aspectos macroeconômicos, como PIB e câmbio; os preços - tanto de insumos,
quanto dos combustíveis e subprodutos das refinarias; a atividade intrínseca e seus
requerimentos; os custos logísticos derivados das localizações geográficas; as paradas
temporárias, sejam programadas ou não os produtos substitutos.
1.2. Justificativa
A justificativa para tal estudo se deve pela importância estratégica deste setor para
o desenvolvimento econômico do país, conforme será explorado mais a frente. Sendo
assim, vale ressaltar também que a Petrobras iniciou em 2019 as vendas de suas refinarias,
configurando uma grande mudança no país, uma vez que está atraindo grandes
investimentos em infraestrutura e instaurando um mercado mais competitivo.
1.3. Motivações
1
1.4. Limitações
O presente trabalho não tem a pretensão de ser um estudo finalizado, visto que a
valoração de uma empresa é um ato contínuo, mas pretende-se tratar de alguns dos
aspectos chaves para se estimar o valor do setor. Dessa forma, o trabalho apresenta
diversas limitações a serem tratadas no apêndice A.
2
No Capítulo 4, inicia-se a discussão de como encontrar o valor justo em si das
refinarias, a partir da apresentação de algumas das principais metodologias de valoração de
empresas. Estas, serão utilizadas como referência para o capítulo seguinte. Nele, é
discutido tanto o passo a passo quanto às limitações que permeiam cada teoria.
O Capítulo 5 aborda a aplicação das metodologias descritas anteriormente no caso
específico das refinarias. Algumas variáveis operacionais do setor julgadas relevantes
serão discutidas. Pretende-se entender melhor como essas variáveis moldam as diferentes
características entre cada refinaria atual no país. Serão feitas algumas análises de
sensibilidade da valoração para se entender como cada variável altera o preço justo
encontrado.
O último capítulo, por fim, resumirá os fatos encontrados. Dissertará sobre os
valores e futuros caminhos de pesquisa. Discorrerá também, sobre as limitações
encontradas.
3
2. Petróleo - indústria e contexto histórico
2.1. Definição físico-química
Composto Percentual
Hidrogênio 11-14%
Carbono 83-87%
Enxofre 0,06-8%
Nitrogênio 0,11-1,7%
4
Quadro 2.2 - Composição química do petróleo.
Composto Percentual
Naftênicos 30%
Aromáticos 30%
5
Quadro 2.3 - Impurezas do petróleo e suas consequências.
Compostos Consequências
6
Existem várias classificações possíveis para os diferentes tipos de óleo encontrados
de forma natural. Estas correspondem a certos tipos de produtos finais. THOMAS [1]
subdivide em 6 classificações, no quadro 2.4.
Classificação Produtos
querosene de aviação,
parafínico 75% ou mais de parafinas diesel, lubrificantes e
parafinas
Gasolina e nafta
naftênico >70% naftênicos petroquímica, querosene
de aviação e lubrificantes
>50% de hidrocarbonetos a
aromático-intermediário
aromáticos
Gasolina, solventes e
aromático-naftênico >35% de naftênicos asfalto
141,5
º𝐴𝑃𝐼 = 𝑑15,6/15,6
− 131, 5, (2.1), onde:
temperatura.
7
Quadro 2.5 - Classificação API-Óleo
<15 Asfálticos
15-19 Extra-pesados
19-27 Pesados
27-33 Médios
33-40 Leves
40-45 Extra-leves
>45 Condensados
Fonte: Elaborada pelos autores baseado em dados fornecidos pela API
A indústria do petróleo tem seus primeiros registros no século XIX, e desde então,
vem se aperfeiçoando para ser capaz de extrair petróleo dos mais diferentes lugares e
condições ambientais e transformá-lo em produtos energéticos e suprimentos para cadeia
petroquímica. A cadeia de valor de petróleo pode ser subdividida em três grandes grupos
de atividades, como na Figura 2.1.
8
Figura 2.1 - Cadeia de valor do petróleo
9
Figura 2.2 - Processo upstream
10
Figura 2.4 - Processo downstream
11
Gráfico 2.1 - Consumo mundial de energia por fonte em 2018
Fonte: Elaborado pelos autores com base em informações fornecidas pela IEA
1
[17] A Lei Sherman Antitruste foi promulgada em 1890, porém a Standard Oil só foi obrigada a se
dissolver em 15 de maio de 1911, após grande campanha do então presidente americano Theodore Roosevelt.
12
A expansão internacional, com a entrada de novas áreas de produção no Oriente
Médio, caracterizou a segunda fase da indústria. Formou-se assim o cartel2 das Sete Irmãs3
. A formação das majors com capacidade de fixar preços e a organização de mercados
regionais transformaram a indústria, baseada em empresas integradas verticalmente.
Porém, em 1961, com a criação de um novo cartel, a OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo), a indústria tornou- se mais complexa.
No início dos anos 70, transformações dirigidas por uma série de fatores,
principalmente o estreitamento entre oferta e demanda, transferiram o poder de
precificação para a OPEP. Entre 1970 e 1973, a demanda global de óleo aumentou em
grandes proporções, sendo suprida em sua maior parte pelos países da OPEP, que passou a
assumir um papel unilateral na fixação de preços. O preço de referência internacional para
o petróleo passou a ser o Arab Light, óleo cru de alto teor de enxofre produzido pela
Arábia Saudita [18]. No gráfico 2.2 pode-se ver os preços de referências ao longo do
tempo.
Gráfico 2.2 - Preços de referência reais (claro) e nominais (escuro) de petróleo desde 1861
Fonte: [19]
2
[18] Cartel é o acordo entre empresas para limitar sua produção supervalorizando seus preços e,
consequentemente, seus lucros. Esse acordo é feito por meio de cotas de produção, fixação de preços ou
divisão de mercados ou de regiões.
3
As Sete Irmãs são formadas pelas empresas da indústria do petróleo conhecidas como Exxon,
Mobil, Chevron, Texaco, Gulf Oil, British Petroleum e Royal Dutch Shell
13
O poder da OPEP teve o seu auge no final da década de 70. Devido às altas dos
preços, a exploração e o desenvolvimento em novas regiões foi permitido. A capacidade de
ditar preços foi constantemente questionada através de políticas de países de substituição
do consumo de petróleo nas matrizes energéticas e na tentativa de se ampliar a produção
não-OPEP [20].
Ao longo da década de 80, o processo de “desverticalização” do mercado, com o
surgimento de estatais e intermediários, provocou uma alteração no sistema de fixação de
preços, uma vez que o mercado ganhou uma complexidade maior. Houve também a
consolidação do mercado spot de petróleo, isto é, um mercado mais volátil onde as
transações são realizadas à vista, o que enfraqueceu o poder de fixação de preços da OPEP.
A indústria passou a se guiar pelos preços estabelecidos livremente nos mercados
internacionais de Roterdã, Londres, Nova Iorque e Cingapura. A incerteza do ambiente
econômico da década de 80 suscitou uma demanda de produtos financeiros capazes de
reduzir o impacto da volatilidade de taxas de câmbio, de juros reais e nominais [20].
REGNIER [21] realizou um estudo sobre índices mensais de preços de petróleo e
preços de commodities entre 1945 e 2005. Foi percebida uma mudança nos preços
considerável durante o tempo, onde o petróleo se mostrou, especialmente a partir de 1986,
significantemente mais volátil do que cerca de 93% de outras commodities, apresentando
apenas uma pausa estrutural ocorrida em 1973, durante a crise do petróleo, e em 1981,
como resultado da desregulamentação dos preços. Esta tradicional alta volatilidade do
preço da commodity pode explicar, em parte, o investimento em novas tecnologias para
uso de fontes alternativas.
Segundo BARTOLO [22], o índice de intensidade energética relaciona o consumo
total de energia do país em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) da economia. É uma
medida da eficiência de consumo energético por unidade de produto interno bruto, já que
quanto menor o uso de energia por unidades monetárias, maior será a eficiência da
economia. Pode ser definido como:
𝐶𝐸
𝐼𝐼𝐸 = 𝑃𝐼𝐵
, (2.2), onde:
14
𝑃𝐼𝐵 = Produto interno bruto.
Para SUN [23], a intensidade energética é um dos principais indicadores do nível
de desenvolvimento humano e progresso de um país, pois reflete sua estrutura econômica,
matriz de combustíveis e seu nível tecnológico. Comparando o PIB per capita, aquele
divido pela quantidade de habitantes de um país, com a intensidade energética, SUN [24]
discorreu sobre a teoria do pico da intensidade energética. Esta diz que em um país, a
intensidade energética tende a ter uma trajetória regular, côncava, conforme gráfico 2.3.
15
Gráfico 2.3 - Intensidade Energética (E/PIB per capita)
Fonte: [24]
𝐶𝐸𝑟𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑖𝑠
𝐼𝐼𝐸𝑟𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑖𝑠 = 𝑃𝐼𝐵
, (2.3), onde:
16
A hipótese assumida no estudo foi de que, enquanto o crescimento econômico e o
avanço tecnológico reduzem o consumo de energia fossilizada do país e sua intensidade
energética, também reduzem os custos de geração de energia renovável. Desta forma,
aumentaria-se a implantação das energias renováveis e, portanto, sua participação no mix
energético total e a intensidade energética renovável da economia. A hipótese foi testada
verdadeira para a energia renovável exclusiva de energia hidrelétrica, indicada nos gráficos
2.4. Portanto, sugere-se que enquanto a intensidade energética total em escala global tende
a cair, a intensidade energética de energia renovável tende a subir, também indicado no
gráfico 2.5.
17
Gráfico 2.5 - Consumo de óleo global em relação ao PIB (barris por PIB real),
normalizado para 1 em 1971
Fonte: Elaborado pelos autores com base em informações fornecidas pela IEA
18
posicionamento no longo prazo em energia eólica e solar. Já o petróleo, enfrentou cortes
em investimento por conta da queda substancial do seu preço.
19
Quadro 2.5 - Matriz Energética Nacional (2018)
20
Mesmo com uma taxa de crescimento menor do que as últimas duas décadas, o
consumo do setor de óleo e gás representou 46,9% em 2018, representando uma parcela
significativa da matriz energética nacional. Para os próximos anos, a expectativa é, com os
desinvestimentos feitos, procurar uma maior eficiência no refino, produzindo cerca de 50%
da capacidade total em 2019 (aproximadamente 2 milhões de barris/dia) até o final de
2024. O refino representará nesses próximos anos cerca de 8% dos investimentos previstos
para proporcionar a produção de derivados, que serão melhor definidos no subitem a
seguir.
2.4. Derivados
21
produto substituto, uma vez que a maioria dos veículos automotivos brasileiros são
capazes de utilizar os dois combustíveis.
Dentro da classe dos óleos, estão os óleos lubrificantes, que têm diversos usos,
entre eles, lubrificante de motor e de máquinas. Também existem os óleos combustíveis,
que servem as indústrias para aquecimento de fornos ou caldeiras ou certos tipos de
motores de combustão. Existem também os lubrificantes industriais, utilizados em
máquinas e equipamentos nas grandes indústrias.
Entre outros derivados, estão o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), usado como
combustível doméstico e o querosene, que por sua vez, é um produto intermediário entre a
gasolina e o óleo diesel, utilizado como combustível doméstico de iluminação, de aviação
e também, como produtos de limpeza. Com as temperaturas de ebulição entre as mais altas
de todos os derivados, está o asfalto. É uma substância sólida derivada do processo de
destilação ou evaporação, usado para pavimentação de ruas. E, por último, a nafta, uma
das principais matérias-primas para a indústria petroquímica, sendo componente básico
para a fabricação de produtos plásticos, de borracha, solventes e também combustíveis.
De acordo com os gráficos 2.6 e 2.7, pode-se observar a composição setorial do
consumo de derivados de petróleo. A maior parte do consumo é de óleo diesel, proveniente
do setor de transportes. É utilizado principalmente para o abastecimento de carretas e
caminhões, já que a economia brasileira é pautada no transporte rodoviário e nas
termelétricas a diesel.
22
Gráfico 2.6 - Composição setorial do consumo de derivados de petróleo
Fonte: [29]
23
Gráfico 2.7: Participação do consumo do Diesel no consumo de derivados em 20174
Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados fornecidos pela ANP
Para que se possa obter esses derivados como o diesel e a gasolina o petróleo bruto
deverá ser transformado. O mesmo passa por diferentes tipos de processos de acordo com
o produto que se deseja obter. No capítulo seguinte será apresentado a definição, os
processos e o cenário do refino no Brasil.
4
Inclui produção das refinarias, centrais petroquímicas, UPGNs e outros produtores. Não inclui a
produção da unidade de industrialização do xisto. Não inclui o consumo próprio de derivados nas unidades
produtoras. Não inclui as produções de gás combustível das refinarias.
(1) GLP - Refere-se à mistura propano/butano para usos doméstico e industrial.
(2) Óleo Combustível - Não inclui o óleo combustível produzido para consumo próprio nas
refinarias.
(3) Óleo Combustível - Inclui componentes destinados à produção de óleo combustível
marítimo em alguns terminais aquaviários.
(4) Outros - Inclui gasolina de aviação, querosene iluminante e outros energéticos.
24
3. Refino
3.1. O que é
O refino nada mais é do que uma série de operações para organizar e tratar as
estruturas já presentes no óleo, transformando em produtos para a distribuição ao
consumidor final. Porém, antes de dar início ao refino, o óleo cru precisa passar por um
primeiro tratamento para a remoção de sais e outras partículas em suspensão, através da
dessalinização. Nela, o petróleo é aquecido com água, que posteriormente é separada
através de desemulsificadores5 ou através da aplicação de alto potencial elétrico. Este
processo gera resíduos que vão para estações de tratamento.
O refino é o processo que fará a transformação do petróleo bruto para produtos do
dia a dia, como os derivados vistos no capítulo anterior. Normalmente, a estrutura das
refinarias é definida de acordo com o tipo ou mistura dos derivados que será utilizado.
Essa transformação passa, principalmente, por três grandes etapas: separação, conversão e
tratamento.
A primeira etapa consiste na separação do petróleo em frações básicas, isto é,
grupos com um número menor de compostos orgânicos. É um processo físico,
normalmente baseado em solventes ou alterações de pressão e/ou temperatura. A segunda
etapa é a transformação dessas frações por reações químicas para frações que possuem um
valor agregado maior. E, por último, o tratamento, onde se adequa o petróleo à qualidade
exigida. Assim como a indústria, os processos de refino também evoluíram e se
modernizaram ao longo dos anos. Abaixo, listam-se alguns dos processos existentes.
3.1.1. Separação
5
Desemulsificadores são aqueles que destroem uma emulsão ou impedem que se formem. Emulsão
é uma mistura entre dois líquidos imiscíveis formando uma mistura estável.
25
componentes da mistura. Já a torre de destilação atmosférica produz desde gás até óleo
diesel, no entanto, também produz um resíduo que é reaquecido e mandado para a torre de
vácuo. Esta, por sua vez, obtém os gasóleos leve e pesado, e também, mais resíduo.
Fonte: [32]
Cada tipo de petróleo tem sua própria curva de destilação, o que pode influir
diretamente nos custos de refino. Segundo ROCHA [33], normalmente, quanto maior for o
seu teor de carbono ou peso molecular, maior será a temperatura de ebulição.
É importante ressaltar que a destilação de dois petróleos diferentes, na mesma
refinaria, não mudará as temperaturas de corte de ebulição, mas sim a concentração de
produto em cada faixa [33]. A depender se o óleo é leve ou pesado, as temperaturas de
corte se mantêm, porém o percentual volumétrico extraído será diferente. Desta maneira,
percebe-se que o óleo leve apresenta vantagem para a obtenção de derivados de maior
valor agregado.
26
Através da desasfaltação, que consiste na utilização de um solvente - normalmente
propano a alta pressão, pode-se obter desse resíduo o óleo desasfaltado e o resíduo
asfáltico. Além desses processos, também existe a desaromatização que consiste na
extração dos compostos aromáticos, que possuem mais de um anel benzênico. Outro
processo importante é a desparafinação, que trabalha com os resíduos do processo anterior,
separando a parafina sólida dos óleos. Já a desoleificação é similar à desparafinação,
porém acontece sob condições mais severas. Todos estes processos são realizados através
de solventes e vão produzir diferentes tipos de lubrificantes. A seguir, o processo de
conversão será discutido, este que permitiu, entre outros fatores, a maximização da
produção de óleo diesel.
3.1.2. Conversão
6
[20] O craqueamento térmico surgiu logo após os processos de destilação. Teve importância até o
início dos anos 50, quando garantiu o atendimento da demanda de gasolina com um produto de melhor
qualidade.
27
Quadro 3.2: Cronologia do desenvolvimento tecnológico do refino
Ano Fato
3.1.3. Tratamento
28
Quadro 3.3: Aplicabilidade e volume de investimento por processo de tratamento
Tratamento Bender
Tratamento DEA
Fonte: Elaborada pelos autores [36]
7
Em química orgânica, tiol ou mercaptanos, são compostos organossulfurados que contém um
grupo -SH. Apresentam odor característico que lembra o de alho. Muitas vezes são acrescentados em outros
hidrocarbonetos produtos finais para auxiliar na detecção como prevenção de segurança.
29
O tratamento DEA (dietanolamina) utiliza soluções com etanolaminas que são
capazes de se combinar com o sulfeto de hidrogênio, formando produtos estáveis. Já o
Hidrotratamento é um processo de hidrogenação em condições severas que consegue
aproveitar melhor compostos pesados.
Como pode-se observar, muitos foram os processos criados e os avanços
tecnológicos conquistados ao longo dos anos para se tratar o petróleo bruto e traduzi-los
em produtos finais. O próximo item discorre sobre como essas atividades se
desenvolveram no âmbito nacional e a criação das refinarias brasileiras.
30
Em 1973, ocorreu o primeiro choque do petróleo que afetou a economia brasileira.
A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), detentora de cerca de 30% da
produção mundial, se viu com um grande poder político nas mãos e, para exercer pressão
sobre os Estados Unidos - que apoiou o Israel durante a Guerra de Yom Kippur - e também
proteger seu patrimônio, diminuíram suas produções e supervalorizaram o petróleo. Isso
fez com que houvesse muito mais do que falta de gasolina nos postos, fez com que os
índices de crescimento do Brasil fossem impactados. A balança comercial ficou em
desequilíbrio e deu-se início ao período de hiperinflação que duraria 20 anos, afetando
diferentes setores do governo.
Devido ao aumento das dificuldades, acreditava-se que abrir o país para empresas
estrangeiras aumentaria a independência do país, pois essas trariam investimentos e, por
consequência, fariam com que a produção aumentasse. Assim, foi determinado que a
Petrobras deveria adotar contratos de risco. Frente ao crescimento da Petrobras, as
multinacionais foram um fracasso e, apenas 13 anos depois, os contratos foram proibidos.
Fonte: elaborada pelos autores com base em dados fornecidos pela ANP
31
Observa-se, pelo gráfico acima, que a maior parte das refinarias foram construídas
antes da década de 80, quando a produção por terra ainda era maior do que o petróleo
produzido no mar. Em 1977, iniciou-se a exploração de petróleo na Bacia de Campos que
expandiu a produção. Além disso, essa bacia é um recurso estratégico, onde são realizados
testes de tecnologias de exploração sob águas profundas.
Após quatro décadas, em 1997, foi promulgada a Lei 9.478/97 que extingue o
Departamento Nacional de Combustíveis (DNC) do Ministério de Minas e Energia
(MME), então responsável pela regulação do setor petróleo, e institui-se a Agência
Nacional do Petróleo (ANP) que passa a exercer a regulação do setor. Este marco
flexibiliza o monopólio da União para fins de exploração e produção, transporte, refino e
comércio exterior e define a venda de combustíveis por distribuidoras e postos
revendedores.
Desta maneira, chegou-se ao fim o monopólio da Petrobras. Com a aprovação da
Lei do Petróleo, outras empresas poderiam participar da exploração através de concessões,
autorizações ou contratos. Apesar de tudo a estatal continuou sendo a líder do país. Em
2000, recebeu a concessão do bloco BM-S-10 na Baía de Santos que teria como
consequência indireta a perfuração dos poços do pré-sal.
Seis anos depois, a Petrobras declarou a autossuficiência do país, isto é, capaz de
produzir mais do que é consumido. Apesar de ser uma conquista representativa, a
capacidade de refino ainda não é auto suficiente, fazendo com que ainda sejamos
dependentes da importação. No entanto, a esse ponto, a Petrobras já havia adquirido
grande parte das refinarias e o único movimento significativo foi a troca de ativos com a
Repsol, diminuindo sua participação no refino nacional para 96%.
Apesar de ter apresentado um crescimento surpreendente durante vários anos, em
2014 a Petrobras sofreu uma reviravolta. A operação Lava-Jato revelou um grande
esquema no qual a estatal contratava empreiteiras em licitações fraudadas,
supervalorizando os valores das obras. A operação combinada com a baixa do preço do
petróleo trouxe danos econômicos significativos. Houve corte de 30% dos investimentos
da empresa provocando um efeito cascata em diversos outros setores.
Em suma, a Petrobras foi fundada no dia 3 de outubro de 1953, através da
articulação do então Presidente Getúlio Vargas, com a responsabilidade de estudar, extrair,
refinar e distribuir o petróleo nacional. Nesse contexto, suas primeiras refinarias foram
32
todas doadas pelo CNP, órgão que depois foi incorporado pelo Ministério de Minas e
Energia. Dessa forma, foi-se construindo, como no gráfico 3.2 e figura 3.2, a maior
empresa petrolífera do Brasil.
33
Figura 3.2 - Trajetória da Petrobras
34
Inicialmente, a empresa não possuía capacidade de abraçar a exploração já feita
pelas empresas estrangeiras e a preocupação com o desenvolvimento do setor vinha desde
antes de sua criação. Uma preocupação não só com a tecnologia, mas também com a mão
de obra. Foi criado então, em 1963, o CENPES, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento,
que tinha como objetivo a realização de pesquisas científicas que acabariam por expandir a
produção. A estatal teve várias dificuldades por conta de sua limitação tecnológica, falta de
conhecimento e custos elevados. Para reverter essa situação para um cenário mais otimista,
a estatal investiu em um centro de pesquisa e no intercâmbio de profissionais com
empresas mais experientes.
35
Gráfico 3.3: Produção pré-sal x pós-sal
Fonte: [39]
36
Em 2006, foi anunciado o pré-sal, camada de petróleo localizada em grandes
profundidades sob o oceano e que consiste também em uma boa qualidade de óleo e alto
volume a ser explorado. A importância dos campos novos é demonstrada no gráfico acima,
onde percebe-se a compensação natural na queda dos poços do pós-sal pelo pré-sal. De
início, houve um grande desafio tecnológico relacionado a sua extração, superado
principalmente pela capacitação da empresa. Com todos esses movimentos, a Petrobras se
posicionou como líder na comercialização de derivados de petróleo.
Dentro da lógica da integração vertical, o refino é visto como parte integrante da
cadeia petrolífera, onde nem sempre as empresas integradas buscam uma margem de
retorno específica para este segmento da cadeia. A operação integrada entre downstream e
upstream gera um compromisso de longo prazo entre as unidades de negócio em
detrimento da flexibilidade da refinaria para realizar as compras de óleo cru [41]. Desta
forma, a tendência é que se tenham refinarias desintegradas, com o objetivo de
maximização de valor. No caso da Petrobras, a opção foi concentrar-se nas atividades dos
maiores campos e com principal mercado consumidor e desinvestir das outras. Algumas
das principais refinarias serão discutidas a seguir.
São hoje 17 refinarias distribuídas pelo Brasil, sendo 13 da Petrobras. O Brasil tem
a 8ª maior capacidade de refino no mundo, chegando a cerca de 2 milhões de barris.
Abaixo, pode-se ver sua produção relativa e a capacidade de refino. E no decorrer do
capítulo será apresentado um breve resumo de cada uma delas.
37
Gráfico 3.4: Volume e capacidade por refinaria
38
3.3.1.2. Refinaria Duque de Caxias (REDUC)
39
3.3.1.3. Refinaria Presidente Bernardes (RPBC)
40
Ambas foram adquiridas e rebatizadas pela Petrobras em 1974 e possuem capacidade de
processamento de, respectivamente, 53 mbbl/dia e 46 mbbl/dia.
41
Já a Refinaria Abreu e Lima foi a última a entrar em operação, em 2014.
Construída em Pernambuco é a planta mais moderna da Petrobras, que declarou ser essa a
refinaria com maior nível de automação. Sua capacidade é de 230 mbbl/ dia e seu foco é o
diesel, responsável por 70% da produção. A Petrobras pretende alcançar uma
independência maior quanto às importações do país atendendo as regiões Norte e
Nordeste.
42
4. Teorias de Valuation - Referencial Teórico
4.1. Teoria de Fluxo de Caixa Descontado e suas limitações
43
refinarias no próximo capítulo, começando pela análise de um dos métodos intrínsecos, o
Fluxo de Caixa Descontado.
𝑟 = taxa de desconto.
Outra abordagem seria ajustar o próprio fluxo de caixa pelo risco. Desta forma,
como cada parcela já estaria ajustada pelo seu próprio risco, seria necessário somente
ajustá-la pelo risco livre:
44
𝐸𝐶(𝐶𝐹1) 𝐸𝐶(𝐶𝐹2) 𝐸𝐶(𝐶𝐹3) 𝐸𝐶(𝐶𝐹𝑛)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 = 1 + 2 + 3 +... + 𝑛 (4.3), onde:
(1+𝑟𝑙) (1+𝑟𝑙) (1+𝑟𝑙) (1+𝑟𝑙)
A estimativa dos fluxos de caixa futuros também podem levar em conta ou não as
expectativas de inflação. Para variações nominais, pode-se ter um enfoque no crescimento
operacional e não necessariamente em preços. Neste caso, a taxa de desconto também deve
ser nominal, respeitando-se as implicações da escolha da moeda. No caso dos fluxos de
caixa serem reais, as taxas de desconto devem acompanhar e também serem reais.
atrelada ao patrimônio líquido. Para aqueles mais arriscados, o custo se torna maior, logo é
necessário um retorno maior. Pelo enfoque do fluxo de caixa do acionista, temos:
𝑡=𝑛 𝐹𝐶𝑎
𝑉𝑃𝐿 = ∑ 𝑡 , (4.4)
𝑡=1 (1+𝐾𝑝𝑙)
onde:
VPL = Valor presente líquido;
n = vida útil do ativo;
𝐾𝑝𝑙 = Custo do Patrimônio Líquido;
45
Para empresas que apresentam pagamento de dividendos constante, o modelo de
crescimento de dividendos é mais utilizado. Neste caso, elas já apresentam crescimento
constante. O cálculo do custo médio ponderado de capital é feito da seguinte forma:
𝐷𝑃𝐴1
𝐾𝑝𝑙 = 𝑃0
+ 𝑔, (4.5), onde:
𝐸 = Patrimônio líquido;
𝑘𝑑 = Custo do capital de terceiros;
𝐷 = Dívida total.
46
4.1.4. Custo do Patrimônio Líquido
Tanto para a primeira forma, quanto para a segunda, é necessário encontrar o custo
do patrimônio líquido. Para tal, diversos modelos foram desenvolvidos. Um deles é o
chamado Capital Asset Pricing Model (CAPM). Este modelo de precificação de ativos é
calculado através de uma equação que demonstra a relação entre o valor do dinheiro (taxa
livre de risco), prêmio por risco de mercado, e o nível de risco sistemático. Foi
originalmente proposto por SHARPE [43] e LINTNER [44], seguindo a otimização de
média-variância de MARKOWITZ [45]. A teoria prevê que o retorno esperado de um
ativo acima da taxa de risco livre é proporcional ao risco não diversificado, que é a medida
de covariância do retorno de um ativo com o portfólio composto de todos os ativos
disponíveis no mercado. Sua utilização permite estimar o risco do investimento que é
adicionado a um portfólio de mercado diversificado.
𝐸(𝑅) = 𝑅𝑓 + β(𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓), (4.8)
𝐶𝑜𝑣(𝑟𝑖,𝑟𝑚)
β𝑖 = 2 (4.9), onde:
σ𝑚
47
β𝑗 = Índice beta de cada ativo;
𝑅 = Retorno do ativo;
𝑅i = Parcela esperada do ativo;
𝛽i = Sensibilidade do ativo a um fator macro;
𝐹 = Variação inesperada do fator;
𝜀i = Variação inesperada de um fator micro ou da empresa.
Com cada vez mais dados disponíveis, foi possível refinar o modelo Proxy,
utilizado através de coeficientes de regressão. Neste modelo, por exemplo, pode-se optar
pelo valor de mercado total como uma proxy para o risco, visto que, analisando o mercado
a longo prazo, empresas menores tendem a dar retornos maiores do que empresas maiores,
portanto, tendem a ser mais arriscadas.
É possível utilizar também um modelo compósito, ou seja, um modelo que seja
calculado utilizando proporções de cada um dos modelos anteriores. Porém, observa-se
que há um input comum para todos os modelos anteriores, a taxa livre de risco.
A escolha da taxa de risco passa por alguns critérios. Primeiro, a entidade que
emite o título com o risco associado deve ter o mínimo possível de risco de default. Outro
critério é que não haja risco de reinvestimento. Dependendo do prazo que seja considerado
a taxa, o título pode ser menor, o que implicaria na necessidade de reaplicação ao final do
período com taxas desconhecidas de antemão. O prazo também deve ser considerado, pois
deve ser de acordo com a previsão dos fluxos de caixa. As taxas de risco em diferentes
prazos de tempo tendem a ser bastante diferentes.
Em uma análise inicial, pode-se levantar a ideia que os emissores que apresentam
as menores taxas de risco são os governos. No entanto, é importante ressaltar que nem
48
todos os títulos governamentais são livres de risco. Por exemplo, se a avaliação levar em
conta uma taxa de risco livre em euros, seria possível utilizar os títulos de diversos países,
com taxas variadas. A melhor escolha seria a daquele país com a menor taxa possível.
Para a escolha de uma taxa livre de risco utilizando reais como moeda, é possível
avaliar a utilização da taxa de títulos de 10 anos emitidos pelo Governo Brasileiro. No
entanto, avaliando o rating do país em questão, percebe-se que o mesmo, pelo menos nos
últimos 20 anos, não foi classificado pelas agências de risco com a melhor nota quanto à
possibilidade de default [46]. Neste contexto, uma proxy para se encontrar a taxa livre de
risco em reais, é a utilização da taxa do título governamental descontado de seu risco de
default, traduzido pelas taxas de CDS (Credit Default Swap).
𝑅𝑓 = 𝑇𝑏𝑟 − 𝐶𝐷𝑆𝑏𝑟 (4.11) onde
Os títulos de CDS são instrumentos derivativos criados para prover uma forma de
seguro contra o risco de default de um outro título de dívida. O fluxo funciona como
abaixo, na figura 4.2.
49
O valor presente de todos os prêmios de pagamento do CDS devem ser iguais ao
valor presente esperado para que o valor presente líquido seja igual a zero para ambas as
partes do contrato. Segundo o modelo de HULL [47], o preço do CDS pode ser calculado
da seguinte forma:
𝑇
π = 1 − ∫ 𝑞(𝑡)𝑑𝑡, (4.12), onde:
0
50
pelo comprador. O spread do CDS, s, é o valor de w que faz a expressão abaixo ser igual a
zero:
𝑇
∫[1−𝑅 − 𝐴(𝑡)𝑅]𝑞(𝑡)𝑣(𝑡)𝑑𝑡
𝑠 = 𝑇
0
, (4.17), onde:
∫𝑞(𝑡)[µ(𝑡)+𝑒(𝑡)]𝑑𝑡 + πµ(𝑡)
0
𝑟𝑎 =Aversão ao risco;
51
que podem não se traduzir no futuro, pelo tamanho da amostra, pelas escolhas dos dados, e
também pela forma com que se calcula, como por exemplo a opção entre se utilizar médias
geométricas ou aritméticas. [76]
O cálculo do prêmio de risco com visão futura é feito através de um proxy com o
mercado de títulos de dívida. Analisando um título de dívida, é possível calcular o seu
rendimento até a maturidade através da seguinte equação:
𝑛 𝑉𝐹
𝑌𝑇𝑀 = 𝑃𝐴
− 1(4.19), onde:
1
1− 𝑛
1
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜 = (𝐶 × (1+𝑌𝑇𝑀)
𝑌𝑇𝑀
) + (𝐹𝑉 × 𝑛 )(4.21)
(1+𝑌𝑇𝑀)
𝐶 =Cupom;
FV = Valor nominal.
Desta forma, pode se adaptar para o mercado acionário. A partir da escolha de um
índice, é possível calcular o retorno esperado deste índice, utilizando-se alguns dados
como premissa. O primeiro é o preço do índice em determinado tempo. O fluxo de caixa
pode se dar através de dividendos e de recompra de ações. A partir de projeções, é possível
estimar o crescimento de dividendos e recompras para os próximos anos. Dado o
crescimento e as estimativas de fluxo de caixa, é possível saber a taxa [76]
52
Assume se que todas as empresas em um país são expostas da mesma forma ao
risco do país, assim:
𝐸(𝑟𝑒𝑡𝑢𝑟𝑛) = 𝑟𝑓 + 𝐶𝑅𝑃 + β(𝑀𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒 𝐸𝑅𝑃)(4.23), onde:
Assume que a exposição de uma empresa ao risco do país é similar a sua exposição
a outro risco de mercado:
𝐸(𝑟𝑒𝑡𝑢𝑟𝑛) = 𝑟𝑓 + β(𝑀𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒 𝐸𝑅𝑃 + 𝐶𝑅𝑃)(4.24)
Trata o risco do país como um fator de risco separado e permite às empresas terem
diferentes exposições ao risco do país. Pode-se utilizar, por exemplo, a proporção de
receitas provenientes de vendas não-domésticas:
𝐸(𝑟𝑒𝑡𝑢𝑟𝑛) = 𝑟𝑓 + β(𝑀𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒 𝐸𝑅𝑃) + λ(𝐶𝑅𝑃)(4.25)
4.1.7. Beta
53
É possível calcular o beta para o modelo CAPM através de uma regressão dos
retornos das ações contra o retorno do mercado:
𝐸(𝑅) = 𝑅𝑓 + β(𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓) (4.27)
= 𝑅𝑓(1 − β) + β(𝑅𝑚)(4.28)
𝑅𝑗 =Retorno do ativo;
𝑐𝑜𝑣(𝑟𝑚, 𝑟𝑖)
β = 𝑣𝑎𝑟 (𝑟𝑚)
(4.32)
54
O beta também traduz uma relação com a alavancagem operacional - custos fixos
como percentagem do total de custos, ceteris paribus, - quanto maior a proporção dos
custos fixos, maior o beta da empresa. Empresas com estrutura de custos rígida, por
exemplo, devido a altas necessidades de infraestrutura, devem ter betas maiores que
empresas com custos mais flexíveis. Neste mesmo sentido, empresas menores devem ter
betas maiores que empresas grandes. Do mesmo modo, empresas mais jovens devem ter
betas maiores que empresas mais maduras. [76]
Uma dívida é algo que foge ao planejamento ou está em atraso, fugindo do controle
contábil. Contas a pagar e crédito do fornecedor podem ser consideradas dívidas se os
custos com juros implícitos se tornarem explícitos. Fundos de pensão e obrigações com
planos de saúde se houver requisição legal que cubra o desfinanciamento com pagamentos
fixos no futuro.
Já o custo de dívida é a taxa com que se é possível conseguir financiamento de
longo prazo no momento atual, o que reflete não apenas o risco de default como também a
taxa de juros de mercado. É possível estimar o custo de dívida através dos ratings de
agência. Também é possível criar um rating sintético. Pode ser estimado através de
características financeiras da empresa. Na sua forma simplista, através do índice de
cobertura de juros.
𝐼𝐶𝐽 = 𝐸𝐵𝐼𝑇 / 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠(4.33) onde,
55
Default spread pode ser estimada do rating ou de um título emitido pela empresa
ou do CDS da empresa. Desta maneira, avalia-se que o custo da dívida é impactado pela
taxa livre de risco do país, que dependendo do país pode ser maior ou menor.
Rd = rf + Default spread (4.34), onde:
t = ano do LAJIR;
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑡 = Receita;
56
𝐶𝑑𝑡= Custos da operação de dutos e terminais;
𝑑𝑡= depreciação.
𝑖𝑟 = alíquota de tributação;
t = ano do fluxo de caixa livre.
FC = Fluxo de caixa;
WACC = Custo médio ponderado do capital.
57
E, por último, tem-se o cálculo do valor terminal. Este poderá ser abordado de três
formas: valor de liquidação, abordagem de múltiplos ou modelo de crescimento estável.
Desse modo, o valor presente líquido da perpetuidade é chamado de Valor Terminal ou
Valor Residual. [76]
𝑡=𝑛 𝐹𝐶 (1+𝑔)
𝑉𝑇 = ∑ 𝑔
(4.39), onde:
𝑡=1 (𝑟−𝑔)
58
Fonte: [63]
59
[61] Um múltiplo é consistente quando existe um modelo econômico que explique,
utilizando certas premissas, uma relação proporcional entre valor e direcionador. Por
exemplo, a relação entre dividendos seguintes e crescimento da empresa:
𝑐𝑝 𝐸(𝑑𝑡+1)
𝑣𝑖, 𝑡 = 𝑟−𝑐
= 𝑚 · 𝐸[𝑑𝑡+1](4.40)
1
𝑚 = (𝑟−𝑐)
(4.41) onde,
𝑐𝑝
𝑣𝑖, 𝑡 = valor do capital próprio (patrimônio líquido) da empresa 𝑖no tempo 𝑡;
𝑟 = taxa de desconto;
𝑐 =taxa de crescimento;
𝑚 =múltiplo.
8
dívida líquida da empresa é o valor de mercado de suas dívidas menos caixa e equivalentes mais
ações preferenciais
60
A escolha dos direcionadores deve respeitar a escolha dos numeradores. Se o
numerador levar em conta a dívida líquida, o denominador também deve abordar a mesma
lógica. Segundo SCHREINER [61], o driver de valor pode ser categorizado em (1) fluxo
de competência, (2) valor contábil, (3) fluxo de caixa, (4) relacionado a conhecimento, e
(5) múltiplos de visão futuro. No quadro 4.1, são listados alguns exemplos de
categorização de múltiplos e no quadro 4.2, exemplos de critérios para avaliação desses
direcionadores.
61
Quadro 4.1: Categorização dos múltiplos
Múltiplos tradicionais
P/EBT2
P/L1
P/L2
VA/EBIT1
VA/EBIT2
Fonte: [61]
9
[47] Os múltiplos prospectivos são baseados nas previsões dos analistas de consenso médio para
os próximos dois anos (1 = um ano, 2 = dois anos) fornecidos por I / B / E / S. Os múltiplos mostrados nesta
estrutura de categorização bidimensional são apenas uma seleção do universo de múltiplos possíveis. No
entanto, qualquer múltiplo pode ser classificado dentro desta estrutura
62
P = Preço da ação ou capitalização de mercado (stock) price / market
capitalization;
VA = Valor da empresa;
SA = Receita bruta ou vendas;
LB = Lucro bruto;
LAJIDA = Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização;
EBIT = Lucro antes de juros e impostos;
EBT = Lucro antes de impostos;
L = Lucro ou lucro líquido disponível para acionistas;
TA = Ativos Totais;
IC = Capital investido;
B = book value of common equity;
OCF = Fluxo de Caixa Operacional;
D = Dividendos;
P&D = Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento;
AIA = Amortização de ativos intangíveis;
KC = Custos de Conhecimento = P&D + AIA.
63
Quadro 4.2: Critérios a serem avaliados na escolha dos múltiplos
Políticas de
Análise dos dados para decisão sobre utilização
investimento de
de informações provenientes do fluxo de
capital e pagamento
competências ou fluxo de caixa
de dividendos
Referência de
Análise sobre a utilização de múltiplos históricos
tempo dos Incorporação de
ou múltiplos de previsão (baseados normalmente
direcionadores perspectivas futuras
em previsões de dois anos)
de valor
Fonte: [79]
64
4.2.2. Seleção de grupo de pares
Para a segunda etapa, a seleção de grupo de pares, será necessário definir um grupo
de empresas baseado em certas premissas. Trivialmente, devem atuar no mesmo setor, para
que tenham características operacionais e financeiras semelhantes. Para esta busca,
pode-se estabelecer os concorrentes da empresa analisada ou utilizar alguma classificação
já tradicional da indústria. Ressalta-se que este grupo selecionado deve ter características
mais próximas possíveis da companhia em questão. É discorrido [79] sobre fontes para se
encontrar empresas pares, como os sistemas de categorização de empresas como o da
Bm&F Bovespa, GICS (Global Industry Classification Standard) e o ICB (Industry
Classification Benchmark) do Grupo FTSE, provedor inglês de índices de mercado da
Bolsa de Valores de Londres.
Ressalta-se que o processo de seleção envolve sempre uma análise criteriosa para
excluir particularidades, e no caso da impossibilidade, tentar abranger um grupo maior de
empresas para que estas particularidades sejam minimizadas dentro do conjunto. Para
LUSTOSA [79], o tamanho ideal está entre quatro e oito empresas.
𝑐𝑝
λ𝑝, 𝑡 =múltiplo criado do driver de valor das empresas pares;
𝑐𝑝
Para a estimação de λ𝑝, 𝑡, pode-se impor que:
65
𝑒𝑖,𝑡
𝐸[ 𝑐𝑝 ] = 0(4.44),
𝑝𝑖,𝑡
2. 𝑚𝑖 ≤ 𝑚𝑘 ∧ 𝑚𝑘 ≤ 𝑚𝑖 ⇒ 𝑚𝑖= 𝑚𝑘(4.47)
3. 𝑚𝑖 ≤ 𝑚𝑘 ∧ 𝑚𝑘 ≤ 𝑚𝑗 ⇒ 𝑚𝑖 ≤ 𝑚𝑗 (4.48)
66
𝑚𝑐 = 𝑚 𝑛+1 , 𝑠𝑒 𝑛 = 2𝑘 + 1(4.49)
2
𝑘 ∈ ℤ(4.51)
Já para a média harmônica:
1
𝑚𝑐 = 𝑛 (4.52)
1 1
𝑛
·∑ 𝑚𝑗
𝑗=1
Concluindo com:
𝑚𝑐𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎+𝑚𝑐𝑚é𝑑𝑖𝑎 ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑎
𝑚𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 2
(4.53)
Por fim, tem-se o cálculo do valor da empresa, que poderá ser abordado de duas
formas: para avaliação do patrimônio líquido ou para o valor da mesma. [79]
Para o cálculo do patrimônio líquido a partir de um múltiplo sintético de PL:
𝑚̂𝑐,𝑡 𝑃𝐿 × 𝑥𝑖,𝑡 (4.54), onde:
67
Assim, sugere-se a análise dos indicadores financeiros e vantagens estratégicas que
podem eventualmente explicar oscilações no crescimento, na rentabilidade e no risco das
empresas comparáveis e da empresa-alvo. Por fim, sugere-se a inclusão de um fator de
ajuste, de forma a absorver diferenças da empresa em questão, esse fator deverá estar entre
0,7 e 1,3. [79]
68
𝑉𝑃𝐿𝑒𝑥𝑝𝑎𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑃𝐿𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜(𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜) + 𝑉𝑂𝐹𝐺, (4.56) onde:
VPLexpandido = Valor da soma do VPL estático ao Valor das opções derivadas das
flexibilidades gerenciais;
VPLestático = Valor Presente Líquido, equivalente, ao método tradicional conhecido;
VOFG = Valor das opções derivadas das flexibilidades gerenciais, isto é, prêmio referente
à opção proporcionada pelas flexibilidades gerenciais.
69
Quadro 4.3: Principais características de uma decisão de investimento
Opção de Gestão pode esperar (x anos), para identificar Indústrias de extração de recursos naturais,
adiar se os preços de output justificam a operação desenvolvimento imobiliário, agricultura,
produtos de papel
Opção de Dependendo das condições de mercado, pode Operações de minério, indústrias cíclicas de
alterar escala ser favorável escalar a produção ou até construção, vestuário, bens de consumo
operacional mesmo pausar por certo período de tempo
Opção de Se os preços ou demanda mudarem, a gestão Mudanças de output: qualquer bem procurado
troca (ex. pode mudar o mix de saída. Alternativamente, em pequenos lotes ou sujeito a demanda
inputs e os mesmos outputs podem ser produzidos volátil, por exemplo, eletrônicos de consumo,
outputs) usando diferentes inputs. brinquedos, papel, componentes de máquinas,
automóveis
Mudanças de input:
todas as instalações dependentes de
matéria-prima, por exemplo, petróleo; energia
elétrica, química; troca de cultural;
abastecimento.
Opção de Um investimento em fase inicial (como por Toda indústria estratégica ou baseada em
crescimento exemplo, P&D, arrendamento em terras não infraestrutura. Especialmente tecnologias,
desenvolvidas ou reservas de petróleo, P&D, ou indústrias com múltiplas gerações de
aquisição estratégica, rede de produtos ou aplicativos (como por exemplo,
informações/infraestrutura) é um computadores, farmacêuticos); operações
pré-requisito ou link em uma rede de projetos multinacionais, aquisições estratégicas.
inter-relacionados, abrindo oportunidades de
crescimento futuro (como por exemplo, nova
geração de produto ou processo, reservas de
petróleo, acesso a um novo mercado,
reforçando core capabilities).
Opção de Projetos de vida real normalmente envolvem Projetos de vida real na maioria das indústrias
interações uma coleção de opções, ambas combinadas discutidas acima.
múltiplas com potencial de aumento como proteção. O
valor das opções combinadas podem diferir
da soma dos valores, separados das opções,
por como interagem.
Podem também interagir com opções
financeiras flexíveis.
Fonte: Elaborado pelos autores [64]
70
[63] Dada a hipótese de um investimento específico de valor I e valor presente das
receitas de V, onde I seja igual a V, temos:
𝑉𝑃𝐿 = 𝑉 − 𝐼 = 0, (4.57)
[63] Assumimos então, que V contém incerteza atrelada, via uma decisão gerencial
que pode ser tomada em d dias. Desta forma, pode-se definir que:
[63] Neste caso, pelo método do FCD, VPL pode ser calculado da seguinte forma:
[63] Porém, este resultado pode não ser fidedigno, já que pode ser possível exercer
ou não a opção de investir, dado o valor de V:
𝑂𝑅 = 𝑃1 * 𝑉𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 + 𝑃2 * 0(4.64)
[63] Desta forma, é possível avaliar que o investimento terá valor presente positivo.
A função máx(VPL;0) é uma função estritamente convexa da variável aleatória V. A partir
71
destas análises de algumas das principais teorias de valuation, a aplicação no estudo de
caso das refinarias se torna mais compreensível. Dadas as restrições colocadas no Capítulo
1, o próximo Capítulo utilizará algumas das abordagens anteriores para se verificar o
potencial de geração de caixa das refinarias hoje ativas.
72
5. Estudo de caso - Aplicação de Teorias De Valuation as Refinarias Petrobras
5.1. Aplicação da Teoria De Fluxo de caixa descontado
73
Tabela 5.1 - Composição acionária 2019
Capital Social %
31/12/2019
Ações Ordinárias 7.442.454.142 100%
74
As ações da Petrobras são divididas em ordinárias e preferenciais. As primeiras são
aquelas negociadas na B310 como PETR3. Já as preferenciais são aquelas negociadas como
PETR4. Conforme tabela acima, a União Federal controla 28,7% do capital social da
Petrobras. Outras empresas, como BNDESPar e BNDES são majoritariamente controladas
pela União Federal e também apresentam participação no capital social, totalizando 42,6%.
Porém, devido à diferenciação de classe entre os ativos, a União acaba por ter a maioria do
capital votante da empresa. Abaixo, no gráfico 5.1, é possível observar o prêmio pago
pelas ações que garantem o controle da empresa.
Gráfico 5.1 - Spread preços PN-ON contra média nos últimos 10 anos.
Desta forma, a Petrobras se caracteriza por ser uma sociedade de economia mista,
ou seja, é uma empresa que apresenta uma mescla de capital público e privado. Assim,
podem haver divergências quanto à finalidade da empresa, apresentando riscos para o
10
B3 é a bolsa de valores oficial do Brasil, sediada na cidade de São Paulo.
75
investidor minoritário. Alguns destes riscos serão discutidos a seguir, como também os
riscos micro e macroeconômicos.
11
O “Estado de Bem-estar Social” (do inglês, Welfare State), é uma perspectiva de Estado para o
campo social e econômico, na qual a distribuição de renda para a população, bem como a prestação de
serviços públicos básicos, é vista como uma forma de combate às desigualdades sociais.
12
O princípio de Pareto afirma que, para muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos vêm de
20% das causas.
76
têm poder de mercado. Essa situação está relacionada a taxas de exportação ótimas, a
formação de cartéis entre países exportadores e esquemas de estabilização de preços.
[56] Em um caso de uma grande depreciação da moeda do país produtor
dominante, é possível considerar que os custos não aumentam proporcionalmente. Se
tratando de uma depreciação real, os produtores domésticos da mercadoria têm um
incentivo para expandir mais a produção e exportar. No entanto, a expansão das
exportações deprime o preço mundial.
Abaixo, no gráfico 5.2, é possível observar a relação entre o retorno total das
commodities globais e a relação entre o Dólar e o Real. O índice Refinitiv /
CoreCommodity CRB Index é destinado a prover uma representação fiel de um
investimento diversificado em commodities através de uma metodologia transparente.
77
com produto homogêneo, como é o caso das commodities produzidas pelo setor de refino,
podemos definir a produção total de k empresas, como:
𝑘
𝑄 = ∑ 𝑞𝑖 (5.1), onde:
𝑄 = resultado da produção;
𝑞𝑖 = resultado da produção da empresa 𝑖.
O monopólio natural ocorre quando o custo total de produção de uma única firma é
menor do que a soma dos custos de produção de diversas firmas, dado que a função de
custo seja idêntica, conforme abaixo:
𝐶(𝑄, 𝑤) < 𝐶(𝑞1, 𝑤1) + 𝐶(𝑞2, 𝑤2) + 𝐶(𝑞3, 𝑤3)... + 𝐶(𝑞𝑘, 𝑤𝑘)(5.2), onde:
𝐶𝑖 = 𝐹 + 𝑣𝑞𝑖(5.3), onde:
78
Gráfico 5.3 - Relação preço, demanda e função custo
Fonte: [81]
Fonte: [81]
79
As economias de escala na indústria do refino são predominantemente geométricas.
À medida que a demanda cresceu, o número de refinarias diminuiu devido à expansão de
muitas refinarias. Segundo GIRARD [82] isso acontece por causa da construção dos
tanques, onde seus custos crescem de acordo com a área da superfície enquanto a
capacidade cresce em volume. Conforme o autor, pode-se partir do mesmo pressuposto
para os equipamentos utilizados.
[59] Pode-se categorizar diversos tipos de monopólio baseando-se na dimensão da
barreira de entrada de outros competidores ao negócio. Setores de capital intensivo e com
economias de escala bem definidas, normalmente apresentam uma barreira de entrada
grande. O monopólio natural é apenas um dos diversos tipos de monopólio. Existem
também aqueles que são garantidos por algum terceiro, como o governo, como foi o caso
da Petrobras. Como resultado da alteração de entendimento, seja pelo fator tempo, política
pública, privatização ou apenas para introduzir possivelmente mais eficiência no mercado,
pode-se surgir um processo de desmonopolização.
É importante atentar-se aos riscos de o valor de uma firma explorando um mercado
de "concessão" ser afetado por um evento aleatório de encerramento de contrato através de
desmonopolização. Entende-se também, que no mercado de refino, por ser capital
intensivo, existe um alto risco de concentração privada em certas regiões, causando um
novo tipo de monopólio. Dados todos estes riscos, o próximo subitem busca definir as
principais premissas para a concepção do modelo de valuation proposto: petróleo e
câmbio.
5.1.3. Premissas
5.1.3.1. Petróleo
80
médias trimestrais passadas em Dólar Americano por Barril, conforme o extraído abaixo,
tabela 5.2
5.1.3.2. Câmbio
81
Tabela 5.5 - Taxa de câmbio 2017-2019
Drivers Macro 1Q17 2Q17 3Q17 4Q17 1Q18 2Q18 3Q18 4Q18 1Q19 2Q19 3Q19 4Q19
Tx câmbio final
(BRL/USD) 3,17 3,31 3,17 3,31 3,32 3,86 4,19 3,87 3,90 3,83 4,16 4,03
Tx câmbio médio
(BRL/USD) 3,15 3,22 3,16 3,25 3,24 3,61 3,96 3,81 3,77 3,93 3,97 4,12
82
o seguinte Demonstrativo Consolidado de Resultado da Empresa, em dólares. Este
demonstrativo - quadro 5.1 - engloba todas as áreas de operação da empresa:
Fonte: [40]
83
intersegmentos, não se é possível estimar com precisão, através desta tabela, a divisão por
segmentos na linha de receita.
Tabela 5.2 - Venda de derivados (US$ milhões)
Fonte: [40]
Dada as informações disponíveis, a linha de receita líquida poderia ser estimada a
partir de uma análise entre o volume de vendas de derivados - quadro 5.3 -, e a receita. É
possível estimar desta forma o preço de venda cobrado por cada produto. A Petrobras
também fornece o preço de venda agregado de seus derivados. Desta maneira,
utilizando-se os dados da tabela abaixo e excluindo-se os valores relativos às vendas de
“Álcoois, nitrogenados renováveis, e outros” e gás natural, é possível encontrar uma proxy
para a receita do setor de refino.
84
Quadro 5.3 - Volume de derivados (Mbpd)
Fonte: [40]
A partir dos dados de preços médios ponderados semanais praticados pelos
produtores e importadores de derivados de petróleo disponibilizados pela ANP - quadro
5.4 -, é possível estimar o preço de venda de alguns produtos, como a gasolina, o óleo
diesel, o querosene de aviação e o óleo combustível com recortes a nível de regiões
brasileiras. Visto que a maior parte da venda nacional é realizada pela empresa, é possível
então estimar os preços de vendas destes produtos praticados pela empresa e
consequentemente sua receita trimestral.
85
Quadro 5.4 - Preços médios ponderados semanais praticados pelos produtores e
importadores de derivados
Centro-
Início Fim Norte Nordeste Oeste Sul Sudeste Brasil
Asfalto Diluído de
Petróleo de Cura
Média 30 (R$/kg) 02/12/19 08/12/19 4,002 4,012 *** 3,997 3,986 4,001
Cimento Asfáltico de
Petróleo 30 45
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 *** *** *** *** 2,514 2,514
Cimento Asfáltico de
Petróleo 50 70
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 2,387 2,398 *** 2,636 2,547 2,531
Gás Liquefeito de
Petróleo - GLP (R$/kg) 02/12/19 08/12/19 2,176 2,210 *** 2,226 2,194 2,201
Gás Liquefeito de
Petróleo - GLP (R$/kg) 02/12/19 08/12/19 2,166 2,211 *** 2,223 2,194 2,201
Gás Liquefeito de
Petróleo - GLP (R$/kg) 02/12/19 08/12/19 2,168 2,211 *** 2,223 2,194 2,201
Gasolina A Comum
(R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,706 2,740 2,942 2,789 2,873 2,825
Gasolina A Premium
(R$/litro) 02/12/19 08/12/19 *** *** *** 3,790 *** 3,790
Nafta Petroquímica 2,40
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 *** 2,393 *** *** 2,404 0
Óleo Combustível A1
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 1,977 2,196 *** 2,216 2,357 2,110
Óleo Combustível B1
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 *** *** *** 2,090 *** 2,090
Óleo Combustível B2
(R$/kg) 02/12/19 08/12/19 *** 1,904 *** *** *** 1,904
Óleo Diesel Marítimo
DMA-MGO (R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,379 2,565 *** 2,632 2,670 2,588
Óleo Diesel S-10
(R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,559 2,523 2,728 2,602 2,667 2,612
Óleo Diesel S-500
(R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,500 2,515 2,706 2,556 2,626 2,581
Óleo Diesel¹ (R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,526 2,519 2,713 2,572 2,646 2,595
Querosene de Aviação
- QAV (R$/litro) 02/12/19 08/12/19 2,258 2,244 *** 2,351 2,295 2,289
Fonte:ANP
86
Na visão do resultado consolidado por área de negócio, é possível avaliar as fatias
de vendas provenientes por área de negócios, separadas em vendas para terceiros ou
vendas entre as próprias áreas da empresa (intersegmentos). O segmento de refino - quadro
5.5 - apresentou vendas na ordem de 58 bilhões de dólares para terceiros em 2019, o que
envolve a venda de derivados para outras distribuidoras do mercado. Desta maneira,
quando disponível, o modelo se baseará com os dados definidos pela Área de Refino da
Petrobras. Quando indisponível, será levado em conta um estimador, que será definido
caso a caso.
87
Quadro 5.5 - Vendas por área de negócios
Fonte: [40]
88
Quadro 5.6 - Custo dos produtos e serviços vendidos
Fonte: [40]
A soma do custo do produto vendido com a receita líquida nos informa o lucro
bruto. São, então, deduzidas as despesas de vendas, gerais e administrativas, os custos
exploratórios para extração de petróleo e gás (referente a área de exploração e produção),
custos com pesquisa e desenvolvimento tecnológico, tributárias, impairments, e outras
receitas e despesas operacionais líquidas - Quadros 5.7, 5.8 e 5.9. Em relação aos custos
com pesquisa e desenvolvimento tecnológico, percebe-se que por ser uma atividade já
consolidada e tradicional, não há muita necessidade de pesquisas para inovação.
Fonte: [40]
89
Quadro 5.8 - Despesas de Gerais e Administrativas
Fonte: [40]
\
Quadro 5.9 - Outras receitas (despesas) operacionais líquidas
Fonte: [40]
90
Tabela 5.7 - Projeção lucro bruto caixa
1Q19 2Q19 3Q19 4Q19 1Q20 2Q20 3Q20 4Q20
Lucro bruto caixa
(estimado) 2.020 1.944 2.166 1.432
(-) Despesas (1.168) (1.764) (1.588) (2.314) (1.079) (1.204) (1.280) (1.284)
(-) Depreciação e
Amortização (624) (599) (644) (591) (355) (358) (379) (358)
A estimativa do lucro bruto caixa - Tabela 5.7 - foi realizada através da análise da
capacidade de produção nominal por dia do total de refinarias, ajustada pelo fator de
utilização, multiplicada pela estimativa do lucro bruto caixa por barril de produção. Por
haver sazonalidade na venda de derivados, a estimativa foi feita pelo ajuste dos fatores de
utilização ano anterior multiplicados pelo fator conservador de crescimento do PIB
brasileiro (taxa estimada constante de 2,3%) - Tabela 5.8.
O lucro bruto caixa em dólares por barril foi estimado através de uma média
ponderada entre importações e exportações. Hoje, a medida mais comum para a medição
da capacidade são barris/dia ou barrel/day, que corresponde aproximadamente a 158 litros.
91
𝑃𝑒= Preço de realização no mercado externo;
𝐶= Custo de Refino;
𝐶𝐷= Custo do Petróleo Doméstico;
Taxa de utilização (%) 75% 76% 80% 76% 77% 78% 82% 78%
Produção nas
Refinarias (kbd) 1.632 1.654 1.741 1.654 1.670 1.692 1.781 1.692
Óleo doméstico (%) 92% 89% 90% 92% 92% 89% 90% 92%
Preço de realização
doméstica ($/boe) 73,7 78,4 73,0 74,8 74,9 79,8 73,6 74,1
Crack Spread
Doméstico ($/boe) 9,9 10,0 10,9 12,4 10,8 11,0 11,3 11,4
92
Desta maneira, da mesma forma que foi calculado o Crack Spread para o mercado
doméstico, ao subtrair o preço de realização da cotação do Brent, é possível estimar o
spread de exportação. Portanto, o preço de realização no mercado externo estimado foi
calculado a partir do Crack Spread de exportação estimado a partir de uma média móvel
de 4 trimestres e somado ao valor do Brent estimado.
Em relação aos custos de refino histórico foi fornecido pela própria companhia e
reajustado para período futuros através da variação do câmbio. O custo do petróleo
doméstico histórico foi calculado como uma média em relação a dois períodos do preço de
realização do petróleo bruto produzido pela Petrobras e informado pela mesma. O custo do
petróleo importado histórico foi calculado da mesma forma, porém com relação a cotação
do Brent.
Com o valor do lucro bruto caixa estimado, foram-se calculadas as estimativas para
despesas e depreciações e amortizações. As despesas foram estimadas como uma
proporção entre as despesas em dólar por barril e a produção diária das refinarias. As
despesas em dólar por barril histórico foram calculadas como uma diferença entre o lucro
bruto caixa e o EBITDA. As estimativas das despesas foram realizadas a partir da média
móvel de 4 trimestres ajustadas pela variação do IPCA estimada também a partir da média
móvel em relação ao indicador. A depreciação foi estimada com relação ao custo de refino
estimado e taxa de produção estimada do parque de refino.
Desta forma, foi possível encontrar o EBIT estimado para os anos de 2020 até 2025
(perpetuidade). Levando-se em consideração a capacidade instalada de cada refinaria,
chega-se aos seguintes dados, na tabela 5.10.
93
Tabela 5.10 - EBIT 2020-2025
2025 -
Perpetuid
2020 2021 2022 2023 2024 ade
EBIT 4.556 20.394 21.645 22.959 24.404 25.783
REFAP 776 3.472 3.685 3.909 4.155 4.390
RELAM 589 2.635 2.797 2.967 3.154 3.332
REPAR 447 2.000 2.122 2.251 2.393 2.528
RNEST 471 2.108 2.238 2.373 2.523 2.665
REGAP 376 1.682 1.785 1.893 2.012 2.126
REMAN 389 1.740 1.847 1.959 2.082 2.200
SIX 318 1.422 1.510 1.601 1.702 1.798
LUBNOR 293 1.313 1.394 1.479 1.572 1.661
REPLAN 86 385 408 433 461 487
REDUC 99 443 471 499 531 561
REVAP 15 67 71 75 80 85
RPBC 10 47 50 53 56 59
RECAP 71 318 337 358 380 402
IPIRANGA 138 619 657 697 741 783
RPCC 292 1.305 1.385 1.469 1.562 1.650
COMPERJ - - - - - -
PASADENA 187 837 888 942 1.001 1.058
Fonte: Elaborado pelos autores
94
em geral. Foram realizadas diversas estimativas em busca do valor que melhor se
aproximasse do conceito da constante.
Primeiro, foi calculado os log-retornos das ações da Petrobras e Ibovespa, em
valores nominais, utilizando-as como variável dependente e independente,
respectivamente. Através da fórmula citada no capítulo 4, foi calculado o β para cada dia,
utilizando-se os valores dos pregões (até o fechamento, ex-after-market) dos últimos 5
anos como referência (30 de dezembro de 2019 até 06 de março de 2015). Para refinar o
valor, foi também calculado o β através da média ponderada entre os ativos e o número de
ações com base na composição acionária da companhia contra o Ibovespa. Alguns valores
relevantes são mostrados no quadro 5.10 abaixo.
Medida Valor
Média 1,569
95
Gráfico 5.5: Estimativa diária βpara 5 anos entre 2015-2019
96
Através do quadro 5.11, é possível avaliar alguns resultados importantes com
relação a regressão realizada.
Para a estimação da taxa livre de risco, um dos critérios utilizados é que a entidade
que emita o título tenha o menor risco de default associado. Dentro deste quesito, optou-se
97
por utilizar as taxas emitidas por títulos do governo brasileiro. Existem dois conceitos
utilizados para se analisar o perfil da dívida brasileira, a Dívida Líquida do Setor Público
(DLSP) e a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG).
As estatísticas referentes à primeira foram computadas desde os anos 80, enquanto
a DBGG começou a ganhar relevância apenas no final dos anos 90. Devido a mecanismos
de endividamento que não eram corretamente traduzidos pela DLSP utilizados com mais
intensidade pelos governos recentes (2010 em diante), a DBGG passou a ser o conceito
mais utilizado. [70].
Atualmente, a DLSP é calculada a partir dos dados do governo federal (União e
INSS), governos regionais, empresas estatais não dependentes e não financeiras (exclusive
Petrobras e Grupo Eletrobrás) e Banco Central. A DBGG engloba os governos federal,
estadual e municipal, sem estatais e sem Banco Central e também não desconta os ativos
dos governos. À DLSP há essa dedução, inclusive as reservas internacionais geridas pelo
Banco Central e os créditos do Tesouro Nacional junto ao BNDES. Portanto, também há
um impacto cambial na diferença entre os dois conceitos. O quadro 5.12 apresenta um
perfil da DBGG no segundo mês de 2018.
98
Quadro 5.12: Componentes da Dívida Pública do Governo Central (Fev/18)
99
Gráfico 5.7: Indicadores e componentes de Dívida Pública (%PIB)
Fonte: [71]
100
Seguindo a análise, antes de encontrar a taxa que será utilizada como referência
para a taxa livre de risco, é necessário entender que, como o valuation envolve previsões
futuras, não se pode trabalhar com o estoque da dívida (dívidas contraídas em datas
passadas), e sim com os custos de emissão dos títulos de duração relevante.
Fonte: [71]
Para o cálculo da taxa livre de risco, será utilizado o componente de maior liquidez
da dívida pública brasileira. Na tabela 5.11, é possível perceber que a LFT (Letra
Financeira do Tesouro) é o título com maior percentual dentro do estoque da DPMFi.
101
Tabela 5.11: Custo Médio x Custo Emissão (%)
13
Valores da DPFe convertidos de todas as moedas US$ e, posteriormente, de US$ para R$ com a
cotação do último mês
102
utilizar a Taxa DI futura a mercado referente ao último dia do ano de 2019. O horizonte
definido para a avaliação da empresa foi de 5 anos - indicado no gráfico 5.9.
103
5.1.6. Estimação do Prêmio de risco
𝑃𝑐+(𝑆×𝑍)−𝐷−𝐽−𝑅𝑒𝑛𝑑−𝑉𝑒𝑡
𝑃𝑒𝑥 = 1+𝐵+𝑆
(5.10), onde:
104
𝑉𝑒𝑡 = valor econômico teórico resultante do recebimento de provento em outro
tipo/ativo;
𝐵 = percentual de bonificação (ou desdobramento), em número-índice.
𝑛
∑ (𝑃𝑖𝑡×𝑄𝑖𝑡)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑎𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒(𝑡) = 𝑅𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟
= 𝑖=1
α
(5.11), onde:
105
𝑷𝒊𝒕 = último preço do ativo i no instante t;
𝑸𝒊𝒕 = quantidade do ativo i na carteira teórica no instante t;
α= redutor utilizado para adequar o valor total da carteira ao valor de divulgação
do índice.
Desta forma, a percepção de mercado para o prêmio de risco no final de 2019 pode
ser calculada resolvendo-se a equação abaixo:
𝑟 = 8, 7%.
Com este dado e com a taxa livre de risco calculada anteriormente, será possível
realizar a estimação do custo do Patrimônio Líquido, conforme o próximo subitem
106
5.1.7. Estimação do Custo do Patrimônio Líquido
O custo do patrimônio líquido foi calculado pela equação 4.9 descrita no item
4.1.4, utilizando os dados dos itens anteriores.
O custo do patrimônio líquido obtido foi igual a 10,81%, na tabela 5.13. O próximo
item tratará da estimação do custo da dívida, outro fator importante para se determinar a
taxa de desconto.
107
Tabela 5.14: Títulos de dívida Petrobras
até 1 1a2 2a3 3a4 3a4 5 anos em Valor
Vencimento em ano anos anos anos anos diante Total justo
Financiamentos em
Dólares (US$): 14.155 12.721 11.195 23.549 26.234 106.710 194.564 230.114
Indexados a taxas
flutuantes 11.065 6.975 8.684 17.953 20.060 15.508 80.245
Indexados a taxas
fixas 3.090 5.746 2.511 5.596 6.174 91.202 114.319
Tx média dos financ. 5,30% 5,40% 5,50% 5,50% 5,60% 6,60% 6,20%
Financiamentos em
Reais (R$) 3.109 2.463 6.144 7.188 8.122 15.317 42.343 51.522
Indexados a taxas
flutuantes 1.364 1.510 4.882 6.333 6.280 6.751 27.120
Indexados a taxas
fixas 1.745 953 1.262 855 1.842 8.566 15.223
Tx média dos financ. 3,80% 4,20% 4,50% 4,30% 3,80% 2,80% 3,70%
Financiamentos em
Euro (Eur) 553 818 1.565 1.655 54 5.682 10.327 13.777
Indexados a taxas
fixas 553 818 1.565 1.655 54 5.682 10.327
Tx média dos financ. 4,70% 4,70% 4,80% 4,60% 4,60% 4,60% 4,70%
Financiamentos em
Libras 192 7.552 7.744 9.627
Indexados a taxas
fixas 192 7.552 7.744
Tx média dos financ. 5,10% 5,20% 5,30% 5,30% 5,30% 6,30% 5,90%
Total em 31 de
dezembro 2018 14.207 15.193 27.170 39.978 46.305 183.308 326.161 332.956
Tx média dos financ. 5,50% 5,90% 5,90% 5,80% 5,80% 6,40% 6,10%
108
Através da tabela acima, é possível perceber que a dívida total da Petrobras em
2019 era igual a 254 bilhões de reais. Uma fatia de 53% deste valor corresponde a dívidas
de longo prazo, com 5 anos ou mais de vencimento para frente. A taxa média informada
pela empresa para estas dívidas é de 6,3%. Esta foi a taxa utilizada como custo médio da
dívida da empresa. Com esta taxa e com o custo do Patrimônio Líquido calculado, se é
possível determinar a taxa de desconto e a estimação do valor final pelo Fluxo de caixa
descontado, conforme o próximo subitem.
109
Tabela 5.15: CAPEX e Fluxo de Caixa
2020 2021 2022 2023 2024 2025
(-) Capex (6.410) (6.538) (6.669) (6.803) (6.939) (7.077)
REFAP (1.091) (1.113) (1.135) (1.158) (1.181) (1.205)
RELAM (828) (845) (862) (879) (897) (915)
REPAR (629) (641) (654) (667) (680) (694)
REGAP (529) (539) (550) (561) (572) (584)
REMAN (547) (558) (569) (580) (592) (604)
SIX (447) (456) (465) (474) (484) (494)
REPLAN (121) (123) (126) (128) (131) (134)
REDUC (139) (142) (145) (148) (151) (154)
REVAP (21) (21) (22) (22) (23) (23)
RPBC (15) (15) (15) (16) (16) (16)
RECAP (100) (102) (104) (106) (108) (110)
IPIRANGA (195) (198) (202) (207) (211) (215)
RPCC (410) (418) (427) (435) (444) (453)
COMPERJ - - - - - -
PASADENA (263) (268) (274) (279) (285) (290)
Fluxo de Caixa 2.800 13.257 14.079 14.943 15.893 16.799
Fator de desconto 1,00 0,93 0,87 0,81 0,75 0,70
Fluxo de Caixa descontado 2.800 12.334 12.187 12.033 11.907 36.268
VP no ano 87.528 84.728 72.395 60.208 48.175 36.268
Valor Presente (USD bi) 21,5
R$/ação 6,71
Fonte: Elaborada pelos autores
110
5.1.10. Análise de sensibilidade
5.1.10.1. Fator de utilização
Tabela 5.16: Impacto do fator de utilização no valuation de acordo com a taxa de câmbio
Outro fator sensibilizado foi o crack spread, como mostrado na tabela 5.17.
Tabela 5.17: Impacto do fator de utilização no valuation de acordo com a taxa de câmbio
Crack spread 8 10 12 14
/ US$
111
Tabela 5.18: Cálculo do valor esperado
Dólar 3 4 5
Desta forma, o valor esperado será de R$ 91,02 bilhões, uma vez que corresponde a
20% * 64,7 + 50% * 88,6 + 30% * 112,6. Com estas informações será possível sofisticar
um modelo simplificado de aplicação da Teoria de Opções Reais no próximo item.
112
papel de vendedor, quanto para o seu par, o comprador. A árvore binomial se encontra na
tabela 5.19.
179
141 132
111 104
88 82 76
64 60
47 44
35
26
Para cada cenário projetado, pode-se avaliar qual a melhor decisão, investir ou não
investir. A primeira opção se traduz em um Valor Presente Líquido positivo, enquanto o
segundo terá um Valor Presente Líquido nulo. Após a escolha da melhor decisão, o Valor
Presente Líquido será descontado até a data presente. No cenário abaixo, a cada dois anos,
há a opção de se investir, ou postergar o investimento para o ano seguinte. A cada ano, os
valores de fluxo de caixa foram ajustados com base em uma sensibilidade de variação da
cotação do dólar, utilizando-se uma probabilidade de 60% para o cenário otimista e 40%
para o cenário pessimista - Figura 5.2.
113
Gráfico 5.2: Árvore de decisões (valor futuro)
114
6. Conclusão
115
governamental, vale salientar que esta depreciação pode compensar o relativo uso social da
empresa para, por exemplo, controle de inflação.
Com relação ao prosseguimento do estudo, a análise detalhada das particularidades
de cada refinaria, principalmente em relação às bonificações e prejuízos com relação às
diferentes localizações, pode-se tornar um bom ponto de partida para próximas pesquisas.
Sabendo que cada poço de petróleo contém um tipo de petróleo diferente e com certo
desconto ou prêmio em relação ao preço internacional, é possível estimar o histórico do
spread dos preços dos insumos de cada refinaria em relação ao benchmark internacional.
Em geral, o petróleo explorado na costa brasileira tem um baixo grau API, ou seja,
é muito denso e viscoso, e nossas refinarias, planejadas em função de um óleo mais leve,
têm dificuldades de processar este óleo bruto. O processamento é realizado normalmente
através de um blending com óleos nacionais e importados, objetivando a produção máxima
de derivados de maior valor de mercado.
Em relação ao contexto global, a capacidade de refino do mundo vem aumentando
enquanto o número de refinarias diminui cada vez mais. Esse processo aconteceu não só
pelas novas tecnologias que introduziram métodos mais eficiente de refino, mas também à
expansão das refinarias existentes.
Por fim, este presente trabalho tem o intuito de contribuir dissertando de forma
didática sobre os aspectos relevantes para se valorar o setor de refino. Pretende-se ser um
guia que discute conceitos simples e os aprofunde até onde seja necessário, para que seja
passível de entendimento de forma clara e permita a construção de um modelo de
valoração.
7.
116
8. Referências Bibliográficas
[1] THOMAS, J. E., 2001, Fundamento de engenharia de petróleo. 2ª ed. Rio de Janeiro
Interciência. - pp. 11-15.
[2] CORRÊA, J.S., Parque Industrial de Refino no Brasil - Características Atuais e
Perspectivas Futuras. Dissertação de M.Sc., UFRJ, Escola de Química, Rio de Janeiro RJ
Brasil, 2009. - pp. 25-27
[3] VALLE, M., 2007, Produtos do setor de combustíveis e de lubrificantes. Rio de
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APÊNDICE A - LIMITAÇÕES E DELIMITAÇÕES
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APÊNDICE B - UNIDADES DE TRATAMENTO POR REFINARIA
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Unidades de Tratamento REDUC
Destilação Atmosférica e a Vácuo para Lubrificantes Unidade de Metil Tércio Butil Éter (MTBE)
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