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CINEMA E ENSINO DE HISTORIA; a Guerra de Canudos na sala de aula Jairo Carvalho do Nascimento A Guerra de Canados ¢ um tema consagrado pela histrio- arafia brasileira e pelo mundo das artes, epsdio que teve a Bahia como seu paleo histrco, E um capitulo da histria do Brasil amplamente pesquisado pelos historadores,narrado pelo cinema pelateratura, dente outos campos da curs. Nos livros diditicos, por seu préprio carter simpliicad, de modo geral, esse tema aparece de forma bem resumida no item da Repablea Valha. Os destaques para 0 period, que vai de 1889 a 1930, sio a politiea do “café com lite" eo coronelismo. A Guerra de Canudos é um acontecimento solto na estruturanarrativa do periodo, sem ‘0 destague que o asunto merece. [Na Educagio Bisica, tanto do Fundamental quanto ‘no Ensino Médio, e particularmente no Estado da Bahia, ‘onde © assunto deveria ser mais divulgado e pesquisado nas escola, os profesores nio dio a devia importincia 10 ‘stud desse tema, fundamental para entender, por exemplo, ‘© contexto politico baiano do periodo, ARTE Ein dete ngage epi | 171 ‘Atwando no ensino superior, em disciplnas da ea de ensino de Histéria, desde 2003, a partir de observages de aulas dos professoresregentese alunos-estagiries, nas «scolas de Itabuna, lhéus e Catt, constatamos que o tema trabalhado quase sempre deforma extremamente esumida « com © apoio de filmes, especialmente Pad e guerra no sertdo de Camudos (1993), de Antonio Olavo, ¢ Guerra de ‘Canudos (1987), de Sérgio Rezende, © objetivo principal deste ensaio é discutir a incorporagio do cinema em sala de aula, apontando algumas orlentagbestedicas e metodoldgicas de como usar adequadamente filmes na priticecotidiana dos profesores de Histéria da educagio bsica, Para atingir tal fim, Aelimitamos nosso objeto de interesse ao tema da Guerra de Canudos, em virtude de o assunto ter uma insergdo signifcaiva na producio cinematogeitiea brasileira © por ser um episédio importante no campo da histria da Bahia «,sobretudo, do Brasil Este ensalo esti dvidi em rs partes. Inicalments, abordaremos, sucintamente, algumas das principais consideragbes historiogrificas recentes acerca da Guerra de Canudbos. Na segunda part, analisaremos o contexto de produgio dos flmes, conluindo-a com uma breve critica ddessas obras. E por ikimo, trataremos da utilacie de filmes em sala desu, fede e dacumentrio sobre a Guerra «de Camudosaimportincia do uso de documento histico e seu valor para a mudanca e renovaclo da pritica docente, apontando algumas orientagbes. tebrco-metodolégicas de como utilizar esses recursos de forma coerente © contextualizada Historia e historiografia de Canudos ‘AGuerra de Canudos ium acontecimento marcante a histria brasileira. Foram quatro expedigies militares contra a comunidade de Canwdos, em um periodo de quase ‘um ano, de 21 de novembro de 1896 a 5 outubro de 1897, ‘quando cidade fo totalmente destruida pela dinamiteepelo ‘ogo. Praticamente todo. contingente do Exército brasileiro seenvolveucomaguerra, mais de 10,000 soldadas ecentenas de altos oficial, entre eles tds generis ¢ um Ministro da Guerra (Marechal Carlos Machado Bittencourt) © conflita armado dizimou milhares de pessoas, pobres sertanejos «que defendjam seus lares, suas rogas, sua cidade, com forte orpanizacio comunitiria; €soldados ¢ oii do Exército brasileiro, cegospela idea de civilizaieprogresso, lutavarn contra o que eles acreditavam serum reduto de faniticas, de monarguistas, um lgaratrasado, Antonio Conselheiro (1830-1897), lider religioso daquela comunidade, natural de Quixeramobim (CE), Peregrinou pelo sertio nordestine, reormando € gua mar foe que wl! fa rem of Thema poplar gues toro fl a Iepitraemutar vere nem seers ‘Gorm A stra de Cando psd Se hoc em bocs plo ord, pelos depots ue tandem par pt ear par tho Enero eats Anno Olavo fotdgafoe documentarista, nase n0 nunicipio de Jequi, Babi, em 1955. Fgraduado1em Geologia fla Universidade Federal da Bahia, Comegou sua carrera roisionel como fotograo, trabalhando para o Instituto do Patrimdnio Artistico e Cultural do Estado da Bahia” Paixio e guerra no sertio de Canudos, insprado 1 partir das experiéncias do diretor como fotdgrato de ‘movimentos populares na regio de Canudos na década e 1980, de que result 0 livo Memériasfoogniica de Ganudos (1989), flo primcio filme realizado por AntOnio Olawo? Antes desta producto, havia trabalhado como segundo assstente de dresSo nos filmes Dona Flore seus dois marks (1976), de Bruno Barreto, ¢ Os pastores da noite (1977), de Mareel Camus” Para realizar Pox e guerra no serio de Canudes, Antinio Olavo contow com © apoio de 33 institaigbes piblicas e privadas, entre els 0 Ministrio da Cultura ‘4 Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Eatre a aboragdo do projeto eo lansamento do filme, foram trés anos de trabalho, ao custo total de 100 mil dares. equipe do filme percorreu 7.000 Kr, entre os Estados do Cears Paixdo e guerra no sertao de Canudos Paixto ¢ guerra no sertbo de Camudos & 0 documentirio produzido sobre a Guerra de Canudos srande “ensaio audiovisual, uma obra de sinteseO fle ‘depoimentos de nomes importantes da hstoriograia, diversos temas aspectos da hisériae, sobretudo, evel ‘meméria popular que narra saga de Antnio Conselheeo ‘guerra a partir das reminiscéncas de filhos de sobreviven CGOLIOPLETE, Anne: VANOYE, France Baise a andise Fm 6-0 Campinas SP Papas 2009, 58 Frrevsta com Anis Ole a rod do vide Pai eguera avert de CanadenO Ol Hr, Saad 23.8 1e-164 der 1956 152 7 DANTAS Rabero; NETO, Manel. Os neta de Canad daca contemporine Hite Orla). Saar une, 201 p18 1 OLAVO, Ambnin. Memérit ori de Canada, Sadar: END, 98 4 DANTAS, NETO,op p14 10 CF neva com Anti Ol. 0 Oth de ita, op. 11 CANUDOS nos Estados Unido Corsi dl aa Sadr 19 12 VIDEO ws motrar aor faced Gera de Cans. Tard Safad 3 mai 1984 TEE dean pepe ti | 207 13 DANTAS.NETO.op ct, p61 1 Seeds, ver os egies abo: CALASANS, fad anos rge deervlvento de nara monn i SIMPOSIO NACIONAL DOS PROFESSORES UNIVERSTARS DEISTORIA,7, 1973, Bl Havionte Anat. So ase FFLCHIUSE, 1974 1p. 464770 VILLA, Marco Anti il ‘Camo o pow dtr. 2 oP: Aen 99P 15 Ver FOUCAULT Mil oro do discard Sto Pal: alge Loo, 2008, 16 A Universe do Estado da Bahia é tance urd da ‘memati de Canad no Bran las dstcn poe ona cm grandes rojo Cento de Eton Ear ‘Cunha (CFEC, argu aca de Canon prj Camino do Series de Caan Manoel Nets, Reber Bats, ‘Sing Gera ose Caros da Carta Pero cat Poo Nee sete cts soos pegs que et ren das py stds da UNED nas aoe de pesca da memos de, Condon 17 REZENDE, Nie. Gur de Camaro fine. So Pa: Ba SENAG 1997p 28 1 NAGIB Liki cinema da toma depsimeto de 50 ‘inst ds ans 30 So Pan 4, 02 p80 381, Oskas 19 nesta com Si Resende: fllnaer de Canon 0 Oi, Hist, Sado 238.3 p65 172 dt 198 P., 230 Fo: Held ANCINE. Osservatorio Cig § do Audovsial. Dispniel em wo ancne ga foes ‘Aceon 22 mio 2010, ar runes nes ‘sm arden hrc, amar no sezwam aqua Imi espectadors Alga exemplar (1098) se To ‘As com IL 817 mil Coro «Lad (196) le Reset {aso 13.525; Has Sidon (200), te Abo Pea, 1m 46.646 mi Enue $0 150 mil specadores opens dan ime: Demand (013), de lan Feaacom 94S sd Sabina, de Fabs Ba com 146.082 21 REZENDE, op ct. 16. 22 Ger de Cano ed 8000 guanie. Fehe dP, So Plan 196 tad p. 2 REZENDE op tp 12, 2 Covel da Bala, Saad Oa 1996p. 5, 2 hora on Caen (1915201 fi ds mines esusadres da ists Canon a ngs de ane cco ieee doo pon te incprou nos fies ena aordages econo Nick Sito (UFRA) um das peincpasacron bre shits eCards Sabre ‘vic oa vr NASCIMENTO, fo Carvalho da Calas Canad uh ronda Sar FOUTS, 208 28 NAGI, tp 3 2 HERMANN, Jacqueline. Iagens de Cant In: FERREIRA, Jorge SOARES, Marzade Caran 4 hist vo cinemr ‘ine mes bases comentador or hieradres 2 Rio de Fano Record, 206 p. 237-26, 28 Ni clara dase d si, mats ira Cav do Nascimento) wou pare dd sabe lah Font! isan dose artigo “O wo e aocuete econ ‘ha cneciment isto" paca noe danse do I Evcongo Estadual de Hits ANPUT EA. Pade core sere [CD 80] Coste UNEB, 20. i. Aa ‘cone se so cnt iia eas ‘orsntaos no faa ated aig mene 29 FERRO. Mar fe uncon aiecdaeate eLE Gorn egos NORA Pare (Ory) Me me oto Selon Facets B96 Roe 39 CL Enesco Ani tr 0 te da Hist. ot 3 LAGNY, Mie 0 nan come ft de ists FRIGHLSON, Kt MISSHTO Sn RG NOVOA, ge (Grp). Conan oa wie shire DU Spar Unep. 20 p91 ip 1 22 NOVA, Cisne. cinema 0 onsen dit Cth ‘Mi Saaee 03 p12 p28 39 NASCIMENTU ato Cava da Clea esi de Hite fea ecle opto car cosas de mF Gretinin cs. p13 008 ARTE tin de i UnpapeseReemes | 209

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