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MoDULO Pagina CAPETULO 17 — TRAUMA MUSCULOESQUELETICO Introducao Lesdes musculoesqueléticas, embora comuns em doentes vitimas de trauma, raramente apresentam uma condigéo de risco a vida imediato. Trauma esquelético pode no entanto, ser fatal quando gera significative perda de sangue, Seja por sangramento externo, seja por sangramento interno no membro ou retroperiténio (trauma de pelve). ‘Se for descoberta uma condigao de risco a vida ou de potencial risco a vida durante a avaliacdo primaria, a avaliagio secundaria nao deve ser iniciada, Todos os problemas encontrados durante a avaliacio primaria devem ser corrigidos antes de se prosseguir para a avaliacao secundaria. Doentes traumatizados graves devem ser imobilizados e transportados em pranchas longas, para facilitar a movimentagao e permitir a reanimagio e tratamento de lesdes crticas e ndo criticas. O uso de uma prancha longa permite a imobilizacéo do doente todo e de todas as suas lesdes em uma tinica plataforma, que permite mover sem ‘comprometer a imobilizacao. Anatomia E Fisiologia Sistema Musculoesquelético © corpo humano adulto tem cerca de 206 ossos clasificados conforme seu formato: * Osos longos - fémur, imero, ulna, radio, tibia e fibula; ‘+ Ossos curtos — metacarpos, metatarsos, e falanges; ‘+ Ossos chatos — em geral sdo finos e compactos, esterno, costelas e escdpulas; ‘* Osos suturais - fazem parte do cranio e estéo localizados nas articulagies de ossos cranianos, irregulares, vertebras, mandibula e ossos da pelve; ‘* Ossos sesamoides — localizados no interior de tendGes, a patela é o maior osso sesamoides. 0 corpo humano adulto tem cerca de mais de 650 masculos classificados por sua funca + Os miisculos especificos deste capitulo so os voluntérios ou esqueléticos. * Chamados assim por movimentarem voluntariamente o sistema esquelético. renee (1 Frontal rte do ho Zigoniticn Saar Masetor bia bo storncieomasiidoo Trapéio et Por! ir “ Dotete Searels surat tat ‘rag eto do ebebnen. 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Fratura de fémur; * Trauma musculoesquelético (fraturas em membros) associado a trauma multissistémico com risco de vida; * Trauma musculoesquelético (fraturas isoladas em membros). ica 0 socorrista pode obter um alto indice de suspeita sobre as lesdes que o doente possa ter sofrido. A consideragao da cinematica pode fazer lembrar de outras lesdes, as quais 0 socorrista deve avaliar, dado ‘© conhecimento de diversos padrées de lesdes. Mecanismo de trauma e possiveis padrées de lesGes relacionadas: Forga de torgio Golpe direto e Forca indireta Ferimento de alta energi Fratura da coluna cervical; Fratura/luxacao posterior do quadril; Fratura/luxacao dojoelho; Fratura/entorse dotornozelo; Fraturadeossoselongos. Impacto Frontal * Deformacao dovolante; * Marca do joelho no painel; * Fratura em olho de Boi no para-brisa Fratura da coluna cervical; apa iota Fratura da pelve,acetabulo, Lesao da coluna cervical Impacto traseiro Lesdiode partes moles do pescogo. Fratura da pelve; ee eee Fratura das extremidades inferiores. Fratura das extremidades inferiores. Queda de altura Fratura deacetabulo; Fratura da coluna lombar. Les®es por arma de fogo Sem padrdo delesio. Avaliagdo primari + As primeiras etapas antes de qualquer avaliagao so, garantir a seguranga da cena e analisar a situagdo. Com ‘a cena segura, o doente pode ser avaliado; ‘+ A avaliaco primaria identifica e trata quadros de risco a vida imediatos. Embora fraturas anguladas ou ‘amputagées parciais possam chamar a atencdo do socorrista divido o seu impacto visual, porem as lesdes que oferecem risco & vida devem ser priorizadas. ‘+ As etapas de X AB CD E continuam sendo as partes mais importantes da avaliaco primaria. + Para um doente que apresente lesies com risco & vida identificadas na avaliac3o primaria, o tratamento do trauma musculoesquelético é adiado até que as mesmas sejam corrigidas. ‘+ Seo dente no tem lesdes com risco & vida, 0 socorrista pode prosseguir para a avaliacSo secundéria. Avaliago secundaria + Ocorre ai, a avaliacdo das extremidades. Para facilitar 0 exame fisico o socorrista deve considerar retirar a roupa que no foi retirada durante a avaliagio priméria, se 0 mecanismo de trauma ngo for evidente e conforme 0 ambiente permitir. ‘+ Na avaliacdo das extremidades inclui a verificacdo da presenca da dor, fraqueza ou sensibilidade anormal. Deve ser dada especial atencéo aos seguintes aspectos: ‘+ Ossos e articulagdes: Desvios e crepitacio éssea; + Lesdes nos tecido moles: Edemas, abrasdes, laceracdes, alteragies na cor da pele. Todo ferimento adjacente & fratura sugere a presenga de fratura exposta. Firmeza e tensio dos tecidos moles, associados a dor desproporcional ao exame fisico podem indicar a presenca de uma sindrome de compartimento. + Perfusdo: E avaliada pela palpacéo dos pulsos distais (radial ou ulnar na extremidade superior, e pedioso ou tibial posterior na extremidade inferior) e pelo tempo de enchimento capilar nos dedos da mao ou do pé. A auséncia de perfusdo pode indicar ruptura de uma artéria, compresséo de um vaso por hematoma ou fragmento ésseo, ou uma sindrome compartimental. Hematomas grandes ou em expansao podem indicar a presenca de uma leso em um vaso calibroso. + Fungo neurolégica: O socorrista avalia as fundes motoras e sensitivas nas extremidades. Se houver suspeita de fratura em ossos longos, no peca para o doente mover a extremidade, visto que o movimento pode gerar dor significativa e transformar em uma fratura exposta. Pagina 188 ‘+ Fungo motora: Pode inicialmente ser avaliada perguntando ao doente se ¢ observada alguma fraqueza. Solictar para que o mesmo feche as mos ou aperte as suas, pode indicar anormalidades nos membros superiores € avaliar membros inferiores, devemos solicitar que a vitima mecha os dedos dos pés ou empurre estendendo os pés contra as maos do examinador. ‘+ Funcio sensitiva: ¢ avaliada ao se perguntar sobre a presenca de sensagées anormais ou dorméncia, € testando para saber se 0 doente sente 0 socorrista tocando em varios pontos das extremidades, AreavaliacSo da perfusio da extremidade e da funcSo neurolégica dever ser feita apés de qualquer procedimento de imobilizago com tala. Doe ee Articulacéo sl) De EL Ombro Anterior Deslocado, abduzido, em rotacao externa Posterior Fixo em rotacao interna Cotovelo | Posterior | Olécrano proeminente na parte posterior Quadril Anterior Flexionado, abduzido, em rotagao externa Posterior | Flexéonado, aduzido, em rotacao interna Joelho Anteroposterior Ferda do contorno normal, em extenséo Tornozelo Lateral é mais comum | Em rotagio externa, maléolo medial proeminente Articulacéo subtalar | Lateral é mais comum Luxacao lateral do calctneo Fonte: Adaptado de: American College of Surgeons Committee on Trauma: Advanced Trauma Life Support ed 9, page 211, Cheage, 2012, ACS. Pec eee Nervo ucenaoc) Eee eo Ulnar Abdugie do dedo indicador | Dedo minimo | Lesdo no cotevelo, Mediano dstal Contraco do polegar com | Dedo indicador Luxacio do punho oposicio Interésseo mediano _—Flexdo da ponta do indicador = Fratura supracondiar do anterior “imero (criangas) Musculocutaneo Fexio do cotovelo Antebraco lateral Luxacio anterior do ombro Radial Deda, extensao Primeiro espago Colo cistal do amero,tuxagao rmetacarpofalangiana dos interdigjtal dorsal anterior do ombro dedos axiar Dettoide Facelateral doombio —_Luxagdo anterior do ombro, tratura proximal do mero Fonte: Os: American Callege of Surgeons Commies on Tuma, Advanced Faure ile Supported 9, page 217, chicago, 2012, ACS. Lesées associadas ‘Ao realizar a avaliacao secundaria, indicios da cinematica podem ser descobertos, levando a suspeita de um padréo de leséo. Tais padres de leso podem alertar 0 socorrista para que avalie lesdes ocultas associadas e fraturas especificas. Um exame minucioso de todo 0 corpo garantiré que nenhuma lesio seja deixada de lado. Pagina 189

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