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Resumo Abstract
O presente artigo tem como foco analisar o The present article focuses on an analysis of Brazilian
endividamento brasileiro na Nova República à indebtedness in the New Republic in the light of the
luz da Teoria da Escolha Pública (Public Choice), Public Choice Theory, mainly with the advent of the
principalmente com o advento da promulgação da Constitution of the Republic of 1988. The provision of
Constituição da República de 1988. A provisão de public goods reinforced by the constitutionalization
bens públicos reforçada pela constitucionalização of rights and guarantees represents a challenge for
de direitos e garantias representa um desafio para the sustainability of the public debt, a fundamental
a sustentabilidade da dívida pública, instrumento instrument for the optimum intertemporal distribution
fundamental para a distribuição intertemporal of public policies. It is a study of theoretical-
ótima das políticas públicas. Trata-se de um estudo documentary revision and application of qualitative
de revisão teórica e documental e de aplicação methodology. It was concluded by the need to bring
de metodologia qualitativa. Concluiu-se pela up the issue in which the choices impact the direction
necessidade de trazer à tona a temática em que as of the government and the future of the Brazilian
escolhas causam impacto no direcionamento do economy.
governo e no futuro da economia brasileira.
2 A RESPONSABILIDADE DA ESCOLHA
A tomada de decisões é um processo cognitivo que envolve tanto a razão quanto a emoção. A todo
instante faz-se necessária a ação de escolher, o que implica exclusão de outra possibilidade. Assim,
indubitavelmente, esse processo decisório apresentará riscos e oportunidades.
Rudger Safranski (2011, p. 63) destaca: “mais precisamente, a tomada de decisão significa encerrar um
universo inteiro de possibilidades”. Dilemas apresentados a todo momento implicam um senso de
comprometimento com a responsabilidade da escolha realizada, e há que se capacitar e se abastecer
de informações ao ingressar no campo das probabilidades de escolhas, aplicando, mesmo que
automaticamente, uma relação contratual em que existirão perdas e ganhos.
A Teoria dos Jogos é uma teoria matemática criada para se modelarem fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais
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“agentes de decisão” interagem entre si. Ela fornece a linguagem para a descrição de processos de decisão conscientes e objetivos,
envolvendo mais do que um indivíduo (FIANI, 2015).
É oportuno esclarecer a situação conhecida como equilíbrio de Nash, em que cada pessoa em um grupo toma a melhor decisão para
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si mesma, com base no que ela pensa que os outros farão. E ninguém pode melhorar mudando de estratégia: todos os membros do
grupo estão fazendo o melhor que podem (FIANI, 2015).
O autor faz uma análise sobre a relevância e a complexidade das decisões dos indivíduos baseadas
na simetria de informações e na confiança atribuídas às relações. Por via de regra, o mais interessante
deste “jogo” seria a percepção dos agentes em visualizar o círculo vicioso em que se envolvem e que a
decisão de colaborar seria a mais eficaz para ambos casos houvesse confiança e transparência.
A Teoria dos Jogos viabiliza a demonstração cabal da correção das críticas estruturalistas e dialéticas
à tese liberal, segundo a qual a busca exclusiva do autointeresse seria capaz de gerar equilíbrios
econômicos social e individualmente consistentes.
A Constituição é prolixa, analítica e casuística. E, veja, sou um defensor da Constituição de 88 porque ela representa um vertiginoso
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sucesso institucional. Mas o momento da elaboração da Constituição fez com que ela fosse a Constituição das nossas circunstâncias,
e não a Constituição da nossa maturidade. (BARROSO, 2002).
A questão federativa está associada, em termos concretos, à definição das competências de cada
esfera do governo e da alocação dos recursos financeiros necessários à execução dessas competências.
Evidencia-se, assim, o papel fundamental que a questão tributária assume quando se trata do
federalismo. É natural que assim seja, uma vez que é a disponibilidade de recursos que determina,
efetivamente, o grau de autonomia de uma entidade federada e delimita suas competências.
O regime fiscal federalista é normalmente considerado capaz de gerar um equilíbrio na redistribuição
de recursos públicos oriundos do governo central. Entretanto, tal resultado nem sempre é verdadeiro.
Essa redistribuição pode desequilibrar-se e tornar-se dependente da distribuição do poder político
entre os estados bem como da composição da base de sustentação política do governo central.
Essas interações entre atuação política e redistribuição de recursos, mesmo sendo essência do
regime federalista, tornam o controle da despesa pública mais difícil. Entender tais circunstâncias é
importante para a implementação de uma política redistributiva bem como para o delineamento de
políticas mais efetivas em relação aos estados. Para as instituições políticas encarregadas da definição
e da supervisão das relações intergovernamentais, esse ingrediente é fundamental, em se tratando da
manutenção de uma política destinada à redução dos desníveis de renda a médio e a longo prazos em
vez da manutenção de políticas puramente clientelistas.
O que se observa no cenário atual é que ainda há concentração excessiva das receitas e de gastos na
União, transferência de encargos para estados e municípios sem receitas correspondentes, além de
redução da base das transferências intergovernamentais.
6 CONCLUSÃO
Precipuamente, cabe elucidar que é função do Estado promover políticas públicas e seu papel
deve figurar ativamente, quando este utiliza os investimentos para impulsionar o desenvolvimento
nacional ou regional, ou passivamente, quando os investimentos passam a surgir devido aos gargalos
na infraestrutura que dificultam a expansão do setor produtivo.
A Teoria da Escolha Pública aplicada ao sistema democrático; contudo, não é suficiente para que se
possa definir o papel exato que cabe ao Estado na administração de jogos econômicos complexos
e no enfrentamento de soluções perversas dos recorrentes “dilemas de prisioneiro”. Essa teoria vem
cumprindo papel proeminente na atualização do debate sobre o papel do Estado na regulação dos
conflitos de interesse, bem como nos fundamentos do contrato social economicamente consistente,
ao traduzir num sistema matemático rigoroso e operativo alguns dos dilemas clássicos da Filosofia e
da Ciência Política.
Analisar as Constituições brasileiras e identificar a atuação do Estado dentro do sistema econômico é
perceber a importância de como ideologias, movimentos sociais e contextos políticos e econômicos
interferem na organização das formas de ação do próprio Estado na economia.
A Carta Magna de 1988 implementou fortemente um sistema de princípios e regras, compreendendo
uma ordem pública, uma ordem privada, uma ordem econômica e uma ordem social. Nesse momento,
promove a regulação econômica, inaugurando o Estado Social e dando ensejo ao surgimento das
chamadas constituições econômicas.
É importante registrar que o contexto histórico da promulgação da Constituição da República ansiava
pela valorização do trabalho humano e pelos dispositivos protetivos sociais que assegurassem a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social. Contudo, essa escolha baseada no “interesse
público” e nascedouro da redemocratização trouxe, após 30 anos de existência, ônus e desafios a
serem discutidos, principalmente no que concerne à amplitude de direitos e aos custos advindos das
obrigações estatais impostos pelo texto constitucional.
No Brasil, em nome do assistencialismo, vem-se agredindo a eficiência econômica, desde a sustentação
de esquemas protecionistas até a manutenção, por exemplo, de um regime de aposentadoria que
privilegia a classe média e alta com um discurso populista de proteção aos pobres. A despesa brasileira
com a previdência vem aumentando como a proporção do PIB há 20 anos, desde a redemocratização,
REFERÊNCIAS
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