*ler as estâncias* Como o Filipe já aludiu, a ilha dos amores tem o
significado alegórico da fama. Esta alegoria torna-se mais clara quando analisamos a história d’Os Lusíadas a um nível mais alto. A ação começa quando o herói (o povo português) decide aventurar-se por mares nunca antes navegados. Na sua viagem, este herói depara-se com incontáveis desafios. Mas o herói desiste? Não. Dada uma escolha entre um caminho fácil e confortável, mas que não exige mérito, o povo português tem a imensa coragem necessária para escolher conscientemente o caminho virtuoso (nas palavras de Camões, “alto e fragoso”), cheio de dor e dificuldades. Atreve-se a escolher o esforço e a ousadia. E com o que é que o herói se encontra, após caminhar este caminho? Com a ilha dos amores. Um local perfeito onde os próprios deuses reconhecem os portugueses pela sua escolha e onde estes têm a se unem com as ninfas. Estes meros homens “transcendem” a condição humana. Andam entre estes seres míticos, e são respeitados por eles porque, de certa forma, eles próprios se tornaram em deuses. Com esta perspetiva, o significado alegórico destas reflexões torna-se claro. O povo português é o Homem à procura de fama e de ser imortalizado. A ilha dos amores representa precisamente essa fama, essa imortalização, que o Homem deseja, mas esta só aparecerá a quem, tal como o povo português, escolhe o tal caminho de esforço e coragem. Só este o trará ao “fim, doce, alegre e deleitoso”.