Você está na página 1de 9

Álgebra Linear II

Exercícios Programados 11 – EP11 - Tutor

Este EP11 é relativo às aulas 22 e 23. O objetivo destas aulas é compreender o


significado do Teorema Espectral, da decomposição espectral e dos operadores auto-
adjuntos e aplicar esses conceitos em exemplos importantes. Por favor, tutores,
trabalhem as questões sobre demonstração com os alunos, é muito importante que o
aluno de matemática saiba argumentar bem. Um abraço

Regina Moreth

1- Mostre que se a matriz A é simétrica então A2 também é simétrica.

Prova:

Vamos supor que uma matriz A seja simétrica, logo, por definição A = At

Assim temos que (A2)t = ( A . A )t = At . At = (At)2

Mas como A é simétrica, ou seja, A = At temos então que

(At)2 = A2

Logo, (A2)t = A2

Ou seja, A2 é também uma matriz simétrica.

OBSERVAÇÃO:
Você NÃO DEVE, em questões deste tipo mostrar que para uma determinada matriz
A este resultado acontece. Pois se você fizer isso estará somente mostrando o resultado
para a matriz escolhida.

Nem pode mostrar que vale pras matrizes de uma certa dimensão ( matriz quadrada
ou matriz 2x3, por exemplo)

A prova deste resultado deve ser genérica, pegando as definições e resultados válidos.
O mesmo caso vale pra questão a seguir.

2- Mostre que se a matriz A é diagonalizável por uma matriz ortogonal então A2


também é diagonalizável por uma matriz ortogonal.
Prova:

Vamos supor que A seja uma matriz diagonalizável, logo existe uma matriz ortogonal P
(como P é ortogonal P-1 = Pt ) e uma matriz diagonal D tal que A = P . D . Pt.

A matriz A2 = A . A mas como A = P . D . Pt. ent então temos que:

A2 = ( P . D . Pt ) . ( P . D . Pt )
Logo, A = ( P . D . P . P . D . Pt ) mas como Pt = P-1 então Pt . P = I
2 t

Daí, A2 = ( P . D . I . D . Pt ) = ( P . D . D . Pt ) = ( P . D2 . Pt )

Como D é uma matriz diagonal, sabemos que D2 também é diagonal, logo

A2 é diagonalizável por uma matriz ortogonal D2.

3- Determine a matriz ortogonal P e uma diagonal D tal que A = P . D . Pt onde a


matriz A é dada por:

1 2 0 0
2 1 0 0
A=
0 0 1 −2
0 0 −2 1

1 2 0 0
2 1 0 0
Sendo A = , temos que p(x) = det(xI4 – A) =
0 0 1 −2
0 0 −2 1

x −1 − 2 0 0
x −1 0 0 2 0 0
− 2 x −1 0 0
p(x) = = (x – 1) 0 x −1 2 + 2 0 x −1 2 =
0 0 x −1 2
0 2 x −1 0 2 x −1
0 0 2 x −1

p(x) = (x – 3)2 ( x + 1)2

Logo, os autovalores são λ1 = 3 e λ2 = -1, os dois autovalores tem multiplicidade


algébrica = 2.

Para o autovalor λ1 = 3, temos que os autovetores associados, v = ( x, y, z) ,


satisfazem o sistema linear
( 3 I4 – A) v = (0, 0, 0, 0)
Completando os cálculos temos que o autoespaço V3 = [(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, -1)]

E a base ortonormal para este autoespaço é dada por:

u1 = ( 1 , 1 , 0, 0)
2 2

u2 = ( 0, 0, 1 ,- 1 )
2 2

Para o autovalor λ1 = -1, temos que os autovetores associados, v = ( x, y, z) ,


satisfazem o sistema linear
( -1 I4 – A) v = (0, 0, 0, 0)

Completando os cálculos temos que o autoespaço V-1 = [(1, -1, 0, 0), (0, 0, 1, 1)]

E a base ortonormal para este autoespaço é dada por:

u3 = ( 1 ,- 1 , 0, 0)
2 2

u4 = ( 0, 0, 1 , 1 )
2 2

Assim as matrizes :

1 0 1 0
2 2 3 0 0 0
1 0 −1 0
2 2 0 3 0 0
P= e D=
0 1 0 1 0 0 −1 0
2 2
−1 1 0 0 0 −1
0 0
2 2

4- Obtenha a decomposição espectral das matrizes?

1 2
a) A = é uma matriz simétrica. O polinômio característico de A é dado por:
2 4
x −1 −2
p(x) = det (xI2 – A) = = ( x- 1) ( x – 2) – 4 = ( x – 0) ( x – 5)
−2 x−4
Assim os autovalores de A são λ 1 = 0 e λ 2 = 5.
Se λ 1 = 0 então V0 = {(x, y) / x + 2y = 0}, daí v1 = ( -2, 1) e u1 = ( − 2 , 1 )
5 5
Se λ 2 = 5 então V5 = {(x, y) / -2x + y = 0}, daí v1 = ( 1, 2) e u1 = ( 1 , 2 )
5 5
A decomposição espectral de A é dada por: A = 0 u1 u1t + 5 u2 u2t

−2 4 2
t
u1 u1 = 5 −2 1 = 5 5
1 5 5 −2 1
5 5 5
1 1 2
t
u2 u2 = 5 1 2 = 5 5
2 5 5 2 4
5 5 5
4 2 1 2
Logo, A=0 5 5 +5 5 5 = 1 2
−2 1 2 4 2 4
5 5 5 5

6 − 2 −1
b) A = − 2 6 − 1 é uma matriz simétrica. O polinômio característico de A é dado
−1 −1 5
x−6 2 1
por: p(x) = det (xI3 – A) = 2 x−6 1 = ( x – 8) ( x – 6) ( x – 3)
1 1 x−5

Assim os autovalores de A são λ 1 = 8 , λ 2 = 6 e λ 3 = 3

Se λ 1 = 8 então V8 = {(x, y, z) / x = -y e z = 0}, daí v1 = ( -1, 1, 0) e u1 =


( − 1 , 1 , 0)
2 2
Se λ 2 = 6 então V6 = {(x, y, z) / x = y = − 1 z }, daí v1 = ( -1, -1, 2) e u1 =
2
( −1 , −1 , 2 )
6 6 6
Se λ 3 = 3 então V3 = {(x, y, z) / x = y = z }, daí v1 = ( 1, 1, 1) e u1 = ( 1 , 1 ,
3 3
1 )
3

A decomposição espectral de A é dada por: A = 8 u1 u1t + 6 u2 u2t + 3 u3 u3t


−1 1 −1
2 0
2 2
u1 u1t = 1 −1 1 0 = −1 1 0
2 2 2 2 2
0 0 0 0

−1 1 1 −2
6 6 6 6
t
u2 u2 = 1 −1 1 2 = 1 1 −2
6 6 6 6 6 6 6
2 −2 −2 4
6 6 6
6
1 1 1 1
3 3 3 3
u3 u3t = 1 1 1 1 = 1 1 1
3 3 3 3 3 3 3
1 1 1 1
3 3 3
3

1 −1 0 1 1 −2 1 1 1
2 2 6 6 6 3 3 3
Logo, A = 8 −1 1 0 +6 1 1 −2 +3 1 1 1
2 2 6 6 6 3 3 3
0 0 0 −2 −2 4 1 1 1
6 6 6 3 3 3

3 −2 4
c) A = − 2 6 2 é uma matriz simétrica. O polinômio característico de A é dado
4 2 3
x−3 2 −4
por: p(x) = det (xI3 – A) = 2 x−6 − 2 = ( x – 7)2 ( x + 2)
−4 −2 x−3

Assim os autovalores de A são λ 1 = -2 e λ2=7

Observe que numa matriz simétrica os autovalores de A são reais e além disso,
autovetores de auto-espaços diferentes são ortogonais. Isso já observamos nos
exemplos a, e b. Agora neste item c a matriz A tem só dois autovalores um com
multiplicidade algébrica 1 e outro com multiplicidade algébrica 2. Assim devemos
encontrar para o autovalor λ 2 = 7 dois autovetores que sejam ortogonais.

Se λ 1 = -2 então V-2 = {(x, y, z) / x = 2y e z = -2y}, daí v1 = ( 2, 1, -2) e u1 =


( 2 , 1 ,− 2 )
3 3 3
Se λ 2 = 7 então V7 = {(x, y, z) / 2x + y – 2z = 0},
Para se obter uma base ortogonal, neste caso devemos determinar os vetores ortogonais
que pertencem ao plano π : 2x + y – 2z = 0.
Seja v2 = ( 1, 0, 1) v2 pertence ao plano π . Agora devemos determinar outro vetor que
pertence a π e é ortogonal a v2.

Seja v3 = ( a, b, c) tal que:

2 a + b + 2c = 0
Resolvendo o sistema determinamos v3 = ( -1, 4, 1)
a+c =0
Assim temos:
v2 = ( 1, 0, 1) logo u2 = ( 1 , 0, 1 )
2 2
v3 = ( -1, 4, 1) logo u3 = ( − 1 , 4 , 1 )
18 18 18

A decomposição espectral de A é dada por: A = -2 u1 u1t + 7 u2 u2t + 7 u3 u3t

2 4 2 −4
3 9 9 9
t
u1 u1 =
3
1 [3
2 1
3
−2
3
]= 9
2 1
9
−2
9
−2 −4 −2 4
3 9 9 9
1 0 1 1
2 2 2
u2 u2t = 0 1 0 1 = 0 0 0
2 2
1 1 0 1
2 2 2
−1 1
18 −2 1
18 9 18
u3 u3t = 4 −1 4 1 = −2 8 2
18 18 18 18 9 9 9
1 1 2 1
18 9 18
18

4 2 −4 0 1 1 1 −2 1
9 9 9 2 2 18 9 18
Logo, A = -2 2 1 − 2 + -7 0 0 0 + -7 − 2 8 2
9 9 9 9 9 9
−4 −2 4 1 0 1 1 2 1
9 9 9 2 2 18 9 18

2 − 2 −1
5- Dada a matriz A = − 2 2 1 . Determine uma matriz ortogonal P e uma
−1 1 5
matriz diagonal D tal que A = P. D. Pt.
Solução: Como A é uma matriz simétrica, temos, pelo Teorema 3, que A é
diagonalizável por matriz ortogonal.

O polinômio característico de A é dado por det( xI3 – A), logo teremos:

λ −2 2 1
2 λ −2 − 1 = (λ - 2) (( λ -2)( λ -5) – 1) – 2 (2 ( λ - 5) + 1) + (-2 – ( λ - 2)) =
1 −1 λ −5

(λ - 2) ( λ -2)( λ -5) - ( λ - 2) - 4 λ - 4 – 2 - λ + 2 = (λ - 2) ( λ -2)( λ -5) – 6 λ + 20=

= λ 3 – 9 λ 2 + 18 λ = ( λ - 0 ) ( λ - 3 ) ( λ - 6)

Os autovalores de A são 0, 3 e 6.

Cálculo dos autovetores a partir da equação: ( λ I3 – A) v = 0 ( Podemos observar que


esse 0 aqui é o vetor nulo de ℜ 3

Se λ = 0, teremos:

−2 2 1 0 0 0 00
2 − 2 −1 0 por meio das operações elementares obtemos 0 0 10
1 −1 − 5 0 1 −1 0 0

Daí, temos que S λ =0 {(x, y, z) / x = y e z = 0} ou seja v1 = (1, 1, 0) e u1 =


( 1 , 1 , 0)
2 2

Se λ = 3, teremos:

1 2 1 0 1 1 00
2 −1 0
1 por meio das operações elementares obtemos 0 1 10
1 −1 − 2 0 0 0 00

Daí, temos que S λ =3 = {(x, y, z) / x = -y e z = -y} ou seja v2 = (-1, 1, -1 ) e u2 =


(− 1 , 1 ,− 1 )
3 3 3

Se λ = 6, teremos:
4 2 1 0 1 1 00
2 4 −1 0 por meio das operações elementares obtemos 0 0 00
1 −1 1 0 2 0 10

Daí, temos que S λ =6 = {(x, y, z) / y = -x e z=} = -2x} ou seja v3 = (1, -1, -2) e u3
= ( 1 , −1 , − 2 )=
6 6 6

1 − 1 1
0 0 0 2 3 6
RESPOSTA: D = 0 3 0 eP= 1 1 − 1
2 3 6
0 0 6 0 − 1 − 2
3 6

2 1 1
6- Sendo A = 1 2 − 1 . Aplique o processo de diagonalização à matriz A,
1 −1 2
determinando a matriz ortogonal P e a diagonal D tal que A = P. D. Pt.

Solução: Como A é uma matriz simétrica, temos, pelo Teorema 3, que A é


diagonalizável por matriz ortogonal.

O polinômio característico de A é dado por det( xI3 – A), logo teremos:

λ −2 −1 −1
−1 λ −2 1 = (λ - 2) (( λ -2)( λ -2) – 1) + (-( λ - 2) + 1) - (-1 + ( λ - 2)) =
−1 1 λ −2

(λ - 2) ( λ -3)( λ -1) - 2( λ - 3) = (λ - 3) (( λ -2)( λ -1) – 2) =

= (λ - 3) ( λ 2- 3 λ ) = (λ - 3) (λ - 3) (λ - 0)

Os autovalores de A são 0 , 3 e 3 .

Cálculo dos autovetores a partir da equação: ( λ I3 – A) v = 0 ( Podemos observar que


esse 0 aqui é o vetor nulo de ℜ 3

Se λ = 0, teremos:
− 2 −1 −1 0 1 1 00
−1 − 2 1 0 por meio das operações elementares obtemos 0 −1 1 0
−1 +1 − 2 0 0 0 00

Daí, temos que S λ =0 {(x, y, z) / x =- y e z = y} ou seja v1 = (-1, 1, 1) e u1 =


( −1 , 1 , 1 )
3 3 3

Se λ = 3, teremos:

1 −1 −1 0 1 −1 −1 0
−1 1 1 0 por meio das operações elementares obtemos 0 0 0 0
−1 1 1 0 0 0 0 0

Daí, temos que S λ =3 = {(x, y, z) / x – y – z = 0}. Para escolhermos os autovetores


ortogonais para λ = 3, temos que determinar os vetores ortogonais que pertencem ao
plano x – y – z = 0. Facilmente determinamos v2 = (1, 1, 0), agora para determinar o v3
temos que encontrar um vetor deste plano que seja ortogonal ao v2 encontrado. Ou seja
v3 = ( a, b c) tal que <v3 . v2> = 0 e v3 pertence ao plano ou seja, a – b – c = 0.
Logo temos que:

a–b–c=0 ea+b=0

Daí obtemos v3 = ( -1, 1, -2)

Para λ = 3 obtemos v2 = (1, 1, 0) e v3 = ( 1, -1, -2). Logo u2 = ( 1 , 1 , 0) e u3 =


2 2
( −1 , 1 , −2 )
6 6 6

−1 1 −1
0 0 0 3 2 6
RESPOSTA: D = 0 3 0 eP= 1 1 1
3 2 6
0 0 3 1 0 2
3 6

Até a próxima semana...

Você também pode gostar