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NOTAS DE AULA – PROF.

JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 16

1.3 REPRESENTAÇÕES COMPUTACIONAIS DE GRAFOS

Muitas aplicações práticas utilizam modelagem que utilizem determinados grafos, sobre os
quais serão implementados algoritmos para resolução de problemas específicos.

As duas estruturas de dados mais utilizadas para representação computacional de grafos são
as matrizes de adjacências e as listas de adjacências, descritas a seguir. Uma terceira forma,
menos utilizada é a matriz de incidências, que não será coberta neste estudo.

• Matriz de Adjacências:

Uma típica matriz de adjacências de um grafo G = (V, E) é uma matriz An×n definida como:

∀ 1 ≤ i ≤ n: A[i][i] = 0 vi não é adjacente a si mesmo


∀ 1 ≤ i , j ≤ n, i ≠ j, A[i][j] = A[j][i] = 1 se vi e vj são adjacentes
0 caso contrário.

A FIGURA 10 ilustra uma típica matriz de adjacências para o grafo do EXEMPLO 1.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 0 0 0 0 0 00 0 0 0
2 0 0 1 0 0 0
0 0 0 0

3 0 1 0 1 1 00 0 0 0
 
4 0 0 1 0 1 01 1 0 0
5 0 0 1 1 0 00 0 0 0
 
6 0 0 0 1 0 00 0 0 0
7 0 0 0 1 0 00 0 0 0
 
8 0 0 0 0 0 00 0 0 1
9 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
 
10 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

FIGURA 10 – MATRIZ DE ADJACÊNCIAS PARA O GRAFO DO EXEMPLO 1

Observe que a matriz de adjacências possui as seguintes características:


• É uma matriz quadrada;
• Todos os elementos da diagonal principal são nulos;
• Ela é simétrica em relação à diagonal principal.

• Listas de Adjacências

Dependendo da razão entre a quantidade de arestas e o número de vértices do grafo,


podemos ter um percentual muito pequeno de elementos não nulos na matriz de adjacências,
configurando o que se denomina matriz esparsa. Normalmente este desperdício de memória não
é um problema muito relevante.

Porém, em determinadas aplicações, a quantidade de grafos (e vértices) pode ser de


considerável magnitude, e a quantidade de memória pode se tornar um fator relevante.
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GRAFOS 17

Uma forma alternativa de armazenamento computacional de grafos é a representação em


listas de adjacências, como ilustrado na FIGURA 11 a seguir.

FIGURA 11 – LISTAS DE ADJACÊNCIAS PARA O GRAFO DO EXEMPLO 1

Nesta estrutura, temos uma lista encadeada associada a cada vértice v. Esta lista contém nós
para todos os vértices adjacentes a ele. O uso de memória para representar “arestas inexistentes”
é evitado, o que não acontece na matriz de adjacências.

A economia de memória tem um preço. Na matriz de adjacências, descobrimos se uma


aresta (v,w) ∈ E de forma imediata: basta verificarmos A[v][w] ou A[w][v]. Já com listas de
adjacências, devemos percorrer os nós relativos ao vértice v (ou w) para descobrirmos se tal
aresta existe.

Temos então um balanço espaço versus desempenho, que deve ser avaliado para a escolha
da estrutura mais adequada a uma determinada aplicação.

EXERCÍCIOS 1.3

1) Desenhe as matrizes e listas de adjacências dos grafos a seguir:

a) b)

2) Desenhe uma representação da matriz de adjacências do K4. Quais são as características da


matriz de adjacências do Kn? Quantos elementos nulos existem? Quantos não nulos?

3) Quais são as características da matriz de adjacências de um grafo r-regular com n vértices?


Quantos elementos nulos e não nulos existem em tal matriz?
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GRAFOS 18

4) Caracterize um grafo cuja matriz de adjacências tenha uma linha com todos os elementos
nulos. O que você pode dizer da lista de adjacências deste grafo?

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS

3) Caracterize as linhas e colunas da matriz.


Obtenha uma expressão em função de n e k.
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1.4 GRAFOS DIRECIONADOS (DIGRAFOS), GRAFOS PONDERADOS

Alguns problemas poder exigir uma modelagem que utilize extensões da definição usual de
um grafo simples. Em determinado problemas de otimização, pode ser necessário que a cada
aresta seja associado um peso (valor). Outras aplicações exigem que as arestas sejam orientadas
(modeladas como pares ordenados), indicando um sentido no percurso da aresta em questão.

• Digrafo

Um grafo direcionado (ou digrafo) G possui arestas orientadas. Uma aresta orientada é um
par ordenado de vértices distintos de G.

Desta forma, uma aresta orientada e será representada como e = (v,w), onde v,w ∈ V, e
v ≠ w. Neste caso, a aresta (v,w) possui uma única direção: do vértice v para o vértice w. Dizemos
que a aresta (v,w) é divergente de v e convergente a w.

• EXEMPLO 2

Na representação geométrica de um digrafo, as arestas são representadas como setas


indicativas de direção, conforme ilustrado na FIGURA 12.

V = { a, b, c, d, e, f, g }
E = { (a,b), (a,c), (d,a), (d,g),
(g,e), (f,g), (e,f), (f,e) }

FIGURA 12 – GRAFO DIRECIONADO

• Digrafos – graus de um vértices, fontes, sumidouros

Para qualquer vértice v em um dígrafo, definimos:


grau de entrada de v – in(v): número de arestas convergentes a v (in-degree)
grau de saída de v – out(v): número de arestas divergentes a v (out-degree)
No digrafo do EXEMPLO 2, temos:
in(a) =1 out(a) =2
in(b) =1 out(b) =0
in(c) =1 out(c) =0
in(d) =0 out(d) =2
in(e) =2 out(e) =1
in(f) =1 out(f) =2
in(g) =2 out(g) =1
FIGURA 13 – GRAUS DE ENTRADA E SAÍDA DO DIGRAFO DO EXEMPLO 2

Se um vértice tem grau de entrada igual a ZERO, este vértice é chamado fonte. Já um vértice
cujo grau de saída seja ZERO é chamado sumidouro. No EXEMPLO 2, temos que o vértice d é uma
fonte, e os vértices b e c são sumidouros.
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• Digrafos – Matriz de Adjacências

a b c d e f g
a 0 1 0 0 0 0
1
 
b 0 0 0 0 0 0 0
c 0 0 0 0 0 0 0
 
d 1 0 0 0 0 0 1
 
e 0 0 0 0 0 1 0
f 0 0 0 0 1 0 1
 
g 0 0 0 0 1 0 0

FIGURA 14 – MATRIZ DE ADJACÊNCIAS PARA O DIGRAFO DO EXEMPLO 2

• Grafos Ponderados

Em determinadas aplicações, podemos atribuir valores às arestas de um grafo qualquer, seja


ele direcionado ou não. Formalmente, a cada aresta (v,w) – ou vw em grafos não ponderados –
será atribuído um peso, tipicamente um valor associado a um custo ou ganho quando tal aresta
for selecionada ou “percorrida”. Temos então um grafo dito ponderado.

• EXEMPLO 3: GRAFO PONDERADO

FIGURA 15 – GRAFO PONDERADO

• Matriz de Adjacências em grafos ponderados

Em um grafo ponderado, o peso (weight, em inglês) de uma aresta uv , denotado por será
atribuído ao seu respectivo elemento W[u][v] da sua matriz de adjacências.

Em aplicações envolvendo grafos, os pesos das arestas geralmente estarão associados a


funções de ganhos ou a custos, dependendo do tipo de problema considerado. A partir da
modelagem em um grafo, é elaborar um algoritmo que minimize uma determinada função. Casos
típicos envolvem a minimização de (funções de) custos ou maximização de (funções de) ganhos.

Em problemas de otimização, um elemento da matriz cuja aresta não pertence ao grafo


geralmente recebe um valor muito grande, quando o problema envolve custo, ou muito pequeno,
quando são computados ganhos. Formalmente, usamos a notação +∞
∞ ou –∞
∞ nestes casos. A
figura a seguir ilustra a matriz de adjacências do EXEMPLO 3, considerando os pesos como custos
associados a cada aresta.
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v1 v2 v3 v4 v5 v6 v7
v1 ∞ 6 8 ∞ ∞ ∞ 7
 
v2  6 ∞ 9 ∞ ∞ ∞ ∞
v3  8 9 ∞ 12 10 ∞ ∞
 
v4  ∞ ∞ 12 ∞ 5 4 3
 
v5 ∞ ∞ 10 5 ∞ ∞ ∞
v6 ∞ ∞ ∞ 4 ∞ ∞ ∞
 
v7  7 ∞ ∞ 3 ∞ ∞ ∞

FIGURA 16 – MATRIZ DE ADJACÊNCIAS PARA O GRAFO DO EXEMPLO 3

• EXEMPLO 4: DIGRAFOS PONDERADOS

Os mesmos conceitos de grafos ponderados também se aplicam a grafos direcionados.

FIGURA 17 – DIGRAFO PONDERADO

A matriz de adjacências do grafo do EXEMPLO 4 é representada a seguir, onde os pesos são


associados a uma função de custo.
a b c d e f g
a ∞ 5 7 ∞ ∞ ∞ ∞  a 5
  b e
b ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞  6
c ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞  7 4
  7 8 g
d  8 ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ 11 11
 
d 8
e ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ 4 ∞ c f
f ∞ ∞ ∞ ∞ 7 ∞ 8
 
g ∞ ∞ ∞ ∞ 6 ∞ ∞ 

FIGURA 18 – MATRIZ DE ADJACÊNCIAS PARA O DIGRAFO DO EXEMPLO 4

EXERCÍCIOS 1.4

1) Preencha os elementos de matriz de adjacências do dígrafo abaixo:


A B C D E F
A _ _ _ _ _ _
 
B _ _ _ _ _ _
 
C _ _ _ _ _ _
D _ _ _ _ _ _
 
E _ _ _ _ _ _
 
F
 _ _ _ _ _ _ 
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2) Indique os graus de entrada e de saída dos vértices do digrafo da questão 1):

in(A) = out(A) =
in(B) = out(B) =
in(C) = out(C) =
in(D) = out(D) =
in(E) = out(E) =
in(F) = out(F) =
Existe alguma fonte ou sumidouro no digrafo acima? Indique quais.

3) Considere a seguinte definição de um digrafo não-ponderado abaixo (com alocação estática):

EM PASCAL: EM C:

const #define MAX 100


MAX = 100;
int A[MAX][MAX];
var
A: array[1..MAX,1..MAX] of integer; int n; // Núm. de vértices

n: integer; { Número de vértices }

A partir das definições acima, escreva o código de duas funções, GrauEntrada(v) e


GrauSaida(v), que retornam, respectivamente, os graus de entrada e de saída de um vértice,
passado como parâmetro – o valor v é o índice do vértice na matriz de adjacências. Considere
que as declarações acima são variáveis globais.

Em C:
int GrauEntrada (int v)
{
int i, g; /* Variáveis locais */

/* Calcule o valor do grau em g */


...
return g;
}
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2. CONECTIVIDADE, PLANARIDADE, COLORAÇÃO

2.1 GRAFOS SIMPLES – CAMINHOS, CICLOS, GRAFOS EULERIANOS E HAMILTONIANOS


1
• caminho, caminho simples, comprimento de um caminho

Um caminho em um grafo é uma sequência de vértices tal que quaisquer dois vértices
consecutivos na sequência sejam adjacentes no grafo. Formalmente, um caminho em G(V,E) é
uma sequência P = u1, u2, … uk de elementos de V tal que, (ui, ui+1) ∈ E, para i = 1, 2, …, k-1.

O comprimento de um caminho em um grafo simples é o nº de arestas “tomadas” no


percurso. Ou seja, u1, u2, … uk é um caminho (sequência) com k vértices e de comprimento k-1.
Neste caso, o vértice u1 é chamado origem do caminho, e uk é o vértice destino.

No grafo do EXEMPLO 1, podemos enumerar alguns caminhos e seus respectivos


comprimentos:

v2,v3,v4,v5,v3,v4,v6 comprimento 6
v2,v3,v4,v3,v4,v6 comprimento 5
v2,v3,v4,v6 comprimento 3
v2,v3,v5,v4,v6 comprimento 4

Em todos os caminhos exemplificados acima, v2 é a origem e v6 o destino; e também


dizemos que v2 alcança ou atinge v6.

Um caminho simples em um grafo G é um caminho em que todos os vértices são distintos;


ou seja, não temos vértices repetidos. Dos caminhos exemplificados acima, apenas os dois últimos
são caminhos simples de v2 a v6. Observe que, embora nem todo caminho seja simples, todo
caminho simples é um caminho.

• caminho mínimo e distância

Um caminho mínimo entre dois vértices vi e vj é um caminho de comprimento mínimo


dentre todos os possíveis caminhos entre eles. Um caminho mínimo (também chamado caminho
mais curto ou caminho de comprimento mínimo) pode não ser único, podendo existir outros
caminhos de igual comprimento. Porém nenhum outro caminho tem comprimento menor que o
do caminho mínimo.

Observe que um caminho mínimo é necessariamente um caminho simples. No grafo do


EXEMPLO 1, o caminho v2,v3,v4,v5,v3,v4,v6 certamente não é um caminho mínimo.

1
Alguns autores utilizam os termos passeio (para caminho) e caminho (para caminho simples).
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A distância entre dois vértices v e w, denotada por d(v,w), é definida como o comprimento
de um caminho mínimo entre eles. No grafo do EXEMPLO 1, a d(v2,v6) = 3, pois v2,v3,v4,v6 é um
caminho mínimo entre eles (verifique que não existe um caminho menor).
2
• Ciclo, ciclo simples

Um ciclo é um caminho de comprimento mínimo TRÊS, em que os vértices origem e destino


são coincidentes: o percurso “volta” ao vértice inicial. Se todo o caminho da origem ao penúltimo
vértice for um caminho simples, temos então um ciclo simples: todos os vértices exceto o último
são distintos. No EXEMPLO 1 temos:

v2,v3,v2 NÃO é um ciclo, apenas um caminho de comprimento 2


v2,v3,v4,v5,v3,v2 é um ciclo de comprimento 5
v3,v4,v5,v3 é um ciclo simples (caminho simples de v3 a v5) de comprimento 3

Dois ciclos são considerados idênticos se um deles puder ser obtido do outro através da
rotação de seus vértices ou pela inversão no sentido do percurso. Assim, observe que TEMOS APENAS
UM CICLO no grafo do EXEMPLO 1: C = <v3,v4,v5,v3>. Os ciclos <v4,v5,v3,v4>, <v5,v3,v4,v5>,
<v3,v5,v4,v3>, <v5,v4,v3,v5>, e <v4,v3,v5,v4> são todos idênticos ao ciclo C.

FIGURA 19 – ÚNICO CICLO SIMPLES DO GRAFO DO EXEMPLO 1: <v3,v4,v5,v3>

Finalmente, um grafo acíclico é um grafo que não possui nenhum ciclo.

• Grafo conexo

Um grafo G = (V, E) é conexo se, para todo par de vértices v,w ∈ V, existe um caminho entre
v e w. Ou seja, temos todos os nós de um grafo conexo conectados por algum caminho possível.

Se existirem dois vértices quaisquer sem caminho entre eles, o grafo é dito desconexo. Por
exemplo, o grafo do EXEMPLO 1 é dito desconexo: não existe caminho entre os vértices v2 e v10.
Observe que a representação gráfica de um grafo desconexo é uma figura necessariamente
descontínua.

• Grafos hamiltonianos, grafos eulerianos

Um caminho hamiltoniano é um caminho que contenha cada vértice do grafo exatamente


uma vez. Em outras palavras, um caminho hamiltoniano é um caminho simples que contém todos

2
Alguns autores utilizam os termos passeio fechado (para ciclo) e ciclo (para ciclo simples).
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os vértices do grafo. Um ciclo em que todos os vértices da origem até o penúltimo vértice formam
um caminho hamiltoniano é chamado ciclo hamiltoniano. Um grafo que possui algum ciclo
hamiltoniano é chamado grafo hamiltoniano.

Um caminho que contenha cada aresta do grafo exatamente uma vez é chamado caminho
euleriano. Um ciclo que contenha cada aresta do grafo exatamente uma vez é chamado ciclo
euleriano. Um grafo que possui um ciclo euleriano é chamado grafo euleriano.

Como exemplo, para o grafo representado a seguir (FIGURA 20), temos:

Caminho hamiltoniano: E,D,C,A,B Ciclo hamiltoniano: A,C,E,D,B,A


Caminho euleriano: C,E,D,C,A,B,D Ciclo euleriano: existe algum?

FIGURA 20 – CAMINHOS (E CICLOS) HAMILTONIANOS E EULERIANOS.

Um grafo G admite algum caminho ou ciclo euleriano? Caso afirmativo, como identificá-los?
Um grafo G admite algum caminho ou ciclo hamiltoniano? Caso afirmativo, como identificá-los? A
primeira questão é mais simples, e pode ser respondida pelos teoremas a seguir. Identificar ciclos
ou caminhos hamiltonianos é um problema mais complexo.

• TEOREMA 1.4: Um grafo conexo é euleriano se e somente se todos os seus vértices possuem
grau par (nenhum vértice tem grau ímpar).

A prova do teorema pode ser feita duas partes:


i. G é euleriano  todo vértice de G tem grau par
ii. Todo vértice de G tem grau par  G é euleriano

Veremos a seguir uma demonstração da parte ii, que se baseia em um algoritmo para a
obtenção de um ciclo euleriano para G conexo com todos os vértices de grau par. A prova
completa do teorema 1.4 será omitida.

Seja um grafo G, conexo e com todos os vértices de grau par. Certamente G possui um ciclo
C1 (por que?). Se tal ciclo possui todas as arestas do grafo, temos então um ciclo euleriano. Caso
contrário, remova de G todas as arestas em C1, e também os vértices que se tornarem isolados
após esta operação. O grafo resultante admite outro ciclo C2 (novamente: por que?). Repete-se o
processo: remove-se as arestas do ciclo encontrado (e vértices isolados), e procura-se novo ciclo,
removendo suas arestas e vértices isolados, até que não reste nenhuma aresta no grafo
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resultante. Ao final, teremos k ciclos C1, C2, …, Ck. Pelo menos dois destes ciclos possuem um
vértice em comum, e podemos uni-los em um único ciclo. No conjunto de ciclos resultante,
repete-se o processo de união de ciclos com vértice em comum, até que tenhamos um único ciclo
resultante de todas as uniões, que certamente é um ciclo euleriano. Veja o exemplo a seguir.

FIGURA 21 – UM GRAFO COM UM CICLO EULERIANO - C,E,D,F,E,G,C,A,B,D,C

PASSO 1 PASSO 2 PASSO 3


C1 = G,C,E,G C12 = C1 ∪ C2 = E,G,C,E,D,F,E (C12) ∪ C3 = C,E,D,F,E,G,C,A,B,D,C
C2 = D,F,E,D C3 = A,B,D,C,A
C3 = A,B,D,C,A

• TEOREMA 1.5: Um grafo conexo possui caminho euleriano se e somente se


i. nenhum de seus vértices possui grau ímpar, ou
ii. exatamente dois de seus vértices possuem grau ímpar.
O primeiro caso satisfaz o TEOREMA 1.4, e temos um ciclo euleriano.
No segundo caso, o caminho euleriano não é um ciclo, e deve começar em um
dos vértices de grau ímpar e terminar no outro.

Embora a prova do TEOREMA 1.5 seja omitida, verifique que o grafo da FIGURA 20 satisfaz este
teorema e não satisfaz o TEOREMA 1.4.

• Comentários sobre o TEOREMA 1.5:

Pelo Teorema 1.2, sabemos que qualquer grafo contém uma QUANTIDADE PAR de vértices com
grau ímpar. Se esta quantidade for:
• ZERO: o grafo admite um ciclo euleriano;
• DOIS: o grafo admite um caminho euleriano, mas não um ciclo euleriano;
• QUALQUER OUTRO VALOR PAR: o grafo não admite caminho euleriano.

EXERCÍCIOS 2.1

1) Desenhe CINCO grafos não isomorfos com 10 vértices e 2-regulares (conexos ou desconexos).
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2) Prove que o Kn é conexo.

3) Existe algum grafo com 6 vértices e que seja conexo e 2-regular?


Existe algum grafo com 6 vértices e que seja desconexo e 2-regular?

4) Existe algum grafo com 6 vértices e que seja conexo e 3-regular?


Existe algum grafo com 6 vértices e que seja desconexo e 3-regular?

5) Qual é o número mínimo de arestas em um grafo conexo com n vértices?

6) Qual é o número máximo de arestas em um grafo desconexo com n vértices?

7) Para o grafo a seguir, faça o que se pede:

a) Indique os graus de todos os vértices:


d(A) = d(C) = d(E) = d(G) =
d(B) = d(D) = d(F) =
b) Indique um caminho hamiltoniano.
c) Indique um ciclo hamiltoniano.
d) Qual a distância entre os vértices B e E? d(B,E) =

e) Indique três caminhos simples de A a F, de comprimentos distintos:


caminho: comprimento =
caminho: comprimento =
caminho: comprimento =
f) Indique quatro ciclos simples.
g) Indique um caminho euleriano, ou prove que tal caminho não existe
h) Indique um ciclo euleriano, ou prove que tal ciclo não existe.

8) Prove que existe um ciclo hamiltoniano em um grafo conexo e 2-regular.

9) O Kn é um grafo euleriano? Para quais valores de n?

10) O Kn possui um ciclo hamiltoniano? Para quais valores de n?

11) Use os teoremas apropriados para provar se os grafos a seguir possuem ou não caminhos e
ciclos eulerianos. Nos casos possíveis, indique os caminhos e ciclos de Euler.
Tente também encontrar caminhos e ciclos hamiltonianos em cada um destes grafos.
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12) Para o grafo G abaixo, faça o que se pede:


a) Indique:
d(A) = d(B) = d(C) = d(D) =
d(E) = d(F) = d(G) =

b) Indique um CAMINHO EULERIANO em G (que não seja


ciclo), ou prove porque G não admite tal caminho.
Grafo G
c) Indique um CICLO EULERIANO em G, ou prove porque G não admite tal ciclo.
d) Indique um CICLO HAMILTONIANO em G, ou prove porque G não admite tal ciclo.
e) Indique todos os CICLOS SIMPLES de G.

13) Das afirmativas abaixo sobre grafos não direcionados e não ponderados, são corretas:

I. Todo grafo Kn é regular. a) Apenas I e II.


II. Todo grafo bipartido é regular. b) Apenas I e III.
III. Todo grafo estrela é bipartido. c) Apenas II e III.
d) Apenas uma delas.
e) Todas são corretas.

14) Quantas arestas possui o K20?

a) Entre 1 e 50 arestas.
b) Entre 51 e 100 arestas.
c) Entre 101 e 150 arestas.
d) Entre 151 e 200 arestas.
e) Mais do que 200 arestas.

15) Considere o grafo abaixo G1 abaixo, e as seguintes afirmações sobre G1:

São corretas as afirmações:

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas 2 delas.
I. G1 é bipartido. e) Nenhuma delas.
II. G1 é euleriano.
III. G1 admite um caminho (não ciclo)
euleriano.
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16) Quantos vértices tem um grafo 3-regular com 30 arestas?

a) Menos que 9 vértices.


b) Entre 9 e 15 vértices.
c) Entre 16 e 20 vértices.
d) Entre 21 e 25 vértices.
e) Mais que 25 vértices.

17) Assinale quantos ciclos simples possui o grafo abaixo:

a) Menos que 5 ciclos simples.


b) Exatamente 5 ciclos simples.
c) Exatamente 6 ciclos simples.
d) Exatamente 7 ciclos simples.
e) Mais do que 7 ciclos simples

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS

1)

5) Resposta: n-1.

6) Resposta: o número de arestas do Kn-1. Por que?

7)
b) A, B, D, G, C, E, F
c) O grafo não possui um ciclo hamiltoniano.
d) d(B,E) = 2
e) A, C, E, F comprimento 3
A, C, E, D, F comprimento 4
A, C, G, D, E, F comprimento 5
A, B, D, G, C, E, F comprimento 6

f) E, F, D, E
C, E, D, G, C
C, E, F, D, G, C
A, C, G, D, B, A
g) C, A, B, D, G, C, E, F, D, E.
h) Veja comentários sobre o TEOREMA 1.5.
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9) Todo grafo Kn, com n > 1 e ímpar, é euleriano (e apenas com n ímpar). (por que?)

13) b) Apenas I e III.


14) d) O K20 possui exatamente 190 arestas.
15) c) Apenas a afirmação III.
16) c) 20 vértices.
17) d) Exatamente 7 ciclos simples.
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2.2 CAMINHOS E CICLOS EM GRAFOS PONDERADOS E/OU DIRECIONADOS

Os conceitos relativos a caminhos e ciclos podem ser estendidos a grafos ponderados e


também a digrafos (ponderados e não ponderados).

• Caminho e ciclos em digrafos não ponderados

Os conceitos relativos a caminhos e ciclos são análogos aos grafos não direcionados, apenas
devendo-se respeitar as direções das arestas. A única exceção é que, em um dígrafo, podemos ter
um ciclo de comprimento 2.

No digrafo do EXEMPLO 2 temos:

Caminho simples:
d,g,e,f comprimento 3

Ciclos simples:
f,g,e,f comprimento 3
e,f,e comprimento 2

• Caminho e ciclos em grafos e digrafos ponderados

Em grafos e digrafos ponderados, os comprimentos dos caminhos e ciclos são calculados


somando-se os pesos das arestas envolvidas, independendo da quantidade de arestas percorridas
no caminho.

No grafo ponderado do EXEMPLO 3, temos:

Caminhos simples:
v1,v3,v5 comprimento 18
v1,v7,v4,v5 comprimento 15

No digrafo do EXEMPLO 4, temos:

Caminho simples:
d,g,e,f comprimento 21

Ciclos simples:
f,g,e,f comprimento 18
e,f,e comprimento 11
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GRAFOS 32

EXERCÍCIOS 2.2

1) Para o digrafo ponderado representado abaixo, faça o que se pede:

a. Preencha TODOS os elementos da sua matriz de adjacências, considerando que o peso de


cada aresta está associado a CUSTO.

A B C D E F
A  _ _ _ _ _ _
 
B _ _ _ _ _ _
 
C _ _ _ _ _ _
D _ _ _ _ _ _
 
E _ _ _ _ _ _
 
F _ _ _ _ _ _ 

b. Enumere os seguintes caminhos de A a D, indicando também seus comprimentos.


Caminho simples de comprimento mínimo: Comprimento =
Caminho simples de comprimento máximo: Comprimento =
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GRAFOS 33

2.3 SUBGRAFOS, CONECTIVIDADE, EMPARELHAMENTOS

Os assuntos desta seção serão aplicados a grafos não ponderados, embora também se
apliquem a grafos ponderados.

• Subgrafos

Seja um grafo G = (V, E). Dizemos que G' = (V', E') é um subgrafo de G se V' ⊂ V e E' ⊂ E.
Neste caso, dizemos que G é um supergrafo de G'. Observe que o subgrafo G' pode não ter todos
os vértices e/ou arestas de G, mas não pode ter vértices e/ou arestas que não estejam em G. Um
possível subgrafo do EXEMPLO 1 é ilustrado a seguir.

(a) (b)

FIGURA 22 – UM SUBGRAFO (a) DO GRAFO DO EXEMPLO 1 (b)

Se um G' é um subgrafo de G tal que V' = V, dizemos que G' é um subgrafo gerador de G.
Em outras palavras, um subgrafo gerador tem todos os vértices do supergrafo. Um possível
subgrafo gerador do EXEMPLO 1 é ilustrado a seguir.

(a) (b)
FIGURA 23 – UM SUBGRAFO GERADOR (a) DO GRAFO DO EXEMPLO 1 (b)

Se G' é um subgrafo de G tal que todas as arestas de G que unam vértices de G' também
aparecem em G', dizemos tal que G' é um subgrafo induzido de G. Mais precisamente, G' é um
subgrafo de G, induzido por V', quando ( ∀ v,w ∈ V' ) ( {v,w} ∈ E → {v,w} ∈ E' ). A figura a seguir
ilustra o subgrafo do EXEMPLO 1 induzido por V' = { v3,v4,v5,v6,v7,v8,v9 }.

(a) (b)
FIGURA 24 – UM SUBGRAFO (a) DO GRAFO DO EXEMPLO 1 (b), INDUZIDO POR { v3,v4,v5,v6,v7,v8,v9 }
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GRAFOS 34

• Componentes conexos

Seja G' um subgrafo conexo de G. Dizemos que G' é maximal (quanto à conectividade)
se G não admite nenhum outro subgrafo G" que contenha G' e também seja conexo. Observe a
FIGURA 25, representando subgrafo do EXEMPLO 1, ilustrados a seguir.

FIGURA 25 – SUBGRAFOS CONEXOS DE G: G4 É CONEXO E MAXIMAL.

Na FIGURA 13, vemos quatro subgrafos de G. O subgrafo G1 é conexo, mas não maximal, pois
podemos adicionar vértices e/ou arestas de G em G1, obtendo outros subgrafos conexos de G. A
adição de {v3,v5} a G1 resulta no grafo G2, que é conexo. A adição de v2 e {v2,v3} a G1 resulta em G3,
que é conexo. G2 e G3 são supergrafos conexos de G1, obtidos por adição de vértices e/ou arestas
de G. Portanto, G1 não é subgrafo maximal quanto à conectividade. Na verdade, G2 e G3 também
são não maximais: ambos são subgrafos do G4, que é um subgrafo conexo e maximal de G.

Chamamos componentes conexos de G aos seus subgrafos conexos maximais. Temos então
outra definição para grafos conexos: grafo é dito conexo quando tem apenas um componente
conexo. O grafo G da FIGURA 26 é desconexo, pois tem três componentes conexos, ilustrados a
seguir.

FIGURA 26 – COMPONENTES CONEXOS DE G (FIGURA 13): G4, G5 E G6


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GRAFOS 35

• Exclusão de vértices e arestas

Em um grafo G(V,E) podemos realizar as operações de remoção de vértices e de arestas. A


operação de remoção de uma aresta envolve apenas a sua remoção do conjunto E. A remoção de
um vértice v envolve a sua exclusão de V, e a consequente exclusão, do conjunto E, de todas as
arestas incidentes a ele.

Podemos generalizar tais operações para remoção de um subconjunto de vértices ou de


arestas de um grafo. Formalmente, para subconjuntos V' ⊂ V e E' ⊂ E:

G – E' = G' ( V, E – E' )


G – V' = G' ( V – V', E – { {v,w} | v ∈ V' ou w ∈ V' } )

• Cortes de vértices, cortes de arestas

Seja um grafo conexo G(V,E). Um corte de vértices Vc ⊂ V é um subconjunto minimal de


vértices tal que G – Vc é desconexo ou trivial. Como Vc é minimal, para todo subconjunto próprio
Vc' ⊂ Vc, G - Vc' é conexo e não trivial. Analogamente, um corte de arestas VE ⊂ E é um
subconjunto minimal de arestas tal que G - Ec é desconexo. Como Ec é minimal, para qualquer
subconjunto próprio Ec' ⊂ Ec, G - Ec' é conexo. Como exemplo, considere o grafo representado na
FIGURA 27 a seguir.

FIGURA 27 – CORTES DE VÉRTICES E ARESTAS

O conjunto de vértices { C,D,F } desconecta o grafo, mas não é minimal (não sendo corte de
vértices), pois seu subconjunto { C,D } também o desconecta (este último é um corte de vértices).
Outro corte de vértices é o conjunto { E }, este de cardinalidade mínima 1.

O conjunto de arestas { AB, CE, DE } desconecta o grafo, mas não é minimal (não sendo corte
de arestas), pois seu subconjunto { CE, DE } também o desconecta. Os conjuntos { AC, BC, EC } e
{ CE, DE } são corte de arestas, este último de cardinalidade mínima: não existe outro corte de
arestas de menor cardinalidade.

Denomina-se conectividade de vértices cV como o valor da menor cardinalidade de um corte


de vértices de G; ou seja, o menor número de vértices que o torne desconexo ou trivial. De
maneira análoga, a conectividade de arestas cE é o valor da menor cardinalidade de um corte de
arestas de G (o menor número de arestas que o desconecte). Se um grafo G é desconexo, temos
cV = cV = 0.
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GRAFOS 36

Portanto, o grafo da FIGURA 27 acima tem conectividades de vértices e arestas dadas por
cV = 1 e cE = 2. Como exercício, desenhe os grafos resultantes da remoção de cada um dos cortes
de vértices e arestas considerados.

Um grafo é dito k-conexo em vértices quando cV ≥ k; ou seja, não existe corte de vértices
com menos do que k vértices. De forma análoga, um grafo k-conexo em arestas tem cV ≥ k, não
existindo corte com menos de k arestas. O grafo da FIGURA 15 é 1-conexo em vértices, 1-conexo
em arestas e 2-conexo em arestas (também chamado biconexo em arestas).

Uma importante desigualdade sobre conectividade: para todo grafo, cV ≤ cE (por que?). De
forma mais completa, sendo w um vértice de grau mínimo de G, temos cV ≤ cE ≤ d(w) (novamente,
por que?).

Um vértice v é uma articulação quando G – v é desconexo. Uma aresta e é denominada


ponte quando G – e é desconexo. O grafo da FIGURA 15 tem o vértice E como articulação, e não tem
nenhuma ponte (sendo portanto, biconexo em arestas).

• Emparelhamentos em grafos bipartidos

Seja G = (V, E) um grafo bipartido. Um emparelhamento em G é um subconjunto de arestas


de G, E' ⊂ E tal que duas arestas distintas de E' não sejam incidentes a nenhum vértice em comum.
Ou em outras palavras, um emparelhamento “cobre” alguns vértices sem nenhum vértice
repetido.

Um emparelhamento é maximal se nenhum outro emparelhamento o contém. Já um


emparelhamento máximo é um emparelhamento (maximal) com o número máximo de arestas.

FIGURA 28 – EMPARELHAMENTOS: (b), (c), (d): os dois últimos são maximais.

Na FIGURA 28 acima, vemos um grafo (a) e alguns emparelhamentos. O emparelhamento


{ { C,F } } – item (b) – não é maximal, pois está contido no emparelhamento { { C,F }, { B,E } }, que é
um emparelhamento maximal, ilustrado no item (c). Já o emparelhamento ilustrado no item (d),
{ { C,F }, { B,D }, { A,E } }, é um emparelhamento máximo, composto por três arestas.
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GRAFOS 37

EXERCÍCIOS 2.3

1) Prove que o Kn é conexo.

2) Quais são os valores cV e cE para o grafo Kn?

3) Você consegue desenhar um grafo conexo 3-regular que tenha uma ponte?

4) Prove ou dê um contraexemplo. Se a aresta {v,w} é uma ponte então esta aresta é o único
caminho ente v e w.

5) Quantas articulações e quantas pontes você consegue encontra no grafo a seguir?

6) Prove ou dê um contraexemplo. Todo grafo conexo que tem uma ponte também tem uma
articulação.

7) Prove ou dê um contraexemplo. Se um grafo G é biconexo em arestas (sem pontes) então


todo par de vértices faz parte de algum ciclo de G.

8) Quais são os valores cV e cE para cada um dos grafos abaixo?

9) Seja G um grafo formado por um único ciclo simples contendo todos os seus vértices. Para
que valores de n, G é um grafo bipartido? Nestes casos, qual é o tamanho de um
emparelhamento máximo de G?

10) Qual é o tamanho de um emparelhamento máximo do Kp,q ? Demonstre sua solução.


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GRAFOS 38

11) Seja o grafo G, cuja matriz de adjacências é exibida abaixo.

0 1 1 1 0 0
⎡1 0 0 1 0 0⎤
⎢ ⎥
⎢1 0 0 1 0 0⎥
⎢1 1 1 0 1 1⎥
⎢0 0 0 1 0 1⎥
⎣0 0 0 1 1 0⎦

Considere as seguintes afirmações sobre G. São verdadeiras:

I. G é um grafo bipartido. (a) Apenas as afirmações II, III e V.


II. G admite caminho (não ciclo) hamiltoniano. (b) Todas, menos a afirmação IV.
III. G admite caminho (não ciclo) euleriano. (c) Apenas as afirmações I, III, e V.
IV. G contém pelo menos uma ponte. (d) Apenas duas afirmações acima.
V. G contém pelo menos uma articulação. (e) No máximo uma das afirmações.

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS

2) cV = cE = n – 1

3)

5) Duas articulações: vértices C e D. Duas pontes: arestas: CG e DF

6) A afirmação é correta.

9) Para todo valor n par. A cardinalidade do emparelhamento máximo, neste caso, é n/2.

10) O tamanho do emparelhamento máximo do Kp,q é o valor mínimo dentre p e q.

11) Resp.: (a).


NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 39

2.4 PLANARIDADE

Uma representação de um grafo qualquer é dita uma representação plana quando não
existem arestas que se cruzem (apenas se encontram com outras arestas adjacentes nos vértices
em comum). Dizemos que G é um grafo planar se G admite uma representação plana. Por
exemplo, o K4 é um grafo planar (veja figuras (b) e (c) abaixo).

FIGURA 29 – DUAS REPRESENTAÇÕES PLANAS PARA O K4: (b) e (c)

Observe que qualquer representação geométrica de um grafo divide o plano em regiões, ou


faces, sendo que existe exatamente UMA região ilimitada, denominada face externa. Veja que na
FIGURA 29 (a), a face externa é representada pela região 5, enquanto nas FIGURAS 29 (b) e (c) a face
externa é representada pela região 4.

Quaisquer representações planas de um mesmo grafo possuem sempre o mesmo número


de faces. Este número, denotado por f, é um valor constante e único para cada grafo.

• TEOREMA 1.6: (Fórmula de Euler)


Seja G um grafo planar e conexo. Então n + f = m + 2.

A prova deste teorema será omitida, e pode ser feita por indução sobre o número de
arestas.

• TEOREMA 1.7: Seja G um grafo planar e conexo, com n ≥ 3. Então são válidas as seguintes
desigualdades:
(a) m ≤ 3n – 6; e
(b) Se G não contém ciclo de comprimento 3, então m ≤ 2n – 4.

A prova deste teorema será omitida, e tem consequências importantes para determinarmos
se um grafo é planar, como veremos a seguir.

• LEMA 1.2: Os grafos K5 e K3,3 (FIGURA 30 abaixo) são não–planares.

FIGURA 30 – GRAFOS NÃO-PLANARES


NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 40

Para o K5 temos n = 5 e m = 10, e consequentemente m > 3n – 6; desta forma, K5 não é


planar, pois não satisfaz ao TEOREMA 1.7 (a). Para o K3,3 temos: n = 6 e m = 9. Embora satisfaça ao
Teorema 1.7 (a), note que o K3,3, que não tem ciclo de comprimento ímpar, não satisfaz ao
Teorema 1.7 (b), sendo não planar. Os grafos K5 e K3,3 têm um papel especial para a determinação
de planaridade em grafos, como veremos a seguir.

• Subdivisão de um grafo, Homeomorfismo

Seja um grafo G, e {v,w} uma aresta de G. A subdivisão da aresta {v,w} é a inserção de k


vértices v1,v2,…,vk à aresta {v,w} de forma que esta seja transformada em um caminho simples
v,v1,v2,…,vk,w, de forma que todos os k vértices vi tenham grau 2, sendo adjacentes apenas entre
si (ou então a v ou a w). Dizemos que um grafo G′ é a subdivisão de um grafo G se G′ poder ser
obtido de G através de subdivisões de arestas de G. A FIGURA 30, abaixo, ilustra a definição.

FIGURA 31 – G′ É SUBDIVISÃO DE G

Dois grafos G′ e G′′ são ditos homeomorfos se um deles é a subdivisão do outro, ou se


ambos são resultados da subdivisão de um terceiro grafo G. Na FIGURA 31, G e G′ são
homeomorfos, enquanto na Figura 32 (abaixo), G e G′ são homeomorfos, bem como G e G′′.
Ainda, G′ e G′′ são também homeomorfos, pois ambos são subdivisões de G.

FIGURA 32 – G, G’ E G′’: GRAFOS HOMEOMORFOS

• TEOREMA 1.8: (Teorema de Kuratowski)


Um grafo é planar se e somente se não contém um subgrafo homeomorfo a K5
ou homeomorfo a K3,3.
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 41

EXERCÍCIOS 2.4

1) Desenhe uma representação plana para o grafo abaixo, ou prove que este grafo é não-planar.

2) Desenhe uma representação plana para o grafo abaixo, ou prove que este grafo é não-planar.

3) Desenhe uma representação plana para o K2,3.

4) Desenhe uma representação plana para o K2,4.

5) Mostrar que o Grafo de Petersen, ilustrado abaixo, é não-planar.

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS

1)
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 42

2.5 COLORAÇÃO DE VÉRTICES

Seja G = (V, E) um grafo qualquer, e C = { c1, c2, c3, … cp } um conjunto de p cores distintas.
Uma coloração de G é conjunto de atribuições destas cores aos vértices de G, de forma que
vértices adjacentes tenham cores distintas. Formalmente, uma coloração é uma função

cor: V → C tal que {v,w} ∈ E  cor(v) ≠ cor(w).

Uma k-coloração de G é uma coloração que utiliza k cores; ou seja, o conjunto imagem da
função cor tem cardinalidade k. Neste caso, dizemos que G é k-colorível. Observe que todo grafo é
n-colorível. Basta pegarmos uma cor distinta para cada vértice de G. Mas o objetivo é utilizarmos o
menor número possível de cores.

O número cromático de G, notado por χ(G), é o valor mínimo de k para o qual o grafo G é
k-colorível. Qualquer coloração com χ(G) cores é chamada coloração mínima. A figura abaixo
mostra um grafo G que admite uma 3-coloração. Pode-se verificar facilmente que esta coloração é
mínima. Desta forma, χ(G) = 3.
C c1

B H D c2 c3 c2

G c1

A F E c3 c1 c3

FIGURA 33 – UMA 3-COLORAÇÃO (MÍNIMA) PARA G

• LEMA 1.1: Um grafo é bicolorível se e somente se for bipartido.

A prova do LEMA 1.1 é bastante simples. Seja G um grafo bipartido, sendo V = V1 ∪ V2 tal que
vértices de uma mesma partição não são adjacentes. Podemos então escolher duas cores, uma
para colorir os vértices de V1, e outra para colorir os vértices de V2. Reciprocamente, se um grafo é
bicolorível, então podemos particionar V em subconjuntos de vértices de mesma cor. Como
vértices de mesma cor não são adjacentes, temos que G é um grafo bipartido.

• Problema das quatro cores

O Teorema das Quatro Cores diz que é possível colorir as regiões de qualquer mapa
desenhado no plano (que pode ser modelado como um grafo planar) usando no máximo quatro
cores, de forma que regiões adjacentes sejam de cores distintas. A FIGURA 20 abaixo ilustra um
mapa com 5 regiões, e seu respectivo grafo, que é 4-colorível, como mostrado. O problema das
quatro cores relaciona os estudos de COLORAÇÃO e PLANARIDADE em grafos.
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 43

FIGURA 34 – UMA 4-COLORAÇÃO DE UM MAPA

EXERCÍCIOS 2.5

1) Determine χ(G) para o grafo G abaixo. Prove que o valor χ(G) está correto:
(a) Mostre uma χ(G)-coloração para o grafo; e
(b) Prove que esta coloração é mínima.

2) Construa o menor grafo sem triângulos cujo número cromático seja 3.


Um grafo sem triângulos não tem o K3 como subgrafo.

3) Qual é o valor de χ(Kn)?

4) Seja G um grafo composto apenas por um ciclo simples contendo todos os seus vértices. Qual
é o número cromático de G?

5) Determine χ(G) para todos os grafos abaixo. Mostre a χ(G)-coloração de cada um deles.
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 44

6) Determine o número cromático do grafo abaixo. Apresente uma coloração para este valor.

7) Seja o grafo G, cuja matriz de adjacências é exibida abaixo.


|011100|
|100100|
|100100|
|111011|
|000101|
|000110|

Considere as seguintes afirmações sobre G. São verdadeiras:

I. G é um grafo bipartido. (a) Apenas as afirmações II, III e V.


II. G admite caminho hamiltoniano. (b) Todas, menos a afirmação IV.
III. G admite caminho euleriano. (c) Apenas as afirmações I, III, e V.
IV. G contém pelo menos uma ponte. (d) Apenas duas afirmações acima.
V. G contém pelo menos uma articulação. (e) No máximo uma das afirmações.

8) Considere as seguintes afirmações sobre grafos simples:


I. Todo grafo bipartido completo é conexo.
II. Todo grafo bipartido é 2-colorível.
III. Todo grafo conexo e bipartido é euleriano.
IV. Existem um grafos 3-regulares planares e não-planares.

Das afirmações acima, são verdadeiras:

(a) Todas, menos a afirmação I.


(b) Todas, menos a afirmação II.
(c) Todas, menos a afirmação III.
(d) Todas, menos a afirmação IV.
(e) No máximo duas afirmações.

9) Assinale a única alternativa correta sobre o grafo abaixo:

a) G é um grafo hamiltoniano e também euleriano.


b) G é um grafo regular e também hamiltoniano.
c) G é 3-colorível e admite um caminho euleriano.
d) G é um grafo bipartido que não contém pontes.
e) G tem um corte de vértices com cardinalidade 2.
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 45

10) Para o grafo G abaixo, considere as afirmações sobre G.


I. G admite caminho euleriano.
II. G é hamiltoniano.
III. G é bipartido.
IV. G é admite uma 3-coloração de vértices.

Das afirmações acima, são verdadeiras:

(a) Apenas as afirmações I e IV.


(b) Apenas as afirmações II e IV.
(c) Apenas as afirmações I e II.
(d) Todas as afirmações, menos a III.
(e) Todas as afirmações, menos a II.

11) Considere os grafos, a seguir.

Pela análise desses grafos, verifica-se que:

a) G3 e G4 são grafos completos.


b) G1 e G2 são grafos isomorfos.
c) G3 e G1 são grafos bipartidos.
d) G2 e G3 são grafos planares.
e) G1 e G4 são grafos eulerianos.

RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DE ALGUNS EXERCÍCIOS

1) χ(G) = 3
a) b)
G contém um ciclo de comprimento ímpar (A,B,C,D,E,A).
Portanto, pelo TEOREMA 1.3, G não é bipartido.

Logo, pelo LEMA 1.1, G não é 2-colorível, e a 3-coloração


apresentada é uma coloração mínima para G.
NOTAS DE AULA – PROF. JÚLIO SILVEIRA
GRAFOS 46

7) a)

8) c)

9) c)

10) d)

11) b)

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