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Publicado em NOVA ESCOLA Edição 315, 03 de Setembro | 2018

Violência nas escolas

Violência nos EUA: Um recomeço


para “alunos difíceis”
Programa ajuda garotos em situação de risco a reinventar sua masculinidade
para reduzir a violência
Bruna Nicolielo

APOIO: Jovens da periferia de Chicago aprendem a expressar medo e raiva. Crédito: Nicole
Wong/Divulgação

O norte-americano Greg, 16 anos, cresceu apanhando do pai junto com a mãe e os irmãos. Passou a
considerar as agressões o modelo e se fechou num mundo particular: isolado dos colegas e sem
conexão com a família.

Greg não é o nome verdadeiro desse jovem negro e pobre, mas a história é real e comum em
Englewood, na Zona Sul de Chicago (EUA). A região combina uma taxa de desemprego acima de 20%,
uma renda familiar que é metade da média da cidade, os jovens negros como a maioria das vítimas de
homicídio e a presença do tráfico de drogas num caldo que entorna em direção aos adolescentes.

Eles costumam abandonar a escola e se envolver com gangues. Mas Greg encontrou no projeto
Becoming a Man (BAM) novas possibilidades. O programa, que significa “tornando-se um homem”,
combina mentoria e acompanhamento psicológico em escolas públicas.

Os estudantes têm entre 12 e 18 anos e baixo desempenho escolar. A ideia é ajudar esses meninos a
reconhecer sentimentos como a raiva e o medo. “Um homem pode sentir-se insatisfeito, triste, em
dúvida ou com medo, mas deve reconhecer suas reações a essas emoções”, diz o fundador do BAM,
Tony DiVittorio, 49 anos.

Com o apoio do grupo, Greg começou a escrever poesia e agora tem um plano: quer ser professor e
orientar outros jovens. “Você pode expressar seus sentimentos sem que as pessoas riam de você”, diz.

Assim como Greg, Tony DiVittorio também cresceu numa comunidade violenta de baixa renda. Ele foi o
primeiro da família a chegar ao Ensino Superior e, na faculdade de psicologia, decidiu que trabalharia
com jovens.

As sessões começaram informais e, em 2003, o BAM foi oficialmente criado. No ano escolar de
2017/2018, foram atendidos 6.400 alunos em 107 escolas.

Os encontros duram uma hora por semana e incluem histórias, jogos, rodas de conversa e exercícios. O
clima é de “o que acontece no grupo fica no grupo”.

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