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PROCESSO - TC-5807/2013
JURISDICIONADO - PREFEITURA MUNICIPAL DE BREJETUBA
ASSUNTO - CONSULTA
EMENTA
[...]
Considerando que é da competência deste Tribunal decidir sobre consulta que lhe
seja formulada na forma estabelecida pelo Regimento Interno, conforme artigo 1º,
inciso XXIV, da Lei Complementar Estadual nº 621/12.
I RELATÓRIO
Tratam os presentes autos de consulta formulada pelo Sr. João do Carmo Dias,
Prefeito Municipal de Brejetuba, no sentido de serem respondidas as seguintes
indagações:
É o relatório.
PARECER/CONSULTA TC-005/2014
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II REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
Ademais, o tema em debate tem relevância jurídica, pois trata de teto remuneratório
dos servidores, matéria esta de tratamento constitucional e cuja interpretação está
forçosamente vinculada ao princípio da moralidade na Administração Pública. Resta
atendido, destarte, o disposto no art. 122, § 2º, da referida lei, que assim estabelece:
Constata-se, outrossim, que há indicação precisa da dúvida (art. 122, § 1º, III) e que
tal foi formulada em tese, não se referindo apenas a caso concreto (art. 122, § 1º,
IV), conforme se depreende da leitura do Relatório.
Nesse caminho, embora não tenham sido indicados os dispositivos legais sobre os
quais pairam dúvidas, é possível perceber que os questionamentos referem-se ao art.
37, XI e XV da Constituição Federal, restando atendida a exigência do art. 122, caput,
do diploma legal em questão.
PARECER/CONSULTA TC-005/2014
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Quanto aos demais itens (1 e 3), sugere-se o não conhecimento da consulta, por
descumprimento do requisito do art. 122, § 1º, V da LOTCEES.
III MÉRITO
Assim, é com especial cuidado que deve ser feita a interpretação e aplicação do teto
remuneratório aos seus destinatários, em que pese o princípio da irredutibilidade de
subsídios e vencimentos (art. 37, XV da Constituição Federal). Aliás, da leitura do
texto constitucional, vê-se claramente que a irredutibilidade está condicionada à
obediência do teto remuneratório:
No mesmo sentido:
1
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003.
PARECER/CONSULTA TC-005/2014
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Ademais, por força da EC n. 47/2005, que incluiu o § 11 no art. 37, excluem-se, para
fins de adequação ao teto remuneratório, as parcelas de caráter indenizatório,
previstas em lei. Sobre o tema, já se posicionou esta Corte de Contas, através do
Parecer em Consulta n. 034/2006, do qual transcrevemos a ementa:
PARECER/CONSULTA TC-034/2006
Mister salientar que não pode o administrador deixar de pagar aos servidores (a
pergunta feita a esta Corte foi nesse sentido), mas sim, reduzir o valor até o limite
constitucional. A retenção do valor integral da remuneração de servidor, quando
apenas parcela de tal remuneração excede ao teto constitucional, configura abuso de
poder e pode gerar indenização por danos morais, como assentado na
jurisprudência2.
IV CONCLUSÃO
Cuidam os presentes autos de Consulta formulada pelo Sr. João do Carmo Dias, Prefeito
Municipal de Brejetuba, perante a este Egrégio Tribunal, em 17/07/2013, sob o protocolo n° 009093,
versando sobre os temas que se transcreve:
[...]
3 – Servidor Médico que possui dois vínculos empregatícios com o mesmo ente público, computa-se
para efeitos de teto ambos os contratos ou não?
O douto Ministério Público Especial de Contas, através por seu Procurador de Contas, Dr. Luís
Henrique Anastácio da Silva, nos termos do Parecer, exarado, às folhas 30, divergindo em parte da área
técnica, pugnou pela concessão de prazo ao consulente para cumprimento do requisito de
admissibilidade, referente aos itens 1 e 3 da consulta.
Em seguida o então Relator, Dr. João Luiz Cotta Lovatti, votou, às fls. 34/40, pela notificação
do Consulente para que, no prazo de 10 dias, adotasse procedimento com vista a suprir as formalidades
previstas no art. 122, § 1°, V, da Lei Orgânica desta Corte de Contas, pelo que foi acompanhado pelo
Plenário deste Egrégio Tribunal de Contas, nos termos da Decisão TC nº 4694/2013, de folhas 41 destes
autos.
2
Por exemplo, TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 352981620028070001 DF 0035298-16.2002.807.0001 (TJ-DF).
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Conforme regular distribuição, vieram os autos a este Magistrado de Contas para emissão de
relatório e voto para efeito de deliberação do Plenário deste Egrégio Tribunal, na forma do art. 29 do
Regimento Interno desta Corte de Contas.
É o sucinto relatório.
VOTO
Da análise do feito, entendo que assiste razão à área técnica e ao douto representante do
Ministério Público Especial de Contas quanto ao conhecimento da presente consulta, referente ao item
2, e pelo seu não conhecimento quanto aos itens 1 e 3, em razão de ausência de requisitos previstos no
art. 122, § 1º, V, da Lei Complementar nº 621/2012.
Os requisitos de admissibilidade das consultas estão presentes no art. 122, § 1º, incisos I a V,
da Lei Complementar nº 621/2012, que assim dispõe:
Art. 122. O Plenário decidirá sobre consultas quanto às dúvidas suscitadas na aplicação de dispositivos
legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, que lhe forem formuladas pelas
seguintes autoridades:
[...]
Desse modo, verifico que a 8ª Secretaria de Controle Externo assim se manifestou, nos termos
da Instrução Técnica OT-C 95/2013, fls. 4/6, conclusivamente, verbis:
III MÉRITO
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Necessário observar que a matéria referente a teto remuneratório tem natureza constitucional e
cogente, encontrando-se prevista no art. 37, XI da Carta Magna, senão vejamos:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
Resta clarividente, na norma constitucional citada, os tetos e subtetos previstos no inciso XI consignam
uma das formas de concretização do princípio da moralidade, previsto no caput.
Assim, é com especial cuidado que deve ser feita a interpretação e aplicação do teto remuneratório aos
seus destinatários, em que pese o princípio da irredutibilidade de subsídios e vencimentos (art. 37, XV
da Constituição Federal). Aliás, da leitura do texto constitucional, vê-se claramente que a
irredutibilidade está condicionada à obediência do teto remuneratório:
No mesmo sentido:
Ministro Sepúlveda Pertence), tem entendido que, a partir da promulgação da EC n. 41/2003, que deu
nova redação ao art. 37, XI, da CF/88, afastou-se o princípio da irredutibilidade dos vencimentos
públicos, em virtude da imposição do teto remuneratório, e que não é possível assegurar ao servidor o
direito às vantagens pessoais além do teto a todos imposto. 3. Não há falar em violação da coisa
julgada, considerando-se que, nos autos do MS n. 1995.004.00615, foi apreciada causa de pedir
distinta (legitimidade da Resolução ALERJ n. 590/94) e que a EC n.41/2003 ainda não havia sido
promulgada. 4. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg nos EDcl no RMS: 25587 RJ 2007/0264171-
2, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 08/11/2011, T6 - SEXTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 05/12/2011). (grifamos)
Direito Processual Civil. Art. 557 da Lei Processual. Recurso manifestamente improcedente, ou seja,
que evidentemente não terá sucesso. Direito Constitucional. Mandado de segurança. Teto
remuneratório. Artigo 37, inciso XI da Constituição da República. Norma auto-aplicável. Incabível
alegação de nulidade do ato, visto que as normas auto-aplicáveis independem de qualquer ato formal
para produção efeitos. Teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da Constituição da República
Federativo do Brasil, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de
2003. Precedentes deste Órgão. No plano do mérito, entendeu o excelso Pretório, em recente decisão,
que a Emenda 41/03 afastou o princípio da irredutibilidade dos vencimentos em virtude do teto
remuneratório, eis que a garantia constitucional da irredutibilidade da remuneração dos servidores
públicos não se reveste de caráter absoluto e a garantia do direito adquirido não impede a modificação
futura do regime de vencimentos (2004.004.01671 - MANDADO DE SEGURANÇA -DES. ROBERTO
CORTES - Julgamento 26/02/2007 - ÓRGÃO ESPECIAL). É da jurisprudência do Supremo Tribunal
que não pode o agente público opor, à guisa de direito adquirido, a pretensão de manter determinada
fórmula de composição de sua remuneração total, se, da alteração, não decorre a redução dela .Não
obstante cuidar-se de vantagem que não substantiva direito adquirido de estatura constitucional, razão
por que, após a EC 41/2003, não seria possível assegurar sua percepção indefinida no tempo, fora ou
além do teto a todos submetido. (MS 24.875, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 11-5-06,
DJ de 6-10-06) Desprovimento do recurso. (TJ-RJ - MS: 507 RJ 2004.004.00507, Relator: DES. NAGIB
SLAIBI, Data de Julgamento: 12/11/2007, ORGAO ESPECIAL, Data de Publicação: 03/12/2007).
(grifamos).
Ademais, por força da EC n. 47/2005, que incluiu o § 11 no art. 37, excluem-se, para fins de adequação
ao teto remuneratório, as parcelas de caráter indenizatório, previstas em lei. Sobre o tema, já se
posicionou esta Corte de Contas, através do Parecer em Consulta n. 034/2006, do qual transcrevemos
a ementa:
PARECER/CONSULTA TC-034/2006
INTERESSADO - CÂMARA MUNICIPAL DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
TETO DE REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES MUNICIPAIS - ARTIGO 37, INCISO XI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - VANTAGENS DE NATUREZA PESSOAL, INCLUSIVE
GRATIFICAÇÕES DE REPRESENTAÇÃO, DEVEM SER INCLUÍDAS NO CÔMPUTO - TODAS AS
PARCELAS DE NATUREZA INDENIZATÓRIA DEVEM SER EXCLUÍDAS PARA EFEITO DE
INCIDÊNCIA DO TETO CONSTITUCIONAL ATÉ EDIÇÃO DE LEI REGULAMENTADORA A QUE SE
REFERE O §11 DO ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. (grifamos)
Também este Tribunal já registrou, no Parecer em Consulta n. 006/2010, que o abono de permanência
não deve ser computado para fins de teto remuneratório.
PARECER/CONSULTA TC-005/2014
hm/lr
Mister salientar que não pode o administrador deixar de pagar aos servidores (a pergunta feita a esta
Corte foi nesse sentido), mas sim, reduzir o valor até o limite constitucional. A retenção do valor integral
da remuneração de servidor, quando apenas parcela de tal remuneração excede ao teto constitucional,
configura abuso de poder e pode gerar indenização por danos morais, como assentado na
jurisprudência.
IV CONCLUSÃO
Por todo o exposto, sugere-se o não conhecimento da presente consulta, em relação aos itens 1 e 3,
por descumprimento do requisito do art. 122, § 1º, V da LOTCEES.
Por oportuno, registramos que o tema – teto remuneratório – foi minuciosamente analisado por este
Tribunal em estudo de caso especial, que gerou o Acórdão TC n. 293/2012. Embora o referido estudo
não tenha caráter normativo (como as consultas, que constituem prejulgamento de tese), revela
pertinente entendimento desta Corte sobre o tema, tendo sido devidamente publicado no DIO de 12 de
setembro de 2012. Sugerimos, portanto, o encaminhamento de cópia do Acórdão TC n. 293/2012
para o consulente, por constituir relevante forma de deslinde de dúvidas futuras sobre a matéria.
– grifei e negritei
Da análise do feito, verifica-se que o consulente instruiu a peça inaugural com os documentos
de fls. 01/12, entretanto, embora tenha sido notificado a suprir a falta de documento, deixou de juntar
aos autos parecer do órgão de assistência técnica e/ou jurídica, referente aos itens 1 e 3 da
consulta.
Por outro giro, a presente consulta se mostra devidamente instruída quanto ao item 2, qual
seja, “Considerando o princípio da irredutibilidade de vencimentos e considerando ainda que a
remuneração trata-se de verba alimentícia, pode o Executivo deixar de pagar remuneração a servidor
público, caso ultrapasse o valor do teto do funcionalismo?”, preenchendo assim, todos os requisitos de
admissibilidade, pelo que passo a análise, apenas neste particular.
O tema abordado na consulta, concernente ao item 2, foi exaustivamente analisado pela área
técnica que nos termos da Instrução Técnica OT-C nº 65/2013, exauriu todas as dúvidas levantadas pelo
consulente na peça inaugural.
Desse modo, adoto como razões de decidir o posicionamento da área técnica, exarado na
referida Instrução Técnica, que por sua vez foi confirmado pelo douto Representante do Parquet de
Contas, no sentido de que devem ser incluídas no cômputo do teto, constitucionalmente estabelecido, as
parcelas de natureza remuneratória, devendo ser excluídas apenas as parcelas de natureza
indenizatória para efeito de incidência do teto constitucional, até edição de lei regulamentadora a que se
refere o § 11, do artigo 37 da Constituição Federal.
VOTO, por fim, no sentido de que seja encaminhado ao consulente cópia deste voto com e da
Instrução Técnica OT-C nº 65/2013, emitida pela 8ª Secretaria de Controle Externo, bem como cópia do
Acórdão TC nº 293/2012.
É como voto.
Composição Plenária
da Silva, Relator, Sérgio Aboudib Ferreira Pinto, José Antônio Almeida Pimentel e
Sérgio Manoel Nader Borges. Presente, ainda, o Dr. Luciano Vieira, Procurador
Especial de Contas em substituição ao Procurador-Geral.
Fui Presente: