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MOGT COM cain ay 9 [HuRyUr einyeloyy V Digitalizado com CamScanner + A literatura infant f* abertura para a formacao de uma nova mentalidade entre nds nestes no ar. Um fantasma circu! nodernismo, Uma vontade de participa ¢ un ico gamesem cas Ha qualquer co anos 80; 0 po: auroras de laser na | uns veem um pi delicias; outros, 0 tltimo tango a beira do caos. [ demismo invadiu o cotidiano com a tecnologi visando a sua safuracao com informat computadorizado do conhecimento mais com signosdo que com coisas. |...] Enfim, o pos-modernismo ameaga encarnar hoje estilos de e de filosofia nos quais viceja uma idéia tida como arqui-sinistra: © niilismo,o nada, 0 vazio, a auséncia de valores ¢ de sentido para a vida. (Jair Ferreira dos Santos, 1986.) 5 esse o belo/horrivel contexto cultural que, atualmente, através de mil meios de comunicagio, se oferece como brilhante ¢ equivoco caminho de vida aos adultos, adolescentes e criangas. ‘Apesar de sermos cidadaos do Terceiro Mundo, vivemos sob 0 influxo das forcas que comandam as sociedades mais avancadas (Es- Jos Unidos, Europa, Japao). Dai os desequilibrios sociais que defi- ade brasileira, Em todas as areas, est que ai es nem a re am 0 varios angulos dos imensos problemas que bemos que esta s6 vir’ a médio ¢ longo prazo. nsformages de st de solugio. Mas bem O mundo esta passando por uma das maiores historia; ¢ nds, dentro dele, vivemos também as nossas. ionados ¢ transmitidos a todos, para que construa num amanha proximo (ou longinquo?). ncias, debates € propostas va, principalmente no ambito da Lingua e da Literatura. E com espe- cunko polémico na area da Literatura Infantil. nil predomindncia pode parecer absurda aos “distraidos” que inda nao descobriram que a verdadeira evolucdo de um povo se faz ao nivel da mente, ao nivel da consciéncia de mundo que cada um vai assimilando desde a infincia. Ou ainda nao descobriram que 0 caminho essencial para se chegar a esse nivel é a palavra. Ou me- hor, a literatura — verdadeiro microcosmo da vida real, transfigu: rada em arte, Essa afirmacao, porém, é ainda questionada. As atitu- des em face do problema divergem, e uma das perguntas mais fre- giientes que se ouve & Haverd lugar para a literatura infantil (ow para a literatura em geral) nesse mundo da informiitica que nos in- vadiu com forga total? Estamos com aqueles que dizem: Sim. A literatura, e em especial infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformagao: a de servir como agente de formacao, seja no esponti- neo convivio leitor/livro, seja no didlogo leitor/texto estimulado pela escola. ao livro, & palavra escrita, que atribuimos a maior responsabili- dade na formacio da consciéncia de mundo das criangas e dos jo- vens. Apesar de todos os prognésticos pessimistas, ¢ até apacalipticos, acerca do futuro do livro (ou melhor, da literatura), nesta nossa era da imagem e da comunicagao instantanea, a verdade & que a palavra lite- raria escritaesti mais viva do que nunca, (Que o diga 0 boom da litera- {ura infantil, entre nés, a partir dos anos 70.) E parece ja fora de qual quer divida que nenhuma outra forma de ler 0 mundo dos homens 6 tio eficaz.¢ rica quanto a que a literatura permite. 15, Digitalizado com CamScanner 0 espags m que convive, 6 igo basica do ser humano. Desde que a inteligéncia humana teve condigdes para organizar, em conjunto coerente, as f tuagdes enfrentadas pelos homens em seu dia-a-dia, estes foram im- pelidos a registrar, em algo duravel, aquelas experiéicias fugazes. A descoberta da arte das cavernas, de hi 12 ou 15 mil anos, feita pelos a sahemos, 0 impulso p em que vive e os seres ¢ as coi arquedlogos, mostra, de maneira inequivoca, esse impulso essencial que leva o homem a expressar através de uma forma (realista ou ale- gorica) suas experiéncias de vida. Ao estudarmos a histéria das culturas e 0 modo pelo qual clas foram sendo transmitidas de geragio para geracdo, verificamos que a literatura foi o seu principal veiculo. Literatura oral ou literatura escrita foram as principais formas pelas quais recebemos a heranca da Tradi- do que nos cabe transformar, tal qual outros o fizeram, antes de nds, com os valores herdados ¢ por sua vez. renovados. Enno sentido dessa transformagao necessaria ¢ essencial (cujo pro- cesso comecou no inicio do século XX e agora chega, sem diivida, ds etapas finais e decisivas) que vemos na literatura infantil o agente ide- al para a formacao da nova mentalidade que se faz urgente. ALESCOLA, ESPACO PRIVILEGIADO PARA 0 ENCONTRO ENTRE 0 LEITOR E 0 LIVRO Nossa linha de trabalho assenta no principio de que a escola é, hoje, 0 espace privilegiado, em que deverdo ser kang cao do individuo. E, nesse espace, » brangente do que para a forma estudos literdrios, pois, de man a consciéncit do seus varios cimento da lingua, digo sine gua non de do ser 1 valorizagio do espace cola nao q que caracterizou a escola tradicional em sua fase de Longe disso. Hoje, esse espaco deve ser, ao mesmo tem idades com a literatura e a expressio al, o espago-escola deve se diversificar em dois ambientes basicos: 0 de estudos programados(sala de aula, bibliotecas para pesquisa, etc.) eo de atividades livres sala de leitura, recanto de invencées, oficina da pala- vra, laboratorio de criatividade, espaco de experimentacio, etc Evidentemente, essa dualidade de ambientes (o programado e 0 livre) corresponde as duas faces biisicas da formacio visada: a que exige do educando a assimilacao de informacies ¢ conkecimentos para integri-los em um determinado conjunto coerente do saber, ¢ a que deve estimular ou liberar as potencialidadesespecificas de cada um deles. Dos anos 70 para ci, cada vez mais se acentua a necessidade de se atribuir a escola ¢ a literatura essa dupla responsabilidade. Entretan- to, como bem sabemos, entre a conscientizagio do problema e sua perfeita equacao/resolucao, medeia um longo caminho (e muitas ve- redas falsas...) a ser percorrido. No sentido de contibuir para a experimentacdo que se faz neces- siiria, registramos a seguir alguns dos principios que nos serviram de diretrizes para a organizagio da matéria reunida neste livro PRESSUPOSTOS PARA UM PROJETO DE ENSINO/ ESTUDO DA LITERATURA INFANTIL 1, Concepgi da ¢ it ComO uM ser educivel: o ser humano é (ou dleve ser) um aprendi¢ de cultura, enquanto dura o seu ciclo vital, 20 dla literatura como um fendmeno de linguagem resultante de uma experiéneia existencial/social/cultural alorizacdo das relacdes existentes entre literatura, historia ¢ cultura. 7 Digitalizado com CamScanner 4. Compreensio da leitura como um didlogoentre leitor ete de fandamental que estimula 0 ser em sua globalidade (emogies, inte- lecto, imaginario, etc.) ¢ pode levii-lo da informacao imediata {através da istoria”, “situagao” ou “conflito”...) a formacao interior, curto, médio ou longo prazo (pela fruigio de emogies e gradativa con dos valores ou desvalores que se defrontam no convivio social). J. Compreensio da-escrita como ato-fruto da leitura assimilada e/ou da criatividade estimulada pelos dados de uma determinada cultura. 6 Certeza de que os meias didaticos (métodos, processos, estratégias, _) slo neutros. Isto 6, sua efi mentoda matéria que 0 usuario possua; da adequacaoentre esses meios didaticos e a materia a ser trabalhada, ¢ da intencionalidadede quem os escolhe e manips 7 Certeza de que a escola é o espaco privilegiado, em que devem ser colocados os alicercesdo processo de auto-realizagao vital/cultural, que 0 ser humane inicia na infancia e prolonga até a velhice. Diante desse elenco de principios ou pressupostos educacionais, ressalta a responsabilidade da escola e, acima de tudo, do professor. “GELEIA GERAL"” x LITERATURA INFANTIL x FORMACGAQ: DE NOVA MENTALIDADE Aqui voltamos ao ponto inicial deste capitulo ~ a literatura infantil: abertura para a formacio de uma nova mentalidade. Seguindo a or- dem de idéias acima expostas, e defendendo a literatura infantil como agente formador, por exceléncia, chega-se & conclusio de que 0 pro- fessor precisa estar “sintonizado” com as transformagdes do momen- presente ¢ reorganizar seu proprio conhecimento ou consciéncia de mundo, orientado em trés direcdes principais: da literatura (como itor atento), da realidade social que 0 cerca (como cidadio cons «da “geléia geral” dominante € de suas possi docéncia (como profissional competente). Nos capitulos que se seguem, selecionamos m: para o estudo e/ou ensino da Literatura In s causas) ¢ da m basi 18 Me est nos estat (0s ¢ padroes de pensamento ou de comportament Joje, no caos de nossa civilizagao em mudanca. Referimo- (os chamados “valores tradicionais” (consolidados pela socieda- romantica no séc. XX) e aos “valores novos” (gerados em reacio que ainda nao foram equacionados em sistema). Uns © outros determinaram (ou determinam) a temdtica e as peculiaridades formais que diferenciam as literaturas de ontem e de hoje. Esperamos que tal confronto possa ajudar os jovens professores a se situarem, criticamente, diante da realidade historica/social/cultural que os cerca, e poderem relacioné-la com a Tradicao herdada pelo nosso século, mas hoje em plena desagregac¢ao. we se de O TRADIGIONAL fazer como manifestacao autentiea do ter Moral da responsabilidade etica Sociedade sexofila Redescoberta « reinvenc do passado Concepgo de vida fundada na visdo crnica! cexistencial / mutant da condigio humana, ws 0 Tradicional 1-0 individuatismo e suas verdades absolutas sio a pedra angular do sistema, Tado na sociedade tradicional (cris, liberal, burguesa, pra mmitica, progressista, capitalista, patriarcal) parte do individuo e nele 19 Digitalizado com CamScanner or sustentaculo, Embora ideais generosos visassem o be- coletividade, na pritica, o individualismo forte e compet base do sistema, acabou por se transformar no poder $s minor Na literatura, essa valorizacao ideal do individuo esta patente nas acteristicas dos herdis ou personagens ro res de excegio, modelos das qualidades e virtu Sociedade, como padries id nticos: odos eles, se- 5 pela is a serem imitados. Desse modelo surgem, na literatura para criangas ¢ jovens des herdis aventureiros, os lipos corajosos, invenciveis, verdadeiros super-homens que hoje se transformaram nos super-men que inva ram as historias em quadrinhos e os filmes da TV. Juvenil ‘Tradicional esta pov e que muita influéneia exerceram entre nés Monteiro Lobato, nos anos 20/30. Pesqui trabalhos urgentes a serem feitos, 2. Obediéncia absoluta aos vi dos pelo poder ou pelo saber da autoridade (Igreja, governo, pal esposo). Tal dogmatismo, que transformou arismo”, derivou da crenga de que o sistema elaborado era perfei 86 haveria um cami- 0 para os homens: obediéncia absoluta as autoridades detentoras do per ¢ do poder. ratura para criancas, o dominio quase absolu exemplaridade;da rigidez. de limites entre certo/errado, bom/ 20 O sistema social sobrepoe 0 ter a0, i privilegi que ascenderam socialmente pelo estudo (profissi {iva o paternalismo (como compensagio ao desequ zagio da massa assalariada a uma vida sem perspeetiva de ascensio social); de outro lado, o ideal aristocrata que valoriza os privilegiados, nos de bens de raiz. ou de fortuna, que nio precisam exercer traba- Iho remy mo que, sob as mais diversas formas, conti oem nossos dias.) Quanto @ familia: a autoridade suprema e homem, enquanto a responsabilidade pelo os ou pelo funcionamento ideal da familia e los fi Note-se que essa superioridade do homem, patente no plano da vida ica, corresponde a idealizacao da mulher no plano dos valores is conforme se vé na literatura, num prolongamento evidente da valorizagto da mulher, iniciada na Idade Média através do osdigo do amor cortis, Na Para criangas, todas essas caracteristicas apa- recem de maneira evidente, quase caricata, reforgando os limites en- re 0 que é proprio da mulher e do homem. 4. Moral dogmética, maniqueista, de carter religioso, isto é, assentada 4 avatiagao transcendente da conduta humana — prémio a virtude ou Astigo ao vicio, a serem concedidos no além-vida. a moral aparece na rigides da con- sana moral da historia ou no prémio ou castigo recebidos pelas personagens. duta certa ou errada, que se conden 5. Sociedade sexifoba. Resultante des ssa Gtica de base religiosa, cor da-se uma sociedade que estigmatizou o sexo como pecado, proibi clo ter 21 Digitalizado com CamScanner temente sua frnigao fora do casamento e fora da intengao de . Tal interdicao (consagrada pelo Concilio de ‘Trento, no séc. até hoje nao revogada pela Igreja) transformou um ato natural em ato moral. Vigente na sociedade tradicional, patriarcal (e essenci ite machista), 2 interdigao ao sexo acabou por se restringir apenas mulheres, cuja virtude maxima passou a ser a castidade. Note-se, além disso, que a sexofobia que caracteriza a sociedade burguesa poderia também ser explicada pela finalidade eminente- mente pragmdtica e progressista de seu sistema. Isto 6, uma vez que a energia sexual 6 uma das forgas criadoras mais poderosas do ser humano, ¢ essencialmente ligada A auto-realizagio profunda do ser, quando bloqueada, passa naturalmente a ser absorvida pelo outro canal criador — 0 do poder da mente, do pensamento ou da razio: forgas dinamizadoras do fazer e eminentemente construto- ras. O progressismo surpreendente dessa sociedade parece confir- mar a hipotese.. 6. Reveréncia pelo passado como modelo a ser seguido, respeitado ou honrado por todos. Dai o culto aos grandes mestres da literatura e das, artes em geral. 7 Concepedo da vida como passagem por este “vale de lagrimas”, para que os homens possam resgatar « culpa original, a “queda de Adio”, Ou melhor, para que, pelo culto das virtudes e das boas agdes, pos- sam ser novamente dignos de entrar no paraiso, apés a morte. Assim, sta ultima era concebida como fim da matéria e liberacho do espirito para a vida eterna, no céu ou no inferno. 8, Racionalismoé a base do sistema, Tudo é explicado pela raz, apo! sra pela {6 ora pela ciéncia. Dai a obsessio do pensamento tradi cm codificar racionalmente © comportamento humano, ( 1» domar ou explicar pela logica algo que é, por natureza, puro so emotivo, intuigao, instinto, fantasia, sonho... 22 9. Racismo sociedade tradicional 1ma “instiluigao” que vem do inicio dos tempos: a escravizacao de uma raca pela outra, resultante das conquistas, sangrent como prol ou nao, de territé , como con rios ambicionados por suas riquezas. escravizagao da forga-trabalho dos vencidos ~ forga indispensiive rogresso de qualquer grupo social. Nessa imensa luta pelo poder -orrespondente a evolugio ¢ ao progresso civilizador do homem na Terra), a “raga brani " foi a vencedora; e com isso instaurou no mun- do ocidental um processo de injusti¢a humana e social que até os nossos tempos nio pade ser totalmente extirpada. A literatura tradicional procurou denunciar essa aviltante injust ‘ga.contra as ragas consideradas “inferiores” pela raga vencedora, mas se limitou aos aspectos sentimentais e puramente humanos, deixando de lado suas fundas raizes politico-econémicas. Na Literatura Infantil, a separagao entre brancos ¢ negros & notéria: reflete uma situagao social concreta. 10. & criancaé vista como um “adulto em miniatura”, cujo periodo de imaturidade (a infincia) deve ser encurtado o mais rapidamente pos- sivel. Dai a educagio rigidamente disciplinadora e punitiva; ea litera- tura exemplar que procurava levar o pequeno leitor a cemente, atitudes consideradas “adultas”. assumir, preco- Em que medic tais valores se transformaram em argumentos das rias, tipos de personagens, em linguagem literdria, em temas, ete. € 0 que cabe analisar em toda a literatura herdada e em muitos dos livros que vém sendo escritos ainda hoje nessa linha. Novo Entre os valores novos, ja presentes no mundo contemporanco, mas ainda dispersos ou deformados, em meio a “geléia eral” dominante, destacamos: 23 Digitalizado com CamScanner 1.0 espirito soliddrio, socializs ile, que é a conscidneia de que o indivi- du te essencial do todo (a humanidade, a sociedade, o cosmos...) pelo qual cada um é visceralmente responsivel Na literatura infantil/juvenil, surge a tendéncia de se substituir © herdi individual, infativel, “ser de excegao", pelo grupo, pela patola, formada por meninos ¢ meninas normais. Ou entao, por personagens questionadoras das verdades que o mundo adulto Ihes quer impor 2. Questionamento da autoridade como poder absoluto. Repiidio a0 autoritarismo. Consciéncia da relatividade dos valores e ideais criados pelos homens, em decorréncia da descoberta de que a lransformacao continuaé uma das leis da vida. Exigéncia de liberdade pessoal, conhecimento ¢ a interpretagio das novas realidades nascentes no mundo. Dai as verdades miltiplas (e nao mais Gnicas ou univocas) que se divulgam em nosso tempo, ow a efemeridade das modas e das certezas. A antiga uniformizacao de idéias tende a ser substituida pela convivéncia dos contrastes inevitaveis entre os seres, coisas, fendmenos, etc, Em lugar das atitudes polémicas (em que o certo deve vencer 0 cerrado), tende-se para o equilibria dialético(conciliagdo das diferengas ou dos contrastes). 3. Sistema social em transformacao, que tende # sobrepor o fazer € 0 ser ao ter. Quanto as classes, o ideal a ser atingido é fazer desaparecer, noaspecto econdmico, as injustigase aviltantes diferengas soci hoje se agudizam. Quanto ao trabalho: para além das reivindicagoes dos trabalhadores por maior participacéo no produto final de sua forg trabalho, difunde-se cada vez mais a concepgio de trabalho como meio de realizacdo existencial do individuo ¢ nao apenas como uma maneira de ganhar dinheiro. Quanto a familia, devido ao processo de em cui biisic libertacdo feminista iniciado no principio do século & e suas te passa por uma grande desestabilizagaio de suas est F ase substituir 0 miclea familiar (convivencia intima de avés, ‘quia bem nitida de pode mulher ios dessa transformago ja aparecem na literatura para crian 's da perspectiva dos filhos que perderam o “porto seguro”, representado pela mae dona de casa; ora através da igualdade entre meni os € meninas, nao mais estigmatizados pelo que é certo ou errado para obomem e paraa mulher. Haainda uma literatura juvenil “engajada” que se empenha na dentincia da miséria social decorrente do caos presente. 4. Moral da responsabilidade do eu, que procura agir conscientemente em face da relatividade dos valores atuais e em relagao ao direito do outro. Mas ainda nao surgiu 0 novo “padrao aferidor” que substituira © padrio tradicional, ja superado. 5. Sociedade sexéfila, Em nosso século, uma das rupturas mais profun- das com os padrées tradicionais se da na esfera das relacdes homem> mulher. No rastro dos movimentos de liberacdo feminista, o exagero do “interdito ao sexo” tradicional passa para o exagero da “liberacio sexual” total. Da sexofobia passa-se & sexofilia. O sexo ¢ assumido como ato natural (como comer, dormir...) e como suprema liberdadedo ser, mas, na pratiea, descambando para a libertinagem. Deformacio, para a qual vem contribuindo a indkistria cultural, que se apossou da “libertagio” conquistada, vulgarizando-a, transformando © sexo, 0 corpo, em puro espetaculo, em performance. E, com essa vulgariza- Gio, 0 ato sexual é despojado de sua grandeza e importincia intrinse- case, mais, o verdadeiro encontro eu/outro que a unio sexual deve proporcionar esta sendo minimizado ou... descartado. E este um dos grandes problemas em aberto em nossa época. Unge que a forga sexu- al seja redescoberta, para alm do natural e da moral, como um ato istencial, ¢ como tal essencialmente dinamizador das forgas criado. s do ser. Esta é uma questio que, em relagdo a crianga, ja emerge as escolas, nos cursos de educagdo sexual, que por enquanto esti se revelando uma “faca de dois gumes”... 28 Digitalizado com CamScanner 6. Redescoberta do passade, como origem, como forma criadora que, pel primeira vez, expressow as relagdes essenciais do ser humano consigo mesmo, com 6 mundo e com os outros seres humanos. Nessa linha se inscreve a nova consciéncia do escritor que se sente elo de uma corrente que vem do inicio dos tempos. Surge também a aventura de uma escrita que se sabe nascendo de outra escrita que Ihe é anterior no tempo. Dessa atitude surge, na literatura, a intertextualidade como proces- so criador, ¢ a redescoberta de formas literarias do passado, que so recria- das pelo novo espirito dos tempos. Ou ainda a redescoberta do folclo- re da literatura popular auténtica ~ expressio rudimentar ¢ esponti- nea da interacdo homem/mundo, antes do momento em que a inteli- géncia ordenadora, codificadora ¢ civilizadora organizasse tudo em sistema fechado. Na literatura infantil/juvenil, essa tendéncia tem apa- recido principalmente na revalorizacao do indigena e do negro como raizes do povo brasileiro. 7. Concepedo da vida como mudanga continua. A tendéncia ja nao é 0 ideal de alcancar # realizagéo completa e definitiva do ser, mas par- ticipar da cvolurdo continua da vida. O fim de perfeigdo almejado pelo pensamento tradicional tende a ser substituido pelo ideal de aperfeicoamento interior profundo, que ultrapassa os limites da vida. Inclusive a morte, embora continue a ser um mistério para a razio, comeca a ser intuida como a suprema metamorfose da vida. E nio 0 seu fim imento 8. Valorizacéo da intuicdo como abertura indispensavel ao conhes ‘ealidade dos homens e do mundo. Estimulo ao poder da verdadeira r humano. A mental como a grande forca a ser ainda descoberta no se intuicdo, pondo em xeque a I6gica convencional au 0 senso comum, abre campo para um novo conhecimento. D: ; da fantasia, do imaginario, da magia, do ocultismo... Na literatura adultos, o magico o absurdo irrompem na roti ein para criangas 0 cotidiana ¢ fazem desi recer os lim 26 9, Anti-raciomo. L sem nosso mundo. Valorizacao das diferentes culturas, que correspondem as diferentes etnias, na busca de descobrir ¢ prese a dade de cada uma. Na literatura, essa luta ji esti bem evi dente. Na infantil mesclam-se, em pé de igualdade, personagens das s racas, ¢ também é abordado frontalmente o problema do racis- mo, considerado como uma das grandes injusticas humanas e sociais, 10. A criancaé vista como um ser em formacio, cujo potencial deve-se desenvolver em liberdade, mas orientado no sentido de aleancar total plenitude em sua realizacio. Conclusao: sio esses alguns dados extraliteririos que, a nosso ver, sio fundamentais para a conscientizagio dos que vio trabalhar litera- tura com criangas, e também para os que pretendem escrever para elas. Além disso, tais dados so basicos para o exercicio de uma leitt- ra critica avaliadora dessa literatura nova, que, sem deixar de ser um. instrumento de emocao, diversiio ou prazer, poderi auxiliar, e muito, a tarefa da Educagao, no abrir caminho aos que esti chegando, em diregio @ nova mentalidade a ser conquistada por todos, em breve tempo... ANATUREZA DA LITERATURA INFANTIL A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou methor, ¢ arte: fe- nomeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra, Funde os sonhos e a vida pritica, 0 imaginério e a real, os ideais e sta possivel/impossivel realizagio. Literatura é uma linguagem especifica que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiéncia humana, e dificilmente pode ‘at ser definida com exatidio. Cada época compreendeu e produziu teratura a seu modo. Conhecer esse “modo” &, sem diivida, conhe- asingularidade de cada momento da longa marcha da humanida de em sua constante evolugao, Conhece « Fa literatura que cada epoca 27 Digitalizado com CamScanner destino as suas eriangas é conhecer os id s cada sociedade se fundament s € valores ou desvalo 1 (e se fundame Em linhas gerais, as interrogacdes dos estudiosos quanto a nature- swe ao objetivo da literatura incidiram sobre certos pontos que de épo- ca para época so reavaliados. Os principais seriam: 7. Literatura, como arte da palavra, & um jogo descompromissado, que visa apenas o prazer estético, ou visa transmitir conhecimentos a0 homem? 2. Literatura ¢ fruto da imaginacao criadora, livre? Ou é condicionada por tor? Ou formulas, conceitos ou valores que a sociedade impoe ao esc! ainda, literatura é criagio individual ou social? 3.A literatura & necessidade vital para 0 homem, ou & mera gratuidade, entretenimento que nada acrescenta de essencial 4 vida humana? 4, Ha uma esséncia eterna ¢ substancial da literatura, ou ela é uw forma estética da praxis social? E. cla um epifenomeno dependente do progresso ou da alteragio das condigies de producao ¢ consumo da obra, vigentes em cada época ou em cada sociedade? ‘As interrogacdes poderiam multiplicar-se. Mas cada resposta a essus preocupacées de natureza literdria dependera sempre de uma opeao ideologica, extraliterdria seja esta consciente ow inconsciente...). Como essas opgdes si0 miltiplas e mudam continuamente, facil 6 compreendermos a quase impossibilidade de se chegar a uma defini- cao clara e univoca do que seja literatura, Jamais se conseguiu definir 2 vida de modo cabal e definitive. Fenomeno visceralmente humano, a ct tio complexa, fascinante, misteriosa ¢ essencial, quanto a propria con- dicio humana. Em nossa época de transformacdes estruturais, a no- cio de literatura que vem predominando entre os estudiosos das vi- «s areas de conhecimento € a de identifici-la como um dinamico proceso de producdo/reecpgao que, conscientemente ou nio, se converte vor de intervencaosociologica, ética ou politica, Nessa “interven: mplicita a fransformagio das nocées jé consagradas de tempo, ssonagens, agio, linguagem, estruluras pov cos, etc., etc io literdria sera sempre valores éti- 2B 1 aspecto ideoldgico, € nio s6 altera a n ra/forma/linguagem/género....), como transfor ura contempordinea visa alertar ou transformar a cons- ciéncia critica de sew leitor/receptor. desde as origens, a literatura aparece ligada a essa 0 essencial: aluar sobre as mentes, nas quais se decidem as vonta~ as aces; ¢ sobre os espiritos, nos quais se expandem as emo- oes, paixdes, desejos, sentimentos de toda ordem... No encontro com eratura (ou com a arte em geral), 0s homens tém a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua propria experiéncia de vida, em um grau de intensidade ndo igualada por nenhuma outra atividade. E quanto 4 Literatura Infantil? Em esséncia, sua natureza é a mesma da que se destina aos adul- tos, As diferengas que a singularizam séo determinadas pela natureza do seu leitor/receptor: a crianca. Vulgarmente, a expresso “literatura infantil” sugere de imediato atidéia de belos livros coloridos destinados a distracio e ao prazer das criangas em lé-los, folheé-los ou ouvir suas histérias contadas por al- guém. Devido a essa fungao basica, até bem pouco tempo, a literatura antil foi minimizada como criacdo literdria e tratada pela cultura ficial como um género menor. Ligada desde a origem a diversdo ou ao aprendizado das crian- as, obviamente sua mater ia deveria ser adequada & compreensdo e a0 interesse desse peculiar destinatirio. E como a crianga era vista como um “adulto em miniatura”, os primeiros textos infantis resulta ram da adaptagao (ou da minimizagio) de textos escritos para adul- s. Expurgadas as dificuldades de linguagem, as digressdes ou refle- NGes que estariam acima da compreensio infantil; retiradas as situa S6es ott 08 contlitos nio-exemplares e realgando principalmente as agdes ou peripécias de carter aventuresco ou exemplar... as obras literavias eram reduzidas em seu valor intrinseco, mas atingiam o novo 29 Digitalizado com CamScanner objeti © pequeno leitor/ouvinte ¢ levi-lo a participar das di ferentes experiéncias que a vida pode proporcionar, no campo do on do maravilhoso. Compreende-se, pois, que até bem pouco, em nosso século, ratura infantil fosse encarada pela critica como um género secundi rio, € fosse vista pelo adulto como algo pucril{nivelada ao brinquedo) ‘ou ttil (nivelada a aprendizagem ou meio para manter a crianga en- tretida e quieta). O caminho para a redescoberta da literatura infant lo XX, foi aberto pela psicologia experimental, que, revelando a inteligéncia como o elemento estruturador do universo que cada in- dividuo constréi dentro de si, chama a atengao para os diferentes estdgios de seu desenvolvimento (da infancia 4 adolescéncia) ¢ sua importancia fundamental para a evolugio ¢ formagio da perso- nalidade do futuro adulto. Revelou, ainda, que cada estdgio cor responde a uma certa fase de idade. A sucessdo das fases evolutivas da inteligéncia (ou estruturas mentais) é constante ¢ igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mu- dar, dependendo da crianca ou do meio em que ela vive. A partir desse conhecimento do ser humano, a nogao de “crianga” muda tc nesse sentido torna-se decisivo para a literatura infantil/juveni adequar-se ou conseguir falar, com autenticidade, aos seus poss veis destinatarios. Portanto, a valoriza jite- no sécu- o da literatura infantil, como fenomeno sig- nificativo e de amplo alcance na formagao das mentes infa : hhis, bem como dentro da vida cullural das sociedades, ¢ conqui recente, Dentro das muitas definigées ¢ controvérsias q v natureza dessa literatura ¢ sua provavel fungao em sigdo do define a linguagem: deira ou possi nossa época, adotamos a po: de Roman Jakobson, quan comunicaga locutor ou tempo eno esp: sor) eum di bora nao abranja a totalidade do fendmeno em causa, ess « possuii a experiéncia do real) ¢ um leitor-crianga (o que deve ad tal experiencia). Nessa situacao, 0 ato de ler (ou de ouvir), pelo ¢ completa 0 fenémeno literario, se transforma em um ato de aprendizagem. B. isso que responde por uma das peculiaridades da lite- antl. E Soriano conclui: Ela pode nao querer ensinar, mas se dirige, apesar de tudo, a uma idade que é a da aprendizagem e mais especialmente da aprendi- zagem lingiiistica, O livro em questao, por mais simplificado e _gvaluilo que seja, aparece sempre ao jovem leitor como uma men- sagem codificada que ele deve decodificar se quiser atingir 0 prazer (afetivo, estético ou outro) que se deixa entrever ¢ assimilar ao mesmo tempo as informacdes concernentes ao real que estio contidas na obra. (...] Se a infancia & um periodo de aprendiza- gem, [...] toda mensagem que se destina a ela, ao longo desse periodo, tem necessariamente uma rocagdo pedayigica. A literatu- ra infantil é também ela necessariamente pedagogica, no sentido amplo do termo, e assim permanece, mesmo no caso em que ela se define como literatura de puro entretenimento, pois a mensa- gem que ela transmite entio & a de que nio ha mensagem, e que € mais importante o divertir-se do que preencher falhas (de co- nhecimento). (Soriano, 1975.) Parece-nos particularmente importante essa posigdo do socidlo- go francés, porque & niuito forte em nossa época a reagio contra a vocagiio pedagégica” da literatura infantil e a defesa intransigente de sua qualidade pura de “entretenimento”. Tendéncia que pende 3 Digitalizado com CamScanner para uma radical zagao que s6 pode ser negativa. Por um lado, por que se a literatura resultar de um ato criador, forcosamente icotomia nao se coloca, pois as duas intengdes estarao ali fundidas. E, por outro lado, porque, dentro do sistema de vida contempor&. nea (pressionado pela imagem, pela velocidade, pela superficialida- de dos contatos humanos e da comunicagio cada vez mais ripida € aparente...), acreditamos que a literatura (para criangas ou para adul- tos) precisa urgentemente ser descoberta, muito menos como mero en= frelenimento (pois deste se encarregam com mais facilidade os meios de comunicagao de massa), € muito mais como uma aventura espiri- tual que engaje 0 ew em uma experiéncia rica de vida, inteligéncia e ‘emogoes. ALITERATURA E OS ESTAGIOS PSICOLOGICOS DA CRIANCA Para que 0 convivio do leitor com a literatura resulte efetivo, nessa aventura espiritual que é a leitura, muitos so os fatores em jogo. En- tre os mais importantes esti a necessiria adequagao dos textos as di- versas etapas do desenvolvimento infantil/juven Embora a evolugio biopsiquica das criangas, pré-adolescentes ¢ adolescentes divirja de uns para outros (dependendo dos muitos fa- tores que se conjugam no processo de desenvolvimento individual), a natureza e a seqiiéncia de cada estigio sao iguais para todos, confor- me 0 prova a psicologia experimental. Assim, a inclusio do leit em determinada “categoria” depende nao apenas de sua faixa etaria, mas principalmente da inter-relagdo entre sua idade cronolégica, nivel de amadurecimento biopsiquico-afetivo-intelectual ¢ grau ou nivel de conhecimento/dominio do mecanismo da leitura. Dai que as indicagdes de livros para determinadas “faixas etdrias” sejam sem- pre aproximativas. “ sagerimon, a seguir, alguns principios orientadores ave order ra liteis para a escolha de livros adequados a cada categoria ZS sbelecé-los, levamos em consideragio as inter-relagdes acima m nadlas, dentro de uma evolugao considerada normal. 32 O pré-teitor principalmente pelos contatos afetivos ja mao”, pois seu impulso Isic & pegar em tudo que se acha ao seu aleance. E também 0 mo- nlo em que a crianga comeca a conguista da propria linguageme pas- sia nomear as realidades sua volta. tente ¢ agradavel ao tato (pano, phis- papel grosso. mportante, nessa fase, é essencialmente a att- ‘aga do adulto, mmanipulando ¢ nomeands os brinquedos ou desenhos; inventando situagdes bem simples que os celacionem afetivamente percepgio que a crianga comeca a ter do espaco global em que vive. Segunda inféncia(a partir dos 2/3 anos) ise em que comecam a predomi- ir 08 valores vitais ide) © sensoriais (prazer ou caréncias fisicas € ivas), e quando se daa passagem da indiferenciagao psiquica para a percepgao do praprio ser. Inicio da fase egocéntrica ¢ dos interesses ludopriticos. Impulso crescente de adaptagao ao meio fisico e cres- cente interesse pela comunicagio verbal. Em casa ou na “escolinha”, a presenga do adulto é fundamental into A sua orientagio para a brincadeira com o livro. Aprofunda-se a descoberta do mundo concreto e do mundo da linguagem através das atividades lidicas. Tudo 0 que acontece ao redor da crianga é, para muito importante ¢ significativo. Os livros adequacos a essa fase devem propor vivéncias radicadas no cotidiano familiar & crianga e apre- sentar determinadas caracteristicas est f 33 Digitalizado com CamScanner + Predominio absoluto da imagem (grav ctc,), sem texto escritoou com textos brew . qute podem ser lidos ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a crianga comece a p ber a inter-relacao entre o mundo real que a cerca e 0 mundo da pala~ pra que nomeia esse real. Ea nomeagio das coisas que leva a cri a um convivio inteligente, afetive e profundo com a rea circundante. + As imagens devem sugerir uma situacéo(um acontecimento, um fato, etc.) que seja significativa para a erianga ou que the seja de alguma forma atraente. + Desenhos ou pinturas, coloridas ou em preto-e-branco, em fracos ou linkas nitidas, ou em massas de cor que sejam simples e de facil comu- nicacdo visual. A técnica da colagem tem-se mostrado muito atraente para o olhar e o interesse infantil. + A graca, o humor, um certo clima de expectativa ou mistério... sio fatores essenciais nos livros para o pré-leitor +A téenica da repeticao ou reiteracdo de elementos é das mais favoriveis Lenco e o interesse desse dificil leitor a ser conquistado. jade para mante Livros para 0 préleitor Colegio “Peixe Vivo”, de Eva Furnari (Atica); Colecdo “Escadinha”, Série “Um Degrau”, de Licia Pimentel Goes/ ‘aomy Kuroda (Ed. do Brasil); Colecao “Crie & Conte”, de Cristina Porto/Tené de Casa Branca (FID); Colegio *Sé Imagem”, de Eva Furnari (Global); Colecao “Hora da Fantasia” (Moderna); Série “Amen doim”, de Eva Furnari (Paulinas); Série “Livros de Imagem” (Moder Colecao “Conte Outta Ver... (Formato); Colegio “As Meninas”, tie Eva Furnari (Formato); Colegao “Canta ¢ Danga” (Brink-Book); ros de Pano”, de Paula Valéria (APEL); Colegio “Livros de ma ice © Liicia Goes (Fd. Saxénia) deira”, de O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) da com iragao © de racionalizacao da ¥ rar com 0 ‘odificar he abrirao as portas do mundo da escrita. Nesse lhores incentivos a Ihe ser dado é 0 aplauso ou 0. -ada uma de suas pequenas “vit6rias”. Os iados a essa fase apresentam as seguintes caracteri vos + A imagem ainda deve predominar sobre o texto. + Anarrativa deve desenvolver uma situagaa acontecimento, fato, con 0, etc.) simples, linear e que tenha principio, meio ¢ fim. O pensa mento légico da crianga exige unidade, coeréncia e organicidade en- nentos da narrativa, independentemente de ser fantistica, agindria ou realista, omo sempre, humor, a graca, a comi os. + As personagens podem ser reais(humanas) ou simbsilicas (bichos, plan- s, objetos), mas sempre com tracos de carter ou comportamento bem nitidos. Isto &, com limites precisos entre bons ¢ maus, fortes ¢ fracos, belos e feios, etc.... Embora 0 maniquetsmo seja atualmente recusado como visio do mundo, a verdade & que para as criancas (eujo conheci mento de mundo esta ainda em forma sss delimitagdo & necessi: Mais tarde, a ambigiidade das realidades sera descoberta... mas, esse momento, ja terio assimilado parametros para julgamento, +O texto deve ser estruturade com palavras de silabas simples (vogal/ consoante/vogal), organizadas em frases curtas nominais ou absolutas los em coordenadas...), enunciadas em ordem direta e jogando lementos repetitivos, para faciitar a compreensio dos enunciados. + Os argumentos devem estimular a imaginagdo, a inteli tre os el le... so fatores muito com wvidade, as emogdes, © pensar, © querer, o sentir... Indiferente ow as, devejus, travessu sult obstiiculos, frustragdes, sonhos, ete. Ou so dos dois mundos: o da fantasia e o do real. nda Digitalizado com CamScanner Nessa fase, a crianga é atraida particularmente pelas historias bem- humoradas em que a astiicia do fraco vence a prepoténcia do forte; ‘ow em que a inteligéncia vence o mal... Contemporaneamente, a lite- ratura para criangas enfatiza especialmente o fenémeno do pensar, do sentir e do quer: complementariedade. Livros para © leitor iniciante Colegio “Gato e Rato”, de Mary e Eliardo Franga (Atica); Colegio “Girassol” (Moderna); Série *Um Dois Feijao com Arroz”, de Tené (Atica); Série “Lagarta Pintada”, (Atica); Colegio “Escadinha”, de Liici Gées/Naomy Kuroda (Ed. do Brasil); Colegio “Primeiras Historias” (FTD); Série “Pega-ega”, “Colegio Diditica/Série Descabrindo” ¢ Colegdo “Cavalo-Marinho” (Paulinas); Colegio “Hora dos Sonhos”, de Ruth Rocha (Quinteto Editorial); Colegio “Mico Mane- co 2”, de Ana Maria Machado (Salamandra); Série “Jogos Lingtiisticos” (Moderna); Série “Onda Livre” (Global); Colecao “Mindinho e seu Vizinho” (Atual); Colegio “Marc Brown/Mundo de Arthur” (Sala- mandra); Colegao “Derek Matthews” (Brink-Book); Colegio “Beto e Bia” (José Olympio); “Historias ao pé da letra”, de Hebe Coimbra (Formato); Série “Mané Coelho”, de Mary/Bliardo Franga (Ediouro). 15 8/9 anos) Fase em que a crianga ja domi- 1¢ 0 interesse pelo se em for- Oleitor-em-processo (a partir do: na com facilidade o mecanismo da leitura. Agudiza- into das coisas. Seu pensamento l6gico organiza-se es mentais, Atragio pelos conhecimet : mas concretas que permitem as operaco i toda desafios e pelos questionamentos de oe ’A presenga do adulto ainda ¢ importante como motivagio 0 <8 inador de possiveis d ificuldades e, eviden- temente, como provocador de atividades péeleitura. Como peculiari Jes formais, apontamos: atureza. ogo com 0 lexlo. em ordem diret dos periodos corde + Presenga das imagens em di + Rextosescritos em frases simpl imediata e objetiva. Predominance Gao gradativa dos periodos compostos por ta e de comunica imples ¢ introdu- 0. 36 1 em torno de uma siluacao central, um proble: definido a ser resolvido até o final. + ofabulacaa (concatenacao dos momentos narrativos) deve obede- esquema linear: principio, meio e fim. inesperadas ou satiricas exer- a fantasia também despertam grande interesse. Livros para o leitor-em-processo “Classicos Infantis” (Moderna); Sé- ‘Vento Azul” (Melhoramentos); Colecdo “Mico Maneco 3-4”, lc Ana Maria Machado (Salamandra); Colegio “Texto Imagem” Ed. do Brasil); Série “Ana Maria Machado” (Moderna); “Série dos Reizinhos”, de Ruth Rocha (Salamandra); Colegio *Estérias fa Brincar” (Vale Livros); Série “Azul” ¢ Colecao “P stérias” (FTD); Colecao “Hora dos Sonhos”, de Ruth Rocha {Quintet Editorial); Colegio “Desafios” (Moderna); Série “Poe- as Narrativos” (Moderna); Colegdes “Viagem do olhar”, de Clau- Martins, “Quatro othos”, de Marta Neves e Fernando Cardo- so, e “Quem diria!”, de Mauricio Veneza (Formato); Colecao “Fa- milia Problema”, de Babete Cole (Companhia das Letrinhas); “Contos Clissicos” (Martins Fontes); “Colegio Fabulas Brasi Ediouro). nei Oleitor fluente (a partir dos 10/11 anos) ase de consolidagio do dominio do mecanismo da leitura e da compreensio do mundo expresso no ro. A leitura segue apoiada pela reflexdo; a capacidade de concentracao aumenta, permitindo o engajamento do leitor na experiencia narrada ¢, conseqiientemente, alargando ou aprofundando seu conhecimento ou percepsao de mundo. A partir dessa fase, desenvolve-se 0 pensa- mento hipotético dedutivo e a conseqiiente capacidade de abstracao. O ser é atraido pelo confronto de idéias ¢ ideais e seus possiveis valores ou desvalores. As potencialidades afetivas se mesclam com uma nova sensacio de poder interior: a da inteligencia, do pensamento formal, reflexivo. Ea fase da pré-adolescéncia. 37 Digitalizado com CamScanner

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