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Politica Oquerlernascs
Politica Oquerlernascs
&
4 /
o
ttf
p
l— i
&
Sergio
Olavo Br'
Marcus André Melo
Fernando Límongí
Fábio Wanderley Reis
Paulo Roberto de Almeida
“O Que Ler na Ciência Social
Brasileira (1970-1995) reúne análi
ses reflexivas inéditas a respeito da
produção intelectual substantiva
num conjunto dc áreas temáticas
relevantes, redigidas por cientistas
sociais qualificados, eles mesmos
especialistas reconhecidos por sua
contribuição original e inovadora
no conhecimento desses objetos de
estudo. A equipe convidada de
autores se caracteriza pela diversi
dade de orientações teóricas, pela
variedade de concepções e modelos
a respeito do que seja o trabalho
intelectual nas diferentes disciplinas
da ciência social, mesclando homens
e mulheres, pesquisadores jovens e
tarimbados, no intuito de suscitar a
prática responsável de uma voz
autoral criativa. Os textos aqui
impressos exprimem o confronto
de perspectivas teóricas e meto
dológicas pulsantes de vida na
comunidade de cientistas sociais e,
ao mesmo tempo, constituem indi
cadores eloquentes de experiências
radicalmente distintas de vida e
trabalho na história recente das
ciências sociais no país. Quer sob a
forma de balanços, quer no feitio de
resenhas bibliográficas, quer nos
moldes dc ensaios, os trabalhos
coligidos oferecem um painel com
preensivo dos autores e correntes-
chaves da produção intelectual con
temporânea no campo das ciências
sociais brasileiras.”
0 Q U E LER N A C IÊ N C IA S O C IA L B R A S IL E IR A
( 1970 - 1995 )
C iê n c ia P o l It i c a (v o l u m e III)
EDITORA SUMARÉ
C iê n c ia Po l ít ic a (v o lu m e III)
SERG IO M lC ELI (O R G .)
S u m á r io
A priískntaç Ao
9
2. M a r c u s A n d r é M u lo
Estado, governo e políticas públicas
59
3. F urnanido L imongi
Institucionalização política
101
4. F á b io W a n d c r l k y R r is
Institucionalização política (comentário crítico)
157
5. P a u lo R o b e r t o o h A lm e id a
Relações internacionais
191
A presen tação
1. Q uestões p r elim in a r es
qu isas d e o p in ião p úb lica (8) ou nos p ró p rio s resu ltad o s o ficiais d as elei
ções (15).
F in alm en te, o b serv e-se q u e em todo o p erío d o (1978-1982) foram
p ub licad o s, p o r ano, em m édia, 15 trab alh o s, exceto nos dois últim o s an o s;
neste caso , os v a lo re s estão su b estim ad o s, p o is a p esq u isa e n c e rro u -se
ain d a no p rim eiro sem estre de 1992. Só o casio n alm en te, texto s p ub licad os
neste p rim eiro sem estre foram in clu íd o s (L im a Ju n io r e t al., 1992, pp. 4-5).
A c o n clu são teó rica c de que as evid ên cias fo rn ecid as nos p rin cip ais
e stu d o s p ro d u zid o s no Brasil so b re o co m p o rtam en to su gerem a n ecessi
22 O l a v o B r a s il de L im a J r .
Nos anos 80, dois dos livros antes referidos lançaram fun
damentos na ciência política para a consolidação de uma temática
que associa o sistema partidário ao sistema eleitoral e, no âmbito
mais geral, ao sistem a de representação como um todo. Refiro-
me a Os partidos políticos brasileiros: a experiência fed era l e regional
(1983) e ao volume Crise e castigo (1987), que, a julgar pela grande
produção posterior sobre os dois sistemas multipartidários brasi
leiros neles inspirada, constituíram-se em textos paradigmáticos.
Ainda nos anos 90, continuam eles a servir de base para um
elevado número cie artigos, teses, dissertações e livros que escru
tinam, sob ângulos os mais diversos, o sistema de representação.
Ademais, essa produção praticamente nacionalizou-se, passando
a incluir estudos sobre o sistema no plano federal e no estadual, e
se dispersou por centros localizados em vários Estados.
Há duas importantes referências conceituais que lidam com
as instituições centrais da dem ocracia representativa liberal: a
reflexão de Olavo Brasil de Lima Junior em Instituições políticas
democráticas: o segredo da legitimidade (1997), na qual o autor analisa
o teor dem ocrático dos sistemas eleitorais, dos sistemas partidá
rios e da representação política; e a análise do sistem a de repre
sentação, incluindo-se aí as conexões entre sistem a eleitoral e
partidário e suas relações com outras dimensões institucionais do
sistema político, objeto de tese de doutorado, posteriorm ente pu
blicada como livro, de José Giusti Tavares: Sistemas eleitorais nas
democracias contemporâneas (1994).
Em 1997, a coletânea O sistema partidário brasileiro: diversidade
t>tendências, além de consolidar um certo tipo de análise que com
para o sistem a partidário no plano estadual com o federal e ana
lisa seu form ato e mudança, divulgou dissertações de mestrado
realizadas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte
sobre diversos Estados da Federação (Bahia, Ceará, Goiás, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo), além de incluir trabalhos de profissionais.
38 O i .a v o B r a s i l df. L im a J r.
cie 1821 a 1988, foi cuidadosamente feito por H ilda Soares Braga
(1990) em dissertação de mestrado (Universidade de Brasília).
Walter Costa Porto publicou dois volumes de grande valor histó
rico e técnico: O voto no B rasil da Colônia à Q uinta República (1978)
e, mais recentem ente, Dicionário do voto (1995) que, ao longo de
suas 390 páginas e com base em índice por ordem alfabética,
apresenta verbetes sobre termos técnicos, autores importantes
ligados à temática, e leis e códigos eleitorais até 1965.
4.3. Revistas
l\ revista M onitor Público, infelizmente interrompida, além de
publicar os referidos encartes com séries históricas de dados elei
torais, publicou também um respeitável conjunto de artigos so
bre representação política, sistema eleitoral e sistem a partidário
no Brasil, em seus 12 números. Em 1997, teve início a publica
ção de E studos E leitorais, revista quadrimestral do Tribunal Supe
rior Eleitoral, em Brasília, que já apresenta um elenco considerá
vel de textos analíticos, escritos sobretudo por juristas e com
ênfase no sistema eleitoral brasileiro, sem, no entanto, se ater
exclusivamente a essa temática. Há também a revista Opinião Pú
blica a que estarei me referindo mais abaixo.
4.5. Instituições
A criação e a consolidação da Anpocs contribuíram bastan
te paca a realização de um certo tipo de estudo eleitoral no país.
Refiro-me aos surveys eleitorais, que a partir de 1976 começaram
a ser realizados fora do eixo Rio/São Paulo/Belo Horizonte e de
forma cooperativa, com base em equipes localizadas em outros
Estados. O grupo “Partidos, Eleições e Problemas Institucio
nais”, criado em 1978, durante muitos anos serviu como fórum
acadêmico importante para a apresentação, discussão e difusão
de estudos sobres partidos e eleições. Posteriormente, ainda no
âmbito da Anpocs, os grupos de “Métodos”, “Elites Políticas e
Questões Institucionais”, hoje “Instituições Políticas”, e “Mídia,
Opinião Pública e Eleições” passaram a exercer papel igualm ente
importante.
Em 1979 foi criado, pelo prof. Hélgio Trindade, o Núcleo
de Pesquisa e Documentação da Política Rio-grandense e dos
Países do Cone Sul da Am érica Latina, órgão vinculado ao Pro
grama de Pós-graduação em Ciência Política, da UFRGS. O nú
cleo realiza, e possui em seu acervo, um enorme conjunto de
pesquisas realizadas no Estado, desde 1968, sobre com porta
mento político e sobre eleições. O material empírico, como não
poderia deixar de ser, gerou grande produção tanto de professo
res quanto dos alunos vinculados ao programa e ao núcleo. A
expansão do núcleo, até então restrita à documentação sobre o
Rio Grande, para abranger o Cone Sul c a Am érica Latina em
geral, ocorreu em 1985, estando suas atividades vinculadas ao
curso de doutorado em Ciência Política.
Os principais acervos estão assim organizados: dados elei
torais; dados de opinião pública; acervo documental; acervo b i
bliográfico; acervo de história oral; mapas eleitorais; sala da Cons
tituinte; acervo fotográfico; dissertações, livros, papers e artigos; o
Rio Grande do Sul político; c outros links de ciência política. As
pesquisas do tipo survey, de particular interesse para esse trabalho
46 O r. a v o B r a s i l de L im a J r .
alm ente por cissip aridade com os colegas d a econom ia, a saber,
os m odelos sim ples, eficientes e econôm icos.
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E st a d o , g o v er n o e p o l ít ic a s p ú b l ic a s
In tr o d u ç ã o 1
10. A v irtu a l c o n sag raç ão do n eo lo gism o “p o lítica p ú b lica” no léx ico p o lítico
b rasileiro , ao lo n g o d a d écad a d e 90, p o d e ser lida co m o u m a co n seq u ên cia
do p ro cesso d e dem o cratização.
11. E ste é o caso da F u ndação para o D esen vo lvim ento A dm in istrativo (Fundap),
em S ão P aulo , e do In stitu to d e P esquisa E con ô m ica A plicada (IP B A ), do
M in istério d o P lan ejam en to , criado cm 1965, c q u e p asso u a desenvolver
p esq u isas na área, sob retudo nos anos 80. O IP E A ed ita, desde 1989, um a
das revistas d e m a io r visib ilid ad e na área, e para a qual co n trib u em cien tis
tas sociais d e div ersas fo rm açõ es, Planejamento e Políticas Públicas. C f tam bém
66 M arcus A n d ré M elo
in te rm e d ia ç ã o de in teresses
A v a lia ç ã o de P o lít ic a s 14
14. P o r razõ es d e esp aço e m aio r rep re se n tativ id ad e d isc ip lin ar p ara a ciência
p o lític a , a a n á lis e n este trab alh o ab o rd a rá a p e n a s o s d o is su b co n ju n to s
re ferid o s an te rio rm e n te.
E s t a d o , g o v e r n o r . p o i .í t i c a s p ú b l i c a s 69
15. N a lin gu agem d e W eíss (1992), tais h ip ó teses e seu s p ro b lem as d e im p le
m en tação co n stitu em do is p ro gram as de p esq u isa asso ciad o s, resp ectiv a
m en te, ao q u e den o m in a program theory e à im plem ntation theory. U m a das
p o u cas re ferê n c ia s b rasileiras n a área d e avaliação é R icco (1998).
70 M a rcu s A n d ré M elo
17. A m aio ria d e sses trab alh o s foram elabo rados no Iupcrj com fo rtes fin an ci
am en to s da F in ep e d a recém -criad a Secretaria d e M o d ern ização d o E sta
do (S em o r), do g o v e rn o federal. C f. o trabalho d e M artin s citad o no texto;
G u im arães, C ésar et a i, “ E x p an são do E stado e in term ed iação de in teres
ses no B ra sil” , Iu p crj, 1979; e “ C ircu lação d e elites, a u to n o m ia e p o der
d ifere n c ial d e a gên cias g o v ern am en tais”, 1977, C o n v ên io S em o r/ Iu p erj.
18. U m esfo rç o p io n e iro de sistem atização da lite ratu ra n o rte-am erican a de
estu d o de p o líticas p ú b licas sob um a p ersp ectiv a d a ciên cia p o lítica está
72 M arcus A n d ré m elo
20. C o n ferir, en tre o u tro s, Faleiros (1980). A lgu n s estud o s realizad o s p o r eco
n o m istas são ex e m p lific a tiv o s d esse tip o d e ab o rd ag e m , cf. B raga & P aula
(1981).
74 M arcus A ndré M elo
assin ala que exp eriên cias autoritárias não im plicam retrocessos
na cidadan ia social com o as experiências bism arckiana e b rasilei
ra pós-64 exem plificam . Por fim , Reis critica o suposto im plícito
na análise de Santos de que a m anutenção do vínculo entre co n
tribuições e benefícios, na p revidên cia social b rasileira, resulte do
corporativism o ou do autoritarism o. E sse m ecanism o é inerente
à idéia de seguro social praticada em inúm eras dem ocracias con
tem porâneas. O ra, indaga Reis, se esse m ecanism o sanciona uma
situação criada pelo m ercado, com o criticar com o perversa a ação
do E stado se ele tão-só con sagra um estado de coisas criado pelo
m ercado?
E xtrem am ente instigante do ponto de vista analítico, o con
ceito de cidadania regulada foi form ulado em um período cm
que os estudos com parativos do ivclfarc s/a/e não haviam sido
difundidos. Sua debilidade resulta do suposto de um certo m ode
lo ideal representado pelo m odelo bcveridgiano - criticado nos
trabalhos m ais recentes pela adoção de noções liberais com o a de
m ínim os universais J h t benefi/s), e pela assim ilação do modelo
b rasileiro a um suposto m ecanism o sin gular dc seguro social. A
própria idéia de regulação com o ingrediente essencial d a p reser
vação e exp an são de direitos pode ser criticada segundo as linhas
apresentadas p o r Reis, e analisada detidam ente por autores com o
H olm es & Sunstein (1999)24. N o entanto, essa crítica não vai à
essência do argum ento de Santos, qual seja, a de que o m odelo
universalista (erroneam ente iden tificado com o beveridgiano) não
em ergiu em virtude da especificidade de nosso desenvolvim ento
político, no qual os atores sociais estruturaram suas dem andas de
fo rm a fragm entada e não universalista devido ao m odo dc incor
poração co rp orativista das classes trabalhadoras à sociedade p o lí
tica. A suposta singularidade da seqüência brasileira de expansão
24. O s au to res co n trad izem o argu m en to lib e ra l co n ven cion al c argu m entam
qu e o s d ire ito s civis im p licam m aio r regulação e g asto s p ú b lico s crescentes.
78 M a r c u s A n d ré M elo
A Reform a do E stado
27. U m trab alh o iso lad o q u e escap a à classific ação p ro p o sta é G o u vea (1994),
cu jo o b jeto é a ló g ic a de ação in tern a da b uro cracia.
86 M a r c u s A n d r é M f. l o
31. A in flu ê n c ia do n eo -in titu cio n alism o eco n ô m ico sob re a nova agen d a de
p esq u isas na área d e p o líticas p úb licas fo i resen h ad a p or M ajo n e (1996) no
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E s t a d o , g o v e r n o e p o l ít ic a s p ú b l ic a s 89
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98 M a rcu s A n dué M elo
Fernando I im o n gi 1
I. In t r o d u ç ã o
E ste trabalho destaca-se dos dem ais que com põem este pro
jeto por ter p o r objeto um a perspectiva analítica. C onform e se !ê
na proposta o riginal, trata-se de revisar a produção sobre a insti
tucionalização política que, o esclarecim en to é im p ortante, com
preende autoritarismo, transição democrática, democratização, governabi
lidade. Sendo assim , o objeto de estudo com preendido por esta
revisão abarca a h istória p olítica recente do país, interp retada
com o a m anifestação de um processo cuja lógica confere signifi
cado a seus diferentes m om entos.
P ara c o m e ç a r, n ão h á q u a lq u e r ra z ã o e s p e c ia l p ara s e p r e te n d e r q u e o
fim d o re g im e d e 1 9 6 4 d e v a s e r v isto c o m o a lg o d is tin to d e u m a o sc ila ç ã o
o u v ic is s it u d e a m ais d a s m u ita s q u e têm m a rc a d o o p re to ria n is m o cn racte -
N u m p a n o r a m a m a is a m p lo , q u e lig a s s e e s te s a c o n te c im e n to s im e d i
a to s [re s u lta d o s e le ito r a is d e 1982] a o s d a d o s m ais p ro fu n d o s d a fo rm a ç ã o
h is tó r ic a b r a s ile ir a , p o d e r-s e -ia ta lv e z fa la r d e um a poliarquia perversa, is to é,
u m a s o c ie d a d e q u e n ão se d e ix a e n q u a d r a r e m u m a d o m in a ç ã o a u to r itá ria
m o n o lític a , m as q u e ta m p o u c o p o s s u i a tra d iç ã o d e o rg a n iz a ç ã o p o lític a
p lu ra lis ta e in d e p e n d e n te d o E s ta d o típ ic a d a s v e r d a d e ira s p o lia r q u ia s lib e
rais. (L a m o u n ie r, 1 9 8 5 , p. 136 , id., 1 9 8 8 , p. 125).
funcionam ento da dem ocracia com a qual, bem ou m al, con vive
m os há, pelo m enos, quinze anos. U m a vez que ela não deveria
funcionar, por que estudá-la? Form ou-se, assim , um a agen d a de
pesquisas singular, voltada para o estudo dos instrum entos que
po deriam aperfeiçoar e conferir estabilidade à dem ocracia b ra si
leira que p rescinde de seu estudo sistem ático. A pergunta óbvia
se im põe: com o se sabe que a dem ocracia não funciona, se ela
não é estudada?
E m realidade, o recurso à noção de institucionalização não
foi acom panhado pela necessária identificação das evidências em
píricas que perm itiriam iden tificar seu eventual avanço. A final
de contas, com o se afere o grau de institucionalização política
de um sistem a político? Q uais são os indicadores que p erm iti
riam distin guir os p aíses de acordo com o seu grau de in stitu
cionalização? A o longo do tempo, encontram os a reafirm ação
da convicção de que o país p erm anece atolado no pretorianism o.
P aradoxalm ente, a hipótese de que o país pudesse registrar q u al
quer avanço no interio r desse processo não chega sequer a ser
levantada.
A referência ao processo de institucionalização perm ite a tri
buir significado a eventos e fatos, do tenentism o à incapacidade
de o país estab ilizar a econom ia e debelar a inflação, passando
pelo populism o, pela em ergência do regim e m ilitar e pela rede-
m ocratização. A interpretação tom a o lu gar da explicação. Em
geral, dados e fatos são citados para con firm ar e ilustrar as ex
pectativas e não para testar hipóteses. A o com entar esses trab a
lhos, procurei identificar e enfatizar os m ecanism os causais assi
nalados para explicar a sobrevivência do pretorianism o. Procuro
ainda indicar as decorrên cias em píricas envolvidas nos argu m en
tos isolados. Por exem plo, o pretorianism o supõe preferências
eleitorais que devem se redundar em alta volatilidade eleitoral.
E m b o ra suposta, a volatilidade eleitoral nunca foi objeto de in
vestigação sistem ática à luz dessa teoria.
In stitu c io n a liz a ç ã o p o i .í t i c a
105
I f a s o c ie ty is to m a in ta in a h ig h lev el o f c o m m u n ity , th e e x p a n s io n
o f p o litic a l p a r tic ip a tio n m u s t b e a c c o m p a n ie d b y th e d e v e lo p m e n t o f
s tr o n g e r , m o r e c o m p le x , a n d m o re a u to n o m o u s p o litic a l in s titu tio n s . T h e
e f fe c t o f th e e x p a n s io n o f p o litic a l p a r tic ip a tio n , h o w e v e r, is u s u a lly to
u n d e r m in e th e tr a d itio n a l p o litic a l in s titu tio n s a n d to o b s tru c t th e d e v e lo p
m e n t o f m o d e rn p o litic a l o n e s. M o d e r n iz a tio n a n d s ó c ia l m o b iliz a tio n , in
p a r tic u la r , th u s te n d to p ro d u c e p o litic a l d e c a y u n le s s s te p s a rc ta k e n to
m o d e ra te o r to r e s tr ic t its im p a c t o n p o litic a l c o u n s c io u s n e s s a n d p o litic a l
in v o lv e m e n t. M o s t s o c ie tie s , ev en th o s e w ith fa irly c o m p le x an d a d a p ta b le
tr a d itio n a l p o litic a l in s titu tio n s , s u f fe r a lo ss o f p o litic a l c o m m u n ity an d
d e c a y o f p o litic a l in s titu tio n s d u r in g th e m o s t in te n s e p h a s e s o f m o d e r n
iz a tio n ( H u n tin g to n , 19 68, p. 4 ).
d e p re s e n ç a g o v e r n a m e n ta l, p e lo p ro c e sso d e m o b iliz a ç ã o so c ia l e p e la s
d e m a n d a s d e p a r tic ip a ç ã o e ig u a ld a d e q u e s e a s so c ia m à e m e rg ê n c ia d e
n o v o s fo c o s d e s o lid a r ie d a d e q u e e le fa c u lta (R eis, 1 9 7 4 , p. 52).
P o r is s o d iv ir jo b a s ta n te d a c o n h e c id a te n d ê n c ia a ver o n o s s o a n tig o
r e g im e lib e r a l-r e p r e s e n ta tiv o c o m o u m a id é ia q u im é ric a , p o rq u e im p o r ta
d a , “ fo ra d e lu g a r ” , d iv irjo p e la ra z ã o m u ito c a s e ir a d e q u e v e jo n o “ p o r
q u e n ão e u ? ” o p ro b le m a p o lític o p o r e x c e lê n c ia , u m p ro b le m a d e to d o s o s
lu g a r e s im a g in á v e is ( L a m o u n ie r, 1 9 8 1 , p. 2 3 9 )K.
F o rm o u -s e e n tre n ó s u m d is c u rs o q u e a p r is io n a o p ro b le m a d a re
p re s e n ta ç ã o n o r íg id o e p o b re c o n tra s te e n tre o B ra sil le g a l e o B ra s il real:
e n tre a s e lite s c as m a s s a s ; e n tre a c id a d a n ia a b s tr a ta e o vo to d e c a b re s to ;
e n tr e a le i e le ito r a l e a s u a fra u d e [...] É c o m o s e d is s é s s e m o s : a r e p r e s e n ta
ç ã o e n tr e n ó s s e rá s e m p re u m a fa rsa, d a d o q u e n u n c a foi o u tra c o is a
(L a m o u n ie r, 1 9 81, p. 2 3 7 ).
9. O p aralelo com a a n álise p rop osta p or Fáb io W an d erley R eis é reco n h eci
do p elo au to r. A re p re se n ta çã o en ten d id a co m o d escrição e d itan d o co m
p o rtam e n to s não é sen ão o utra fo rm a de d ize r q u e o p aís in g re ssara na
fase d a p o lítica id eo ló gica.
1 N S T 1 T U C IO N A L IZ A Ç Ã O P O l.Í T I C A 113
A d o ta re i c o m o â n g u lo d e a n á lis e d o p a s s a d o re c e n te e c o m o b ase
p a ra a c o n s tr u ç ã o d e a lg u n s c e n á rio s a s v ic is s itu d e s d e u m re g im e a u to r itá
rio in c a p a z d e se le g itim a r e m b a s e s a u to ritá r ia s p e r m a n e n te s . S a lv o e n g a
n o , s o m e n te J u a n L in z r e fe riu -s e co m to d a s as le tra s a e s ta in c a p a c id a d e ,
c h e g a n d o m e s m o a e s c re v e r, c m 1 9 71, q u e o B ra s il se ac h a v a s o b u m a
s itu a ç ã o a u to r itá r ia , m a s n ã o so b u m re g im e a u to r itá rio co m p e rs p e c tiv a s
d e se to rn a r d u ra d o u r o (L a m o u n ie r, 1 9 7 9 , p. 89).
U m c e n á r io n a d a a tra e n te , m a s b a s ta n te p o s s ív e l, é , p o rta n to , o d e
q u e o p a ís v e n h a a e x p o r-s e a u m h íb rid o b u ro c rá tic o -p o p u lis ta in s tá v e l e
in e f ic a z , p r e c is a m e n te p o r n ão t e r s id o c a p a z d e se a d e q u a r em te m p o
h á b il a u m n o v o q u a d ro p a r tid á rio e a fo rm a s m a is a p r o p ria d a s d e p a r tic i
p a ç ã o e r e p re s e n ta ç ã o (L a m o u n ie r, 1 9 79, p. 1 1 8 , 1 9 8 1 , p. 2 5 0 ).
E s tu d o s m a is re c e n te s têm m a n if e s ta d o u m a s a u d á v e l in c lin a ç ã o a
b u s c a r d e te rm in a n te s m a is im e d ia ta m e n te p o lític o s e in s titu c io n a is d o s c o
la p s o s d e re g im e s d e m o c rá tic o s e d a re d e m o c ra tiz a ç ã o d o s re g im e s a u to
ritá r io s . E sta ú ltim a te n d ê n c ia c o rrc p o ré m o ris c o d e p a s s a r a o e x tre m o
o p o s to , p e rd e n d o p o r c o m p le to a p e rs p e c tiv a d e q u e o s d ile m a s d a d e m o
c r a c ia e d a re d e m o c ra tiz a ç ã o a c h a m -s e in e x tric a v e lm c n te lig a d o s , a in d a q u e
n e m s e m p r e d e m a n e ira im e d ia ta , a o s p ro b le m a s d o c r e s c im e n to e c o n ô
m ic o , d a fo rm a ç ã o d e u m a in fra -e s tru tu r a q u e a s s e g u re p a d r õ e s d e s o b re
v iv ê n c ia e b e m -e s ta r à m a io ria d a p o p u la ç ã o e , c m ú ltim a a n á lis e , à re d u
ç ã o d a s d e s ig u a ld a d e s re g io n a is . A q u estã o d a consolidação d e m o c rá tic a , e
m e s m o a q u e s tã o m a is a m p la d o d e s e n v o lv im e n to p o lít ic o e n te n d id o
“ c o m o in s titu c io n a liz a ç ã o d e o rg a n iz a ç õ e s e p r o c e d im e n to s ” (H u n tin g to n
19 6 8 ) n ão p o d e m s e r d is c u tid a s d e m a n e ir a fru tífe r a , no q u e se re fe re ao
c h a m a d o Terceiro M undo , fo ra d e s s e m a rc o d e r e fe r ê n c ia (L a m o u n ie r, 1 9 8 5 ,
p p. 1 0 9 e 110 ) 12
P a re c e -m e q u e e x is te ra z o á v e l c o n s e n s o q u a n to à u tilid a d e d a d is t in
ç ã o e n tre tr ê s a ltitu d e s d o s s a té lite s d e m o c rá tic o s . M e sm o c o n c o rd a n d o
c o m a a n á lis e d e H u n tin g to n (1 9 6 8 , p p. 1 9 2 -1 9 8 ), s e g u n d o a q u a l to d a s as
s o c ie d a d e s la tin o -a m e r ic a n a s a b rig a m fo rte c o m p o n e n te p re to ria n o , n ão h á
c o m o c o n fu n d ir, n a m é d ia d o s ú ltim o s 5 0 a n o s, o s c a s o s v e n e z u e la n o e
c o s ta rr iq u e n h o , d e um lad o , e o s s a lv a d o re n h o c g u a lte m a te c o , d e o u tro ; e
n e n h u m d e s s e s co m p a ís e s in te r m e d iá r io s c o m o o B ra s il e o C h ile (a p e sa r
d o s re tro c e ss o s v io le n to s q u e a m b o s s o fre ra m ). (L a m o u n ie r, 1 9 9 2 a , p. 4 4 ).
N a c o n ju n tu ra q u e se a b riu a p ó s a e le iç ã o d e 1 9 7 4 , a n e c e s s id a d e d e
p o n d e ra r e ste s in g r e d ie n te s a p r e s e n to u -s e d e m a n e ira a g u d a . E m q u e m e
d id a , co m e fe ito , p o d e r -s e -ia p re te n d e r v e r n o s r e s u lta d o s d e 1 9 7 4 u m a
m a n if e s ta ç ã o s o b re o r e g im e ? É fácil ver q u e e s ta q u e s tã o , e m b o ra re fe rid a
à s c o n d iç õ e s p a r tic u la r e s d a q u e le a n o , e n c e r ra u m a q u e s tã o m a is a m p la e
sem d ú v id a d e c is iv a p a r a a te o ria d a d e m o c ra c ia , a s a b e r: a q u e s tã o d a
racionalidade d o v o to e d o p ro c e s so e le ito ra l. N a h is tó ria b r a s ile ir a , o d e s
c o m p a s s o e n tr e as in s titu iç õ e s e o c o m p o rta m e n to , o u s e ja , e n tre a s n o r
m as d e re p re se n ta ç ã o q u e supõem a ra c io n a lid a d e d o e le ito r c c o n d iç õ e s
s o c ia is q u e n ão a fa v o re c e m o u n ão a p e rm ite m é u m tem a c lá ssic o . D e s d e
a R e p ú b lic a V e lh a , q u a n d o o s c r ític o s d o m o d e lo d c 1891 d e n u n c ia v a m o
a n ta g o n is m o do B ra s il le g a l co m o B ra sil re al, a té a s ú ltim a s e le iç õ e s d o
p e río d o p ré -1 9 6 4 , q u a n d o se la m e n ta v a o v o to d e c lie n te la e se a lm e ja v a o
v o to id e o ló g ic o , n ão p o u c o s o b s e rv a d o re s v ira m n e ssa d ic o to m ia a q u e s tã o
c e n tr a l (“A p re s e n ta ç ã o ” , e m R eis, 1 9 7 8 , p. iíi).
P a r e c e b a s ta n te c la ro , a g o r a , q u e a s e le iç õ e s le g is la tiv a s d e 19 74,
q u a n d o o M D B c a ta lis o u p e la p rim e ira vez a s p re fe rê n c ia s p o p u la re s , re
p re s e n ta ra m a re to m a d a o u re a p a r e c im e n to d e tra ç o s q u e m a rc a ra m co m
v ig o r c r e s c e n te a s le a ld a d e s p o lític o -p a r tid á r ia s n o p e río d o p o p u lis ta p ré -
6 4 [...] a n te s q u e a d e s o r ie n ta ç ã o p r o d u z id a p e la a lte r a ç ã o d o q u a d ro p a r ti
d á rio e p e lo e x c e p c io n a lis m o q u e c a ra c te riz o u d e d iv e rsa s fo rm as a vid a
b r a s ile ir a n o s a n o s s u b s e q ü e n te s v ie s s e e x ig ir a lg u m te m p o p ara n o v a s e d i
m e n ta ç ã o d a s a n tig a s te n d ê n c ia s (R eis, 1 9 7 8 , p. 2 8 3 )16.
16. R eis en co n tra a co m p ro v ação d e sta aco m o d ação co m p aran d o o s resu ltad o s
de 1970 e 1974, isto é, acre d ita qu e os resu ltad o s só são p o ssíveis se o
eleito r a ltero u as suas p refe rên cias p artid á ria s e n tre 1970 e 1974 (Reis,
19 76, p. 149). D a m esm a fo rm a, acred ita qu e a d erro ta do M D B em Juiz de
Po ra p ro va a ex istê n c ia de alta v o latilid ad e eleito ral e p ed e q u e se veja
“ com n atu ra lid a d e flu tu açõ es ap are n te m e n te p o u co su scetíveis de se e x p li
carem cab alm en te em term o s de estrita racio n alid ad e” (lie is , 1978, p. 286).
122 Fe r n a n d o L im o n g i
u r b a n iz a ç ã o e o s p r o c e s s o s s o c ia is a q u e c ia s c a s so c ia m v e m p ro d u z in d o
u m n o v o a lin h a m e n to p o lític o -p a rtk lá rio n o B ra s il. N o v o n o s e n tid o de
q u e v e m c r ia n d o as c o n d iç õ e s p a ra n e x is tê n c ia d e u m s is te m a p a r tid á rio
re a lm e n te c o m p e titiv o e m á re a s a té bem p o u c o te m p o d o m in a d a s p e lo q u e
s e c o n v e n c io n o u c h a m a r d e c o r o n e lix m o o u d e m a n d o n is m o lo c a l
(L a m o u n ie r, 1 9 7 8 , p. 8 6 ).
a v o ta ç ã o d o M D B re su lta d e u m a id e n tif ic a ç ã o q u e é fu n d a m e n ta lm e n te
p a r tid á r ia , o u s e ja , q u e n ão é n em p e rs o n a lis ta , n em fu n d a d a e m u m c o n
ju n to c o n s i s t e n t e d e o r ie n ta ç õ e s e m re laç ã o a q u e s tõ e s s u b s ta n tiv a s {...{
C o n tu d o , n ão é p la u s ív e l a tr ib u ir à m a io r ia d o e le ito r a d o o r ie n ta ç õ e s c o in
c id e n te s em re la ç ã o a u m le q u e m a is e x te n s o d e q u e s tõ e s s u b s ta n tiv a s , o
q u e m a is u m a v e z n o s le v a a c a ra c te riz a r a id e n tif ic a ç ã o co m a sig la ; e u m a
id e n tif ic a ç ã o q u e é n e c e s s á r io c a r a c te r iz a r c o m o id e o ló g ic a n o q u e d iz
r e s p e ito às e x p e c ta tiv a s , a o m e n o s n o s e n tid o lim ita d o d e q u e a le g e n d a
M D B s e tra n s fo rm o u , a p a r tir de 1974, n u m a e s p é c ie de c o n d e n s a d o r d e
in s a tis f a ç õ e s d if u s a s (L a m o u n ie r, 1 9 8 0 , p. 3 5 ) 19.
21, O su b títu lo da seção q u e traz esta d iscussão é sign ificativ o : A S igla M ágica.
22. A o co n trário das ex p ectativ as dc L am o u n ier, a v o latilid ad e eleito ral cm São
P au lo variou p o sitiv am e n te co m a renda. V er L im a, 1996.
I n s t i t u o o n a liz a ç A o p o t . í t ic a 129
N a tu ra lm e n te , n a d a e x iste d e “ iló g ic o ” n o fa to d e q u e u m in d iv íd u o
fa v o ráv e l a o v o to in d ire to p o s s a s e r ta m b é m fav o rá v e l a u m a a m p la d is t r i
b u iç ã o d e re n d a e a p a r tid o s e s in d ic a to s m a is fo rte s . E s ta s s ã o p o s iç õ e s
p o litic a m e n te p e rfe ita m e n te co m p re e n sív e is. O q u e se d e se ja re ssa lta r, a trav és
d o c o n c e ito d c e s tr u tu ra ç ã o id e o ló g ic a , é p r e c is a m e n te q u e u m a g r a n d e
p a r te d a p o p u la ç ã o , c o n fr o n ta d a c o m u m a s é rie d c q u e s tõ e s s u b sta n tiv a s ,
n ão r e s p o n d e c o m a c o e r ê n c ia q u e se c o s tu m a e s p e r a r q u a n d o s e to m a m
c o m o p o n to d e r e f e r ê n c ia a s p la t a f o r m a s p a r tid á r ia s m a is a r t ic u la d a s
(L a m o u n ie r, 1 9 80, p. 4 3 ).
IV, A C r is e de G o v e r n a b il id a d e e as Re f o r m a s In s t it u c io n a is
O d e s e n v o lv im e n to d e m o c rá tic o p o d e s e r c o m p re e n d id o n o lo n g o
p r a z o c o m o a r e s u lt a n t e d e u m e ix o d is t r ib u t iv o (a d e s c o n c e n t r a ç ã o
s o c io e c o n ô m ic a ) e o u tro e s p e c ific a m e n te in s titu c io n a l (o fo rta le c im e n to
d o s is te m a r e p r e s e n ta tiv o ). (L a m o u n ie r, 1 9 9 2 a , p. 4 4 ).
d e o utro , a fluid ez e im p rev isib ilid ad e f...] as lid eran ças p o líticas esco lh id as
co m o veicu lo de p ro testo m udam com as co n ju n tu ra s ca m b ia n tes’’ (199 1,
p. 144).
28. O a rtig o d e 1987 foi p u b licad o em in glês sob o títu lo : B razil: in eq u ality
a g a in st d em o cracy, em D iam o n d et a i, 1989.
In st it u c io n a liz a ç ã o p o l ític a 133
M a s e x iste , a d e m a is , a p io r fa c e d a d e s ig u a ld a d e , a c h a m a d a p o b re z a
“ a b s o lu ta ” . O p ro b le m a a q u i é q u e u m v e rd a d e iro e s fo rç o s u b s ta n c ia l p re
134 Fernando L im o n g i
c is a s e r m a n tid o p o r m u ito s a n o s ; is to p re s s u p õ e u m g ra u d e p e r s is tê n c ia
n o a p o io c n a im p le m e n ta ç ã o q u e p a r e c e im p r o v á v e l e m d e m o c ra c ia s fr á
g e is e s u b d e s e n v o lv id a s. E x iste a ssim u m a te n d ê n c ia a e v ita r c o m p r o m is
s o s a b r a n g e n te s d e s s e g ê n e ro , q u e p o d e m g e r a r e x p e c ta tiv a s p o u c o r e a lis
ta s, c a u s a n d o e v e n tu a lm e n te u m re c u o a n tid e m o c rá tic o (L a m o u n ie r, 1 9 8 7 ,
p. 5 8 ).
P a re c e -n o s q u e u m n o v o q u a d ro p a r tid á r io n ã o e s ta rá a s a lv o d as
d ific u ld a d e s c o m u m e n te a p o n ta d a s em re la ç ã o ao d e 1 9 4 6 c a o a tu a l, a
m e n o s q u e e le s e ja p e n s a d o a p e n a s c o m o u m a p e ç a , e m b o ra a m a is im p o r
ta n te , n u m c o n ju n to d e m e d id a s v o lta d a s p a ra a e s ta b ilid a d e d e m o c rá tic a .
In d e p e n d e n te d e seu n ú m e ro , o re to rn o a u m a p lu r a lid a d e d e p a r tid o s
p o d e re s u lta r e m a lg o s e m e lh a n te ao s is te m a a n te r io r a 1965: a p a r tid o s
frá g e is e d e s m o ra liz a d o s p e ra n te a m p la s c a m a d a s d a o p in iã o p ú b lic a . [...] E
c e r t o q u e um n ú m e ro e x c e s s iv o d e p a r tid o s p o d e r e s u lta r n u m a fr a g m e n ta
ç ã o id e o ló g ic a e s té r il, m a s p ar e c e m a is a d e q u a d o c o r re r e s te ris c o d o q u e
c o n tr ib u ir d e a n te m ã o p a r a a d e s le g itim a ç ã o d e to d o o s is te m a , d a n d o
m a r g e n s a a le g a ç õ e s d e q u e fo rç a s s ig n if ic a tiv a s p e rm a n e c e m m a r g in a liz a
d a s f...] D a d o q u e o s n ív e is d e u rb a n iz a ç ã o e m o b iliz a ç ã o s o c ia l são h o je
136 F e r n a n d o L im o n g i
b e m m a is e le v a d o s q u e o s p re v a le c e n te s h á 15 a n o s, p o d e -s e d a r c o m o
c e r t o q u e p a r tid o s frá g e is se rã o n e c e s s a ria m e n te p a r tid o s id e o ló g ic o s (n o
m a u s e n tid o d o te rm o ) e m u ltip o la riz a d o s , le v a n d o á g u a a o m o in h o d e
fo rç a s p re d is p o s ta s a o r e tro c e ss o a u to ritá rio (L a m o u n ie r, 1 9 7 9 , p. 1 1 8 ; 1 9 8 1 ,
pp. 2 4 9 -2 5 0 ).
E s s a e le iç ã o c o lo c o u o P M D B e o P F L à m e rc ê d o d e s c o n te n ta m e n
to u rb a n o , g r a n d e p a r te d o q u a l é tra d ic io n a lm e n te c a n a liz a d a p a r a u m
o p o s ic io n is m o s is te m á tic o o u p le b is c itá rio . C o m e f e ito , a s e le iç õ e s d e 1985
tro u x e ra m d e n o v o à to n a , q u e m s a b e e m m a io r g r a u , u m d o s d ile m a s d o
s is te m a p a r tid á r io p r é - 1 9 6 4 : o rá p id o d e s g a s te e le ito ra l d o s p a r tid o s de
c e n tro , a g o r a talv e z a in d a m a is rá p id o e m v ir tu d e d o g ig a n tis m o d a s c id a
d e s e d as a g u d a s c a rê n c ia s s o c ia is e d e s e r v iç o s c m q u e se e n c o n tr a a
p o p u la ç ã o u rb a n a . D iz e r q u e o P M D B te m c h a n c e s d e s o b re v iv ê n c ia m u i
to m a is a lta s p o r s e r vim p a r tid o s o c ia l-d e m o c r a ta o u s o c ia l- r e fo r m is ta ,
e n q u a n to o P S D e a U D N e r a m lib e ra is o u c o n s e r v a d o r e s , é s u b e s tim a r
ta n to a e x te n s ã o d o d e s c o n te n ta m e n to u rb a n o q u a n to a d if ic u ld a d e d e
u m a o rie n ta ç ã o s o c ia l- d e m o c r a ta c o n s is te n te [...] E s s e d e s g a s te d o c e n tro ,
a e x e m p lo d o q u e o c o r re u n o s a n o s c in c o e n ta , p o d e c o n d u z ir -n o s a u m a
m e s c la d o “ p lu ra lis m o p o la riz a d o ” d o s c o m p o p u lis m o a n r ip a rtid á rio , c a té
m e s m o c o m u m n e o c o rp o ra tiv is m o ra d ic a liz a d o , fig u r a c r ia d a p e la s te n
sõ e s re c e n te s e p e la n o v a a g re s s iv id a d e d o s m o v im e n to s s o c ia is u rb a n o s . A
c a m p a n h a e le ito ra l d e 1 9 8 5 e m S ã o P a u lo fo i p a r tic u la r m e n te ilu s tra tiv a
d e s ta s t e n d ê n c ia s ^ (L a m o u n ie r & M e n e g h e llo , 1 9 8 6 , p. 94).
30. Ver, esp ec ialm en te, Po litical dev elo p m en t an d p o litical en g in e erin g ( Public
Policy, 17, 1968) paper o rig in alm en te ap resen tad o cm um sem in ário so b re
d ese n v o lv im en to p o lítico em 1966 em B elo H o rizo n te. A a n álise d e S arto ri
e stá em sin to n ia co m o arg u m e n to d e H u n tin gto n : “ F ro m the p o in t o f
v iew o f p o litical en gin eerin g, n o p o litical system can escap e o v erlo ad un less
it m an ages to so lo w d o w n th e o u tb u rst o t ex p ec ta tio n s w h ich follow s the
in au gu ratio n o f a d em o cracy, and th ereb y to p ro c ess the flow o f d em an d s
a cc o rd in g to so m e kin d o f g ra d u a l seq u en ce. A t b est, o verlo ad is co n d u cive
to im p o ten ce , n o m a tte r w h e th e r th e p aralysis o f th e system is m a n ifest, o r
w h e th e r is c a m o u flag e d by sp e tac u lar p ro g ra m s o f fa n c y re fo rm s ” , (p.
277). V ale o b s e rv a r q u e S a rto ri, a d esp eito d as in ú m e ra s re fe rê n c ia s e
re m issõ e s ao m a n u sc rito , ab an d o n o u esta d isc u ssão em seu livro. O p ro
m etid o seg u n d o vo lu m e d c seu livro, Party and p a rty systems, só foi p ub licad o
recen tem en te, sob o título Comparative political engineering, sem re ferê n c ias a
n o ção d e d ese n v o lv im en to p olítico .
138 Fe r n a n d o Lim o n g i
E s ta e n tr e ta n to é a te s e d e s te a r tig o : p ro c u ra re i d e m o n s tra r q u e o
s is te m a p o lític o b r a s ile ir o , e m u m a d e s u a v e rte n te s , to rn o u -se e x a c e rb a -
d a m e n te c o n s o c ia tiv o ; e a o m e s m o tem p o q u e n ã o p a re c e m e x is t ir c o n
tra p e s o s a d e q u a d o s , d e n tro d o m e c a n is m o d e m o c r á tic o , p a ra a fr a g m e n
t a ç ã o e o s b lo q u e io s d a í d e c o r r e n t e s : e , p o r t a n t o , q u e o r e s u lt a d o
e v o lu tiv o p o d e r á s e r u m a p o lia rq u ia p e r v e rs a , in s tá v e l c c o m a lta p ro p e n
s ã o à in g o v e r n a b ilid a d e .
A e x p e r iê n c ia d e d o is re g im e s a u to r itá rio s (o E s ta d o N o v o e o q u e
e m e rg iu d o g o lp e d e 1 9 6 4 ) e a h ip e r tro f ia d o E x e c u tiv o , a in d a h o je e v id e n
te, d if ic u lta r a m d u r a n te v á ria s d é c a d a s o re c o n h e c im e n to d e u m a c a r a c te
rís tic a o p o s ta , m a s n ã o m e n o s b á s ic a , d o s is te m a b ra s ile iro : o fato d e q u e a
e s p in h a d o r s a l d o s is te m a re p re se n ta tiv o , so b c o n d iç õ e s d e m o c r á tic a s , e s tá
m u ito m a is o rie n ta d a p ar a b lo q u e a r q u e p ara to m a r e im p le m e n ta r d e c i
sõ e s. f...] o s is te m a p o lític o b r a s ile iro e s tá h o je |...] m u ito m a is p ró x im o d e
u m e n te n d im e n to d a d e m o c r a c ia c o m o b lo q u e io a o p o d e r d a m a io ria q u e
d o c o n c e ito o p o s to , c u ja p re o c u p a ç ã o m a io r é id e n tif ic a r u m a m a io ria e le i
to r a lm e n te a u t o r iz a d a e a p ta a im p le m e n ta r u m p r o g ra m a d e g o v e rn o .
(L a m o u n ie r, 1 9 9 2 b , p. 2 6 ).
O p ro b le m a , n a tu ra lm e n te , é q u e n ão e x is te m , n o re g im e p re s id e n
c ia lis ta , in c e n tiv o s in s titu c io n a is p a ra a fo rm a ç ã o d e u m a b a s e p a r la m e n ta r
v iá v e l e s tá v e l. (L a m o u n ie r, 1 9 9 2 b , p. 4 5 ).
V. C O N C L U S Ã O
A lite ra tu ra d o d e s e n v o lv im e n to p o lític o n ão p a r e c ia c o n tu d o c o n
te m p la r a p o s s ib ilid a d e d e d e m o c ra c ia n as fases s u p o s ta m e n te in te rm e d iá
rias d a q u e le p ro c e sso . U m d o s m a rco s d e s s a lite ra tu ra , o Voülical o n h r in
changing societies d e S a m u e l P. H u n tin g to n , tra ta , p o r e x e m p lo , d e in s titu c io
n a liz a ç ã o p o lític a , d e m o d e rn iz a ç ã o , d e ra c io n a liz a ç ã o d a a u to rid a d e , d e
p re to ria n is m o , re fo rm a e re v o lu ç ã o , m as n ão d e d e m o c ra c ia , p a la v ra q u e
s e q u e r c o n s ta d o ín d ic e re m iss iv o d a o b ra. (C in tra e A n d ra d e , 1 9 85, p. 37).
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In stitu c io n a liz a ç ã o po l ític a 155
fo rm a, o leito r que tenha tom ado conhecim ento, por exem plo, do
artigo de m uitos anos atrás (Reis, 1974b) em que procuro elab o
rar um a teoria de desenvolvim ento po lítico capaz de ir além das
canduras e do etnocentrism o da literatura n orte-am ericana sobre
o tem a e de realizar a articulação dos aspecto s “estru tu rais” ,
p sicossociológicos e institucionais relevantes não encontrará em
L im ongi qualquer tentativa de confrontar-se com esse esforço e
de apontar o que h á nele de insuficiente ou equivocado, em bora
o artigo conste da b ib lio grafia e sejam m esm o tom adas dele al
gum as p assagen s relativas a “estádios” , com o se isso esgotasse o
assunto. Saliento que as form ulações do artigo, em vez d a co n
traposição sim plista entre a política dos países desenvolvidos e a
dos subdesenvolvidos, resultam num instrum en tal analítico que,
co ntra certas sugestões m ais ou m enos explícitas de L im ongi,
p ode aplicar-se criticam en te (e é aplicado) aos próprios p aíses
econom icam ente desenvolvidos - e que a avaliação da condição
b rasileira, em vez de co rrespo nder às “prem issas nunca d iscu ti
d as” de que fala L im o ngi, se dá com recurso a argum entos labo
riosam ente form ulados à luz desse instrum ental. Talvez m e seja
perm itido destacar ainda que o ponto central do artigo gira em
torno da idéia de m ecanism os de m ercado que se afirm am em
escala cada vez m ais abrangente, num jogo em que se tem articu-
10. O s dados argen tin o s são tom ados d e K irk p atrick, 1971, p. 159. O s dados
b rasileiro s co rresp on dem a um survey executado p o r P h illip C onverse, P eter
M cD o no ugh e A m a u ry d e S o u za, cm 1973, sob re “ R epresentação e d ese n
v o lv im en to n o B rasil” (veja-se Reis, 1974a, esp ecialm en te p. 331, tabela 6.9).
In stitu c io n a liz a ç ã o p o l ít ic a (c o m e n t á r i o c r ít ic o ) 181
11. A lgu n s ciados relativ o s às eleiçõ es de 1982 (ap resen tad o s em R eis & C as
tro, 1992) ilu stram a sp ecto s relev an tes da sín drom e que assim se co n fig u
ra: n o s n íveis in fe rio res de ren d a, os eleito res p au listan o s qu e se d ec la ra
vam id e n tific ad o s com o P T in clu íam g ran d es p ro p o rçõ es cu jas p o siçõ es
qu an to a v ário s iten s de o p in ião (p a rtic ip a çã o p o lítica dos m ilitares, ap o io a
g re v e s co m o recu rso p o lítico etc.) eram o o p o sto do qu e se im a g in a ria , a
ju lg a r p elo p erfil id eo ló gico d o p artido.
184 F Á B IO W A N D R R L E V REIS
eleito r deve ser lida pelo que de fato é: a falta de adesão integral
à platafo rm a do M D B ” . Será “racional” ou “irracion al” o eleito r
assim caracterizado? N ossas discussões fazem ressaltar os m ati
zes com que deve ser considerada a p ró p ria indagação, ap esar de
estarem longe de esvaziá-la. A ssim , é certam ente possível (de
m aneira con sistente com um a concepção tautológica de racio na
lidade que a identifica em qualquer ação em que se busquem fins
ou objetivos em condições dadas) recuperar a racionalidade do
eleito r caren te c precariam ente inform ado que se orienta, seja
por im agen s difusas dos partidos ou candidatos em conexão com
a p ercep ção tosca dos seus próprios interesses, seja pela troca
clien telista do voto por algum tipo de ganh o im ed iato 12. C ontu
do, é incontestável que terem os tanto m aio r racio nalidade quanto
m aior a sofisticação e a riqueza de inform açõ es e quanto m aior,
con seq üentem en te, a p ossibilidade de co ntextualizar de m odo
m ais com plexo a decisão de voto, ou o com portam ento político-
eleitoral em geral, por referência à articulação da m ultiplicidade
de aspectos d a co njun tura entre si e com os traços m ais d urad o u
ros do universo sociopolítico com que o eleitor se defronta. N ão
cabe dúvida de que o que se passa dentro da cabeça do eleito r é
aqui decisivo - e de que teríam os condições de fazer m elhor
po lítica, e m elhor dem ocracia, com eleitores do segundo tipo do
que com eleitores do prim eiro.
M as as características do eleitorado, ou do eleitorado p o pu
lar em p articular, por certo não determ inam de m aneira unívoca
o que se há de dizer a respeito de tem as com o a cham ada “vola
12. V ejam -se, a resp eito , as críticas que d irijo (R eis, 1991) a Jo sé M u rilo de
C arv alh o p ela ten tativa d e e x p lic a r o p ro cesso eleito ral b rasileiro (esp e cifi
cam ente o “fenô m en o C o llo r”) pela sup osta o peração de fatores “p assio n ais” ,
em co n traste co m a racio n alid ad e tid a p o r e le co m o p ró p ria das d em o cra
cias “o rg an izad as e estáv e is”.
In stitu c io n a liz a ç ã o p o l ít ic a (c o m e n t á r i o c r ít ic o ) 185
R e fe r ê n c ia s B ib l io g r á f ic a s
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R elaçõ es in t e r n a c io n a is
1. In t r o d u ç ã o : p e c u l ia r id a d e s do c a m p o relações in t e r n a c io n a is
n o B r a s il
dução acadêm ica acum ulada ao longo do tem po, a m aior abertura
dem onstrada desde então pela instituição central n a interação go-
vern o-so ciedade em m atéria de política externa e de relações in
ternacionais - o Itam araty - e um desenvolvim ento institucional
m oderadam ente satisfatório em term os de cursos específicos e de
program as de pesquisas oferecidos pelas instituições de ensino e
pelos centros de estudo existentes nessa área. Se a coordenação
institucional e a cooperação interdisciplinar entre pesquisadores
nem sem pre são realizadas pelos canais form ais de entidades as
sociativas, a exem plo das existentes em outros países, deve-se
reconhecer, pelo m enos, que as perspectivas de estudo e pesquisa
perm anecem saudavelm ente m ultidisciplinares, notadam ente nos
gran des centros de produção especializada em relações in tern a
cionais (essencialm ente R io de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto
A legre).
A penas a p artir dos anos 80, a disciplina adquiriu no Brasil
um estatuto próprio - ainda que em brionário - diferenciando-se
p aulatin am ente, m as não totalm ente, da ciên cia política e da h is
tória. C om efeito, ela co ntinua a co labo rar - e de fato a trabalhar
intim am ente - com a história na delim itação de um cam po de
co nhecim ento m ais voltado para o estudo d a p olítica extern a e
das relações exteriores do B rasil. E la tam bém passou, de outro
lado, a trabalhar com a ciência política e outras disciplinas na
discussão teórica ou em pírica de questões econôm icas, políticas e
estratégicas das relações internacionais contem porâneas.
e ix o s a n a l ít ic o s
3. O r ie n t a ç õ e s d is c ip l in a r e s , escolhas t e ó r ic o - m e t o d o l ó g ic a s
tenh a sido p ub licada com ercialm ente. A lém dos m ilitares profis
sionais, d a ativa ou reform ados, com o M eira M atos e Cavagnari
(am bos com m uitos trabalhos publicados em form a de livros ou
artigos em periódicos especializados), destaque pode ser dado a
“ p aisano s” que se ocuparam de tem as m ilitares, de segurança e
de estratégia, com o H. Saint-P ierre, R. A. D reifuss, R. D agnino,
C. B rigagão, T. G uedes da C osta e S. M iyam oto (ver bibliografia).
Os anos 90, finalm ente, podem ser caracterizados com o os
do am adurecim ento pro fission al d a com unidade brasileira de es
tudiosos de relações internacionais, com o surgim ento de estu
dos variados sobre os sistem as internacional e region a l e sobre a
p o lítica extern a do B rasil - com especial ênfase na integração - ,
to do s d o tad o s de g ra n d e rigo r m eto d o ló gico nas d iferen tes
subdiscip linas da área. Do ponto de vista institucio nal, finalm en
te, pode-se afirm ar que as preocupações de ordem m etodológica
e com a fundam entação teórica dos trabalhos em preendidos en
contram m aior grau de acolhim ento —e de desenvolvim ento in
trínseco às próprias instituições — nos centros de pesquisas já
co nsagrados nessa área, cujos principais orientadores passam a
m anter um intenso e freqüente intercâm bio com parceiros de
en tidades congêneres m ais tradicionais do exterior. O próprio
In stituto Rio B ranco segue, nos anos 90, essa tendência a um
m aio r “ rigorism o m etodológico” ao integrar definitivam ente às
bancas dos C ursos de A ltos E studos um relato r necessariam ente
esco lh ido nos m eios acadêm icos. O IR B r tam bém passou a d efi
n ir critério s m ais estrito s para a elaboração da tese, os quais
b uscam aproxim ar aquilo que, no passado, já tinha sido descrito
com o um “longo m em orandum ” de um trabalho de pesquisa
o rien tado por “ m etodo lo gia adequada” .
U m a característica - ou, talvez, a ausência dela - deve ser
desde lo g o ressaltada, sob a form a de um a lacuna de fato de
trab alh os de ordem m eto doló gica conduzidos nos estudos e pes
quisas a cargo das três principais com unidades que se ocupam de
R elações in t e r n a c io n a is 203
in te rn a c io n a l
lise m ais detida a respeito da rica sistem atização do con hecim en
to e da original síntese interpretativa contidas nessa obra (1992).
C aberia, entretanto, sublinhar a m etodologia “renouvin iana” no
trab alh o com as fo ntes prim árias, um a b em -vind a ên fase nas
questões econôm icas do relacionam ento externo, a valorização
do m ultilateralism o - tem a praticam ente inexisten te nos m anuais
tradicionais — e a adoção de um a perspectiva de largo curso na
identificação das gran des fases da p o lítica externa: a “conquista e
o exercício da soberania” (para a época im perial), “dos alin ha
m entos ao n acional-desenvolvim entism o” (para o período repu
blicano até 1964) e o “nacionalism o p ragm ático” (para a fase
recente). O livro em colaboração sobre a política exterior a partir
de 1930 (C ervo, org., 1994) tam bém apresenta-se com o referên
cia incontornável nos estudos dc história das relações intern acio
nais do B rasil no período contem porâneo.
A inda no terreno da história, os nom es de G erson M oura e
de M oniz B andeira (este vindo da ciência política) são obrigató
rios, assim com o, n a vertente da histórica econôm ica, M. A breu e,
com m enor ênfase, P. M alan. No que se refere às ciências sociais,
as contribuições de M ônica H irst, M aria Regina Soares de Lim a,
Sonia dc C am argo, Shiguenoli M iyam oto (com ênfase no estudo
do pensam ento m ilitar e da geopolítica) e Tuílo V igevani têm seu
lugar assegurado nas recom endações de leitura dos cursos esp e
cializados. N esse cam po, os trabalhos de m ais am plo escopo so
bre os sistem as internacionais e regionais ficaram a cargo de al
guns poucos especialistas, com o os já citados Jaguarib e e Lafer,
mas deve-se notar a adesão de pesquisadores mais jovens no pe
ríodo recente (com o V izentini, 1992a e b). A lguns brasilianistas se
destacaram na prim eira vertente, com o Frank M cC ann, Stanley
H ilton, Steven Topik ou Leslie B ethell, ao passo que outros vêm
dando contribuições à segunda, com o Selcher ou Schneider.
Por fim , qualquer levantam ento abrangente não pode pres
cin d ir dos nom es de diplom atas que vêm exercendo com notável
220 P aulo R o b e r t o dp. A l m e id a
4 . 2 . A s re v is ta s e os f o r o s b r a s i l e i r o s d e
rela çõ e s in te rn a c io n a is
5. 0 B r a s il e o m u n d o : te n d ê n c ia s a n a l í t i c a s
B r a s il
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