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XXII Nao se pode ir para o céo sem soffrer QUER queira, quer niio, ha que soffrer Ha uns que soffrem como o bom ladrao, outros como o mau. Ambos soffriam igual mente. Mas um soube tornar os seus solfri- Mentos meritorios: e o outro expirou no desespero mais horrendo. Ha dois modes de soffrer- soffrer aman- do ¢ soffrer sem amar. Os santos soffriam tudo com paciencia, alegria e perseveranca, porque amavam. Nés, nés soffremos com colera, despeito e enfado, porque nao ama- mos, Si amassemos a Deus, seriamos felizes de poder soffrer por amor d’Aquelle que se dignou sottrer por nos. No caminho da cruz, véde, meus filhos, 50 0 primeiro passo custa. E’ o temor das cruzes que € a nossa maior cruz... Nao se tem a coragem de carregar a pro- pria cruz, faz-se muito mal; porquanto, faga~ mos o que fizermos, a cruz nos apanha, nao The podenios escapar. 42 Que temos entio a perder = porque naa amarmos as nossas ¢ruzes ¢ nos nao servir- | mos dellas para irmos p’ra o céu?... Mas, ao contrario, a maioria des homens voltam as costas as cruzes ¢ fogem diante dellas. Quanto mais correm, tanto mais a cruz os persegue, tanto mais os fustiga ¢ os esmaga de pesos... ‘Si o bom Deus nos manda cruzes, nés nos agastamos, nos qu¢ixamos, murmuramos, 50- mos tao inimigos de tudo o que nos contra- ria, que quereriamos sempre estar numa cai- xa de algodao; mas é numa caixa de espinhes que nos deveriamos por. E’ pela cruz que se vae para o céu. ‘estas, as tentagGes, as penas sao ©: (as cruzes qué nos conduzem ao céu, sso em breve tera passado... Véd intos que chegaram antes de nés... O Deus nao pede de nés o martyrio do pede-nos s6 o martyrio do coracio ¢ da tade... Nosso Senhor é nosso model memos a nossa cruz e sigamol-o. F% ainda como os soklados de Napoledo. preciso atravessar uma ponte sobre a. atiravam 4 metralha; ninguem ousava 16 IX Nada de estavel féra de Deus FORA do bom Deus, védes, meus filhos, nada é solido, nada, nada! Si é a vida, pas- $a; si € a fortuna, esborda-se; si é a saude, € destruida; si é a reputacSo, é atamada. Nos vamos como o vento... Tudo se vae velozmente, tudo se precipita. Ah! meu Deus, meu Deus ! como s&o, pois, para lasti- mar esses que péem o seu affecto em todas essas coisas !... PGem-no porque se amam desmesuradamente; mas niio se amam ‘com amor racional; amam-se com o amor de si proprios e do mundo, buscando-se, buscan- do as creaturas mais que a Deus. E’ por isto que munca estZo contentes, nunca tranquillos; estio sempre inquietos, sempre atormenta- dos, sempre transtornados. Véde, meus fifhos, 0 bom christéo percor- re o caminho deste mundo montado num be!- lo carro de triumpho; este carro é puxado pelos: anjos, ¢ € o proprio Nosso Senhor que © guia. Ao passo que o pobre peceador é atrelado ao carro da vida, ¢ 0 demonio estd fo assento, ec o forca a avangar a largas chi- cotadas !..,

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