É tanta raiva acumulada, tanto choro, tanta magoa... Meus amigos andam inimigos, sofridos, sonolentos, É tanto ódio extravasado, tanta fúria, tanta falta...
O relógio anda aflito perseguindo a velocidade...
O capitalismo anda aflito mexendo com a vaidade... O machismo anda aflito matando a diversidade... O coveiro anda aflito enterrando toda a cidade...
As pessoas andam burras, estoicas, sonolentas...
É tanto descaso do estado, tanto engodo, tanta lenda... Meus nervos andam aflitos, elétricos, desgovernados, É tanta vontade aprisionada, tanto veto, tanta pauta...
A carteira anda aflita esperando a estabilidade...
As mulheres andam aflitas querendo sororidade... A favela anda aflita buscando a igualdade... A elite branca anda aflita com medo da igualdade...
É um matando o outro na fila do biscoito...
Um matando o outro na fila do biscoito...
Henkell, Erik - da coleção: "Brigadista e zé ninguém"