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Rio 2015

As pessoas andam frias, egoístas, violentas... 


É tanta raiva acumulada, tanto choro, tanta magoa... 
Meus amigos andam inimigos, sofridos, sonolentos, 
É tanto ódio extravasado, tanta fúria, tanta falta...

O relógio anda aflito perseguindo a velocidade... 


O capitalismo anda aflito mexendo com a vaidade... 
O machismo anda aflito matando a diversidade... 
O coveiro anda aflito enterrando toda a cidade...

As pessoas andam burras, estoicas, sonolentas... 


É tanto descaso do estado, tanto engodo, tanta lenda... 
Meus nervos andam aflitos, elétricos, desgovernados,
É tanta vontade aprisionada, tanto veto, tanta pauta...

A carteira anda aflita esperando a estabilidade... 


As mulheres andam aflitas querendo sororidade... 
A favela anda aflita buscando a igualdade... 
A elite branca anda aflita com medo da igualdade...

É um matando o outro na fila do biscoito... 


Um matando o outro na fila do biscoito...

Henkell, Erik - da coleção: "Brigadista e zé ninguém"

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