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CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

PROF. BETO FERNANDES

GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


As garantias do sistema financeiro nacional podem ser Pessoais ou Fidejussórias e Reais. As garantias Pessoais ou Fidejussórias são
representadas pelo aval e fiança. O aval recai sobre títulos de crédito e a fiança recai sobre contratos.

AVAL FIANÇA
a) O aval é solidário: Não há benefício de ordem a) A fiança é um contrato que dar-se-a por escrito, não se admitindo
(excussão); interpretação extensiva. A fiança é acessória e subsidiária: Há
b) No vencimento da obrigação, o credor poderá cobrar do benefício de ordem, salvo se estipulado o contrário. (fiança
devedor ou do avalista indistintamente. (Gera direito de solidária)
regresso contra o avalizado em caso de pagamento pelo b) No vencimento da obrigação, o credor deverá cobrar
avalista). necessariamente do devedor e só depois do fiador. (isto se não
c) Só é possível em títulos de crédito (em cabiária ou houver cláusula de solidariedade).
cambial). Deve ser aposto no próprio título de crédito. No c) só é possível em contratos (jamais em títulos de crédito. É
anverso ou no verso do título. realizado um contrato próprio para a fiança.
d) é autônoma e independente (a responsabilidade d) A fiança é integral, o fiador se responsabiliza integralmente pelos
subsiste, ainda que a obrigação do devedor principal seja encargos decorrentes do contrato inclusive judiciais (se
nula ou falsa, em caso de falência ou de declaração de responsabiliza pelo divida principal e pelos acessórios – obrigações
incapacidade do avalizado). iliquidas). Por disposição expressa do fiador, a fiança pode ser
e) Aval parcial ou limitado – é vedado o aval parcial - parcial (limitada).
“exceto” para títulos de crédito que possuam e) Na insolvência do fiador, o credor poderá exigir do devedor a
legislação específica, caso da duplicata, cheque, letra substituição do fiador.
de câmbio e nota promissória. As leis uniformes f) Fiança solidária é aquela em que o fiador abre mão do benefício
(especiais) sobre duplicata, cheque, letra de câmbio e nota de ordem. (deve estar expresso em contrato).
promissória que autorizam o aval parcial, se sobrepõe às g) Sub-fiança é a fiança que garante outra fiança.
normas do código civil que proíbe genericamente o aval h) A FIANÇA conjuntamente prestada a um só débito por mais de
parcial. uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se
f) Na hipótese de insolvência (ou falecimento) do avalista, declaradamente não se reservarem o BENEFÍCIO DE DIVISÃO. Se
o credor não poderá exigir a sua substituição. em um só contrato tivermos vários fiadores eles serão, em regra,
g) O aval pode ser cancelado. solidários entre si, isto é o credor poderá cobrar toda a dívida de
h) O aval pode ser em branco ( é dado no verso do título um só, salvo se houver o benefício de divisão, caso em que cada
apondo sua simples assinatura) ou em preto (indica em um só se responsabiliza por sua cota parte.
cláusula própria o avalista). Benefício de sub-rogação – é um dos direitos relativos aos
i) O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos da fiança em que o fiador que pagar integralmente a dívida,
efeitos do anteriormente dado. É o denominado aval fica sub-rogado (assume) nos direitos do credor, podendo
póstomo. demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva cota.
l) O Aval só pode ser dado em títulos de crédito em que Dica do Beto: sempre que o credor, injustificadamente, demorar
o valor da dívida possa ser claramente definida (obrigação a execução iniciada contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe
líquida). o andamento.

Atenção: Tanto no aval como na fiança é necessário a autorização do cônjuge: Autorização Marital (quando a solicitação é feita ao
homem) e Outorga Uxória (quando a solicitação é dirigida à mulher).

GARANTIAS REAIS
Garantias reais são aquelas em que o cumprimento de determinada obrigação é garantido por meio de um bem móvel ou imóvel.
Principais exemplos:
• Hipoteca, Penhor, Alienação Fiduciária, Fiança bancária.

PENHOR: Se dá com bens móveis, ou seja, é a transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor, faz o devedor,
em relação a uma coisa móvel.
Penhor Mercantil: Constitui-se o penhor mercantil, mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro
de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas.
Estão sujeitos ao Penhor Mercantil: Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em
funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração das salinas;
produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados.
O devedor não pode, sem o consentimento por escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a situação,
nem delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza, que
ficarão sub-rogados no penhor.
Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa
que credenciar.
PENHOR MERCANTIL
a) O bem já existe e é de propriedade do devedor.

b) A garantia é uma parte da mercadoria e o bem permanece na posse do devedor


c) em regra o devedor não poderá alterar os bens dados em garantia, salvo por autorização expressa do
credor que terá o direito de fiscalizar os bens empenhados.
d) O penhor é registrado no cartório de registro de imóveis.

O credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida. Os credores, também poderão fazer efetivo o
penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo de demora, dando aos devedores comprovantes dos bens
de que se apossarem.

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HIPOTECA: Recai em regra sobre bens imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles, mas poderá recair sobre bens
moveis no caso de: Navios, aviões, linhas férreas e os trens, minas e pedreiras. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar
imóvel hipotecado.

Características: O devedor da hipoteca é chamado de mutuário, a hipoteca poderá ser realizada de duas formas:
▪ Na aquisição do imóvel, ou como garantia de empréstimos realizados sobre o imóvel já quitado. O bem serve como garantia.
▪ A hipoteca poderá ser de 1° grau (quando realizado pela primeira vez) ou de 2° grau (quando o mesmo imóvel é hipotecado
pela segunda vez.
É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento.

1. REGISTRO DA HIPOTECA - As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel (Registro de Imóveis), ou de cada um
deles, se o título se referir a mais de um. Art.1.492.
2. O Registro da hipoteca, sobre ESTRADAS DE FERRO, será no Município da “estação” inicial da respectiva linha.
3. A hipoteca dos NAVIOS e das AERONAVES reger-se-á pelo disposto em lei especial. Parágrafo único do art.1.473.
4. REGISTRO – não se registrarão, no mesmo dia, duas hipotecas, sobre o mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas, salvo se
as escrituras, do mesmo dia, indicarem à hora em que foram lavradas.
5. O imóvel poderá ser hipotecado mais de uma vez.

DA EXTINÇÃO DA HIPOTECA - A hipoteca extingue-se:


I – pela extinção da obrigação principal; II – pelo perecimento da coisa; III – pela resolução da propriedade;
IV – pela renuncia do credor; V – pela remição; VI – pela arrematação ou adjudicação.
Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no Registro de Imóveis, do cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.
Art.1.500 ( arts.1.473 a 1.505 do NCC.)

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA: Consistente na alienação da coisa, que se transfere ao financiador em garantia do cumprimento da
obrigação de pagar toda a importância ao fim do financiamento.
A característica desse contrato é o fato de o fiduciário (credor ou financiador) ter o domínio resolúvel e a posse indireta do bem
alienado, independentemente da tradição efetiva do bem. O objetivo da alienação ficará em poder do (devedor ou fiduciante), que
passa a ser o possuidor direto e depositário do bem, ficando com todas as responsabilidades e todos os encargos que lhe incumbem
de acordo com a lei civil e penal.
É permitida a busca e apreensão do bem alienado, caso o adquirente não cumpra com os pagamentos. O contrato é
registrado no cartório de títulos e documentos no domicílio do devedor se for bem móvel ou no cartório de registro de imóveis se for
imóvel.
Vencida a dívida, é imputável ao credor a venda do bem, judicial ou extrajudicialmente, e a aplicação do valor obtido será
utilizado para o pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.
Objeto da Alienação: O bem, móvel ou imóvel – ficará em poder do devedor (fiduciante), contudo estará alienado ao financiador
(fiduciário), em garantia do pagamento da dívida contraída.
REGISTROS – Bem móvel no Cartório de Títulos e Documentos e, bem imóvel no Cartório de Registro de Imóveis.

FIANÇA BANCÁRIA: É um ato formal de garantia de compromissos assumidos pelo cliente, possibilitando também a substituição da
caução em dinheiro, pela fiança bancária, não ocorrendo desembolso de imediato. Destinada a empresas que necessitam de uma
garantia bancária para participar de concorrências. É uma garantia real.
Características: É um compromisso contratual, no qual o Banco, como fiador, garante o cumprimento de obrigações de seus clientes.
Tem como público alvo Pessoas Físicas e Jurídicas.
Os prazos são definidos em função da natureza da obrigação a ser garantida. As garantias de pagamento fornecidas pelos clientes
são: bens móveis e imóveis.
Vantagens: É a garantia oferecida pelo Banco, que sendo uma instituição responsável e de grande respeitabilidade no mundo dos
negócios, proporciona uma maior facilidade no fechamento dos negócios com segurança e rapidez.
Tipo de garantia onde o banco (fiador) se solidariza com o seu cliente (afiançado);
Utilização: Obtenção de empréstimos e financiamentos no País;
➢ Habilitação em concorrência pública, Locação, Adiantamento por encomenda de bens, Acesso as linhas de crédito em
outros bancos, Garantias em concorrências e execuções de obras públicas, Financiamentos para exportação, em operações
na BM&F.
Obs.: A fiança bancária NÃO é um empréstimo por isso, só incide IOF caso o banco seja obrigado a honrar a fiança.

QUESTÕES DE PROVA
01. (CESGRANRIO/BB/2015) Sr. X é concitado por Sr. Y a atuar como avalista em título de crédito no qual Sr. Y é devedor. Dado o
alto grau de amizade entre os dois, o ato é praticado. Algum tempo depois, Sr. X recebe comunicação de que pende de pagamento a
dívida resultante do aval. Diversas dúvidas acudiram ao avalista que, consultando profissional especializado em títulos de crédito,
assentou que o seu dever de pagamento estaria relacionado a
Parte superior do formulário
a) obrigações portadas por devedor, mesmo ilíquidas b) cláusulas contratuais estipuladas em desfavor do devedor
c) títulos de crédito derivados do original d) obrigação líquida constante do título
e) estoque de débito do avalizado junto ao credor

02. (CESGRANRIO/BB/2014) Um gerente participa de processo de treinamento sobre títulos de créditos e garantias do Sistema
Financeiro Nacional. Durante a avaliação dos itens abordados no treinamento, o gerente, que se dedicou com afinco aos estudos,
responde, apropriadamente, que o aval, nos termos do Código Civil,
Parte superior do formulário
a) gera direito de regresso contra o avalizado em caso de pagamento pelo avalista.
b) é garantia típica dos contratos bancários.
c) pode ser parcial quando firmado em título de crédito.

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d) pode ser considerado até declaração judicial quando cancelado.


e) deve ser subscrito exclusivamente no anverso do título.
03. (CESPE/BRB/2010) Em uma garantia por meio de fiança, há a condição de benefício da ordem, o que significa que o credor deverá
acionar primeiro o devedor e depois o fiador, exceto se o fiador renunciar ao benefício.

04. (2018/FGV - 2018 - Banestes - Técnico Bancário) Durante a vigência de um contrato de fiança, o credor Atílio concedeu prorrogação
do prazo de pagamento da dívida (moratória) ao afiançado sem consentimento do fiador Jerônimo.
Com esse ato por parte do credor, é correto afirmar que:
A) deverá Jerônimo requerer a Atílio prorrogação do prazo de duração do contrato para se adequar à moratória concedida ao afiançado;
B) Jerônimo, ainda que solidário pelo pagamento da dívida perante Atílio, ficará desobrigado pela falta de consentimento com a
moratória;
C) Jerônimo permanecerá obrigado pelo pagamento da dívida pelos 6 meses seguintes ao dia do vencimento; findo tal prazo ficará
desobrigado;
D) caberá a Atílio decidir se Jerônimo ficará ou não desobrigado da fiança com a concessão da moratória;
E) Jerônimo poderá pedir a anulação do contrato porque é proibido ao credor conceder moratória ao afiançado.

5. (2018/FGV - 2018 - Banestes - Técnico Bancário) Em garantia de empréstimo concedido pelo Banco W, Tereza deu um imóvel de
sua propriedade ao credor. A garantia constituída abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel e não impede
a proprietária de aliená-lo.
Com base nessas informações, a garantia prestada por Tereza é:
A) aval; B) fiança bancária;
C) alienação fiduciária em garantia;
D) hipoteca; E) anticrese.

6. (2018/FGV - 2018 - Banestes - Técnico Bancário) Alfredo contraiu uma dívida com o Banco X e assinou uma cédula de crédito
bancário com o aval de João.
Em relação ao aval, é correto afirmar que o avalista:
A) passa a ser o único responsável pelo pagamento, exonerando o avalizado Alfredo de responsabilidade;
B) responderá subsidiariamente pelo pagamento, na ausência de bens suficientes de Alfredo para pagar a dívida;
C) torna-se devedor solidário pelo pagamento perante o Banco X, podendo esse cobrar a dívida tanto dele quanto do avalizado;
D) não se obriga pelo pagamento porque é nulo aval prestado em favor de instituição financeira, caso do Banco X;
E) responderá pelo pagamento solidariamente com Alfredo, desde que esse celebre simultaneamente contrato de fiança com o Banco
X.

Gabarito: 01 – D; 02 – A 3–C 4–B 5–D 6-C

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