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Neoliberalismo e desadministrativizagao Giapsion MAMEDE SUMARIO 1. Introdusao, 2. O Direito Administrativo e a No original: “L’attivita del concessionario, a cause dei fini pubblici cui ¢ diretta, deve essere cos- tantemente —controllata dalla pubblica ‘amministrazione.” Brasilia a. 32 n. 127 juljeet. 1995. possa representar, por certo angulo, uma evo- lugio, na por das hipotees por livrar tais ati- vidades dos grilhées dos atos de expediente que se entrelagam numa terrivel cadeia buro- tética, bem como impedir 0 mal uso dos bens ¢ 40 representada pela estrutura de normas ad- ministrativas no que se refere a “defesa, con- servagao e aprimoramento dos bens, servigos e interesses da coletividade”(Meirelles, 1991: 76). O que se deve destacar nos ambitos dos servigos de Estado que sio transferidos a inici~ ativa privada é.a sua importincia para a socie- dade. O pais, em razo do avango da siderurgia privada, estava preparado para que as industri- as siderirgicas controladas pelo aparelho de Estado brasileiro fossem transferidas para em- preendedores privados. © mesmo pode-se di- zer das empresas de fertilizantes, de uma parte do setor bancario, uma parte do setor petroqui- ‘mico etc., cujo impacto social é um pouco mais reduzido (¢ absorvido diante da notéria incom- peténcia de Estado para gerencié-los). Isto para ‘ndo abordar absurdos como hottis, entre ou- twas atividades cujo controle estatal merece a adjetivagdo de esdrixulo. Setores como 0 aero- ndutico incluem-se numa categoria estratégica cujo enfoque privilegiador cambia ao longo do tempo. Agora, no que se refere a atividades como eletricidade, comunicagSes, aos combus- tiveis de uso generalizado etc., hA que haver uma atencdo especial. Afinal, . oimpacto social Neste sentido, transmudando principios ja con- para a Administrago Piblica, sera ne~ o empreendi- ‘mento (vale dizer, aqueles de tealgdvel impacto social) deverdo ser motivados e nevessitar da aprovacdio estatal (seja pelo Executivo, seja pelo Legislativo), nao se permitindo qualquer iniciati- 157 va que no garanta a todos os setores da socie- dade (cnfim, todos os cidados) possibilidade de igual aoesso ao servigo. A estas garantias deve- riam ser acrescidas outras que fossem produto de um amplo debate que, até o momento, o Go- ‘verno Fernando Hennque Cardoso tem curiosa- ‘mente evitado. _ Este cuidado aqui proposto, creio, consti- tra-se esquecida (e que, mais do que nos dis- ‘cursos ¢ artigos, podem ser encontrados nas das cidades ¢ no interior do pais, para ‘quem se disponha a percorré-los). 6. Conclusdo Para Wald, “€ incontestivel que o Brasil ‘uma “politica de concessdes e de privatizagio” ‘Ainda assim, leio em seu artigo a necessidade de um certo controle sobre os empreendedores privados, néo obstante defenda que tal politica escstatizadora deva “deixar de ser o que era no passado”, ou seja, “o direito de comando, da burocracia, do privilégio, do controle e da desconfianga”, para tornar-se um partnership, vale dizer, “confianga reciproca, ‘done ga liberdade com responsabilidade, mediante Yantias nuituas ¢ adequadas que cada uma das partes deve a outra” (idem: 9). Digo ler em seu trabalho a necessidade de cutive” das “obras ¢ servicos de interesse da coletividade” quando “numa gestdo privada” (idem: 1). Por derradeito, diz que “a privatiza~ ‘¢40 de alguns servicos piblicos pode ser a so- lugdo adequada, desde que definamos clara- mente as premissas € 0 quadro juridico € eco- némico que se quer implantar” (idem: 1-2). Assim, acredito ser fundamental que esta transformagao da estrutura de Estado, propos- tae conduzida pelo Governo Fernando Henri- que Cardoso, seja concretizada de forma res- Ponsiveledetalhada, discutida por amplos s- tores da sociedade, inclusive por juristas (des- tacados estes nos momentos de concretiz4-las, certo que 0 instrumento de tal concretiza¢io 168 so as normas juridicas). Opa, ais jsf idade juridica gee ees at, Ta social brasileira a uma composi¢do injusta, 3 qual miles de pesoas vivem em sstigo ‘além da pobreza, por que a mistria, enquanto ‘uma clite de empresdrios, politicos pilin oss pode emp una ip la privilegiada por uma legislagao elaborada meticulosamente para manter esse estado de vanlagens e opressbes" (apud Muniz, 1994:12). Em meio a estas consideragdes, pretendo que este artigo construa suas conclusdes € posicione-se nos debates sobre o atual momen- to politico brastieiro (a0 qual se atribui uma clas- sicago de opt neoliberal) deforma difria dos pardmetros comuns da discussio: acredito ‘que uma politica de privatizagées e de conces- sbes corresponde a uma escolha administrati- va entre tantas outras (escolha esta que pode ser jusificada a partic de dadoscolhidos na e-

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