Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
J.M. Darhower
#1 By Another Name
Série Forbidden
Leitura: Bia B.
Data: 11/2017
~2~
Sinopse
Uma rivalidade mortal.
Especialmente o inocente.
~3~
A Serie
Série Forbidden
J.M. Darhower
~4~
Prologo
O restaurante ficava na área mais ao sul da Little Italy, uma
pizzaria de tijolos de luxo na esquina de um quarteirão. As janelas se
estendiam por toda a frente do prédio, dando uma imagem clara das
cabines vermelhas e douradas extravagantes e dos candelabros
pendurados no interior, mas o vidro havia sido matizado para ofuscar a
vista. As pessoas que frequentavam o lugar não gostavam de ser
observadas.
Para Primo ela sempre seria a mulher mais linda da Terra. Seu
amor por ela só se tornara mais forte ao longo dos anos, e ali de pé,
observando-a enquanto ela segurava firmemente a sua filha mais nova,
Genevieve, sentiu seu coração inchar em seu peito. Sua menina parecia
à mãe, o mesmo cabelo preto e olhos azuis brilhantes. Ela seria uma
destruidora de corações um dia, arrancando corações diretamente do
peito dos homens com apenas um simples olhar, como Cara tinha feito
a ele na primeira vez que colocou os olhos sobre ela anos atrás.
Coração mole.
~5~
Primo puxou sua esposa para ele e gentilmente beijou seus lábios
vermelhos. Seu trigésimo aniversário. Este foi o ano... o ano em que
tudo mudou, o ano em que ele fez seus movimentos muito esperados.
Ele já tinha posto tudo em andamento. Não importava quem ele tinha
que derrubar para ter sucesso. Era apenas uma questão de tempo até
que ele estivesse por cima.
Mas ele não pararia por aí, não. Antes que tudo estivesse
terminado, cada bloco em Manhattan pertenceria a ele.
~6~
Joey correu descoordenado com Dante em seus calcanhares. —
Sim, papai?
~7~
Oh Deus. Não, não.
— Não, Joey! — Primo gritou, mas já era tarde demais. Joey virou
a chave enquanto olhava para o pai, franzindo a testa por uma fração
de segundo antes que acontecesse.
BOOM
Barsanti.
~8~
Capitulo Um
Dizem que a noite é mais escura pouco antes do amanhecer.
— Relaxe. — Sua voz era lenta, graças aos cinco tiros de tequila
consecutivos que ele tinha tomado antes de sair da festa. — É difícil ver
no escuro.
Algo lhe disse que era a tequila e não a escuridão que o fez
tropeçar.
— Você é tão quente. — ele disse, terminando o beijo, mas ele não
a soltou. Em vez disso, ele puxou-a ainda mais para ele, empurrando
sua cabeça para baixo em direção a sua virilha.
Uh, O quê?
~9~
Ela saiu de seu aperto, empurrando-o tão forte que o carro foi
para a outra pista. — Que tipo de garota você acha que sou?
Já vai gozar?
Genna não pôde evitar. Ela deu uma gargalhada. Uma violação
por não usar o cinto de segurança era a menor das suas preocupações.
Quem se importava se eles estavam usando um? Jackson lançou-lhe
um olhar que dizia para ela não ser mais apelativa, mas ela pensou que
ele estava ainda mais fofo agora.
Tão ingênuo.
Era por isso que ela gostava dele. Para alguns, ele parecia
ignorante, tolo, até inconsciente, mas Genna apreciava a simplicidade.
Ele a tratava de forma normal, não se importava com o nome dela ou
com sua família, enquanto o resto de Manhattan parecia se espantar
com a simples menção.
~ 10 ~
Aja com calma, disse a si mesma. Aja como se não tivesse ideia do
que está acontecendo.
~ 11 ~
Seus olhos borrados se concentraram em seus dedos vermelhos
polidos e estudaram o piso de linóleo branco brilhante em torno de seus
pés descalços, qualquer coisa para evitar olhar para o homem na sua
frente. Podia sentir seu olhar apunhalando-a como facas afiadas,
penetrando-a no interior, enquanto a vergonha escorria das minúsculas
feridas.
Faça parar.
— Genevieve.
A forma como ele disse seu nome com tanta calma fez com que
ela involuntariamente vacilasse. Preferia que ele gritasse ou fizesse uma
cena, qualquer coisa. A raiva, pelo menos, significava paixão, mas isso
era indiferença. Este era um homem surpreendido por estar aqui.
Ela não o tinha chamado. Ele era a última pessoa que ela teria
chamado. Mas ela não estava nem um pouco surpresa por ele ter sido o
único a aparecer. Seu pai sabia tudo o que acontecia nas ruas, mais do
que a polícia.
~ 12 ~
Genna saiu correndo do carro, empurrando a porta da frente
aberta e correndo pelas escadas. Ela só fez metade do caminho quando
seu pai entrou e gritou seu nome.
Ele não esperou que ela o seguisse, mas ela sabia que deveria. Ele
realmente não lhe deu muita escolha. Suspirando, ela deixou cair seus
sapatos e sua bolsa, jogando tudo na escada, e de má vontade fez a
caminhada de volta para ele.
~ 13 ~
Era feito sob encomenda e tinha uma pintura customizada nova. — O
cara tinha até mesmo um tanque de NO2 instalado.
Ela conhecia essa voz. Ele raramente usava essa voz com ela, mas
o ouviu recorrer a ela muitas vezes para intimidar e aterrorizar outros
ali naquele cômodo. Homens que trabalharam para ele. Homens como
ele. Havia algo sobre o tom gelado que poderia fazer até o homem mais
duro ficar fraco e implorar por misericórdia. — Não senhor.
— Jackson.
— Como?
~ 14 ~
— Você tem apenas dezoito anos!
— Um erro?
— Eu sinto muito.
— Sim senhor.
~ 15 ~
Aproximando-se, ela se inclinou e beijou sua bochecha áspera
antes de sair correndo do local. Isso não foi tão ruim quanto ela
esperava. Ela subiu as escadas de duas em duas, agarrando suas
coisas descartadas enquanto ia, e seguiu direto para seu quarto, no
final do corredor na parte de trás da casa. Ele era maior que a maioria
dos apartamentos da cidade. Dentro, ela suspirou, examinando a
bagunça que a cumprimentou. Roupas estavam espalhadas por toda a
parte, a maioria delas limpas, de sua birra frenética— eu não tenho
nada para usar— da última vez que ela esteve em casa. Ela pisou sobre
as pilhas descartadas, não tendo nenhuma energia para limpar
qualquer coisa, e caminhou até seu closet. Depois de acender a luz, ela
descartou seus saltos em qualquer lugar na prateleira.
~ 16 ~
Dante ergueu as mãos na defensiva enquanto se inclinava
casualmente contra o batente da porta. — Não foi minha culpa, ele viu
o número e queria saber quem estava ligando.
A pergunta era estúpida, porque sim, ele tinha que dizer a ele.
Dante estava sujeito a regras que ela conhecia vagamente, regras das
quais seu pai tentou protegê-la, mas não era estúpida. Qualquer pessoa
com metade de um cérebro e acesso à Internet poderia descobrir tudo o
que queriam saber sobre a vida de seu pai. Na verdade, apenas na
semana anterior, o Discovery Channel emitiu um especial sobre ele.
— Então você veio até aqui para pegar no meu pé? — ela
perguntou. — Porque se você já acabou, eu gostaria de me vestir.
— Sim.
— Obrigado.
Ele se virou para sair quando ela pegou seu braço, parando-o. —
Espere, o que você está fazendo com meu vestido?
— Queimando.
— Eu não pareço.
Ela olhou furiosa para seu irmão enquanto ele andava pelo
corredor, arrastando o vestido no chão atrás dele. Depois que ele se foi,
ela bateu a porta e caminhou até sua cama, se jogando nela e fechando
os olhos.
8:12 PM
E mesmo sóbria, ela ainda achava que o cara era muito fofo.
— Genevieve?
Os olhos dela dispararam para seu pai quando ele chamou seu
nome. — Sim?
— Sim, então?
~ 19 ~
— Jackson rouba um carro e ele é o soldado de Satanás. Umberto
ganha a vida quebrando a lei e você praticamente tenta me casar com
ele!
Antes que seu pai pudesse repreendê-la por seu tom brusco, o
toque de um celular quebrou o silêncio. Jantares eram sem
interrupções, todos os telefones desligados e guardados, exceto um. Um
que seu pai carregava consigo em todos os lugares - um que todos
sabiam que era reservado apenas para emergências. Genna nunca
tinha discado esse número antes e esperava nunca ter que fazê-lo.
Barsanti.
~ 20 ~
A cadeira em frente a ela, também, permaneceu desabitada,
também preparada para o jantar, nunca mais para ser usada. Aquela
estava desocupada por tanto tempo que Genna nem se lembrava. Tinha
apenas dois anos na época, muito jovem para recordar o que
acontecera.
Mas Dante tinha cinco anos. Foi sua primeira lembrança... uma
que ela sabia que nunca esqueceria. Ele carregava as cicatrizes com ele,
mental e fisicamente, a pele em seu peito grossa e distorcida de
queimaduras extensas de terceiro grau, sua percepção para sempre
contaminada.
Literalmente.
~ 21 ~
— Ei! — Ela correu diretamente para ele, envolvendo seus braços
ao redor dele em um abraço apertado que parecia assustá-lo mais do
que qualquer coisa.
— Por quê? — Não tinha sido inteiramente culpa dela eles serem
presos. Claro, ela ligou o carro, tecnicamente, mas tinha sido sua ideia
levá-la para uma volta. — O que está errado?
~ 22 ~
Capitulo Dois
O que tinha começado como um dia em que tudo estava dando
errado, graças a um despertador com mau funcionamento e ao tempo
tardio de primavera, rapidamente saiu do controle e transformou-se em
uma das piores manhãs da vida de Genna. Quando ela chegou ao
prédio da corte criminal em Chinatown para sua audiência, ela estava
encharcada de uma tempestade súbita e com dez minutos de atraso.
Ela correu pelo corredor, seu novo Jimmy Choos preto causando
bolhas em seus pés, e espremeu-se no primeiro elevador que ela
encontrou, derrapando completamente a tempo, antes de fechar as
portas.
~ 23 ~
estava tão fixada em como ele parecia que quase perdeu as palavras do
juiz.
~ 24 ~
Ela abriu a boca para discutir, apontar quão dura a sentença foi,
mas o advogado a interrompeu e falou em seu lugar. — Não há
problema meritíssimo. Minha cliente agradece a clemência do tribunal
hoje.
Frustrada, ela saiu pelo corredor, sem pressa, agora que tudo
estava acabado. Estava dentro e fora em questão de minutos.
Aproximou-se dos elevadores, gemendo quando viu uma pequena
multidão enchendo um deles. Ela fez uma pausa lá, decidindo esperar,
e pressionando o botão para baixo assim que aquele tinha ido embora.
Puta merda.
Eles estavam olho à olho em saltos de seis polegadas, mas ele não
estava olhando para ela em tudo. Sua atenção estava fixada unicamente
em um Blackblerry com ele digitando no teclado minúsculo. Ele estava
relaxado, encostado casualmente contra a grade, pernas cruzadas nos
tornozelos, seus tênis tão novos, mesmo o solado de um branco
imaculado. Sua expressão séria parecia ser gravada a partir da pedra
mais suave, seu queixo acentuado coberto de uma camada de pelo, mas
sua pele parecia tão, tão suave, como o cetim liso. Um brilho quente de
bronzeado envolveu-o sob as luzes. Ele usava um par de jeans de grife e
uma camisa de botões com mangas compridas, um suéter de malha de
cor creme. Seus cabelos escuros estavam perfeitamente arrumados ou
então sem esforço intocados, e longos o suficiente apenas para causar
um efeito bagunçado. As pontas de seus dedos formigavam com o
desejo de o acariciar.
Esse cara... não, este Deus... tinha sido tirado diretamente das
páginas da GQ e transplantado aqui mesmo nesse elevador.
~ 25 ~
O elevador começando a fechar na sua frente finalmente
estimulou-a à ação. Genna disparou para frente tão rapidamente que
capturou sua atenção. Sem mudar sua postura, seus olhos se
deslocaram do telefone para ela, capturando seu olhar quando ela
parou na frente dele. Um transe caiu sobre ela enquanto olhava em
seus olhos, manchas douradas ao redor da íris que se desvaneceram
como chamas no azul mais brilhante, como uma pintura abstrata de
Picasso ganhando vida. Um anel sombrio os cercava, enquadrando a cor
vibrante na escuridão.
~ 26 ~
Ele apertou o botão de chamada no painel. Quando nada
aconteceu, ele repetidamente empurrou o botão de alarme vermelho.
Genna podia ouvir o alarme disparar, a sirene ecoando através do
elevador. Depois de um momento, ele parou, passando as mãos pelas
portas e agarrando-as no centro, fazendo-as abrir apenas uma
rachadura para olhar para fora, mas não havia nada para ser visto.
Olá de novo, dia ruim. Devia ter sabido que você não tinha acabado
de me foder ainda.
— Sim.
Ela olhou para ele, chocada, quando ele se sentou no chão sujo,
as costas presas no canto. Como ele poderia permanecer tão calmo?
~ 27 ~
os fora, deixando-os no meio do elevador. Ela sentou-se contra a parede
oposta à dele, puxando a saia e cruzando as pernas para manter-se
coberta, mas ela tinha certeza que ela mostrou-lhe seus bens no
acidente. Droga de saia curta.
— Dia ruim?
— O pior.
— Ah, duvido disso. — disse ele. — Pode sempre ficar pior do que
está.
— Sim.
~ 28 ~
Suas palavras a fizeram sorrir. — Isso é bom, mas não tenho
idade suficiente para beber.
— Dezoito.
— Ah, isso não é ruim, você é uma adulta, além disso, eu disse
que eu tinha moral duvidosa, não é?
— Ok, uh... — Ela fez uma pausa. — Eu nem sei seu nome.
— É Matt.
— Genna.
— Então, Matt...
~ 29 ~
Seus olhos se arregalaram. Ok, isso não foi assustador. Isso era
uma loucura.
Se ela tivesse algo a seu alcance para atirar, ela já teria lançado
diretamente em sua cabeça. — Isso não é engraçado!
— Sim, você está certa, não é. — ele concordou. — Para que fique
registrado, no entanto, eu só amarro meninas quando elas me pedem.
~ 30 ~
— Sim.
Ela estava divagando. Ugh, por que estou divagando? Ela mal
conhecia esse cara, mas ela estava derramando sua alma como uma
prostituta agonizante no confessionário.
— Nem sempre.
— Mesmo nos piores dias, você consegue algo fora disso, como
hoje. Você conseguiu algo fora de hoje.
— O quê?
~ 31 ~
— Não há muito sobre mim. — ele encolheu os ombros. —
Recentemente me formei com um diploma em comunicação.
— Sim?
~ 32 ~
se levantar. Ela tentou se recompor rapidamente, puxando as roupas e
arrumando o cabelo antes de pegar os sapatos. Matty agarrou seu
suéter, usando-o para limpar o suor escorrendo de sua testa. Seu rosto
brilhava sob as luzes.
Ela olhou para si mesma, fazendo uma careta. Se ela pensou que
estava tendo um dia ruim naquela manhã, ela não podia sequer
imaginar como se parecia agora. Ela queria ir para casa, tirar as roupas
sujas e cair direto em sua confortável cama, para nunca mais retornar.
Mas havia outra parte dela, cativada e curiosa sobre esse cara, que não
podia suportar a ideia de já seguir para longe dele. Se o fizesse, as
chances eram de que ela nunca mais o veria.
Foda-se. — Vamos.
O couro ficou preso na parte de trás das coxas suadas quando ela
deslizou para o banco. Rindo, Matty fechou a porta e subiu no lado do
motorista. — Sim, acho que sim.
~ 33 ~
Ar condicionado explodiu no seu rosto, esfriando-a
instantaneamente e acalmando o vermelho de suas bochechas. A batida
baixa de hip-hop tocando a partir dos alto-falantes, vibrando seu
assento e enviando arrepios por toda sua pele quando Matty jogou o
carro em marcha. Eles foram para longe do edifício do tribunal criminal,
sem esforço costurando através do tráfego da tarde de Manhattan, cada
curva suave e ágil, quando eles pareciam apenas deslizar ao longo da
rua. Genna queria falar com ele, queria lhe fazer perguntas, queria
saber mais, mas não conseguia dizer nenhuma palavra. Pela primeira
vez em sua vida, ela se sentiu totalmente pequena. Não da maneira
depreciativa... não, ela se sentiu depreciada. Ela era valiosa, e
vulnerável, mas tão frágil, como se tivesse deixado sua armadura para
trás, completamente impotente em comparação com a criatura
comandante ao lado dela.
Genna olhou para ele. — Eu nunca pensei que veria um. Isso
foi... wow. — Ela passou a mão pela tinta brilhante novamente. Carros
eram seu primeiro amor, indiscutivelmente seu único verdadeiro amor.
Rapazes estavam em sua esquerda e direita, mas ela nunca teve um
carro decepcionando-a antes. — Isso foi totalmente melhor que sexo.
Antes que ela pudesse responder, Matty fez um gesto para que ela
o seguisse quando ele se virou e saiu da garagem. Ficou no mesmo
passo que ele, olhando ao redor enquanto se aproximaram do prédio. O
~ 34 ~
tijolo estava a mostra, o sinal na parte da frente quase ilegíveis. The
Place.
Matty olhou para ela com curiosidade, mas ela apenas deu de
ombros.
~ 35 ~
uma garçonete trazer as suas bebidas. Genna engoliu a água,
ressequida, quando Matty pegou sua bebida alcoólica e girou ao redor.
— Ah! — Genna pegou o dela, fazendo gesto para brindar com ele.
— Então, o que estamos comemorando?
— Hoje.
— Hoje?
Ele assentiu.
~ 36 ~
— Absolutamente. — Ele se levantou, inclinando-se sobre a mesa,
seus lábios perto de sua orelha. — Talvez você vai me deixar mostrar-
lhe mais tarde.
Ela engasgou com sua água, seu rosto ficando vermelho brilhante
quando o duplo significado de suas palavras a atingiu. Girando em seu
assento, ela viu quando ele caminhou através do bar, em linha reta em
direção a um grupo de rapazes que tinha acabado de entrar. Todos o
cumprimentaram calorosamente enquanto ele falava baixinho, a boca
se movendo furiosamente enquanto sacudia a cabeça. Chegando em
seu bolso, ele puxou seu Blackberry, digitando algo nele.
~ 37 ~
— Você joga? — ele perguntou eventualmente, apontando para
algumas mesas de bilhar em outra sala próxima separada.
Bilhar.
— Uh, não.
Ela estremeceu.
Ela fez.
Infelizmente.
~ 38 ~
No momento em que ele deu um passo para trás, seu corpo
lamentou a perda de seu calor. Ele pegou um taco para si mesmo como
havia feito na primeira vez, engolfando duas bolas de imediato e por
pouco não uma terceira.
Depois foi a vez de Genna, ela apontou para a bola, mas apenas
roçou em tudo. Seu coração não estava em praticar o jogo, realmente
não achando interessante, mas observá-lo?
Ele não pegou leve com ela. Ele não a deixou ganhar. Apesar de
sua vantagem enorme, ele demoliu-a rapidamente, a bola preta oito
suavemente desaparecendo em um buraco lateral.
Antes que ele pudesse dizer uma palavra, Genna tirou os saltos e
apontou o taco para ele. — Coloque-as novamente.
— Qualquer coisa?
— Qualquer coisa.
— Cem dólares?
— Certo.
— Seu relógio?
— Seu carro?
~ 39 ~
como jogar. Ela tinha um irmão, afinal de contas — um irmão que
regularmente rodava em torno da cidade para conseguir dinheiro extra.
— E o que seria...?
— Golpe de sorte.
Ela serrou os olhos para ele. — Isso foi habilidade, não sorte.
— Sim.
Genna encaçapou mais três bolas bate e volta, pegando seu olhar
quando atingiu uma quarta. Ela bateu no buraco do canto em um
pequeno ângulo, saltando fora em vez disso.
~ 40 ~
Ela encolheu um ombro, hesitante, antes de mudar de posição
um pouco e bater na bola. Ela moveu-se para a direita após a bola oito,
atingindo sua última bola sólida em vez disso. Ela bateu contra a
lateral, voando de volta para ela, para a direita no buraco de canto.
Game over.
— Eu fiz.
Ele poderia?
~ 41 ~
Antes de Genna poder pensar sobre isso, ele abriu uma porta à
direita ao lado do lugar e puxou-a para dentro, em direção a uma
escada escura.
— Meu lugar.
— Seu lugar?
— Sim.
Nenhum mesmo.
Genna se virou para ele, quando ele fechou a porta, mas ela não
teve tempo para dizer qualquer coisa. Sem hesitação, ele estava em
cima dela, lábios febrilmente encontrando os dela quando ele a puxou
mais para dentro do apartamento. Esse beijo foi duro, frenético e
apaixonado; não era nada como a doçura que ele tinha mostrado a ela
lá em baixo. Ela tentou manter-se, mas Matty era uma força a ser
reconhecida.
~ 42 ~
mesa de bilhar. Agarrando suas coxas nuas, ele a pegou, colocando-a
na borda da mesma. Ela se agarrou a ele, puxando-o para mais perto
enquanto ele se atrapalhou com o cinto. Ele teve suas calças soltas
quando ela trabalhava em seus botões para baixo, tocando os botões
quando ela abriu. Ele puxou-a, jogando-a no chão, deixando-o com
apenas uma camiseta branca.
Ah Merda.
Ela não podia fazer nada, mas tomar o que ele deu a ela,
aceitando tudo dele avidamente, suas unhas arranhando sua pele
enquanto ela segurava sua preciosa vida. Ele a levou até a borda,
violentamente empurrando-a fora dele, enquanto seu nome ressoava de
seus lábios, um grito mal contido que fraturou quando escapou de sua
garganta. Matty.
Fodam-se os carros.
~ 43 ~
Isso... isso era tudo.
~ 44 ~
depois de um momento parecendo tão arrumado como quando o viu
pela primeira vez.
Nove e quinze.
Ela sorriu, grata por ele parecer entender, quando ela abriu a
água e tomou um gole, a frieza acalmando sua garganta. Ela fechou a
tampa de volta, agarrou sua bolsa e sapatos enquanto se dirigia para a
porta. Ele caminhou com ela para fora, à direita sobre os calcanhares
enquanto descia a escada escura, tentando se recompor. Respirações
profundas, pensou. Não vá ficar espástica1 agora. Mas ela não podia
controlar-se. Suas pernas eram como geleia, seu coração ainda
acelerado, seus dedos tremendo enquanto ela segurava firmemente as
suas coisas.
O cara tinha batido seu mundo fora do eixo, e ela tinha a fodida
certeza de que não estava consertando isso.
~ 45 ~
Seu pai a tinha advertido ao longo dos anos, uma das muitas
coisas que ele colocou em seu cérebro, algo que parecia apenas agora
afundar quando ela desceu do alto de seu dia tão ultrajante. Música e
gritos beligerantes eram ouvidos do lado de fora do The Place, o bar
muito desordenado que tinha estado há apenas pouco tempo atrás.
Qualquer uma dessas vozes poderia levar a sua morte.
Será que ele sabia? Ela mal sabia o que diabos ela estava dizendo.
Ela teve muito namorados, nenhum dos quais ela já havia trazido para
casa para conhecer seu pai, mas ele sempre parecia saber mais sobre
eles e assustá-los, de qualquer maneira.
Mas este?
Matty deu um passo em direção a ela, com as mãos mais uma vez
segurando sua cabeça, uma expressão séria no rosto que silenciou seu
balbuciar, acalmou seus medos. Lentamente, ele se inclinou para ela,
pressionando um beijo suave, casto contra seus lábios.
— O quê?
— Você.
~ 46 ~
— Então? Passamos uma hora juntos esta manhã, presos em um
elevador sem saída. E você sabe o que eu percebi naquela hora?
— O quê?
Matty B.
~ 47 ~
— Genevieve. — Ele disse, a voz calma — ele sabia que ela estava
lá, sem sequer olhar. Seu olhar lentamente deslocado da mesa vazia
para ela. — Você perdeu o jantar.
— Quem?
— Ele é, uh... — Ela enervou quando seu pai fez isso, lendo-a com
apenas um olhar. — Ele é apenas um rapaz que eu conheci esta
manhã.
— Matty.
~ 48 ~
— Oh, a propósito. — ela disse, enquanto se afastava. — Você vai
ter que arrumar alguém para pegar meu carro amanhã.
— Onde está?
— Não.
Ela olhou para ele incrédulo. Será que ele não ouviu?
— Eu não podia.
— O quê?
Ela bateu a porta quando ele falou de novo, sua voz tão tranquila
que ela mal podia ouvir.
— Você parece com ela. Quando você sorri, você é muito parecida
com ela.
Genna olhou para seu pai, vendo como ele pegou seu copo, seus
olhos voltados para o vinho vermelho sangue. Ele não estava olhando
para ela, suas palavras significavam mais para si mesmo, mas ela deu a
seu pai um pequeno sorriso de qualquer maneira.
~ 49 ~
Suspirando, ele caminhou até o bar, apertando lado e batendo a
mão contra a madeira dura e brilhante. O barman olhou para ele com
um aceno sutil, estabelecendo para o trabalho que é fazer-lhe uma
bebida. — Sua amiga foi embora?
Matty foi até a parte de trás do bar, encontrando seu irmão mais
novo, Enzo, já sentado em sua cabine de costume, com o braço em
torno de uma jovem loura com um vestido vermelho apertado e saltos
altos mortais, os cabelos arrumado e estático, como se ela tivesse usado
uma lata inteira de spray para mantê-los no lugar. Matty parou na
frente deles, olhando para o assento em que Genna tinha sentado
apenas algumas horas antes, atualmente ocupado por outra garota.
Uma das amigas de Enzo, ele supôs. Ele lançou lhe um olhar, surpreso
com a quantidade de maquiagem aglomerada no rosto da jovem —
lábios vermelhos brilhantes, sombra azul, blush rosa.
~ 50 ~
Enzo suspirou antes de acenar com a mão, descartando as
meninas com a promessa de voltar a ligar mais tarde. Uma vez que elas
se foram, Matty deslizou para dentro da cabine e puxou o Blackberry de
seu bolso, colocando-o em cima da mesa.
Enzo riu alto, mas sua diversão acabou quando ele se sentou
ereto, olhando por cima da mesa com os olhos arregalados. Atingindo
mais, ele agarrou o colarinho da camisa de Matty, puxando-o de lado.
— Puta merda, você não está brincando!
Matty fez uma careta, sabendo exatamente o que seu irmão viu. A
parte de trás do seu pescoço picava, a sensação de queimação que
funciona abaixo de sua espinha de onde Genna tinha brutalmente
cravado as unhas em sua carne. Ele bateu no braço de seu irmão,
afastando-se, enquanto tentava se concentrar no trabalho.
Matty deu um olhar cortante para seu irmão, o olhar no seu rosto
silenciando Enzo antes mesmo que pudesse dizer:
~ 51 ~
— Cale a boca.
— Isso é ruim.
Para cada dólar que queriam apostar, eles tiveram que gastar
mais outros vinte centavos em cima dele. Para mil dólares apostados,
Enzo teria que desembolsar duzentos extras. Tinha que ser equilibrado
de alguma forma para eles não serem os únicos a perder dinheiro, e os
nova-iorquinos não gostavam de apostar contra o time da casa sem
algum incentivo.
E para viciados em jogos de azar, arranjarem alguns dólares para
jogar, às vezes um centavo extra era o suficiente para empurrá-los para
o outro lado da cerca.
~ 52 ~
Apostas esportivas — era um negócio tedioso, mas depois de
todas essas aulas de estatísticas tinha certamente valido a pena. Levara
um tempo para se acostumar com o sistema, aprendendo em primeira
mão com o melhor agente de apostas na cidade: Gavin Amaro.
Bastardo curioso.
~ 53 ~
— Está mais para ela se aproveitando de mim. — Ele murmurou,
bebendo do seu copo. — Ela chutou minha bunda em um jogo de
bilhar. Eu quase perdi meu carro para ela.
~ 54 ~
Capitulo Tres
Little Italy, um bairro na parte baixa de Manhattan, era um
caldeirão de raças e culturas. Ao contrário do resto da cidade, Little
Italy não estava claramente definida por linhas de fronteira, segregando
as diferentes famílias. Aqui elas circulavam nas mesmas ruas,
frequentavam os mesmos negócios e se acotovelavam um com o outro
em uma espécie de moderada cortesia.
— Desculpe?
— Vamos, para você não enlouquecer sobre algo assim? Tem que
ter um cara envolvido de alguma forma.
~ 55 ~
— Então eu estou certo.
— Como assim?
— Eu, uh... Eu não sei. — Como ela poderia explicar algo que ela
também mal entendia? Dante estava sempre brincando com ela sobre
os caras que ela saia, mas isso não era nada como antes. — Desde o
momento em que o vi, eu não conseguia desviar o olhar.
— Não. Bem, quero dizer, ele é, mas não é só isso. Há algo sobre
ele. É inexplicável. Ele olhou para mim, e parecia que ele estava me
consumindo... como se meu interior fosse grande demais para o meu
corpo e eu ia queimar, como se meu coração fosse explodir.
~ 56 ~
Ele tinha estado em sua mente durante toda a noite, enquanto o
sono lhe escapava. Ela tinha encarado o telefone, digitando mensagens
para ele, mas prontamente apagando-as antes de enviar. O que ela
poderia dizer? Nada parecia certo.
Era estranho para Genna, como seu irmão parecia ser amado por
quase todos que o encontraram. Não que ela não o amasse, porque ela o
amava. Ela teria dificuldade em nomear alguém mais próximo dela. Ele
não era só seu irmão — ele era seu melhor amigo, também. Ele era seu
confidente. Ele era a única pessoa com quem podia contar, sua
constância neste mundo. Mas este era Dante, passivo e brincalhão...
ainda assim o povo de New York o reverenciava, tratando-o como se ele
fosse muito mais. Não importa o que ela sabia sobre o seu envolvimento
com os negócios de seu pai, independentemente do fato de que ela sabia
que ele carregava uma arma em todos os momentos, ele ainda era
apenas seu inofensivo, superprotetor irmão mais velho ao seus olhos.
~ 57 ~
Eles seguiram pelo quarteirão e viraram na esquina para
Mulberry. Seu olhar vagou pela rua enquanto caminhavam, tendo no
cenário, seus passos vacilantes quando um lampejo de vermelho
brilhante chamou sua atenção, vislumbrando no sol da tarde. Um carro
familiar parou ao longo do meio-fio no quarteirão, o barulho alto da
música vindo dele ecoando pelo bairro.
De maneira nenhuma.
Um Lotus Evora.
— Barsanti.
~ 58 ~
Ela saberia, não é?
— Oh Deus. — ela ofegou. O que ela havia dito? O que ela lhe
contou sobre sua família? Ela tinha derramado sua alma para ele tão
facilmente, e o tempo todo ele era um deles.
~ 59 ~
— Como você sabe que é ele? — A voz de Genna era apenas um
sussurro tenso. Ainda poderia ser um erro, certo? Um grande mal-
entendido?
Galante.
~ 60 ~
— Você deveria estar. — ele disse, sua voz baixa quando ele
cortou seus olhos para ela. — Você sabe o que eles fariam com você,
Genna? Aquelas pessoas... aqueles Barsantis? Eles são malditos
selvagens. Quantas vezes o pai lhe disse isso?
***
— Fodona, hein?
Seu dia foi do mais alto no céu para a merda, e bastou uma
palavra: Galante. Irônico, pensou. O nome significava galante, bravo,
amoroso, quando, tanto quanto ele estava aflito, essas pessoas não
eram nada. A família Galante criou fracos, insensíveis covardes,
liderados pelo mais cruel e brutal de todos eles. Primo.
— Eles vão saber que você está aqui agora. — Enzo disse
enquanto Matty estacionou o Lotus na frente da casa e desligou o
motor.
~ 62 ~
Dizer que ele estava de volta era confuso, como se ele nunca
esteve realmente envolvido em primeiro lugar. Seu irmãozinho era o
único com o joelho na vida. Enzo viveu. Respirou. Amou. Quanto Matty
fez? Ele apenas tentou sobreviver. Ele estava tentando sobreviver desde
que era uma criança, jovem demais para ter que lidar com uma
recompensa por sua cabeça.
Ele podia sentir seus olhos nele, avaliando e julgando. Ela não
acreditou nele nem por um segundo. Sua mãe era uma mulher
intuitiva. Tinha que ser, para ser casada com seu pai. E por mais que
odiasse mentir para ela, não podia dizer a ela. Não, ele não poderia
dizer a ela que uma garota Galante lhe tinha machucado forte, o
enrolado em torno de seu dedo mais forte do que suas pernas tinham
enrolado em sua cintura quando ele se chocou com ela sobre a mesa de
bilhar que tinha ganhado de seus pais em seu aniversário.
~ 63 ~
— Estou presa aqui. — ela sorriu com um brilho nos olhos. — É
bom ter você por perto, você sabe. Eu senti sua falta.
— Sério? O quê?
— Sério?
— Oh, definitivamente.
— Você.
~ 64 ~
não o fez. Todos sabiam, mesmo que nenhum deles queira admitir a
verdade em voz alta.
— Eu sei.
— Desculpe, mãe.
— É bom vê-lo.
— Quem?
— Os filhos do Galante.
— Onde?
~ 65 ~
— Little Italy, é claro. — disse Enzo. — Matty estava me buscando
quando eles estavam descendo pela rua.
Matty fez uma careta para esse apelido enquanto a mãe dele
sussurrou. — Bobby, não a chame assim, ela é apenas uma garota!
Mais como ele se esqueceu de ouvir sobre ela nas conversas deles.
Eles tinham a chamado assim durante anos, tanto que era o único
nome maldito que Matty lembrava.
~ 66 ~
Roberto o estudou por um momento antes de se aproximar,
inclinando-se e beijando Savina suavemente no canto de sua boca. —
Me ligue se precisar de alguma coisa, querida.
~ 67 ~
uma assadeira. Ele tinha terminado e estava lavando a sujeira de suas
mãos quando ouviu passos atrás de si.
— Nunca.
~ 68 ~
— Obrigado.
— Eu poderia.
— Poderia.
Ele comeu, seu estômago protestando com cada mordida que ele
forçou abaixo, enquanto sua mente vagava de volta aos pensamentos
sobre Genna. Ele repetiu sua noite juntos, ainda tentando ver sentido
em tudo. A garota tinha arranhado o caminho dela sob sua pele. Que
diabos ele deveria fazer sobre isso?
Seu dilema deve ter se mostrado em seu rosto porque sua mãe
eventualmente parou de comer e apontou para ele com seu garfo. — Ok,
rapaz. Desembucha. Agora.
— Nada de 'o que' para mim, Matteo. — Ah, merda. Ela usou seu
nome verdadeiro. Ela estava falando sério. — Eu posso dizer que algo
está incomodando você esta noite, e eu quero saber o que é.
Do canto do olho, viu-a tensa — não era o que ela esperava ouvir
dele. — Uma garota?
— Sim, mas não vá se exaltar sobre isso, mãe. Eu disse que havia
uma garota, não há mais. Descobri que ela era tudo o que eu não
deveria querer.
— Mas você ainda a quer.
— Nós acontecemos.
~ 69 ~
— Você poderia dizer isso.
— E isso a incomoda?
— Eu criei você para ser independente, Matty. Eu sei que seu pai
tem expectativas, coisas que ele quer que você faça com a sua vida, mas
eu sempre fui orgulhosa do fato de que você fez o seu próprio caminho.
Você tem feito o seu caminho por tanto tempo quanto posso lembrar.
Eu nunca vou esquecer todos esses anos atrás, meu determinado filho
de oito anos de idade, colocando o pé no chão e enfrentando seu pai
pela primeira vez. Lembra-se disso? Aquele dia?
~ 70 ~
— Estou, mãe? — ele perguntou, olhando para ela. — Sabe qual
foi a primeira coisa que ele me disse quando eu voltei para Nova York?
A primeira coisa que saiu de sua boca quando viu meu rosto?
— Qual?
— Olhe, Matty, meu ponto é que você era um homem, mesmo tão
pequeno naquela época, e você se tornou ainda mais um homem agora.
Não importa o que as pessoas lhe digam... você faz o que você quer. Foi
por isso que ele o trancou no seu quarto. Se ele não tivesse feito, teria o
desafiado e ido de qualquer maneira, apesar do fato de que ele disse que
não podia.
— Sim, é. Se ela não quiser mais você? Ela quem perdeu. Caso
contrário, não há razão para não prosseguir com o que você quer.
Matteo Barsanti.
Genna tinha quinze anos, quando ela recordou de ouvir falar dele
pela primeira vez... seu décimo quinto aniversário. Contra a vontade do
pai, ela tinha escapado para arrumar o sótão da sua casa e vasculhou
os pertences embalados de sua mãe, cavando através de todas suas
~ 71 ~
roupas extravagantes, admirando as joias, experimentando seu vestido
de casamento. As coisas tinham sido levadas há menos de um ano, mas
uma camada de poeira revestiu tudo, como se uma vida tivesse se
passado desde que ela tinha usado qualquer uma delas.
— Eu sei o que ela diz. — Seu pai estava de pé, puxando a foto de
suas mãos antes que ela mesma tivesse percebido que ele se moveu. —
Vá para o seu quarto.
~ 72 ~
Um ano mais tarde, durante um de seus momentos de rebelião
imprudentes, Genna explorando pelo quarto do pai descobriu que a foto
estava na gaveta de sua mesa de cabeceira... metade dela, de qualquer
maneira.
Ela acabou por descobrir mais por Dante, mas nada significativo.
Matteo era o filho mais velho, da idade do Joey... ele teria seus vinte
anos agora. Ela assumiu que o menino tinha morrido, assim como seu
irmão, mas é evidente que ele estava vivo e bem.
— Sem chance.
Por causa de sua mãe doente, ela pensou. Ele voltou para casa de
modo a não perder esta oportunidade de estar com ela.
~ 73 ~
A porta se abriu de qualquer maneira, seu irmão caminhando,
parecendo muito mais relaxado do que estava quando chegaram em
casa. Virando a cabeça, ela viu quando ele se sentou próximo da cama.
— Bem, eu te perdoo.
— Então me diga mais sobre este cara que você quase teve uma
combustão espontânea.
— Por quê?
— Eu acho que você pode ter estado certo sobre tudo isso.
— Sim?
Ela lutou com ele, cavando em seus calcanhares, mas ele apenas
a puxou mais forte, praticamente abordando-a no chão. Até o momento
em que ele chegou com ela na porta do quarto, ela estava envolta em
um ataque de riso e incapaz de lutar mais. — Ok, ok, eu parei!
~ 74 ~
Ele estreitou os olhos, e ela riu mais ainda.
Matty B.
~ 75 ~
Capitulo Quatro
120 horas de serviço comunitário — três horas por dia, cinco dias
por semana, nos próximos dois meses. Isso era praticamente todo o
verão de Genna envolvido em punição. O tribunal criou um dever de
limpeza de grafite em Greenwich Village, em Manhattan, mas seu pai
rapidamente interveio e acabou com isso.
Grande erro.
~ 76 ~
Às cinco horas, ela estava pingando de suor, com os braços
doendo de mexer rapidamente uma grande panela de chilli, sua frente
salpicada de molho, e sua cabeça coçando na rede de cabelo que ela
tinha sido forçada a usar. Em seus dezoito anos de vida, ela nunca
tinha cozinhado antes — ela nunca precisou fazer. Sua mãe era a mais
distante do serviço doméstica que uma pessoa poderia ser e Genna
parecia ter herdado suas habilidades. Sua inadequação ganhou os
olhares divertidos do coordenador quando ele a observou se arrastar
para tudo estar pronto a tempo.
— Absolutamente.
~ 77 ~
— Não. — ela disse. — Eu nunca fiz nada... exceto chilli agora, é
claro.
Todos os dias era algo novo, algo tão pouco atraente como no dia
anterior — guisado de carne, sopa de milho, sopa de batata — mas
Genna obedientemente seguiu as receitas dadas a ela, certificando-se
de que estivesse pronto até as cinco horas. Sexta-feira era especial, uma
bandeja cheia de comida: algum ingrediente de carne misterioso
faturado como bolo com batatas instantâneas, molho marrom, legumes
misturados e um pão. O dobro de pessoas vieram por eles, mantendo-os
constantemente se movendo enquanto ela jogava pedaço de carne após
pedaço de carne nas antigas bandejas de plástico antes de empurrá-las
pela fila.
Ela ficou até as sete horas daquele dia, sem se afastar da fila até
que a última pessoa tivesse chegado. Tirando o avental sujo, ela jogou-o
em uma cesta próxima e examinou a sala lotada. As mesas eram velhas,
os assentos multicoloridos rachados cheios de corpos, nenhum lugar
hoje vazio. — Você nunca se esgota de comida antes de ficar sem
pessoas?
— Isso é porque você se foi para ver isso acontecer. — disse ele. —
O turno do jantar termina às sete, oficialmente, mas nós não obrigamos
qualquer um sair. Algumas destas pessoas ainda ficam aqui até as dez
horas, comendo até que a comida acabe. Nós não deixamos que nada se
perca, e para a maioria, esta é a única refeição que terão no dia.
~ 78 ~
Ele sorriu. — Absolutamente. Você é bem-vinda para ficar o
tempo que quiser.
Não havia muitas sobras esta noite, mas o suficiente para que
algumas dezenas fossem capazes de voltar para uma segunda ajuda —
a maioria pais, buscando para os seus filhos. Eram civis e educados,
ninguém brigava para conseguir comida extra ou saírem nervosos. Eles
pareciam estar apenas gratos por tudo o que lhes foi dado.
Era depois das dez horas quando ela finalmente deixou o centro
da comunidade, onde rapidamente encontrou seu irmão em pé na
frente, recostando-se contra o seu carro estacionado ao longo do meio-
fio, braços cruzados sobre o peito. Sua testa franziu quando ela se
aproximou dele.
— Papai me mandou vê-la, você não veio para jantar e ele ficou
preocupado.
— Você não tinha que esperar. — ela disse. Dante apenas olhou
para ela. Sim, ele tinha que esperar. O pai mandou-o buscá-la, e não
havia como ele voltar para casa sozinho.
~ 79 ~
manobrista. Ele trancou as portas e saiu direto para o trailer, batendo
levemente na porta quando se aproximou.
Gavin Amaro.
~ 80 ~
Matty sorriu. — Sim, ele é útil para isso.
— Útil para muitos, pelo que tenho ouvido. Ele está ganhando um
nome para si mesmo atualmente como sucessor do seu pai. Todo
mundo esteve preocupado por um tempo com você desaparecido. Todos
eles se perguntaram...
Gavin não precisava dizer isso. Matty sabia. — Bem, Enzo pode
ser, estou feliz onde estou.
— Raramente.
~ 81 ~
— Eu só estou curioso.
— Sim.
— Você pensaria, mas não, ela está muito segura lá sozinha. Seu
irmão espreita algumas vezes quando ele não está ocupado com outra
coisa. Você sabe, como quando a família estar ocupada com outros
bairros, como no Brooklyn, como esta noite...
— Esta noite?
~ 82 ~
Capitulo Cinco
Segunda-feira à noite. Chilli. Mais uma vez.
Seu turno acabava às quinze para sete. Ela olhou para o pote de
chilli, mexendo a mistura aquosa, observando os feijões e pedaços de
tomate girando. Suspirando, ela começou a escavar o restante em
xícaras quando alguém se aproximou lentamente, e clareou a garganta
na frente dela.
Ela mal notou, porém, seu olhar voltando para encontrar o dele.
Matty.
~ 83 ~
O sangue de Genna corria frio. Ela não tinha ideia do que dizer,
esperava nunca vê-lo novamente. Sua mente era uma agitação de
perguntas. O que ele queria? Por que ele estava lá? Ela apenas olhou
para ele, incapaz de encontrar as palavras, enquanto encarava seus
olhos brilhantes.
Medo.
~ 84 ~
— Nós não julgamos as pessoas. Nem questionamos suas
circunstâncias. Ele disse que está com fome. O alimente. — O
coordenador começou a se afastar, mas hesitou. — E senhorita
Galante? Espero que também se desculpe com ele.
Uma vez que o coordenador tinha ido embora, ela virou seu foco
para Matty novamente. Lentamente, ela despejou uma pequena concha
de chilli em uma xícara e bateu-a para baixo, quebrando o frágil fundo,
molho de tomate aquoso escorrendo pela bandeja. Ela empurrou a
bandeja para baixo da fila, seus olhos não deixando os dele. — Eu peço
desculpas, Sr. Barsanti, Acho que esqueci que o seu tipo gosta de se
aproveitar sempre que possível, eu lhe asseguro eu não vou cometer o
mesmo erro novamente.
Inacreditável.
~ 85 ~
— Ela não queria soar como uma cadela insensível. — Matty disse
casualmente, pegando uma colher de chilli com um olhar de desgosto.
— É apenas uma característica familiar.
Nunca.
Ele não elaborou, nem especificou, mas ela sabia que se referia a
sua família. Ela não tinha nenhuma pressa para chegar em casa hoje à
noite, porque seu pai estava fora da cidade e seu irmão estava se
aproveitando da ausência do velho para andar um pouco no Brooklyn,
então não haveria jantar em família. Ninguém a esperava.
~ 86 ~
— A julgar pela forma como você gritou meu nome, eu tenho que
dizer que você está mentindo.
— Você é um deles.
— Olha, isso não tem nada a ver com os negócios do meu pai. —
disse ele. — Ou qualquer coisa que nossos pais tenham... não tem nada
a ver comigo.
— Por quê?
Ela ficou boquiaberta. Por quê? Como ele poderia fazer essa
pergunta?
~ 87 ~
branco, um pedaço de presunto picado e uma fatia de queijo, duro em
torno das bordas.
— É para isso que foi feito, não foi? Seria uma desfeita de merda
pegar a comida e não comê-la.
— Leite não.
— Sim, mas...
— Mas isso muda as coisas. — disse ela. Mesmo ele não podia
negar isso. Independentemente de ele se importar ou não, tantos outros
o fariam.
~ 89 ~
disposta a caminhar para o matadouro por conta própria. — Eu não
posso ir com você de volta para aquele lugar.
— Que lugar?
— The Place.
— Little Italy?
Ela zombou. — Por favor, pelo menos metade desse bairro sabe
quem somos.
Lobo em pele de cordeiro, talvez não, mas ele era, sem dúvida,
Satanás, tentando-a para o lado negro. Perdoe-me, ó Pai, porque eu não
~ 90 ~
quero nada mais do que ir para o pecado, o pecado, e o pecado de novo...
— Posso te perguntar uma coisa?
— Como você arruma seu cabelo para que seus chifres não
apareçam?
— Eu não posso ficar aqui por muito tempo. — disse ele, olhando
para ela. — Meu carro está estacionado lá fora, e bem, alguém pode
tomar conhecimento eventualmente.
Ele segurou seu saco de viagem para ela ver, fazendo seu ponto,
já que ela o havia deixado triste por tirar comida de pessoas que
precisavam. Ele esperava um rolar de olhos, no máximo, mas o brilho
de raiva o pegou desprevenido. — Você trouxe sua própria comida?
Você é estúpido? Você não pode fazer isso!
— Por quê?
— Por quê? É rude! Como você ousa trazer isso aqui e brincar
com essas pessoas. O que é isso, afinal? — Antes que ele pudesse
responder, ela estendeu a mão sobre o balcão e arrancou a sacola de
sua mão, abrindo-a para olhar para dentro. Ela mexeu na comida
dentro, examinando o conteúdo. — Batatas fritas e o que, um
sanduiche de carne? Tem cebolas e pimenta nele?
— Claro.
~ 92 ~
Genna empurrou o saco sobre o balcão, direto para ele. — Aqui
está, coma, divirta-se.
Não querendo atrapalhar a fila ou fazer uma maior cena, Matty foi
embora e pegou uma bandeja no final. Ele atravessou a sala, direto
para o mesmo assento que usou a última vez. Ele olhou para a comida,
pegando a colher de plástico e mexendo o guisado, as batatas e as
cenouras se transformando em mingau com um simples toque. Carne,
ele assumiu, embora ele mal encontrou qualquer carne no molho.
Matty sabia que era uma atuação, mas porra, ele se não se
importou.
~ 93 ~
a caixa na bandeja e olhou para ela. — Então, que tal uma bebida
Genna?
— Fazer O quê?
— Isso é passado.
— Matty?
Enzo.
~ 95 ~
Ela tinha tido uma convulsão, ele disse. Eles a acharam
desmaiada. Matty foi direto para o norte até Presbyterian, encontrando
sua família na sala de espera vinte minutos depois. Eles não
questionaram onde ele tinha estado ou por que demorou tanto tempo
para atender o telefone, e ele estava grato por isso.
~ 96 ~
— Você está errado, Matteo. Tudo é para você. Eu construí todo
este império para você, e me entristece muito saber que você quer muito
pouco com isso.
Inferno de um legado, pensou Matty, mas ele não disse nada. Ele
só iria causar uma briga — uma briga que eles não precisavam ter ali,
de todos os lugares. Roberto pareceu perceber isso também, seu olhar
indo de Matty de volta para a cama de hospital.
Ele não queria ir embora, mas sabia que seu pai não aceitaria
uma recusa fácil. Roberto estava acostumado com as pessoas
obedecendo cada uma de suas palavras, foi o que causou a fenda entre
eles em primeiro lugar. Matty não era muito bom em ser submisso.
Assim que estava em seu carro, ele dirigiu direto para o East
Harlem.
~ 97 ~
Genna teve um dia ruim em casa, seguido por uma noite de
merda no centro comunitário, completando a merda: sua babá /
guarda-costas estava esperando do lado de fora por ela quando seu
turno acabou.
— Pareceu aquele carro que vimos na Little Italy, mas mesmo eles
não são tão estúpidos, certo?
— Oh?
~ 98 ~
— Ah, você tem um pouco de liberdade e não há mais ninguém
com quem prefira gastar?
Ela riu quando ele ligou o carro e girou para fora no tráfego,
correndo pela rua movimentada. — Eu ainda sou a mesma.
— Não, você não é. — disse ele. — Vamos lá, a Genna com quem
eu cresci teria deixado o serviço comunitário agora e forçado a mão do
pai a pagar quem ele precisasse para tirá-la desta confusão. Você tem
aceitado muito bem isso.
~ 99 ~
Revirando os olhos, ela bebeu o copo de água gelada, esperando o
garçom voltar. Ela pediu um bife e batata cozida, e flertou com seu
traseiro, tentando sem sucesso convencer o homem a trazer o vinho.
Dante observava com diversão, firmemente bebendo seu próprio álcool,
a provocando.
— Papai disse que seu nome era Matthew ou algo assim? Matt...
ele o chamou de Matty.
Ela piscou algumas vezes, evitando seu olhar. Nada bom. — Err,
sim. Foi, uh... não era o que eu pensava que era.
~ 100 ~
— Falando neles, eu pensei que eu vi o mais velho hoje... ele está
dirigindo um carro esportivo, você sabe, aquele vermelho extravagante?
Fodido. O quão estúpido ele pode ser? Mesmo Enzo sabe voar sob o
radar, e ele é quase tão idiota quanto eles podem ser.
— Eu, uh... Eu não estou com medo. — Não com medo do que ela
precisava ter, de qualquer maneira. — Você não tem que cuidar de
mim.
~ 101 ~
— Porque eu estava muito ocupado tentando cuidar de você. Eu
não estava no carro com Joey porque eu estava esperando por você.
Então, de certa forma, você salvou minha vida. Cuidar de você salvou
minha vida. Eu tenho feito isso desde que eu era uma criança, e eu não
vou parar de fazer isso agora.
— Sim, bem, ele estava chateado. Ele não gosta de ser lembrado
que costumávamos nos dar bem com aquelas pessoas.
~ 102 ~
Capitulo Seis
O serviço de jantar tinha acabado de começar, as portas de
entrada do centro comunitário para os visitantes estavam abertas.
Genna ficou em seu lugar na fila, metódica e indiferentemente jogando
bolos pré-esculpidos de carne nas bandejas de plástico antes de
despejar molho grosso sobre ela e enviá-lo pela fila. As pessoas
passavam por lá, algumas falando, a maioria simplesmente se movendo
silenciosamente. Passaram-se apenas alguns minutos quando um
aroma vagamente familiar flutuou ao seu redor, atravessando a barreira
com uma suave brisa.
Sentimentos do caralho.
— E eles sobreviveram?
— Sim.
O bastardo saiu.
~ 103 ~
A exaltação que sentira há pouco desapareceu. Suspirando, ela
voltou seu foco de volta para as bandejas, continuamente distribuindo a
comida e enviando-a em seu caminho. É o melhor, disse a si mesma. Ele
não devia estar aqui, de qualquer maneira. Não era seguro.
— Bem, sinto muito por você, mas a comida acabou. — disse ela,
apontando para as panelas e frigideiras vazias. — Nós servimos rápido.
— Eu só...
~ 104 ~
— Sim.
— Se você for comigo, eu lhe direi. — disse ele. — Vamos lá, o que
você tem a perder?
Minha vida, ela pensou, mas essas palavras ficaram presas dentro
dela, bloqueada pelo inchaço no peito, recusando-se a sair de seus
lábios. Não importa o quanto a voz bem treinada de aviso na parte de
trás de sua cabeça gritasse, ela não podia ouvir. Ela não acreditava.
~ 105 ~
Barsanti seria capaz de ser tão generoso. Embora, uma parte dela não
se surpreendeu, quando ela olhou para Matty. Não tinha sido assim
desde o momento em que se encontraram? Ele tinha lhe comprado uma
abundância de bebidas e seguiu-se com muitos orgasmos.
Não havia dúvidas, não hesitaria, mas Genna sentiu como se não
pudesse respirar quando ele acelerou pela vizinhança, pneus
guinchando enquanto o carro costurava através do tráfego. Ele desligou
o rádio, o baixo mal batendo uma vibração maçante, quando dirigiu
para o norte através de terreno familiar.
— Este território é Galante. — Ela disse, surpresa, quando ele se
dirigiu para Washington Heights. De alguma forma, por algum motivo,
~ 106 ~
ela o esperava para levá-la no meio termo, em algum lugar ao longo das
fronteiras invisíveis onde ninguém tinha certeza de quem controlava o
quê.
— Sim.
~ 107 ~
— Você morava aqui?— Ela perguntou hesitante, passando a mão
pela bancada de madeira lisa que separa a cozinha da sala de estar, um
pouco de sujeira ficou na ponta dos dedos.
— Sim.
~ 108 ~
Queria acreditar nele. Deus, como ela queria acreditar que esta
criatura deslumbrante poderia mantê-la segura em vez de ser o
catalisador para sua morte, mas era difícil. Uma noite de paixão não
poderia enxugar uma animosidade de toda a vida. — Eu não tenho
tanta certeza de que você poderia pará-lo.
— Então como você pode dizer o que ele faria, como você pode
julgá-lo se você nunca falou com ele?
— Ele é um Bar...
— Que seja. Tudo o que eu estou dizendo é que talvez você deva
dar-lhe o benefício da dúvida. Eu sei quem é meu irmão, e ele pode não
ser o cara mais cavalheiro quando se trata de mulheres, mas eu nunca
ouvi falar dele ferindo qualquer uma.
~ 109 ~
mover com a dele. Ela se perdeu em seu abraço, seus braços
firmemente envolvidos em torno dela, segurando-a perto com o aroma
de seu perfume inflamando seus sentidos. Ele se afastou do beijo depois
de um momento, pressionando sua testa na dela. Genna abriu os olhos,
vendo os dele ainda fechados, um olhar sereno abrandando seu rosto
beijado pelo sol. Ela inclinou a cabeça, pressionando um beijo suave e
casto em seu lábio inferior, quando um súbito som alto interrompeu o
silêncio.
— Então?
~ 110 ~
Matty pressionou algo na tela, o toque parando
instantaneamente, mas em vez de levá-lo ao ouvido para falar, ele
desviou o olhar. Ele recusou o telefonema. Genna o observava com
surpresa quando ele o desligou e o colocou sobre o balcão nas
proximidades.
— Sim.
— Agora?
— Sim.
~ 111 ~
Barsanti.
Antes que ela pudesse se debruçar sobre ele, Matty tirou o sutiã e
jogou-o no chão. Sua boca capturou seu mamilo, um arrepio correndo
através dela, sua mente ficando em branco, enquanto ele a puxava para
a cama e pairava sobre ela. Ele brincou com sua pele enquanto
descartava o resto de suas roupas, ele estendeu a mão e agarrou um
preservativo na cabeceira. Seu coração bateu duro quando ele se
afastou para colocá-lo, suas mãos nervosamente alcançando para cobrir
seus seios. Modesta, ela não era, mas nervosa? Inferno, porra, sim.
Ele soltou uma risada leve, olhando para ela. — Ah, não é tão
ruim assim.
— Não?
~ 112 ~
No momento em que ela disse isso, sua visão borrou, seu coração
estúpido ignorando a noção. Ela esperava um riso zombeteiro, mas ele
apenas sorriu quando mudou de posição, empurrando os joelhos mais
para cima para empurrar ainda mais profundo, mais de seu peso
pressionando sobre ela. Arfando quando ele a encheu, ela envolveu
suas pernas em torno de sua cintura, seus dedos arrastando abaixo em
sua espinha, acariciando suas costas.
Estava sozinha.
~ 113 ~
quisesse ser ouvido. Olhando para fora, ela o viu em uma mesa com
uma lâmpada fraca iluminando em torno dele.
— Sim, vai ser feito esta noite. Eu vou deixar você saber quando
eu terminar.
— Sim.
— Sim. — Ele disse de novo, jogando o lápis para baixo tão forte
que saltou da mesa e bateu no chão. — Tentando, de qualquer maneira,
só não nessa noite.
— O que é isso?
~ 114 ~
— Chega. Você disse a seu irmão que você tinha tudo resolvido
esta noite, então você falou de mim... que você estava comigo.
— Não. — ele disse. — Mata ele, também, não saber com quem
estou namorando.
Ele riu, agarrando-a pela cintura. Ela gritou quando ele a puxou
para baixo em seu colo. Inclinando-se para ela, ele beijou a pele exposta
de seu peito perto do pico de seus seios. — Você poderia dizer isso.
— Você não saberia, você faria? — Ele disse. — Eu vou ter que me
lembrar de mostrar na próxima vez.
~ 115 ~
— Próxima vez?
— Em East Harlem?
— Sim.
~ 116 ~
— Claro que não. Mas você parece desconcertá-los.
Ela olhou para ele na escuridão, surpreendida por seu tom sério.
— Eu só não quero dar a meu pai uma razão para matá-lo.
Ele riu secamente. — Seu pai não precisa de uma razão. Ele ia
tentar me matar apenas por existir.
— Então quando?
Genna olhou para longe dele, para fora da janela, e não disse
mais nada enquanto se dirigiam de volta através de Manhattan. Matty
dirigiu direto para Westchester County, direto para a casa sem que ela
tivesse que oferecer um endereço ou qualquer tipo de direções. Ela não
ficou surpresa, não realmente, mas ainda enervava que ele sabia
exatamente onde encontrá-la em todos os momentos.
— Por?
Ela hesitou, olhando para ele, para sua casa e depois para ele de
novo. — Você me trouxe para casa em segurança.
~ 117 ~
— Sim.
— Eu fiz.
— Acho que isso significa que eu não tenho nenhuma razão para
não confiar em você agora.
— Sério?
~ 118 ~
Capitulo Sete
La Traviata. A canção para beber.
A música ecoou pela sala de jantar, tão suave que os outros não
pareciam percebê-la, mas Matty podia ouvir. Mais e mais, novamente e
novamente.
Não conseguia imaginar a vida sem ela, mas sabia que isso iria
acontecer — mais cedo ou mais tarde. Podia ver como ela já estava
cansada.
Antes que ele pudesse afastar seu telefone, apitou com outra
mensagem. — Sobre essas habilidades orais que você estava
supostamente certificando.
~ 119 ~
Ele respondeu imediatamente. — Certificando? Princesa,
praticamente tenho um PhD.
Matty afastou o telefone e olhou para sua mãe, vendo seu olhar
de curiosidade. Antes que ele pudesse responder, no entanto, Enzo
entrou na conversa.
~ 120 ~
— Não me pergunte. — Enzo disse, levantando suas mãos
defensivamente. — Ele não me contará a merda.
— En!
— Ninguém.
— Então, o que é?
Isso era tudo o que ela sempre quis — a sua felicidade. Mas e a
dela?
~ 121 ~
— Sim.
— Cara?
— Eu vou te buscar.
— Ah, certo.
— Onde?
— The Place.
~ 122 ~
— Uh, claro.
~ 123 ~
— E o que, esperar no estacionamento? — ela perguntou
incrédula. — Esconder–se no canto do restaurante? Sentar-se duas
fileiras atrás de mim no cinema?
— Isso importa?
— Isso não é justo. — ela disse, olhando para seu irmão, embora
soubesse que não era culpa dele. — De jeito nenhum.
— Que amigos?
Ela revirou os olhos, sem lhe dar uma resposta. Era vermelho
sangue e caiu quase até a ponta dos dedos, uma camada de rendas de
manga comprida que cobria a parte superior do tubo vestido colante.
Curto, talvez, mas era um inferno de muito mais modesto do que a
maioria pendurado em seu armário.
~ 124 ~
— Estou saindo, pai. — Dante gritou da soleira da porta, onde ele
esperou por ela. — Voltarei mais tarde.
— Onde no Harlem?
— Quem?
— Jackson.
— Não vou.
~ 125 ~
— Bom. Divirta-se.
— No The Place.
— Em sua escada.
Assim que essas palavras saíram de seus lábios, ela ouviu passos
no andar de cima, a porta se abrindo. Matty apareceu na porta, telefone
no ouvido, um sorriso iluminando seu rosto quando ele a viu. Genna
estava ali, na parte inferior da escada, olhando para ele. Usava a
mesma coisa que usara no dia em que colocou os olhos nele, exceto em
tons impressionantes de cinza e preto desta vez, em vez do bronzeado
quente, branco e brilhante. Ele parecia escuro, elegante, e francamente
perigoso.
~ 126 ~
— Bem, bem. — disse, estendendo a mão e agarrando seus
quadris, as mãos parecendo encontrar instintivamente a curva de seu
traseiro quando a puxou em direção a ele. — Você parece boa o
suficiente para comer.
— Estou falando sério. — disse ele, sua voz rouca não traindo
suas palavras. — Eu quero arrastá-la para cima e tirar esse vestido
agora. — Inclinando-se, ele beijou seu pescoço, beliscando a pele perto
de seu ombro. — Com meus dentes.
~ 127 ~
do passageiro, olhando para fora da janela do lado quando eles
aceleraram ao longo do GWB, e riu quando passaram em New Jersey.
— Qual deles?
— Hã.
~ 128 ~
para uma churrascaria. Estacionou o carro, e Genna começou a puxar
a mão dela, mas ele segurou-a firmemente e a puxou para ele,
pressionando um beijo suave no dorso de sua mão antes de finalmente
a soltar.
— Ah!
Os Galantes.
— Que história?
~ 129 ~
— Planos, hein?
— Hã. — Matty olhou para longe dela, seu olhar voltou para o
cardápio. — Nesse caso, peça algo barato.
Genna empurrou sua perna sob a mesa para chutá-lo quando ele
riu. Antes que pudesse pensar em algo espirituoso para dizer, o garçom
aproximou-se de sua mesa novamente. — Vocês estão prontos para
pedir, ou precisam de um pouco mais tempo?
— Eu, uh...
Não tinha sequer olhado para ele ainda, e com a forma como
Matty estava a perturbando com um simples olhar, não tinha certeza se
iria olhá-lo de volta. E a forma como ele respirou seu nome, enfatizando
o 'a' no final, o ligeiro sotaque de Jersey em sua voz acentuada, quase
fez seus dedos do pé enrolarem. — Eu irei querer o... — ela espiou para
baixo no menu, nomeando a primeira coisa que viu. —... Lombo
Clássico. Bem passado.
~ 130 ~
— Tamanho grande, hein? — Matty pegou sua taça e fez um gesto
em sua direção com ela. — Talvez pudéssemos ter ignorado a parte do
plano que engloba o vinho. Talvez já esteja bom para ir.
— Eu posso.
— É nojento.
— Além disso, minha mãe não é como o resto deles. Ou acho que
deveria dizer o resto de nós. Ela é diferente. Sempre foi. Se não fosse
por ela, nunca teria voltado para a cidade.
~ 131 ~
— E depois? — Genna perguntou hesitante. — Quando, bem...
você sabe... o que será então? Você vai embora de novo?
— Você não pensou? — Como ele não poderia ter pensado nisso?
— Você sabe?
— Bem, considerando que sua família não tinha nada a ver com
isso... ou, bem, pelo menos eu não acho que... — Ela atirou-lhe um
olhar brincalhão da suspeita que o fez sorrir. — Eu não sei se você
sabe...
— Meu pai odeia que eu dirija por causa disso. Ele a viu afastar-
se uma tarde e ela nunca voltou, e acho que ele tem medo de que a
mesma coisa me aconteça. Levou-me muito tempo para convencê-lo a
deixar-me tirar a licença, e ainda, cada chance que ele tem, ele faz de
tudo para que eu não possa dirigir. Está sempre forçando Dante a me
levar por aí.
~ 132 ~
— Não. Ele não consegue desde... bem... — Desde que Joey
morreu com a explosão de uma bomba ligada ao seu carro. — Vamos
apenas dizer que não me lembro de uma época em que ele dirigiu um
carro.
Ela olhou para ele quando o garçom riu e saiu para pegar um
pouco de molho de carne. — Engraçadinho.
Ela olhou em volta para o garçom. Fazia algum tempo que não o
via. — Você já pagou a conta?
~ 133 ~
Eles dirigiram pela cidade, direto para a pequena casa branca
suburbana que Matty tinha a levado antes. Genna passeou dentro,
parando na sala de estar quando Matty acendeu a luz e arrancou seu
paletó cinza, jogando-a sobre o sofá.
— Pode ser. — ele disse. — Mas eu não acho que você é feita de
gelo. Você é como um vulcão, Genna. Você esteve dormente todo esse
tempo, toda aquela paixão se acumulando e se formando debaixo da
superfície, esperando o tremor certo para causar a explosão. —Ele
beijou-a novamente, sua mão descendo pela perna dela e deslizando por
baixo do vestido. — E eu acho que tenho apenas a onda de choque para
te deixar em paz, princesa.
— Sobre?
Ele sorriu, puxando a mão quando ele deu uma volta, seu olhar
lentamente, metodicamente, passando por seu corpo. Quando ele
alcançou os dedos dos pés, seu olhar voltou até seus olhos. —
Definitivamente.
~ 134 ~
pescoço. Ele beijou e acariciou sua pele, lambendo e chupando,
deixando pequenas manchas vermelhas ao longo do caminho.
— Sim?
~ 135 ~
Horas depois de ficarem deitados, suados e enrolados nos lençóis
amarrotados. Genna não tinha noção de tempo — poderia ter sido
minutos ou horas, mas era como se o mundo tivesse parado enquanto
ela estava deitada em seus braços.
Inacreditável.
~ 136 ~
— Nada. — Matty murmurou, não alto o suficiente para o seu
irmão até mesmo ouvir quando ele jogou a camisa em um dos bancos
que rodeavam o pequeno bar perto da cozinha e foi até o aparelho de
som. Ele abaixou a música, baixo o suficiente para que ele pudesse
pensar, ignorando os protestos das meninas. — Eu podia ouvir essa
merda da rua. Você tem sorte que ninguém chamou a polícia.
— Alguém que não sabe quem você é. — disse Carl, rindo, quando
ele passou o braço sobre o ombro de Crayola.
— Mesma garota?
— Quer apostar?
~ 137 ~
— Mas ainda é cedo.
— Mas...
— Não importa o que ele fez. — Enzo respondeu. — Ele não tem
que fazer nada. Ele é quem ele é e o que passou. É sobre o que foi feito
para ele.
— E o que é isso?
~ 138 ~
— Você sabe O quê? — Enzo ergueu a voz, um tom de raiva que
provocou as palavras que surpreenderam Matty. — Talvez façamos isto
uma outra noite?
Matty tentou não pensar nisso, mas era a segunda vez em uma
noite que tinha ouvido isso, martelando no centro de sua mente, o
sussurro evasivo do dia que seu mundo perfeito tinha se deteriorado em
torno dele. Um longo tempo se passou desde então — mais de dezesseis
anos — mas ele ainda se lembrava claramente... lembrou-se da
confusão, e o terror... se lembrou do desgosto, e a raiva... lembrou-se da
miséria.
Havia duas centenas deles, para ser exato: uma centena aos seus
pés e uma centena acima de sua cabeça. Matty lembrava, porque sua
mãe lhe tinha dito mais cedo naquela manhã. Ele caminhou ao redor da
sala, tecendo através do labirinto de cordas, quando seu irmão Enzo
arrebatou balões do chão e jogou-os ao redor como bolas, perseguindo-
os, o desembarque à direita deles, o estouro do látex frágil.
Pop.
Pop.
~ 139 ~
Pop.
— Espere até que ele veja todos os meus balões. — Matty disse
com entusiasmo, assim como Enzo, segurando um azul, e o rosto
plantado direto no chão, o estouro de outro balão. Pop. — Se sobrar
algum, de qualquer maneira.
— Que mensagem?
~ 140 ~
Antes de Matty poder ouvir a resposta de seu pai, um lampejo de
algo do lado de fora chamou sua atenção, o som de um rugido de motor.
Voltou-se para a janela, vendo o carro arrancando em direção à casa.
Pop.
Pop.
Pop.
Pop.
Pop.
Pop.
~ 141 ~
Capitulo Oito
— Então, uh, onde estamos indo?
— Eu te disse...
Genna virou os olhos para ele, fingindo irritação, mas Matty não
pôde ver nada além de apreensão. Ela distraidamente esfregou as
palmas das mãos sobre as coxas de sua calça jeans escura enquanto
observava o bairro do lado de fora das janelas do carro. Era
provavelmente um lugar que ela nunca tinha estado antes, mas ela
sabia tudo sobre essas ruas.
— Isto é.
— Para o jantar.
— Hannibal?
~ 142 ~
— Não tem graça.
Ele fez uma careta quando ela usou seu nome verdadeiro,
lançando-lhe um olhar de lado. — Não me chame assim.
Através de seu retrato exterior de raiva, Matty ainda não via nada
além de ansiedade. Ela estava começando a suar seriamente. Ele não
podia dizer que a culpava. Mas não tinha dito a ela antes por esta exata
razão, sabendo que não parecia nem um pouco racional. — Você confia
em mim, certo?
— Sim, mas...
Ela fingia ser tão inquebrável, tão feroz, tão sem medo, mas
momentos como este lembrou Matty que a princesa de gelo não era
nada mais do que uma fachada, disfarçando o fato de que ela era a
mais vulnerável de todos eles.
~ 143 ~
Segundos depois ela apareceu, conversando enquanto se
aproximava. — Eu queria saber se você estava parando por hoje à noite.
Seu pai e seu irmão só...
— E eu?
~ 144 ~
— Ainda está. — Matty disse brincalhão, ganhando uma
cotovelada no peito de Genna quando ele riu.
~ 145 ~
no fogão. De vez em quando ele ouvia risadas saindo do covil, mas tudo
ficara quieto por alguns minutos.
— Eu faço.
— Você é bom?
— Justo.
~ 146 ~
Seus olhos se abriram, confusão em seu rosto que se transformou
em um sorriso tímido. — Oh meu, eu devo ter adormecido.
— Ele é tão, tão doce. — ela disse. — Mas tão, tão quadrado.
— Você costumava ser muito pior. Você está mais leve nestas
últimas semanas. Pergunto por que será...
— Estou feliz por você. — disse sua mãe. — Estou feliz por você
tê-la também.
— Me chame de Savina.
— Savina.
~ 147 ~
Genna saiu da varanda, indo para o Lotus, enquanto Matty
olhava cautelosamente para sua mãe. Ela parecia ainda mais exausta
agora, seu rosto pálido, suor ao longo de sua testa. Apenas o jantar
tinha tirado cada grama de energia dela.
— Boa noite.
— Matty?
— Sim.
— Obrigada.
~ 148 ~
bebendo de uma garrafa de água. — Não podia demorar mais, a cidade
estava começando a ficar chateada por não estar terminada.
— Não.
— Apenas conversando.
— Ah, vamos lá, Matty-B, corte a merda, você sabe que eu odeio
conversa fiada, diga-me o que veio dizer.
— Por que você acha que eu vim aqui para dizer alguma coisa?
— Você está com ela, não é? Eu disse a sua bunda para não, e
você fez isso de qualquer maneira, não é?
~ 149 ~
Gavin colocou a tampa em sua água enquanto se levantava e
encarava Matty, olhando-o peculiarmente. — O Filho Pródigo e a
Princesa do Gelo, hein? Parece um terrível conto de fadas. Você sabe, o
tipo onde o grande lobo mau come todos no final.
— Então você está no fundo e não sabe o que fazer sobre isso. —
Continuou Gavin. — Você quer o meu conselho? É isso que você quer?
— Sim.
— Caia fora.
— Você não quer afastar-se dela. Quero dizer saia desta... vida,
para tudo o que você voltou, eu sei que você não quer isso. Ande longe
dele. Seu pai vai ficar puto, mas vamos lá... vamos ser realistas...
quando não é que tio Bobby ficou chateado com você?
Matty não conseguia lembrar uma vez que o homem não estava
pelo menos desapontado. Ele nunca tinha vivido de acordo com seus
padrões, e mesmo se ele estivesse preso, ele sabia que nunca o faria.
Seu coração não estava nisso. Não podia seguir os passos de seu pai.
— Ah!
Gavin encolheu os ombros. — Acho que ela acabou onde quer que
ela foi feita para estar.
~ 150 ~
Capitulo Nove
— Como você aprendeu a jogar? — Matty perguntou, deslocando
o bastão de mão em mão, seus olhos em Genna e não na mesa de
bilhar. Ela encolheu os ombros, tentando manter seu foco no jogo, mas
ele não estava facilitando.
— Mas eu poderia.
Genna viu quando ele bateu na bola preta oito, caindo no bolso
lateral e terminando aquele jogo. Ele era, sem dúvida, bom. Em outra
vida, teria sido incrível assistir ele e Dante em uma partida.
~ 151 ~
Ele lançou um olhar para o seu Rolex. — Mas se eu ganhar, quero
sua calcinha.
Ele andou em direção a ela, seus dedos dos pés tocando, seu
nariz roçando o dela antes de ele suavemente pressionar seus lábios
nos dela. — Eu quero sua calcinha. — Outro beijo. — Em sua boca. —
Outro beijo. — Amordaçando você. — Outro beijo. — Enquanto eu te fodo
por trás.
Oh. Meu. Deus. Genna afastou-se para longe dele, suas bochechas
queimando com as imagens mentais que passou pela sua mente. Matty
apenas riu, estudando cuidadosamente as bolas para o próximo jogo.
Sorrindo, Matty tomou sua vez, afundando uma bola listrada. Ele
sempre foi para as listras, ela notou. De um lado para outro eles foram,
ambos intensamente focados no jogo, marcando até que tudo o que
restou era a bola preta oito.
— Oh não, você...
~ 153 ~
Matty não teve a chance de terminar. 'Não' estava a meio caminho
de seus lábios quando a porta da frente do apartamento de repente se
abriu. Genna parou, virando-se, seu sangue correndo frio. Matty pisou
na frente dela protetoramente, sua postura de repente defensiva.
Oh merda.
— Sim, mas...
— Eu a trouxe aqui.
— Você a trouxe aqui? Ela? Por que você faria isso? Que porra há
de errado com você? Por que você mesmo...? Como é que você...?
Quando você...? — A raiva de Enzo foi ultrapassada por choque quando
a sua postura se esticou, suas grandes mãos segurando o lado de sua
cabeça, quando a realidade estava perigosamente perto de explodir em
sua mente. — Ela? Ela é a única? Deus, por favor, me diga que a porra
da garota que você estava falando sobre não é ela!
~ 154 ~
— Acalme-se.
~ 155 ~
— Eu disse a ela que ela não podia te julgar porque ela nunca te
conheceu. — Matty disse uniformemente. — Eu disse a ela que você não
era o idiota que ela foi criada para acreditar que você era. Não prove que
estou errado, En. Não a faça acreditar que eu menti.
— Deve acreditar que você mentiu. Ela deve pensar que eu sou
tão idiota. Ela deve me julgar, porque é melhor assim. Ela deveria ter
medo de mim, deveria ter medo do que eu poderia fazer a ela, o olhar
em seu rostinho bonito me faz querer fazer.
Enzo sacudiu a cabeça. — Eu não sei, não sei por que você a
trouxe aqui, talvez você tenha esquecido como as coisas funcionaram.
Talvez você tenha esquecido o que aconteceu.
~ 156 ~
Ele faz, pensou Genna. Sua colônia fez seu nariz se contorcer.
— Se eu me queimar, queimei.
— Já o conheci.
Genna fez uma careta com seu tom condescendente. Essa foi a
segunda vez que ele a chamava assim. — Eu não sou sua querida.
~ 158 ~
— Não vá por minha causa. — disse Enzo, levantando-se e
empurrando a garrafa de bebida à direita no peito de Matty enquanto
caminhava em direção à porta.
— Sim?
~ 159 ~
Capitulo Dez
Enzo sentou-se no banco do passageiro do Lotus, franzindo o
cenho enquanto olhava pela janela lateral, observando a escuridão
passar. Matty atravessou as ruas de Manhattan, dirigindo-se para o
Little Italy. Sua pele parecia muito apertada para seu corpo, coçando
como se estivesse esticado muito, desconforto rastejando em toda a sua
carne.
Foi uma ótima pergunta, uma que Matty não poderia responder.
Porque você não vai falar comigo soou malditamente petulante, e ele
achava que Enzo estava sendo infantil o suficiente para os dois. Um
silêncio tenso infiltrou o carro enquanto continuava, dirigindo-se para
Mulberry Street. Ele balançou o carro ao longo do meio-fio,
estacionando em frente à loja de música antiga. Antes que pudesse
parar o motor, Enzo abrira a porta e saiu.
Extorsão.
Little Italy era notório por ser volátil, um fato que Roberto
Barsanti decidiu capitalizar. Por cem dólares por semana, ele ofereceu
proteção aos negócios locais - uma oferta que a maioria deles estavam
apavorados demais para recusar. Não era um esquema novo, mas
nunca haviam contornado uma área tão cinzenta com ele, andando de
~ 160 ~
ponta a ponta em torno das regras não escritas e empurrando fronteiras
invisíveis, avançando em território que nunca tinha sido reivindicado.
— Matteo!
~ 161 ~
— Não serei.
~ 162 ~
— Um Lotus, hein, o que é, uma Elise?
— Evora.
Merda. Ele sabia que ele tinha visto — Genna tinha confirmado
isso — mas ele esperava que nunca fosse além disso. Ele tentou evitar
ficar naquela área desde então.
Algo sobre o tom parou Matty de responder, mas Enzo era rápido
em responder. — Essa é a porra do seu nome, não é?
~ 163 ~
punhais perfurando através dele. — Nunca pensei que você faria isso,
Matteo.
Ele olhou para seu irmão cautelosamente, sabendo que ele estava
estranhamente furioso. — Fazer O quê?
— En?
— O quê?
— Eu ainda não estou falando com você sobre minha vida sexual.
Trinta segundos.
Vinte e nove.
Vinte e oito.
Vinte e sete.
Ugh apresse-se.
~ 164 ~
Ela revirou os olhos, estourando a porta do micro-ondas aberta e
puxando o recipiente para fora — Salisbury bife, molho, puré de batata
e milho. — É comida de micro-ondas, eu não a chamaria de cozinhar.
— Tão bom como essa merda que eu servi a todos ontem na sopa
dos pobres. — disse ela. Bolo de carne.
— Porque papai está fora Deus sabe aonde, por isso não há jantar
hoje à noite, de modo que uma cadela tem que comer alguma coisa.
— Mais como pena. — Dante riu dela quando ela forçou para
baixo outro bocado de comida.
— Você está bem. — disse ele, agarrando seu braço para detê-la
quando ela tentou fugir dele.
~ 165 ~
Olhando para baixo, ela suspirou — camisa cinza de grandes
dimensões caindo fora de seu ombro, jeans rasgados, e um par de
sapatilhas pretas não era, certamente, — sair— em uma noite de
sábado, em seu mundo. — Sério?
— Sim, serio.
— The Place?
Dante foi direto para uma cabine e fez sinal para um garçom, que
abandonou o cliente que estava ajudando para atender imediatamente
ao seu irmão. Genna involuntariamente sorriu, pensando em Matty. Era
como o tinham tratado no The Place.
— Só Coca-Cola?
~ 166 ~
— Rum... — Interveio Genna. — Rum e Coca-Cola.
— Apenas Coca-Cola.
— Absolutamente.
Ele não era ninguém que ela conhecia pessoalmente, embora seu
rosto lhe parecesse familiar, como se ela deveria o conhecer de algum
lugar. Independentemente disso, sua repentina presença, não
convidada em sua mesa, fez seu cabelo se eriçar. Ela fez um balanço de
sua mandíbula e rosto limpo... Classicamente bonito, e não o tipo
áspero e confuso, mas seus olhos contavam uma história mais
profunda. Eram da cor do aço, acentuados por seu terno cinza.
~ 167 ~
— Desculpe-me. — disse ela na defensiva quando sentou-se na
cabine, instintivamente, afastando-se dele. — Mas eu estava apenas
tentando...
Ela esperava que ele levantasse, para obter uma pista, mas em
vez disso ele permaneceu no local e fez sinal para o garçom. O homem
hesitante aproximou-se, parecendo surpreso ao vê-los sentados juntos.
~ 168 ~
em silêncio até que seus drinks fossem trazidos até eles. Ela tomou um
gole, fazendo uma careta com a amargura do álcool. Isso era forte.
Bingo.
~ 169 ~
Choque passou por ela enquanto o encarava. Primo? Antes que
ela pudesse pensar em algo para dizer, Gavin se levantou e começou a
caminhar para longe, indo direto para as mesas de bilhar. Genna pegou
sua bebida, engolindo o resto. Querido Deus, dê-me força para socar com
esse filho da puta no rosto se ele não mantiver a boca fechada.
Que diabos?
Ela não disse nada em resposta a isso, olhando entre ele e Dante.
— Então, vocês dois são, o que... amigos?
~ 170 ~
Dante encolheu os ombros. — Você poderia dizer isso.
Ela olhou para ele, surpresa, enquanto saudava seu irmão mais
uma vez antes de se afastar. Dante deu alguns passos na direção dela,
parando ao seu lado. — O que ele está vendo?
— Que filme?
— E você viu?
~ 171 ~
cabeça. Ela era uma mentirosa terrível quando estava sob pressão. —
Seja o que for.
— Você acha que eu... que nós... eu e ele? — ela franziu o cenho.
— Sério?
~ 172 ~
Capitulo Onze
O ar dentro da casa estava gelado, irritando agressivamente os
pulmões de Matty enquanto ele respirava fundo. Um arrepio subiu por
sua espinha quando entrou, sem se incomodar em bater na porta da
frente. Eles saberiam que ele estava lá.
— Pai.
— Confortavelmente?
— Por agora.
~ 173 ~
— O que o médico disse?
~ 174 ~
Ele mandou uma mensagem para Genna. As coisas não estão
parecendo boas para a minha mãe.
Sua resposta, mais uma vez, veio instantaneamente. Ela vai ficar
bem, Matty. Ela vai. Ela pode não estar mais com você, você pode
não vê-la, mas ela vai ficar bem. Eu prometo a você isso.
— Oi mãe.
~ 175 ~
Sua mão começou a cair quando ele a pegou, segurando-a e
agarrando suavemente enquanto a segurava em seu colo. — Isso é
porque eu vim de alguém tão bonita quanto você.
— Eu vou.
— Entender o quê?
— Não vou.
Olhando para trás dele, Matty olhou para seu pai enquanto o
homem entrava no quarto, seus passos pesados. Ele não o tinha ouvido
subir. Ele tinha intencionalmente esgueirado sobre eles. Enzo estava
com ele, espreitando na porta, hesitando antes de se aproximar.
~ 176 ~
— Impossível. — disse Roberto. — É como nadar contra a
corrente. Você luta, luta, e luta, mas você só vai chegar tão longe antes
que isso a leve para baixo.
Oh, como ele desejava que fosse para ele, mas ele iria tomá-lo, no
entanto.
~ 177 ~
desacelerou, seu último suspiro saindo delicado e instável, enquanto
Matty observava seu peito subir e descer pela última vez.
— Você disse que estava acabado. A guerra... você disse a ela que
iria acabar.
O depois. Ele não queria pensar nisso antes, a vida sem a mãe,
mas Genna tinha razão. Ele não podia evitá-la. Era tudo o que havia
agora.
Puxando o seu telefone outra vez, ele enviou um texto. Ela se foi.
~ 178 ~
Genna estava no topo das escadas, olhando para a palavra
solitária na tela de seu telefone. Sozinho. Ela parou, sua resposta mais
lenta do que o habitual, enquanto tentava pensar em algo para lhe
dizer. O que faria ele se sentir melhor? Nada.
Esta era a última coisa que ela precisava esta noite. Gemendo, ela
desceu os degraus e entrou na sala de jantar. Somente as colocações
dos lugares habituais tinham sido mudadas, as costumeiras cinco que
~ 179 ~
adornavam a mesa todas as noites. Umberto sentou-se o mais distante
de Primo — o lugar habitual de Genna — e puxou a cadeira ao lado dele
para ela. Ela congelou ali, olhando para a cadeira... a cadeira da sua
mãe.
Era errado.
Ela tomou uma pequena mordida, para parecer que ela estava
comendo. — Trabalho voluntário?
— Seu pai disse que você foi voluntária no sopão neste verão. —
Esclareceu ele. — Uma coisa tão maravilhosa que você está fazendo lá,
~ 180 ~
você sabe, ajudando as pessoas que precisam. O que fez você querer
fazer isso?
A linha de emergência.
— Grande perda. Sempre ouvi que ela era uma boa senhora, você
sabe, relativamente falando. — Roberto zombou.
— Sim, acho que é hora de resolver isso de uma vez por todas. —
respondeu ele. — E agora que Matteo está de volta na cidade, é a
oportunidade perfeita para acabar com todos eles.
~ 182 ~
Eu não quero ficar sozinho agora.
Por favor.
Eu sinto muito.
Assim que ela estava lá fora, ela se foi, chamando um táxi quando
encontrou um. O motorista olhou para ela no espelho retrovisor,
erguendo as sobrancelhas com curiosidade.
— Onde?
— Absolutamente.
~ 183 ~
Trinta minutos depois, ela saiu do banco de trás, jogando algum
dinheiro ao motorista e dizendo-lhe para ficar com o troco. Ela olhou ao
redor do bairro, cautelosamente, mantendo a cabeça baixa, enquanto
ela se abaixou junto ao bar e entrou na segunda porta ao lado.
Enzo.
O Barsanti errado.
Ele fez uma pausa, no meio das escadas, e piscou algumas vezes
como se pego de surpresa pela sua presença. Genna ficou ali parada,
congelada, seu coração acelerado enquanto ela olhava para ele. Ela não
sabia o que dizer, ou o que fazer. Ele a encarou, o julgamento nublando
sua expressão.
— Eu, uh... — Ela tentou fazer sua voz ficar firme. — Só estou
procurando Matty.
— Desculpe?
~ 184 ~
— Bem, ele é. — Enzo disse, parecendo saber exatamente onde
ela estava indo com isso. — Ele é um de nós, e você é um deles, e este
jogo que você está jogando acabou. Acabou o tempo, querida.
— Significa que você não tem nada que estar aqui, e se você
souber o que é bom para você, você nunca virá aqui outra vez.
— Ouvi na primeira vez. — disse ele. — Mas Matty não está aqui,
e você também não deveria estar.
— Seu pai nos disse para passar por aqui. — respondeu um dos
caras. — disse que precisávamos de um plano para lidar com os filhos
do Galante.
Enzo não disse nada quando ele se virou para longe dela, olhando
para a rua, antes de agarrar o braço dela.
Ela queria protestar, queria lutar quando ele a puxou para fora
da escada e para a rua, mas as palavras foram perdidas por ela
momentaneamente. Ele manteve um aperto doloroso em seu braço
quando ele passou, apressado, pelo The Place, em direção à garagem
~ 185 ~
subterrânea onde Matty sempre estacionava. O Lotus vermelho estava
longe de ser vista, mas Enzo puxou-a para uma Mercedes preta ao lado
do lugar vago.
— Porque o meu irmão não. — Ele olhou para ela com os olhos
cheios de raiva. — Eu não confio em você, eu não tenho nenhuma
utilidade para você, mas por algum motivo divino Matty diz ter. E, bem,
perdemos muito esta noite. Não acho que perder você bem no topo não
ajudaria. Uma morte é o suficiente para lidar.
~ 186 ~
— Não me agradeça. — disse ele bruscamente. — Agradeça ao
meu irmão. Se não fosse por ele, eu teria matado você no segundo que
vi seu rosto. E pro caralho se eu ainda não desejo poder fazer isso.
Eles não disseram mais nada, conforme Enzo acelerou pelas ruas,
o carro nunca sequer abrandando quando ele cruzou o território de seu
pai. Nenhum pingo de medo apareceu em sua expressão, sem
apreensão. Ele deve se aventurar muito lá, ela pensou.
Ele dirigiu diretamente para sua casa, assim como Matty tinha
feito, sem precisar de quaisquer direções. No entanto, ele parou a um
quarteirão de distância, estacionando o seu carro em um pequeno beco
e colocando-o no parque.
— Eu não vou mais perto, então você vai ter que andar o resto do
caminho.
Enzo olhou para ela. — Seu palpite é tão bom quanto o meu.
Provavelmente melhor do que o meu.
— Não.
~ 187 ~
Enzo estendeu a mão para ela, agarrando a maçaneta e
empurrando a porta aberta. — Agora saia do meu carro antes que eu
mude de ideia e decida matá-la de qualquer maneira.
Ele não precisou dizer duas vezes. Genna saiu, incapaz de parar
que a palavra — obrigada — saísse dos seus lábios desta vez. Enquanto
ela fechava a porta, ouviu Enzo gemer com irritação, gritando — Você
não é bem-vinda, caralho. — Ele manobrou o carro em sentido inverso
enquanto ela estava ali, saindo para fora do beco e correndo.
— No andar de baixo.
— E antes disso?
— Fora.
— Onde?
— Por quê?
— Sobre?
~ 188 ~
— Hoje à noite, você sabe... Bert... o que o pai tentou fazer. Ele só
quer que você esteja com alguém em que ele possa confiar você...
alguém que a vá manter segura. Especialmente agora.
— Eu sei que você não tem. — ele disse, olhando para ela de
forma peculiar. — Eu estou apenas curioso em quem que você tem
interesse.
— É, uh... ninguém.
— Ninguém.
— Não.
— Por quê?
~ 189 ~
estava com ela? Ela não podia sequer imaginar o que ele pensaria
quando ele descobrisse. Esta era a pior traição. Ela envolver-se com o
inimigo.
Ela só esperava que ele estivesse sendo cuidadoso, onde quer que
estivesse.
~ 190 ~
Capitulo Doze
Escuro. Malditamente escuro.
~ 191 ~
— Que a sua alma e as almas de todos os fiéis mortos, pela
misericórdia de Deus, descansem em paz.
— Claro.
Murmurou Matty. Ele iria, por sua mãe, mas ele não tinha
nenhum desejo de estar em torno dessas pessoas, e ele arriscava
adivinhar a maioria deles não se importava se ele apareceria de
qualquer maneira.
— Eu estarei lá.
— En.
— Por perto.
Respondeu Matty.
~ 192 ~
— Por quê?
— Sem motivo.
— Eu, uh...
— Sim claro.
Eles não falaram durante o caminho, a música estava tão alta que
impediu qualquer possibilidade de conversa. Matty manobrou para
encontrar o estacionamento na casa Barsanti, passando os sedans que
estavam à espera, e deixando o Lotus no quarteirão de baixo. Ele
esperava entrar na casa sem ser detectado, para ficar continuamente
fora do radar, mas ele foi abordado no segundo em que atravessou a
porta. Alguém pisou à sua frente, alguém que Matty apenas reconhecia
vagamente como um dos sócios de seu pai.
~ 193 ~
Antes que ele pudesse terminar a frase, eles foram interrompidos
por um grupo de homens, outros entrando na conversa para se
apresentarem a ele. Matty sacudiu as mãos, os nomes escapando dele,
esquecidos no segundo que eram pronunciados. Uma tensão
esmagadora alcançou seu corpo, seu cabelo eriçou. Tentou sair a
passos largos, afastá-los e afastar-se, mas logo ficou claro para ele que
não havia fuga.
Olhando para o outro lado da sala, ele viu seu pai de pé ao longo
da parede, bebendo um copo de uísque, seus lábios se contraindo
enquanto os observava. E ele percebeu então, refletindo em sua
expressão presunçosa, o olhar que falava de inúmeras expectativas.
Mas não era pra Enzo saber. Matty suspirou, passando a mão
pelo cabelo.
— Não tentar;
Disse Enzo.
— E se eu recusar?
~ 194 ~
Se tivesse que fazê-lo, não havia como fazê-lo sóbrio.
Ela não tinha ouvido falar de Matty em dias, desde que ele tinha
enviado uma sequência de mensagens de texto desesperadas.
~ 195 ~
forma misturada com as sombras em torno das árvores, logo abaixo da
varanda até que uma rajada de iluminação brilhou, iluminando a
figura. Embora não fizesse nenhum som, Genna sacudiu como se um
raio de trovão tivesse atingido bem ao lado dela. Assustada, ela agarrou
seu peito enquanto olhava para a figura.
— Eu precisava te ver.
— Vê-la.
Frisou.
— Skype?
— Facetime? Algo?
— Não é o mesmo.
Não era, ela sabia, mas ele não deveria ter ido lá. Seus olhos
corriam em volta nervosamente enquanto seu estômago se apertava.
— Jesus, Matty, você não pode estar aqui, alguém poderia vê-lo,
não é seguro, você sabe disso.
— Não importa.
~ 196 ~
— Me matariam.
— Eu não me importo.
— Você deve.
— Por quê?
— Eu.
— Eu não posso.
— O galpão.
~ 197 ~
— Você quer que eu me esconda no seu galpão?
Ela sibilou.
— Eu não fiz.
Disse ele.
— Não é estúpido?
Ela zombou.
~ 198 ~
— Você não poderia ser mais estúpido! Você apareceu na minha
casa enquanto eles estão todos...
— A comemorar.
Disse ela, sabendo que era uma mentira no momento em que ela
disse isso. Eles certamente não estavam abalados com o rumo dos
acontecimentos. Eles nunca diriam a ela nenhum de seus planos,
nunca a trariam para o negócio, mas ela ouviu os sussurros e
insinuações durante toda a noite. Agora que os Barsantis estavam
distraídos, era o momento perfeito para fazer um movimento. Eles iriam
eliminar o inimigo antes que o inimigo soubesse que a guerra havia sido
declarada. Se o pai de Genna tivesse o seu caminho, este seria apenas o
começo da desolação para Matty. Eles estavam indo para derrubar toda
a sua família, matar um por um.
— Eu sinto muito.
— Estou.
Disse ela.
— Eu preciso de você.
~ 199 ~
Ele afastou a mão dela de sua boca, sem hesitação quando seus
lábios encontraram os dela em um beijo ardente. Ela engasgou,
envolvendo seus braços em volta de seu pescoço enquanto suas mãos
derivavam para os quadris. Ele empurrou seu vestido para cima, as
mãos escorregando debaixo do tecido enquanto ele passava por sua
bunda, apertando as bochechas e pressionando-a contra ele. Ela gemeu
em sua boca, o calor se acendendo em seu interior quando ela sentiu
sua ereção esticar o tecido de suas calças.
— Agora?
— E?
~ 200 ~
— Shhhh.
— Quieta, lembra?
— Estou tentando.
— É difícil.
— É, não é?
Ele sussurrou.
Ele não disse mais nada — nenhum deles fez. Não havia nada
mais a dizer. Genna enterrou-se nos lençóis, sufocando seus gritos de
prazer enquanto se entregava a ele. Ela podia senti-lo em cada impulso,
em cada batida forte de seus quadris dentro dela, cada grunhido
estrangulado que escapava de sua garganta enquanto ele acariciava seu
pescoço. Isso não era luxúria. Era algo mais, algo maior. Isso não era
falta; era preciso, mais do que ela já tinha sentido antes. Era desespero,
um náufrago desesperado por ar, um homem faminto. Ele se agarrou a
ela, como se ele estivesse preso por sua vida, com medo de se afastar.
~ 201 ~
naquele momento, seu chão tão forte e tão estável que a deixou cair de
pé, levando os dois juntos.
— Eu te amo.
— Eu amo.
— Eu também te amo.
Seu coração acelerou, perdeu o ritmo ante essas palavras, antes
de soltar uma risada leve.
— Você acha?
— Sim.
Disse ela.
~ 202 ~
— Mesma coisa.
— O quê?
— Perturbador.
— O quê?
— Genna, abra!
Ele gritou.
— Espere, um segundo!
— Vá depressa.
— Se esconda.
~ 203 ~
Ele começou a protestar, mas ela o silenciou com um beijo rápido
antes de lançar seus sapatos em direção a ele. Ela fechou a porta do
armário, escondendo-o e parou para respirar fundo quando Dante
começou a bater de novo. Seus passos apressados até a porta do quarto
enquanto ela alisava o cabelo dela e puxava seu vestido. Destrancando,
ela abriu a porta, parando na entrada para impedir que seu irmão
entrasse.
— O que ?
Disse ela, abrindo mais a porta, esperando que ele iria entender
como um convite para sair tão rapidamente como tinha entrado.
— Não.
Ele disse.
— Uh, Genna?
— Não sei.
Disse ela.
~ 204 ~
Dante balançou a cabeça enquanto voltava para dentro, limpando
os pingos de chuva do cabelo enquanto reclamava dos trabalhadores
incompetentes. Ele a cutucou enquanto passava.
— Eu vou dizer a papai que você dormiu assim ele vai deixar você
sozinha.
— Obrigada.
— Claro.
— Não é.
— Não é ninguém.
~ 205 ~
tinha de bom grado dado seu coração — encaravam um ao outro de
cima a baixo com ódio, como se o mundo estivesse em pausa.
— Deixe-me explicar.
— Pai!
— Por favor.
— Saia, Genna.
— Já estou machucada!
~ 206 ~
A expressão de Dante mudou, a raiva nublando seu rosto. Sua
mão livre agarrou o braço de Genna tão forte que ela estremeceu. Dante
puxou-a para longe, empurrando-a para trás, e deu um passo em
direção a Matty, segurando a pistola com ambas as mãos. Matty
instintivamente deu alguns passos para trás enquanto Dante o
encurralava no armário, prendendo-o.
— Eu não sei qual o seu plano aqui, Barsanti, mas não está
funcionando. Você acha que pode colocar minha irmã contra nós, que
você pode usá-la para chegar até nós?
— Dante!
— Ele é um deles.
— Você o ama?
— Sim.
Ela gritou.
— Eu lhe devo?
Disse ela.
~ 207 ~
— Dante?
— Por favor.
— Por mim.
Dante deu um passo para trás, olhando fixamente para Matty por
um momento antes de olhar para longe e baixar a arma.
Disse Dante.
— Um rato?
— Sim, um rato.
Primo olhou para ele brevemente antes que seus olhos se
voltassem para a arma em sua mão.
— Sim.
Ela sussurrou.
— Um grande erro.
— Ah!
~ 208 ~
— Você está bem, querida, você está corada.
Disse ela. Pelo menos não era uma mentira. Bile queimou seu
peito. Ela queria vomitar.
— Vou dizer aos homens que você disse boa noite e eu vou
chamar um exterminador amanhã, você sabe, para se certificar de que
não haja nenhum rato. Eu odeio eles.
— Obrigada.
Ela disse, fechando os olhos com força quando seu pai foi
embora. Ninguém disse nada, a atenção se concentrou no som de
passos enquanto desciam as escadas novamente. Uma vez que ele se
foi, Dante reabriu a porta do armário e ficou entre Genna e Matty, os
olhos severos saltando entre eles, repreendendo-os, julgando.
Dante cuspiu.
— Sinto muito.
~ 209 ~
— Vou protegê-la.
Dante saiu furioso, sem sequer olhar para Genna novamente. Ela
ficou ali por um momento, tentando fazer seu coração diminuir a
velocidade, enquanto ela parecia se derreter no abraço de Matty.
Ela sussurrou.
— Provavelmente.
~ 210 ~
Capitulo Treze
Antes que Savina Barsanti fosse abaixada até o chão naquela
triste tarde de verão, os planos foram postos em movimento,
provocando animosidade que haviam sido postas de lado durante anos.
Depois de anoitecer, quando Matty buscou apoio no abraço de Genna,
encontrou consolo em sua carne quente, a luta entre suas famílias se
acendeu violentamente quando ambos os lados cruzaram as fronteiras
sob o manto da escuridão, furtivamente roubando, instigando e
perseguindo.
Massacre.
— Não.
~ 211 ~
Enzo olhou para ele, seu olhar penetrante. — Você está quase
pronto?
— Não.
~ 212 ~
— Muito mais em minha mente.
Mas ele não poderia tê-la, não agora, não quando suas famílias
estavam de guarda, observando todos os seus movimentos em uma
tentativa de protegê-los, e ele estava começando a se perguntar se ele
poderia realmente tê-la para sempre.
— Como?
— En...
~ 213 ~
razão. Não pode acabar bem. Eu sei disso, você sabe disso, todo mundo
sabe disso, então comece a agir assim.
~ 214 ~
Genna sacudiu a cabeça. — Eu prefiro ficar por aqui.
— Eu sei.
Você não o conhece, Genna pensava cada vez que seu irmão
olhava para ela dessa maneira, mas ela nunca disse isso. Ele não
entenderia. Ele não podia. Sua animosidade corria profundamente,
cimentada dentro dele pelas cicatrizes espessas em seu peito.
— E?
Dante correu pelas ruas, dirigindo-se para o sul para Little Italy.
Apesar de estar escuro lá fora e a maioria dos lugares fechados, o bairro
estava vivo. As pessoas estavam penduradas nos cantos, os prédios
iluminavam-se, a música soava e os carros passavam pelas ruas. Dante
passou por eles e virou na Mulberry Street, parando o carro na primeira
vaga de estacionamento ao longo da rua.
— Espere aqui. — disse Dante, seu tom sério. — Seja o que for,
Genna, não saia desse carro.
Enzo.
— Ah Merda.
~ 216 ~
O coração de Genna parou uma batida, momentaneamente
congelada em seu lugar, mas o momento em que ele chutou suas
costelas, batendo duro em seu peito, ela se mexeu. Ela abriu a porta do
passageiro, sem pensar duas vezes, e saltou para fora do carro para a
rua. A buzina soou, um carro desviou quando ele acelerou passando
por ela, por pouco acertando a porta do carro. Ela bateu a porta e
correu para a calçada, ouvindo pneus cantarem. Um carro deslizou
para uma parada abrupta, e Genna olhou fixamente, sua visão
borrando quando ela piscou rapidamente à vista do Lótus vermelho
familiar.
Matty.
~ 217 ~
Ela não entendeu até que ele a arrastou para a rua, não
afrouxando seu aperto ao se aproximarem do Lotus. Ela tentou lutar
contra ele de novo, então. O que ele estava fazendo?
— Mas nós temos que detê-los! —Por que ele não estava
entendendo esse fato? — Eles vão matar um ao outro!
~ 218 ~
Ele dirigiu direto para o Soho, estacionando em seu lugar
reservado na garagem, e agarrou sua mão enquanto ele a ajudava a sair
do carro. Eles correram pelo estacionamento e ele a levou direto para
seu apartamento, não deixando de correr, até que estivessem em
segurança. Genna tremia quando ela começou a andar ao redor da sala,
as palavras de Matty correndo sobre ela, mas não afundando. Ela só
ficava imaginando Dante batendo no chão, vendo o sangue jorrar, e
ouvindo o estalo do osso de Enzo. Uma e outra vez, mais e mais.
~ 219 ~
— Então, uh. — ela murmurou. — Acho que seu irmão
sobreviveu.
— Ugh. — disse ela, em direção a sua boca enquanto ela fez uma
careta. — Confie em mim, você não quer beijar essa boca agora, é
repugnante.
— Use a minha.
— Ugh, grosseiro.
~ 220 ~
— Você pode me beijar, mas você não pode usar minha escova de
dente?
Ele riu enquanto passava por ela, abrindo uma gaveta até que ele
tirou algumas novas escovas de dente. Ele levantou-as. — Azul, verde
ou laranja?
— Tudo.
— Como?
~ 221 ~
sangue, seu rosto inchado de chorar, cada ponto de maquiagem
apagado ou manchado. Suspirando, ela jogou água em seu rosto,
lavando o resto, e secou com uma toalha antes de ir para o quarto de
Matty.
Por mais que ela gostasse de ouvir essas palavras, seu coração
caiu no que significa dormir juntos. Havia uma razão para eles não
terem feito isso, porque eles nunca tinham sido capazes de passar uma
noite inteira juntos antes.
~ 222 ~
— Minha família... eles vão procurar por mim.
— Eu não duvido.
Ela acreditava que Dante não contaria sobre ela apenas por
contar — que não era sua natureza, em tudo — mas se ele pensasse
que ela estava em perigo, se ele achasse que sua vida estava em jogo,
ele certamente derramaria o que sabia. — Você sabe, dizer ao meu pai.
— Você está certa de que não devemos. Mas eu não concordo que
não podemos. Nós podemos, e eu quero. Eu quero, porque eu quero
você, e eu estou cansado de não ter você. Eu estou cansado de ficar
longe de você, de evitar você. Você é a última pessoa que eu quero
evitar. — Suspirando, Matty sentou-se no final de sua cama e segurou
os quadris de Genna, puxando-a para si. Ela ficou entre suas pernas,
olhando para ele enquanto ele olhava para ela, sua expressão séria. —
Olha, Genna, eu estou te dando uma escolha... Eu vou te levar para
casa agora, verificar se você está quente em sua própria cama, onde eu
tenho certeza que sua família vai fazer de tudo ao alcance para protegê-
la. Eu farei isso se é isso que você quer.
— Ou?
Ela refletiu sobre isso enquanto olhava para ele. Ele queria dizer
cada palavra. Ela poderia dizer que, acreditava no fundo de sua alma, e
embora isso a aterrorizasse, o que ficar com ele significava para ela...
para ele... para ambos, ela sabia que não havia realmente uma escolha
a fazer. Ficar com ele significava escolhê-lo.
~ 223 ~
Ela não tinha escolhido ele? — Eu não preciso de roupas para
dormir. — disse ela, inclinando-se para beijá-lo suavemente.
— Não?
~ 224 ~
Capitulo Quatorze
O coração de Genna martelava dolorosamente em seu peito,
correndo febrilmente e batendo contra sua caixa torácica ao ritmo da
música vibrando nos alto-falantes do carro.
— Você não tem que fazer isso. — ela disse calmamente, mais
uma vez tentando dar a ele a chance de recuar.
— Vai ficar tudo bem. — disse Matty. Ele parecia que realmente
acreditava nisso. — Confie em mim.
~ 225 ~
— Eu confio.
— Exatamente.
Tão lindo como ela achava aquele rosto, ela sabia que a visão dele
iria enraivecer sua família.
— Dante, eu...
Antes que ela pudesse obter as palavras, para lhe dizer que sentia
muito que ela o preocupou, dizer-lhe que não queria brigar, lhe dizer
que ela o amava e nunca quis machucá-lo com tudo isso, ele arrebatou
um abraço dela e a puxou para ele, abraçando-a com força enquanto ele
soltava uma respiração profunda.
~ 226 ~
— Porra, Genna, não me assuste assim.
Por enquanto.
— Matty. — ela disse, sua voz era pouco mais que um sussurro.
— Sim.
— Você deve odiar, para virar as costas para nós. — disse ele. —
Para virar as costas para mim, para seu irmão... seus irmãos. Todos
~ 227 ~
nós! Aquela família... eles mataram Joey. Meu Joey, meu garoto! Eles o
roubaram de mim, de nós, e você está em conluio com eles! Com o
inimigo!
— Isto não é sobre você, não tem nada a ver com você, nem com
esta família, ou a família dele! Isso é sobre mim, sobre ele.
— Ele é um deles!
O sangue de Genna pareceu ficar frio com suas palavras, sua voz
caindo de repente. — Você está jogando um jogo de roleta russa com
aquele garoto. — Ele continuou, olhando para ela.
— Você pode ter sorte, você pode sair ilesa algumas vezes, mas as
probabilidades nunca estão sempre em seu favor. Só é preciso uma
vez... uma única vez... para o seu dedo estar nesse gatilho quando a
bala estiver na câmara. E então você não voltará mais para casa.
— Talvez sim. — disse ela. — Mas dado que isto não é minha
guerra, eu acho que foi você quem carregou a arma em primeiro lugar.
~ 228 ~
— Eu não sou um de seus homens. — disse ela. — Você não pode
me mandar por aí.
Dinheiro sujo.
— Em casa.
~ 229 ~
— Desinteresse.
— Sim.
— Eu odeio dizer isso a você, mano, mas você não tem que estar
interessado na morte para ela te encontrar.
Apesar de tudo, Matty riu disso, pegando seu copo e dando outro
gole. Enzo continuou contando, classificando as contas em silêncio,
organizando-as em pilhas diferentes antes de guardá-las em envelopes.
Ele empurrou um na mesa em direção a Matty, que pegou e a enfiou no
bolso traseiro.
— Por quê?
— Por quê?
Enzo riu, olhando por cima do ombro para ele. — Confie em mim,
você não quer saber.
Ele não queria. Ele era inteligente o suficiente para perceber isso.
O que quer que estivessem fazendo, ele não queria nada além de ficar
longe, e manter Genna longe, longe do perigo.
~ 230 ~
Seu pai.
Sem falar, Matty acenou para cumprimentar seu pai, sem ter
muito a dizer ao homem. Eles tinham compartilhado poucas palavras
em mais de um mês, e nada desde a noite do funeral de sua mãe. Ela
tinha sido a conexão deles, sua última fonte de relacionamento
verdadeiro, e sem ela sentiam-se como nada mais do que estranhos que
compartilhavam um nome.
~ 231 ~
— Eu juro que eu não contei. Os irmãos Civello deve ter ouvido
nas ruas… Galante falou ontem à noite, procurando sua filha. Espalhou
como um incêndio que ela estava em algum lugar com você.
~ 232 ~
Capitulo Quinze
O cheiro de molho marinara pendia no ar, infiltrando os pulmões
de Genna e fazendo seu estômago rosnar com cada respiração que ela
tomava. Era tarde, bem depois das nove horas, toda a louça do jantar
estava limpa e os funcionários encerraram o dia.
Ela não tinha descido para jantar, achando que era melhor ficar
no quarto, e seu pai não tinha mandado Dante atrás dela. Mas, depois
de um tempo, passou a ser demais, sua fome estava ganhando dela. Ela
comeu o café da manhã naquela manhã com Matty, depois almoçou
com ele naquela tarde, antes de trazê-la para casa, mas mesmo assim
ela sentiu como se não tivesse comido em dias.
— Isso é odioso.
~ 233 ~
recipiente quase vazio de salada de frango e pegou um garfo,
recostando-se contra o balcão enquanto comia. Quando tudo se foi, ela
jogou o recipiente na pia e voltou para a geladeira, procurando mais. —
Ele está no escritório?
Dante fez uma careta quando ele finalmente saiu de sua posição,
dando alguns passos em direção a ela. Ele não lhe deu uma resposta,
sua atenção estava em sua comida. — Que diabos você está comendo?
Dante fez uma bebida para si quando ela terminou seu lanche, a
última mordida não caiu bem em seu estômago. Começou a se agitar de
novo, tontura fazendo sua cabeça ficar confusa, enquanto a bile
queimava em seu peito. Ela engoliu em seco, tentando empurrar para
baixo, mas era demais.
Muito repentino.
Muito forte.
~ 234 ~
— Precisamos de um exorcismo. Você está bem? — ele perguntou
hesitante.
Disse Dante, rindo. Genna se virou para olhar para ele, engolindo
em seco, de repente sentindo como se fosse vomitar novamente. Dante
olhou para ela, sua expressão caindo, seus olhos se alargando.
— Eu, uh... não é possível. Só não é. Não pode ser. — ela piscou
rapidamente. — Oh, Deus, por favor, não deixe que seja.
Grávida?
~ 235 ~
Grávida?
Ela não disse nada. O que ela poderia dizer? Palavras escaparam
dela, abandonando-a quando ela precisava delas. Ela olhou para ele,
chocada.
Sua voz tremeu quando ela sussurrou: — Para onde você está
indo?
~ 236 ~
recém-adquiridas sendo descarregado. Deixou um mau gosto em sua
boca, amargura que ele não conseguia se livrar. Todas aquelas armas,
toda essa munição... eles estavam se preparando para algo grande.
Ele se sentia assim. Porra, ele se sentia assim. Ele não tinha
certeza de quanto mais poderia aguentar, e ele não queria ficar por
perto e descobrir. Ele tinha vindo pela sua mãe, mas agora que ela
tinha ido, por que ele ainda estava lá?
— Você espera?
— Sim. — Enzo franziu a testa, olhando para ele, sua voz sincera
quando ele disse: — Eu não quero vê-la ferida. Eu não poderia me
importar menos sobre a garota, mas ela é sua... ela é sua garota... e
você é meu irmão.
Ele não disse isso diretamente, mas Matty ouviu toda a verdade
nessas palavras. Se eles ficassem presos, se Genna estivesse presa,
Enzo sabia que algum dia ele poderia ter que machucá-la.
~ 237 ~
Eles se viraram, parando no meio da calçada. Dante Galante.
Enzo imediatamente preparou-se para uma briga, ambos os irmãos
esperando que Dante investisse contra eles, mas em vez disso,
apressadamente ele deu um passo à direita para Matty. Outro cara,
ladeado ele, mais baixo, cara atarracada — o mesmo que tinha estado
com ele na rua naquele dia em Little Italy.
~ 239 ~
Capitulo Dezesseis
A poeira fazia cócegas no nariz de Genna, o sótão cheirando
fortemente a bolinhas de naftalina e bolor, o ar sufocante e velho de
ficar trancado por anos. Genna não havia pisado no local desde o seu
décimo quinto aniversário, mas ela teve o impulso irresistível, naquele
momento, de subir aquelas escadas.
Parecia uma vida inteira desde que aquelas coisas tinham visto a
luz do dia. Uma vida que Genna se viu desejando de novo, uma vida de
simplicidade, onde o mundo fazia perfeito sentido. As coisas tinham
sido preto e branco então. Sua família era tudo, o bem em sua vida, os
heróis de sua história, enquanto os Barsantis eram tudo o que estava
errado com o universo.
Ela passou por ele sem falar. Ele mal olhou para ela, atordoado
enquanto olhava para a cozinha. Genna andou naquela direção,
ouvindo vozes abafadas e frenéticas. Ela parou na porta, vendo seu
irmão em um par de boxers, meias brancas salpicadas com manchas
vermelhas. O resto de suas roupas estavam amontoadas no chão,
descartadas, enquanto Dante passeava ao redor delas. Seu corpo tremia
quando ele balançava as mãos, como se estivesse tentando se sentir de
volta. — Isso é uma merda... Eu estou fodido.
~ 241 ~
Rapaz Barsanti. Morto.
— Genevieve!
Mas esse alívio foi de curta duração. Matty podia não estar morto,
mas seu irmão estava, morto pelas mãos de seu irmão. Dante — o
passivo, Dante o protetor — era um assassino. O conhecimento fez o
chão tremer sob seus pés.
Ela não poderia estar lá. Ela não poderia estar com eles.
~ 242 ~
— Matty? — ela gritou, olhando ao redor desesperadamente e
congelando quando ela o viu sentado ao longo da calçada do outro lado
da rua. Suas roupas estavam sujas, manchadas de sangue e imundas,
enquanto sangue seco cobria o lado de seu rosto inchado. Um médico
pairava sobre ele, tentando fazer um curativo na sua cabeça. Genna se
aproximou dele quando ele olhou para cima, sua expressão áspera. Ele
empurrou o médico para longe, recusando o tratamento, enquanto seus
olhos se encontravam com os dela.
— Você promete?
— Eu juro, mas até então, sua casa é o lugar mais seguro para
você.
~ 243 ~
— Eu também te amo. — ela sussurrou. — Eu sinto muito.
~ 245 ~
desesperadamente, mas fazer isso significava respirar o mesmo ar deles.
Significava estar naquela casa, com aquelas pessoas.
Ele sabia o que ela queria dizer sobre não ser capaz de voltar aqui
depois de tudo. Só o ar em volta da casa parecia envenenado.
Ele parou ali na varanda, a porta aberta atrás dele, como se ele
esperasse por algo... ou alguém. Matty deu alguns passos para trás nas
sombras, observando, seu sangue escorrendo frio quando Dante pisou
fora atrás do rapaz.
~ 246 ~
— Por que nunca é uma boa pergunta para se fazer. — 'Enzo tinha
advertido apenas um dia antes. — Você nunca vai obter a resposta que
você quer ouvir.
~ 247 ~
Capitulo Dezessete
A última semana de serviço comunitário finalmente chegou.
Uma coisa ela tinha certeza, porém: ela ansiava por seu melhor
amigo novamente.
Ela ficou surpresa por ele ter tentado conversar. Ele não tinha se
incomodado durante toda a semana. — Sim.
~ 248 ~
— Papai nunca diria isso, mas bem... eu estou orgulhoso como o
inferno. Orgulhoso que você não desistiu, que você seguiu com isso, não
importa o quê.
— Eu sei.
— Eu, uh... sim... bem, quero dizer, eu estou... tão feliz quanto eu
poderia estar sob as circunstâncias, de qualquer forma. É uma
porcaria, sendo quem nós somos, mas...
— Ele é.
— Eu sei.
~ 249 ~
— Sete horas?
— O quê?
— Galante.
O sorriso que atravessou uma das suas faces falou mais alto do
que quaisquer palavras. Você, ele dizia. Nós queremos você.
~ 250 ~
Ela não hesitou, virou-se e correu, correu tão rápido quanto suas
pernas poderiam levá-la para baixo da quadra. Eles imediatamente a
perseguiram, mantendo seu passo apertado. Frenética, ela correu para
a estação de trem, empurrando as pessoas para fora do caminho,
ignorando seus gritos quando ela tentou mover-se através da multidão.
Ela continuamente olhou para trás enquanto corria, tentando
vislumbra-los, mas ela os perdeu em algum lugar ao longo do caminho.
Tweedledum. Ou Tweedledee.
Ela não sabia qual era, mas isso não importava. Um deles a
alcançou. Ele sentou de costas no assento enquanto Genna se deslocou
para longe dele tanto quanto pôde, sua visão turva, enquanto as
lágrimas de pânico saltavam dos olhos.
— Vou gritar.
— Não, você não vai, além disso, não estou aqui para te
machucar.
— Que mensagem?
— Me desculpe?
~ 251 ~
chão e abriu a carteira de couro, esperando contra a lógica que não
fosse o que ela achava que era, mas ali, bem no interior do plástico no
interior, estava o rosto sorridente de seu irmão em sua carteira de
motorista.
Nada.
— Não.
~ 252 ~
Primo assentiu, sem dizer uma palavra enquanto se virava e
voltava direto para o escritório. Genna o seguiu, demorando-se na
soleira da porta, olhando incrédula enquanto ele se sentava no sofá.
~ 253 ~
Capitulo Dezoito
Paz.
— Não parece real. — ela sussurrou, sua voz tensa. Ela estava
deitada em sua cama na escuridão, seu telefone sobre o travesseiro ao
lado dela no viva-voz. Sua voz a cercava, tão perto, mas tão distante. Se
ela fechasse os olhos, quase... quase... sentia que ele estava ali. — É
como se eu não o visse... como pode ser real?
~ 254 ~
Nenhum corpo, nenhum funeral. Embora Dante foi dado como
morto pela família, as suposições não ofereceram qualquer
encerramento, não a confortou, como se simplesmente não fosse real.
Um minuto ele estava lá e o próximo, tinha sumido… mas sumido pra
onde?
— O que o impediu?
— Será? — ela perguntou. — Será que vai ficar melhor? Nunca vai
curar?
— O que é?
Amanhã
~ 255 ~
Amanhã... Segunda-feira. Ela sabia que eles estavam planejando
finalmente enterrar Enzo, para colocá-lo para descansar.
— Eu estarei em contato.
~ 256 ~
Levou um tempo — dez, talvez quinze minutos — antes que ele
visse o que ele estava procurando. As lápides estavam desgastadas,
estando aqui há anos... uma mais desbotada do que a outra.
Joseph Galante
— Em breve.
— Logo essa lápide terá uma data. — disse Roberto, olhando para
o mármore gasto exibindo o nome de Primo. — E então eu finalmente
estarei satisfeito.
Nada satisfeito.
~ 257 ~
Concordando, Roberto foi embora sem dizer uma palavra. Matty
ficou ali por alguns minutos mais, antes de olhar para o relógio. Seis
horas. Ele estaria buscando Genna um pouco depois das nove, depois
que seu pai fosse dormir.
E outra.
E outra.
Encontre-me no Casato.
~ 258 ~
— Sim, estou apenas procurando alguém. — disse Matty. —
Gavin Amaro?
Ela agradeceu e saiu pela porta. Uma vez que ela se foi, Gavin
puxou um envelope pardo do bolso do terno e bateu-o na mesa mais
próxima.
~ 259 ~
Capitulo Dezenove
— Não... definitivamente não... de jeito nenhum... ugh, que merda
é essa?
~ 260 ~
Assim que o prato estava na frente dela, Primo estendeu a mão.
Cuidadosamente, ela a pegou, sua mão forte aninhou a dela enquanto a
apertava, inclinando a cabeça para orar. — Perdoe-nos, Pai, pelos
nossos pecados. — disse ele. — Agradecemos por nossas muitas
bênçãos.
Genna puxou sua mão de volta, assim que ele soltou e agarrou o
garfo, cutucando a comida. Estava tranquilo, nenhum deles comeu. Era
agridoce, enquanto o olhar de Genna estava mantido no local em frente
a ela, a cadeira que Dante sentava a cada dia. Ela tinha evitado durante
todo fim de semana, tinha evitado a realidade, mas lá estava,
encarando-a... a verdade tangível, um lembrete gritante que ele tinha
ido embora.
Não foi possível parar, uma lágrima rolou pelo rosto de Genna.
Tentando afastá-la, para esconder a evidência de sua aflição antes que
seu pai a visse, mas nada escapou a ele. Sem sequer olhar para ela,
soltou um profundo suspiro.
Passaram-se segundos.
~ 261 ~
tinham pago com sangue? Sangue novo - sangue inocente - que tinha
sido arrastado para a rivalidade. — Eles perderam um filho.
— Eu perdi dois.
— É o que definiram?
— Olho por olho. — ele respondeu. — Uma vida por uma vida.
O Lotus.
~ 262 ~
de onde o carro dela não conduzido tinha estado estacionado durante
os últimos dois meses.
Sem resposta.
Ela correu.
Ela correu até suas pernas queimarem e sentiu que seu peito
parecia que ia estourar. Ela correu mais rápido do que jamais tinha
corrido antes, pelas ruas que ela vagamente conhecia, passando pela
loja de música e pelo antigo cinema, bandeiras italianas batendo na
brisa noturna acima da cabeça.
~ 263 ~
BOOM
O calor era tão intenso na pele de Genna que sentiu que estava
em chamas, mesmo afastada a meia quadra. Inalando bruscamente, ela
deixou escapar um grito de agonia, o som ressoando profundamente em
sua alma, incapaz de ser contido dentro de seu corpo. Ela gritou seu
nome, sua voz dolorosa, quando a explosão consumiu o carro e acendeu
outros em torno dela.
— Matty.
~ 264 ~
— Você... você está aqui... você está bem! Como? Eu vi... o
Lotus... eu só vi isso... - ela freneticamente sacudiu a cabeça, tão
selvagemente sua visão turva. — Eu vi!
A partida era pelo controle. Ela subjugou sobre ele como era
desnecessário, ter um botão em suas chaves para dar partida em seu
carro de longe. Pretencioso, bastardo e seus aparelhos chamativos. —
Agradeça a merda, você é tão maldito preguiçoso.
Ela sacudiu sua cabeça. — Eu não penso assim. Você deve saber.
Antes de fazer isso... você deve saber.
— O que é?
~ 265 ~
Ela não tinha certeza de como ele reagiria, especialmente agora -
especialmente no momento - mas ela certamente não esperava um
silêncio duro como pedra. Ele ficou ali, a poucos metros à sua frente,
com a expressão em branco, e não disse uma única palavra em
resposta.
— Sim.
~ 266 ~
Epilogo
É aqui que a história termina, de volta para onde ela começou,
persistindo em uma nuvem de espessa fumaça negra, pesada com o
peso da miséria.
Remorso.
Ele não tinha mais nada. Nada. Por tudo isso, ele dizia que era
pela sua família, pelos Barsantis, mas o que restava deles agora?
Roberto nunca acreditou no carma. Foi por isso que ele sempre
tinha sido tão rápido para agir, tão rápido para buscar vingança. Ele
~ 267 ~
não podia confiar no universo para retribuição. Ele precisava ir lá e
pegá-lo sozinho. Mas ele acreditava agora.
Primo Galante.
Sua voz quebrou na última vez que ele gritou seu nome. Roberto
observou como oficiais tentaram conter o homem, subjugando Primo
antes que pudesse romper a barreira em torno da cena. Ele os
empurrou, tremendo, enquanto olhava freneticamente ao redor, ainda
gritando seu nome, procurando por ela.
Seus filhos. Roberto viu o mesmo medo que sentia refletir nos
olhos de Primo enquanto eles se olhavam em silêncio.
— Meu filho.
~ 268 ~
acabou, no que lhe diz respeito. Precisava parar. A morte era muito boa
para Primo, assim como ele sabia que ainda não viria para ele.
— O que você quiser, chefe, você quer que ele seja entregue, nós o
entregaremos.
Fim
~ 269 ~