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"Um passo atrás e colocou a mão na minha cabeça. Eu virei a cabeça.

- Você gosta de toucas, não? deisse ele.


- Não tenho dinheiro para arrumar o cabelo nem usar touca – expliquei, ríspida. – E também
não souu – não terminei a frase. Não precisava dizer a ele que outro tipo de mulher andava de
cabeça descoberta.
- Mas sua touca esconde todo o seu cabelo. Por quê? A maioria das mulheres mostra um
pouco do cabelo.
Não respondi.
-Que cor é o seu cabelo?
- Castanho.
-Claro ou escuro?
-Escuro.
Peter sorriu como se estivesse brincando com uma criança – Liso ou cacheado?
-Nenhum dos dois. Ambos. – Estremeci, confusa.
- Curto ou comprido?
Hesitei. Abaixo dos ombros.
Ele continuou sorrindo para mim, deu outro beijo e seguiu na direção da praça do Mercado.
Fiquei insegura nas respostas porque não queria mentir e também não queria que ele
soubesse. Meu cabelo era comprido e rebelde. Quando estava solto, parecia ser de outra
Griet: uma Griet que ficaria sozinha num beco com um homem, que não era tão calma, calada
e arrumada. Uma Griet como as mulheres que ousavam andar de cabeça descoberta. Era por
isso que escondia todo o meu cabelo: para não mostrar nada dessa Griet. (p.128)

Depois que ele viu meus cabelos, depois que me revelei, achei que não tinha mais nada de
precioso para esconder e guardar comigo. Poderia ser mais livre, senão com ele, então com
outra pessoa. Não interessava mais o que eu fizesse ou não. (p.202)

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