Você está na página 1de 186
4 oS r t . 1 1 , Wolfgang Iser 2 ' rae ‘ O ATO DA LEITURA oes i “Uma Teoria do Efeito Estético 3 i . ! Vol. 1. 4 4 Tradvigdo , Johannes Kretschmer, es a et : w : 1 ~ . ag” SN nu : - editoralli34 : EDITORA 34 | Lo : Distribuigdo pela Cédice Comércio Distribuigdo ¢ Casa Editorial Ltda R, Simées Pinto, 120 “Tel. (011) 240-8033, Sz0,Paulo~ SP 04356-100 Copyright © 34 Literatura S/C Ltda. (edigao brasileira), 1996°° Der Akt des-Lesens © Wilhelos Fink Verlag, Miinchen, 1976. A FOTOCOPIA DE Quacauen FOLHA DESTE LIVRO E ILEGAL; E CONFIGURA UMA 's APROPRIAGAO INDEVIDA DOS DIREITOS INTELECTUAIS E PATRIMONIAIS DO AUTOR. > Titulo original: Der Akt des Lesens : Theorie asthetischer Wirkurg Capa, projeto grafico e edivoracao életrSnica: Bracher '& Malta Produgéo Graf ica. ° Revisio técnica: Luiz Costa Lima. Revisio: ° Ingrid Basilio 1* Edicdo - 1996 34 Literatura S/C Leda. os R. Hungria, 592 CEP 61455-000°. a Sao Paulo - SP Tel/Fax (011) 816-6777 Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) ue (Camara Brasileira do Live, SP, Bras) : oer, Wolfgang cay : O ato'da leitura, vol. 1 1 Wolfgang Isers : tradugao. de Johannes Kretschmer. — Sio Paulo: a "Bd. 34, 1996 192 p, (Colegdo Teoria) On Tradugdo de: Der Akt des Lesens ‘ ay + ISBN 85-7326-037-8 : . 1. Literatura - Historia ¢ 6 I, Série. . Titulo 96-0138 | CDD- 801-95 NOTA DA EDIGAO BRASILEIRA O ato.da leitura, em sua: eidigao original alema, foi publica. yt da em um s6 volume, com quatro capitulos: Na edicao -brasilei-» ra, optou-se por publicar o livro-em:2; volumes. Este Primeito. volume contém os. dois primeiros capitulos da obra. i i i i l i 1 O.ATO DA LEITURA- Uma Tedria do EfeitorEstético > Vol. 1 Prefacio & segunda edigéio . Prefacio a priméira edicao T-SITUAGAO DO PROBLEMA A, Arte parcial —a interpretagdo universalista 4, Henry James, The Figure inthe Carpet Em lugar de uma introdugao « . 2, A’sobrevivéncia da norma classica de = interpretasao .. B, Preliminares para uma teoria da estética do efeito 1. As peispectivas fundadas na Jeitura eas objegdés tradicionais... 2. Concepedes de leitor ea a concepsao do: me leitor implicito .... : ps 3. Teorias * psicanaliticas do efeito literdrio ee I. Mopeto HISTORICO-1 FUNCIONAL DA LITERATURA A. O.repertétio, do texto 1. Pressupostos™:.. 2..0 modelo dos a atos os da fala .. 3. A constituicao de situages de textos -ficcionais 4, Campo de referéncia e selecao do tepertdrio dos textos ficcionais . B, As estratégias do texto. 1. A tarefa das éstratégias ¢: 2. A'velha resposta: desvio .. 3. A relacdo entre primeiro ¢ ‘segundo planos 4, A estrutura de tema ¢ horizonte :. 5. As modalizacées da estrutura de tema e horizonte 2101 > «103, 2 116 . 128 O que “hoje échamado de -estética da recepgao nao tem cer- | tamente aquela unidade que parece sugerir uma tal elassificagao. Em prinéfpio, escondem-se por detras. desse conceito duas orien : tacbes diferentes que se distinguem uma da outra apesar de sua’! reciprocidade. A recepcao, no seritido estrito da palavra; diz - respeito a assifnilagao documentada de textos é, por conseguin- te, extremamente deperidente de testemunhos, nos quais atitudes e reacdes se maniféstam enquanto fatores que condicionam a. apreensao de textos. Ao mesmo tempo, porémi, © proprio texto. éa “prefiguracdo da recepcao”, tendo com isso’ um potencial ‘de efeito cujas estruturas pdenr a assimilagao @ em curso € a. contra~ fam até certo ponto. : es Desse modo, 0 efeito ea recepgéo formam os prineipiog cen- trais da estética da recepgao, que, em face de suas diversas metas orientadoras, operam com métodos histérico~ sociolégicos (recep~ ¢G0) ou teorético-textuais (efeito). A estética da recepeao.alcan- 4, portanta, a sua mais plena dimensao Guando ¢ essas duas me- tas diversas se interligam. Bears : Os impulsos para um tal desenvolvimento de interesses da A teoria da literatura surgiram a partir da situagao histérica das universidades alemas na década de 60. Eles foratn’condicionados tanto por pérspectivas historico-cientificas, quanto politicas. Do ponto de vista histérico- ientifico, os anos 60 marcaram-o fim de uma hermenéutica ingénua da andlise literdtia.: ‘Cada vez mais impunha-se a pergunta pela especificidade da tradicfio, sobretu- do porque a interpretagao da litetatura cada vez mienos.compor- tava o conflito de i interpretagoes diferentes dos textos e éada vez O Ato da Leitara - Vol. 1 mais eta incapaz dé refletir sobre eles. O fato de que se possa in- dagar a literatura de pontos de vista diferentes: -e que as intérpre- > tagdes daf ‘resultantes sejam_ diferentes’ 6 éada vez mais, proble- © matizado; isso -passou.a vigorar mesmo onde sé toiria cada per gunta propria a literatura como a tinica possivel., Com ‘sempre houive interpretacdes concotrentes, 86 se pode descobrir as supos: tas deficiéncias recorrendo ab modo “verdadeiro” dé andlise: Por isso, comecoli-se a buscar argumentos especificos para fundamen- tar-os principios da i interpretagao, Mas quando i isso nao aconte. ss, Seu, estavam em jogo pressupostos inquestionados, segundo os 4 |» -quais se interpretava a literatiira. Se esses pressupostos nao sé , tevelavam, é porque foram identificados' com o préprio objeto. po Isso valia ptincipalmente para'um modo ‘de intérpretacdo: que perguata pela i intencao do autor, pela significagao ou pela men-«, i sagem da obra, assim como pelo valor estético enquanto interagao. | «1 Harménica das figuras, tropos e camadas da obra. Se essa inocéncia « | : hermenéutica perdia:por fim seu ericantamento, porqué sepre-) | cisava interpretar a literatura moderna, que ora se fechava con tra'a apreensio através de tais critérios, ora surgia ¢ como abstrusa, " quando. submetida aeles.A. partir dai, configurou: se uma situa~ g4o na qual-as pergunias aparentemente evidentes sobre literatu- ‘ra passaram a se revelar como historicamente eondicionadas. : Masa peculiaridade da tradigao se caracteriza pelo fato deo que 6 questionamento antigo e cada vez mais historico.nao é fa- ' cilmente descartado e esquecidos tal questionamento representa; antes de tudo, um’caminho ‘de'i interpretagdo que no passado ti- nha sentido, mas agora tornado perempto. Por isso, as dificulda: *, des produzidas por essa interpretacao provocam novas pergun- tas; as antigas, porém, fazer parte da tradigao, conquanté as novas s6 podem se configurar: se delas se separam: Assim, o'interes- i oo se classico pela i intengao do texto inipulsionou 6 interesse porsua, © © recepe’o.-A orientacao predominantemente semantica que visa. _ va a significacdo converteu-se em uma andlise da objetividade es- téticd do texto. Por fim, a pergunta pelo valor tornou atuala per | >" gunta sobre como aobra de arte absorve as faculdades humanas. Wolfgang Ise” i = Ci eS Neste ponto, vem 4'tona fiovamente um problema herme= néutico, 4 medida que as respostas passadas evidenciami perguti- ° tas que nao foram formuladas, Para estas é decisivo, no entanto, | © fato de que nao poderiam ter sido levantadas sem as respostas” antigas. Em conseqiiéncia, essas perguntas nao sao jogadas ao mar, «. mas sobrevivenrenquanto relaciio negativa de um novo intetesse. " Isso pode ser uma razdo de ser, porque, n@ teoria da estética ‘da recepgao, a inten¢ao, a significagdo €0 valor concretizam 0,“pro- cedimento-mends” (Lotman), pois em ‘iltima andlise Um novo in. “teresse ndo se mostra serh que surjam expectativas de que as nor z mas de interpretagao estejami moribundas. Nesse sentido, a pro-. pria estética da recepgao faz parte da traditao, pois'é uma deter- ‘ minada articulacdo desta ultima e'se torita a sua manieira um ho- rizonte hermenéutico do qual outras articulacées hao'de sutgir: . tal As causas dessa mudanga na tradicio baseiam-se,. de um” lado, na experiéncia da modernidade, e, de outro; na revolta estu+* dantil. !\ modernidade se manifesta sobretudo como uma néga-" 5 cao daquilo que era essencial para a arte classica: a’ harmonia, a: 1 conciliagao, a supéragao dos opgstos, a contemplagad da pleni- : Jo tude. Ohébito da negatividade na literatura moderna age, por isso, re como agressdo. ininterrupta As nossas convengbes orientadoras, oy . desde d atitude até a percepcdo cotidiana. Em conseqiiéncia, sem- pre nos acontece-algo através dessa arte, e nos cabe perguntat'o que acontece. Por isso, a pergunta deve ser alterada; pois ela nao | ‘i visa mais a significacao, mas principalmente aos efeitos do texto. t _. Quanto mais tal experiéncia se'torna consciente, tanto mais ft _ estéreig parecem ser os “arboretos daintérpretagio” (Kayser), ‘nos, quais tradi¢des cientificas quase extintas floresceram até mul 0. ‘ depois do fim da Segunda Guerra Mundial. A initerptetaco das” . grandes obras, freqiientemente tecitada em tom. hierdtico‘nas c4*" : : . tedras dos auditérios alemaes, yisava consciente ow inconsciente- of .| mente a prodtizir nos ouvintes aquela atitude conéemplativa que’. era requerida diante de uma obra de arte cldssica. No entarito; quanto mienos se estivesse a ponto de achar é'sentido da obra de arte, ¢ quanto mais s¢ desdobrasse,a partir dai'a.quetela entre as 2’ ‘ I { . : : : : © Ato da Leitura = Vol. 1 . me geo BEES

Você também pode gostar