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+ Prazosin (1-2 mg): bloqueador α-adrenérgico, com início de ação de 1-2h e efeito de 8-12h.
RECOMENDAÇÕES:
+ Avaliar bem a situação clínica.
+ Escolher a melhor droga, na dúvida use nitroprussiato (injetável). Evitar diuréticos (piora
isquemia tecidual – só usar quando tem edema agudo e insuficiência renal) e nifedipina.
+ Monitorizar a pressão arterial.
+ Reavaliar o paciente.
+ Evitar o preciosismo, aguardar efeito da droga.
+ Reduzir o risco de complicações é mais importante do que abaixar a PA.
EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA: menos comum (24% dos casos). Importante elevação da PA, mas
com sintomas graves ou progressão de lesão de órgãos-alvo. O tratamento deve ser
preferencialmente em UTI. Comum em pacientes com 58 anos ou mais e diabéticos.
+ Está relacionada a hipertensão maligna acelerada, comprometimento cerebrovascular,
comprometimento cardíaco, aneurisma dissecante de aorta, comprometimento renal, excesso de
catecolaminas, eclampsia, cirurgias, grandes queimados.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: há efetivamente lesão de órgão alvo.
Lesão neurológica (60%): infarto cerebral, encefalopatia hipertensiva, hemorragia cerebral.
Cardiocirculatória (40%): edema agudo de pulmão, IAM, angina instável.
FISIOPATOLOGIA: elevação aguda da PA leva a uma falha na vasoconstrição mediada pela auto
regulação. Ocorre dano endotelial com diminuição na produção de óxido nítrico e piora da
vasoconstrição. Isso leva a um depósito de proteína e fibrinogênio na parede do vaso, que
aumenta o risco de coagulação e de processos inflamatórios locais. A inflamação gera necrose
fibrinoide e nova lesão nos vasos, o que acarreta em nova elevação da PA (retroalimentação do
processo).
Sistema renina-angiotensina-aldosterona: principal mediador nesse processo, na instalação e
manutenção da crise hipertensiva.
CASOS ESPECÍFICOS:
Acidente vascular encefálico: não diminuir demais a pressão arterial (pode piorar a isquemia).
Diminuir de 10 a 15% da pressão arterial média e nunca deixar a pressão diastólica menor que 110
mmHg nas primeiras 24 horas.
Gestação e eclampsia: cuidar quando a pressão for maior que 180/110 mmHg ou a PAM for maior
que 105 mmHg, pois indica risco de mortalidade para mãe e feto. Antes do parto não reduzir a
pressão diastólica para valores inferiores a 90 mmHg, pois pode causar isquemia placentária.
Aneurisma dissecante de aorta: em 5 a 10 minutos deve-se reduzir a pressão arterial ao máximo
possível (paciente acordado e estável), de preferência 90/50-60mmHg.
TRATAMENTO: o controle deve ser feito em alguns minutos, medicação endovenosa.
+ Nitroprussiato (0,25-10 ug/Kg/min): droga indicada. Início imediato e duração de 1-2 min. Como
começa e para de agir rapidamente permite maior controle da administração. Usado em
encefalopatia hipertensiva. Não usar em gestantes e fase aguda do IAM (fenômeno do roubo,
piorando a isquemia miocárdica).
+ Hidralazina (10-20 mg): início 10-20 min, duração 3-8 h. Interessante para gestantes.
+ Diazoxido (50-100 mg): início 2-4 min, duração 6-12h. Encefalopatia hipertensiva.
+ Enalaprilato (0,625-1,25): início 15-6 min, duração 6h.
+ Trinitrato GL (5-100 pg/min): início 2-5min, duração 5-10min. Usado quando paciente também
tem crise anginosa, fase aguda do IAM.
+ Diuréticos: apenas quando paciente também tem insuficiência cardíaca e insuficiência renal.
Obs: erroneamente, a maioria dos medicamentos usados nesses casos são medicamentos sem
ação anti-hipertensiva (Plasil, novalgina, diazepam).
Prognóstico:
+ Hipertensão maligna acelerada: sobrevida de 10-20% em 1 ano se não tratar e 70% de sobrevida
em 5 anos se tratar.
+ Lesões de órgão-alvo: renal (35% de mortalidade em 5 anos), AVC (60% tem hipertensão e pior
prognóstico).
CONDUTA:
Quão rapidamente a PA deve ser reduzida? O mais rápido possível de acordo com as condições
clinicas do paciente. Ex: dissecção aguda da aorta o mais rápido possível; AVC não pode diminuir
demais.
Quanto a PA deve ser reduzida? De 20 a 30% da PAM ou de 10 a 15% da pressão diastólica.
PREVENÇÃO:
+ Buscar de maneira insistente o controle adequado da PA no ambulatório.
+ Diminuir o risco cardiovascular investigar outras comorbidades.
+ Melhorar condições e hábitos de vida.
+ Melhor escolha do agente terapêutico, levando em conta todas as suas particularidades.
+ Estabelecer um programa de acompanhamento.
CASO CLÍNICO:
Perfil psicossocial: Hans, homem, 59 anos, executivo, casado.
Queixa principal: cefaleia seguida de epistaxe.
História mórbida pregressa: com HAS e DM II (diagnóstico a 5 anos). Não medicado a 6 meses.
Abandonou tratamento porque HAS estava “curada” e diabetes parou de incomodar. Etilista social
e tabagista (20 cigarros/dia há 30 anos). Estratificação de risco!
Exame físico: corado, hidratado, agitado, ansioso, sem epistaxe, pressão arterial de 232/144
mmHg, 126 bpm, BRNF, ausculta pulmonar normal. Fundo de olho com lesão aterosclerótica
antiga e aumento do reflexo dorsal das artérias. Sem outros achados. Caracterizado como
urgência hipertensiva.
+ Após 20 min: a PA foi 230/140 mmHg; exame físico sem modificação; prescrito captopril 25mg.
+ Após 35 min: dor torácica anginosa, dispneia e piora da cefaleia. Aumento da pressão arterial,
paciente começa a apresentar lesão de órgão alvo. Caracterizado como emergência hipertensiva.
Raio X: congestão pulmonar.
Fundo de olho: sinais de cruzamento, presença de exsudato, borramento no disco óptico.
Eletrocardiograma: bloqueio atrioventricular de segundo grau (onda P sem QRS); achados de
isquemia (ondas P pontiagudas e simétricas).