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Breve reflexão acerca do caso Marquês

Na semana passada saiu no expresso, uma notícia de página em meia sobre o caso
Marquês, onde se retoma o mito messiânico da absolvição total de Sócrates, uma ideia que na
minha perspetiva parece algo semelhante ao arquiteto do inferno dantesco.

Um caso quase com a minha idade, que reúne um dossiê com cerca de seis mil páginas
sobre o processo, um volume equivalente à suma teológica de São Tomás de Aquino. Um
processo pitoresco caracterizado pela bizarrice, desde a caridade multimilionária ao nosso ex-
ministro, às trocas de influências dentro do setor bancário e construção, ao império imobiliário
em nome de entes familiares, nomeadamente a mãe de Sócrates. Acusado de corrupção,
branqueamento de capitais, fuga ao fisco, troca de influências entre outros diversos crimes,
todavia, para a semana vamos descobrir o veredicto de Ivo Rosa.

Prevê-se que o veredito seja uma absolvição, no que se traduziria para a democracia,
na perspetiva de vários comentadores, numa descrença tanto para a máquina da justiça como
para a investigação. Por outro lado, se a acusação se confirmar cairá um grande clima de
niilismo face ao sistema político. Pois sejamos sinceros, sendo verdade ou mentira, este é o
maior caso de corrupção a ser julgado em Portugal, além disso coincidência ou não para a
semana a Opto a nova plataforma de streaming da Sic, do género da Netflix, estreia uma série
inspirada no caso Marquês.

Como afirma Manuel Alegre, ex-militante histórico do PS, “Se houver julgamento sem
as acusações mais graves, deixa mal a investigação. Se as acusações mais graves forem
confirmadas, abala ainda mias a confiança no sistema político”. Portanto neste caso o prego
tem sempre dois bicos, dos quais não sabemos qual é o pior sendo assim inevitável o
burburinho público.

Em suma, pelo menos na minha terra não é normal viver às custas do melhor amigo,
muito menos se se tratar do primeiro-ministro, além de tudo ainda mais bizarro que este
episodio é o círculo corrupto que Sócrates se insere, onde se destaca Ricardo Salgado ex-
presidente do antigo banco BES.

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