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Apostila 2 Sistema Respiratorio
Apostila 2 Sistema Respiratorio
Sistema Cardiorrespiratório
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Sistema Cardiorrespiratório
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Sistema Cardiorrespiratório
Introdução...................................................................................................................4
Efeitos agudo, subagudo e crônico do exercício.................................................................... 4
Introdução...................................................................................................................4
A via anaeróbia alática........................................................................................................ 5
Sistema dos Fosfagênios (Sistema Anaeróbio Alático)........................................................... 5
A via anaeróbica lática........................................................................................................ 7
Glicólise (Sistema Anaeróbio Lático).................................................................................... 7
A via aeróbia...................................................................................................................... 8
Oxidação (Sistema Aeróbio)................................................................................................ 8
Funcionamento integrado dos sistemas energéticos.............................................................. 10
Tipos de fibras musculares.................................................................................................. 14
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO AERÓBIO: TEORIA E
SUMÁRIO PRESCRIÇÃO...............................................................................................................14
PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO FÍSICO....................................................................14
Introdução......................................................................................................................... 14
Consumo máximo de oxigênio............................................................................................. 15
Estrutura muscular............................................................................................................. 15
Tipos de fibras musculares.................................................................................................. 15
Mitocôndria........................................................................................................................ 16
Capilaridade muscular........................................................................................................ 16
Fluxo sanguíneo................................................................................................................. 17
Metabolismo...................................................................................................................... 17
Estímulo do treinamento..................................................................................................... 17
Duração e intensidade do exercício...................................................................................... 17
Cuidados adicionais com a intensidade da prescrição............................................................ 18
Tipo de exercício................................................................................................................ 18
Exercício de curta duração.................................................................................................. 19
Referências..................................................................................................................20
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Sistema Cardiorrespiratório
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Sistema Cardiorrespiratório
O processo bioquímico que deflagra esses mecanismos tenha a capacidade de acumular a energia proveniente
é a baixa do ATP de reserva, estimulando a ressíntese. das reações exergônicas (reações que libertam energia).
Todas as vias de ressíntese de ATP são estimuladas É igualmente imprescindível que esse composto seja
simultaneamente; o que determina qual delas irá posteriormente capaz de ceder essa energia às reações
participar mais é a intensidade e duração de determinado endergônicas (que consomem energia). Esta substância
exercício, pois cada uma dessas vias possui características existe efetivamente nas nossas células e designa-se por
bioquímicas diferentes. adenosinatrifosfato, vulgarmente conhecida por ATP.
O ponto mais importante desse tema é a mensagem O ATP é um composto químico lábil que está presente
de que a prática de exercícios físicos é a medida de maior em todas as células. É uma combinação de adenina, ribose
impacto em saúde pública, na melhoria da qualidade de e 3 radicais fosfato. Os 2 últimos radicais fosfato estão
vida e sobrevida, a mais barata e com maiores evidências . ligados ao resto da molécula através de ligações de alta
energia. A quantidade de energia libertada por cada uma
A via anaeróbia alática dessas ligações por mole de ATP é de aproximadamente
11kcal nas condições de temperatura e concentração de
O processo pelo qual há liberação de energia para reagentes do músculo durante o exercício. Assim, como
ressíntese, através da via anaeróbica alática, é a hidrólise a remoção de cada radical fosfato liberta uma grande
da creatina-fosfato, uma molécula existente no músculo quantidade de energia, a grande maioria dos mecanismos
esquelético, que se constitui em uma creatina ligada a um celulares que necessitam de energia para operar obtêm-
radical fosfatídico de alta energia. A hidrólise da molécula na, de um modo geral, via ATP. Deste modo, os produtos
libera energia, que é utilizada na contração muscular; finais da digestão dos alimentos são transportados até
não é usado o oxigênio e não se forma ácido lático. Esta às células via sanguínea e aí oxidados, sendo a energia
via está envolvida em exercícios rápidos ou situações de libertada utilizada para formar ATP, mantendo assim um
transição imediata. permanente suprimento dessa substância.
Um exemplo cotidiano de exercício anaeróbico alático Além dos artigos esportivos comercializados, a indústria
é atividade de curta duração: dar uma corrida rápida para do esporte envolve serviços diretos e indiretos, como
pegar um ônibus, subir um lance de escada, carregar um orientação das atividades físicas nas academias, aulas de
objeto por uma distância curta. Demora cerca de 8 a 10 ginástica e de modalidades esportivas como o tênis, o vôlei,
segundos, 3 vezes a mais do que o ATP de reserva suporta o basquete, escolinhas de futebol, atividades de gestão e
(cerca de 3 segundos). Quanto mais prolongado, mais prestação de serviços promocionais e publicitários. Entre
aeróbio é o exercício; depois de 2 minutos, a via aeróbia as atividades de prestação de serviços indiretos podemos
começa a se tornar prioritária. citar o transporte e translado, a hotelaria e hospedagem e
o atendimento médico, entre outros.
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Sistema Cardiorrespiratório
angulação das pontes transversas de miosina de 90º para A CP não pode atuar da mesma maneira que o ATP
45º. Para que essa alteração conformacional ocorra, é como elemento de ligação na transferência de energia
necessária energia que provém, em exclusivo, da hidrólise dos alimentos para os sistemas funcionais da célula, mas
de ATP. este composto pode transferir energia em permuta com o
ATP. Quando quantidades extras de ATP estão disponíveis
A grande função dos sistemas energéticos é, na célula, muita da sua energia é utilizada para sintetizar
precisamente, formar ATP para a contração muscular, CP formando, dessa maneira, um reservatório de energia.
uma vez que o músculo esquelético é incapaz de utilizar Deste modo, quando o ATP começa a ser gasto na contração
diretamente a energia proveniente da degradação muscular, a energia da CP é transferida rapidamente de
dos grandes compostos energéticos provenientes da volta ao ATP (resíntese do ATP) e deste para os sistemas
alimentação, como a glicose, os ácidos graxos (AG) ou os funcionais da célula.
aminoácidos. A razão pela qual isso é impossível, tem a ver
com o fato de só existir um único tipo de enzima nas pontes É importante referir que o maior nível energético
transversas de miosina - a ATPase – que só hidrolisa ATP. da ligação fosfato de alta energia da CP, faz com que a
Por isso todas as outras moléculas energéticas têm de ser reação entre a CP e o ATP atinja um estado de equilíbrio,
previamente convertidas em ATP, de forma a essa energia muito mais a favor do ATP. Portanto, a mínima utilização
poder ser utilizada na contração muscular. de ATP pela fibra muscular utiliza a energia da CP para
sintetizar imediatamente mais ATP. Este efeito mantém
No entanto, nem toda a energia libertada pela hidrólise a concentração do ATP a um nível quase constante
do ATP é utilizada na contração muscular. De fato, apenas enquanto existir CP disponível. Por isso podemos designar
uma pequena parte dessa energia é utilizada no deslize o sistema ATP-CP como um sistema tampão de ATP.
dos miofilamentos, uma vez que a maior parte se dissipa De fato, é facilmente compreensível a importância de
sob a forma de calor. manter constante a concentração de ATP, uma vez que
a velocidade da maioria das reações no organismo estão
Aproximadamente 60-70% da energia total produzida dependentes dos níveis deste composto. Particularmente
no corpo humano é libertada sob a forma de calor. Mas no caso da atividade física, a contração muscular está
este aparente desperdício energético assume-se como totalmente dependente da constância das concentrações
fundamental para que o ser humano se assuma como intracelulares de ATP, porque esta é a única molécula que
um organismo homeotérmico, i.e., um ser vivo com pode ser utilizada para produzir o deslize dos miofilamentos
temperatura constante, permitindo-lhe funcionar 24h contráteis.
por dia, dado que o funcionamento enzimático está, em
grande medida, dependente da temperatura corporal. Durante os primeiros segundos de uma atividade
Com efeito, a maioria do ATP gasto no metabolismo muscular intensa (ex: sprint), verifica-se que o ATP se
humano visa manter estável a temperatura corporal e não mantém a um nível relativamente constante, enquanto
apenas assegurar energia para a contração muscular, que as concentrações de CP declinam de forma sustentada á
representa apenas uma das vertentes da utilização desta medida que este último composto se degrada rapidamente
molécula energética. Um exemplo do que afirmamos, para resintetizar o ATP gasto. Quando finalmente a
pode facilmente ser constatado meramente observando exaustão ocorre, os níveis de ambos os substratos são
o aumento da temperatura corporal que ocorre num bastante baixos, sendo então incapazes de fornecer
indivíduo que realiza exercício e que resulta do fato dessa energia que permitam assegurar posteriores contrações e
tarefa implicar uma maior degradação de ATP, logo uma relaxamentos das fibras esqueléticas ativas. Deste modo,
inevitável formação acrescida de calor, conduzindo à a capacidade do ser humano em manter os níveis de
ativação dos mecanismos homeotérmicos de regulação ATP durante o exercício de alta intensidade à custa da
localizados no hipotálamo. energia obtida da CP é limitada no tempo. Segundo vários
autores, as reservas de ATP e CP podem apenas sustentar
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Sistema Cardiorrespiratório
as necessidades energéticas musculares durante sprints acúmulo de ácido lático. Por este motivo, as modalidades
de intensidade máxima até 15s. No entanto, dados mais que envolvem este tipo de esforços são habitualmente
recentes sugerem que a importância do sistema aláctico se denominadas de láticas, dado que a produção de energia
situa para além dos 15s, tendo sido sugerido que continua no músculo resulta do desdobramento rápido dos hidratos
a ser o principal sistema energético mesmo para esforços de carbono (HC) armazenados, sob a forma de glicogênio,
máximos com uma duração até 30s. em ácido lático, um processo anaeróbio que decorre
no citosol das fibras esqueléticas e que se designa por
Convirá ainda referir que, em situações de forte depleção glicólise. Este processo, consideravelmente mais complexo
energética, o ATP muscular pode ainda ser resintetizado, do que o relativo ao primeiro sistema energético, requer
exclusivamente a partir de moléculas de ADP, através de um conjunto de reações enzimáticas para degradar o
uma reação catalisada pela enzima mioquinase (MK). No glicogênio a ácido lático. Deste modo, é possível converter
entanto, na maioria das reações energéticas celulares rapidamente uma molécula de glicose em 2 de ácido lático,
ocorre apenas a hidrólise do último fosfato do ATP, sendo formando paralelamente ATP, sem necessidade de utilizar
bastante mais raras as situações em que ocorra a quebra O2.
do segundo fosfato. Alático significa que não produz ácido
lático. Este sistema energético permite formar rapidamente
uma molécula de ATP por cada molécula de ácido lático,
A via anaeróbica lática ou seja, estes compostos são produzidos numa relação de
1:1.
A via anaeróbia lática é a aceleração específica da via
glicolítica, com liberação de ácido lático, que é a molécula Por este motivo, um corredor de 400m deve procurar
de piruvato modificada. A vantagem da via lática é ser desenvolver o mais possível no processo de treino tanto
mais potente, mas possui como desvantagem a produção a capacidade para formar ácido lático, quanto a de correr
de ácido lático, após alguns segundos. Há mecanismos a velocidades elevadas tolerando acidoses musculares
que inibem a via glicolítica, como a acidose intramuscular. extremas, uma vez que o pH muscular pode descer de
O lactato é reaproveitado pelo organismo; entretanto, o 7.1 para 6.5 no final de um sprint prolongado. De fato, as
H+ livre no músculo provoca acidose muscular, causando maiores concentrações sanguíneas de lactato observadas
dor e queimação. A acidose também inibe a ligação entre em atletas de elite, tem sido precisamente descritas em
o cálcio e a tropomiosina, ou seja, há inibição do próprio especialistas de 400-800m, que atingem frequentemente
mecanismo de contração. A duração é intermediária: mais lactacidemias na ordem das 22-23mmol/l.
de 10 segundos e menos de 2 minutos; para durar mais
de 2 minutos, deve-se baixar a intensidade, passando a Existem dois grandes reservatórios de glicogênio,
ser aeróbio. um no fígado e outro no músculo esquelético. O fígado
representa o maior reservatório, em termos relativos, e o
A subida de alguns lances de escada pode ser músculo o maior reservatório, em termos absolutos.
considerada como uma atividade que demanda a via
anaeróbica lática. A glicólise é, por definição, a degradação anaeróbia
(decorre no citosol) da molécula de glicose até ácido
pirúvico ou ácido lático e é um processo muito ativo no
Glicólise (Sistema Anaeróbio Lático)
músculo esquelético, razão pela qual é frequentemente
designado por tecido glicolítico. Em particular, os músculos
Os esforços de intensidade elevada com uma duração
dos velocistas apresentam uma grande atividade glicolítica,
entre 30s e 1min – por ex: resistência de velocidade, tais
pelo fato de possuirem uma elevada percentagem de
como uma corrida de 400m, ou uma prova de nado de
fibras tipo II (fibras de contração rápida) com elevadas
100m livres - apelam a um sistema energético claramente
concentrações deste tipo de enzimas. Com efeito, a
distinto, caracterizado por uma grande produção e
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Sistema Cardiorrespiratório
glicólise é a principal fonte energética nas fibras tipo II Vários autores consideram que, do ponto de vista
durante o exercício intenso. A título de exemplo, durante energético, os esforços contínuos (cíclicos) situados entre
uma corrida de 400m cerca de 40% da energia produzida 1 e 2min são assegurados, de forma semelhante, pelos
é resultante da glicólise. No entanto, as quantidades sistemas anaeróbio (fosfagênios e glicólise) e aeróbio, o
significativas de ácido lático que se vão acumulando no que significa que cerca de metade do ATP será produzido
músculo durante este tipo de exercício, provocam uma fora da mitocôndria e o restante no seu interior.
acidose intensa (libertação de H+) que conduz a uma
fadiga progressiva. Este último fenômeno resulta de No entanto, nos esforços de duração superior a 2min,
alterações do ambiente fisico-químico dentro da fibra, a produção de ATP é já maioritariamente assegurada pela
nomeadamente da diminuição do pH, o que acaba por mitocôndria, pelo que esses esforços são denominados
bloquear progressivamente os próprios processos de de oxidativos ou, simplesmente, aeróbios. Com efeito,
formação de ATP na fibra esquelética. a produção de energia aeróbia na célula muscular é
assegurada pela oxidação mitocondrial dos HC (glucose)
A via aeróbia e dos lipídios (AG), sendo pouco significativo o contributo
energético proveniente da oxidação das proteínas
A via aeróbia envolve a via glicolítica, formando ácido (aminoácidos).
pirúvico que passa pela mitocôndria, ciclo de Krebs e
cadeia respiratória. O oxigênio chega como aceptor final Deste modo, as atividades físicas com uma duração
de elétrons para formar água. A molécula de glicose é superior a 2min dependem, absolutamente, da presença
quebrada na via glicolítica, formando 2 moléculas de e utilização do oxigénio no músculo ativo. Adicionalmente,
piruvato, com 3 carbonos. No final, a molécula de glicose também a recuperação após exercício fatigante é,
libera água e CO2, lembrando uma reação inversa da essencialmente, um processo aeróbio, uma vez que
fotossíntese. sensivelmente o ácido lático produzido durante o exercício
de alta intensidade é removido por oxidação, enquanto os
A desvantagem da via aeróbia é a sua lentidão, sendo restantes 25% sofrem gliconeogênese, voltando a formar
dependente de várias enzimas, de oxigênio e da passagem glicose.
de piruvato para dentro da mitocôndria. Para funcionar
efetivamente, demora de 1 a 2 minutos. Os exercícios Como já foi referido, no interior da fibra muscular
tipicamente aeróbios são de longa duração e intensidade esquelética existem organelas especializadas designadas
moderada. Uma corrida ou pedalada longas podem ser por mitocôndrias que são responsáveis pelo catabolismo
consideradas como exercícios aeróbios. aeróbio dos principais compostos provenientes da
alimentação, pelo consumo de oxigênio na fibra e
pela homeostasia das concentrações celulares de ATP-
Oxidação (Sistema Aeróbio)
CP. O termo oxidação refere-se à formação de ATP na
mitocôndria na presença de oxigénio, i.e., à formação de
energia aeróbia. Energia aeróbia significa a energia (ATP)
derivada dos alimentos através do metabolismo oxidativo.
Contrariamente à glicólise, que utiliza exclusivamente
HC, os mecanismos celulares oxidativos que decorrem na
mitocôndria permitem a continuação do catabolismo dos
HC (a partir do piruvato), bem como dos AG (lipídios) e
dos aminoácidos (proteínas).
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Sistema Cardiorrespiratório
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Sistema Cardiorrespiratório
O American College of Sports Medicine (ACSM) elaborou 800m a produção de energia é assegurada em partes
um conjunto de Diretrizes para o desenvolvimento sensivelmente iguais pelos sistemas aeróbio e anaeróbios,
e manutenção da aptidão cardiorrespiratória e da enquanto numa corrida de 1500m a participação aeróbia
composição corporal em adultos saudáveis, que inclui sobe para cerca de 67% relativamente à anaeróbia (23%
entre 3-5 sessões semanais de atividade física aeróbia da glicólise e 10% dos fosfagênios).
em que sejam recrutadas, de forma contínua, grandes
grupos musculares. Já em relação à composição corporal, É claramente visível que os fosfagênios representam o
se um dos seus objetivos for, por exemplo, perder peso principal sistema energético para esforços de intensidade
mobilizando as suas reservas de triglicerídeos (TG) máxima até 30s. Já a glicólise assume o papel preponderante
armazenadas no tecido adiposo, os dados das Diretrizes nos esforços máximos entre 30s e 1min, produzindo cerca
sugerem como preferencial a utilização de exercícios de 40% da energia total dispendida. A oxidação passa a
prolongados de intensidade baixa ou moderada. Com assegurar mais de 50% do dispêndio energético quando
efeito, a taxa máxima de oxidação dos AGL plasmáticos os esforços têm uma duração superior a 2min.
é atingida com exercícios aeróbios (como correr, pedalar
ou remar) realizados a uma intensidade correspondente a Mas, independentemente da contribuição energética
cerca de 40%VO2max e realizados durante o maior tempo de cada sistema, esta pode variar em função do tempo
possível (>30min). de competição, a ideia a reter é a de que todos os
sistemas energéticos participam sempre integradamente
Uma frequência respiratória e cardíaca muito e nunca de forma isolada. Um exemplo do que foi
elevadas estão normalmente associadas ao exercício de afirmado, é a constatação de que mesmo numa prova de
características acentuadamente anaeróbias. Portanto, se velocidade pura, como é o caso dos 100m rasos, cerca
o seu objetivo prioritário é diminuir a sua percentagem de 5% do ATP é produzido mitocondrialmente. Um outro
de massa de gordura, não se esqueça de que o exercício aspecto fundamental, é a compreensão de que os vários
moderado e prolongado constitui a melhor forma de sistemas apresentam potências energéticas distintas, i.e.,
atingir esse objetivo, isto, evidentemente, para além de capacidades diferenciadas para formar ATP por unidade
inúmeros outros benefícios que lhe trará tanto no aspecto de tempo (kcal/min). Com efeito, o primeiro sistema
cardiovascular quanto no psicológico. apresenta mais do dobro da potência da glicólise e quase
quatro vezes a potência da oxidação, razão pela qual é
Funcionamento integrado dos sistemas o preferencialmente utilizado nos esforços de intensidade
máxima e de curta duração.
energéticos
O sistema dos fosfagênios apesar de ser o mais
Um aspecto fundamental na bioenergética, é a
potente é o de menor capacidade, enquanto se verifica
compreensão do funcionamento integrado dos sistemas
exatamente o oposto relativamente à oxidação. Já
em termos de participação energética nos vários tipos
quando nos referimos à capacidade de cada sistema (kcal
de atividade física. Efetivamente, a ação destes sistemas
disponíveis), temos de ter em consideração as reservas
ocorre sempre simultaneamente, embora exista a
energéticas que cada sistema disponibiliza. Deste modo,
preponderância de um determinado sistema relativamente
apesar do primeiro sistema ser claramente o mais potente,
aos outros, dependendo de fatores como a intensidade e a
i.e., o que mais rapidamente permite resintetizar ATP, é
duração do esforço, a quantidade das reservas disponíveis
também, simultaneamente, o de menor capacidade, uma
em cada sistema, as proporções entre os vários tipos
vez que as reservas de CP são extremamente limitadas.
de fibras e a presença de enzimas específicas. A título
Comparativamente com o sistema oxidativo, verifica-se
meramente ilustrativo, gostaríamos de referir que, por
exatamente o oposto, dado que apesar de ser o menos
exemplo, numa corrida de 100m planos, sensivelmente
potente, é o que claramente apresenta maior capacidade,
80% do ATP produzido vem da degradação da CP, 15%
em grande medida devido às enormes reservas de
da glicólise e 5% da oxidação. Já numa corrida de
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Sistema Cardiorrespiratório
triglicerídeos existentes no tecido adiposo, que constituem receptores de dor, promovendo náusea e desorientação,
um substrato energético quase inesgotável para a oxidação diminuindo a afinidade do O2 pela hemoglobina e também
mitocondrial. No entanto, embora as mitocôndrias sejam, a taxa de lipólise adiposa.
indiscutivelmente, em termos absolutos, o principal local
Felizmente que tanto as células quanto os fluídos
de formação de energia na célula, estas organelas não
corporais, possuem tampões, como o bicarbonato (HCO3-
conseguem dar resposta às necessidades energéticas
) ou as proteínas celulares, que minimizam os efeitos
musculares durante os esforços de intensidade máxima
do H+. Sem estas substâncias tampão, a liberação e
com uma duração até 1min, precisamente devido à sua
acúmulo de hidrogênios baixaria o pH para cerca de 1.5,
baixa potência em termos formação de ATP.
matando as células. Deste modo, por causa da capacidade
de tamponamento do organismo, a concentração de H+
Em termos gerais, as reservas de lipídios superam em
permanece baixa, mesmo durante o exercício de alta
mais de 60 vezes as reservas de glicogênio e em cerca de
intensidade, embora se verifique uma queda do pH desde
6 vezes as de proteínas. Assim, cada sistema apresenta
o valor de repouso de 7.1, até ao valor de exaustão situado
uma série de condicionalismos específicos que limitam o
entre 6.4-6.6. A maior parte dos pesquisadores tem uma
seu papel enquanto fonte energética, circunscrevendo-o
opinião concordante quanto ao fato da diminuição do
a determinados tipos de atividade física para os quais
pH muscular, que se verifica durante o exercício de curta
surgem como os mais adequados. Nesta perspectiva, o
duração e de intensidade máxima, ser o principal limitador
primeiro sistema é claramente limitado pelas escassas
da performance e a principal causa de fadiga neste tipo
reservas musculares de CP, o que acaba por delimitar o
de esforço. No entanto, após um sprint prolongado até
seu papel aos esforços máximos até 30s. Durante um
à exaustão, o restabelecimento total do pH muscular de
sprint prolongado até à exaustão, as concentrações de ATP
volta aos valores de repouso requer apenas 30-35min de
mantêm-se relativamente estáveis até aos 10s (quebra
recuperação, sensivelmente o mesmo tempo que leva à
de apenas 15-20% nos 2s iniciais), momento a partir do
lactacidemia a voltar aos níveis de pré-exercício.
qual quebram acentuadamente, sensivelmente quando a
depleção da CP atinge 75-85% dos valores de repouso.
Quanto ao sistema oxidativo, os seus principais fatores
No entanto, convém referir que, mesmo em condições
limitantes são, por um lado, a capacidade de transporte
extremas de exercício, nunca se verifica uma depleção total
de O2 para os músculos ativos (fatores centrais) e, por
do ATP, isto apesar de já terem sido descritas diminuições
outro, a extração de O2 que ocorre nesse tecido (fatores
de 30-40% nas suas concentrações musculares. Já, em
periféricos). Com efeito, a possibilidade humana de
contraste, é possível verificar-se uma depleção quase
desenvolver esforços prolongados está diretamente
completa das reservas de CP no final de um Sprint.
relacionada com a capacidade do metabolismo oxidativo,
habitualmente expressa pelo consumo máximo de oxigénio
O segundo sistema apresenta como principal fator
(VO2max), parâmetro que corresponde à máxima taxa a
limitativo a acidose celular que resulta da produção e
que o oxigênio pode ser captado e utilizado durante um
rápida dissociação do ácido lático, um produto secundário
exercício de grande intensidade que se prolongue, mais
inevitável da atividade da própria glicólise. Com efeito,
ou menos, no tempo. O caminho que o oxigênio percorre
este é um dos ácidos mais fortes produzido no nosso
desde o ar atmosférico até à mitocôndria é constituído por
organismo e, como se dissocia rapidamente, liberta uma
uma série de etapas, cada uma das quais pode representar
grande quantidade de hidrogênios (H+) que induzem
um potencial fator condicionante do fluxo de oxigênio.
fadiga, principalmente pelo fato de inibirem a PFK
(fosfrutoquinase), a principal enzima alostérica no controle
Assim, a taxa de oxidação muscular pode ser limitada
da glicólise. No entanto, os efeitos da diminuição do pH
tanto por fatores centrais (capacidade de difusão pulmonar
são múltiplos e não se limitam apenas ao bloqueio da
ao O2, débito cardíaco máximo e capacidade sanguínea de
glicólise, interferindo igualmente com a contração muscular
transporte do O2) quanto periféricos (relacionados com
(deslocando o Ca2+ da troponina C), estimulando os
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Sistema Cardiorrespiratório
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Sistema Cardiorrespiratório
passa a ser prioritariamente assegurado pela mobilização quando este diminui durante a contração muscular. Esta
dos AGL (apenas a baixas intensidades) e pelo glicogênio reserva de O2 é utilizada durante a transição de repouso
hepático. Nesta perspectiva, os eventos de endurance e a para exercício, providenciando O2 para a mitocôndria. Os
qualidade da performance são fortemente condicionados estudo permitiram concluir que:
pela depleção seletiva do glicogênio nas fibras musculares
ativas. (1) durante o exercício realizado até 50%VO2max,
os níveis plasmáticos de AGL aumentam continuamente,
O treino de longa duração aumenta a capacidade indicando a sua mobilização acrescida;
muscular de oxidação do piruvato e dos AGL, através
do aumento da densidade mitocondrial, do aumento da (2) a intensidades superiores a 65%VO2max, em que o
atividade e concentração das enzimas oxidativas, bem como lactato sanguíneo aumenta e o pH diminui, a degradação
da capilarização da musculatura treinada. Estes tipos de lipídica começa a ser inibida;
adaptações musculares, conjuntamente com uma elevada
percentagem de fibras tipo I e os aumentos observados na (3) o exercício intenso (>85%VO2max) é suportado
concentração da LDH-H com este tipo de treino, permitem predominantemente pelos HC, enquanto o exercício de
explicar a capacidade elevada destes atletas para remover baixa intensidade (25%VO2max) mobiliza, essencialmente,
o lactato do organismo. Adicionalmente, se considerarmos lipídios );
que vários estudos sugerem que este tipo de treino
pode ainda diminuir, de forma acentuada, a produção (4) a cerca de 65%VO2max a relação de utilização dos
de lactato, por diminuição da concentração de algumas lipídios e dos HC equilibra-se.
enzimas glicolíticas (ex: PFK e LDH-M), então começa a
ser possível entender como os maratonistas de elite são
capazes de correr mais de 2h a velocidades superiores
a 20km/h e com lactacidemias próximas dos valores de
repouso (entre 2-3mmol/l). Este tipo de treino parece
igualmente aumentar o conteúdo muscular de mioglobina,
facilitando o transporte do oxigênio da membrana celular
até às mitocôndrias.
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Sistema Cardiorrespiratório
O que determina a fibra ser do tipo I ou tipo II é como correr ou pedalar, necessita da produção de
sua inervação, logo, isso é determinado geneticamente, energia pelos músculos estimulados, ou seja, aumento na
porém, a mudança de II-A para II-B e vice-versa é degradação do ATP (adenosina trifosfato) e a resíntese
bastante plástica e dependente de treinamento físico. Se do mesmo. Se a demanda não é atingida ocorre a fadiga
um indivíduo treina aerobiamente, as fibras do tipo II-B muscular. Em qualquer atividade física que ocorre em
se tornam II-A, pois se tornam mais parecidas com as do tempo superior a alguns min., a energia é fornecida pelo
tipo I. Se o treino é anaeróbio, as fibras do tipo II-A se sistema aeróbio, ou seja, utiliza o oxigênio para degradar
Todos os músculos do organismo possuem proporções que são fornecidas durante a contração muscular e a
diferentes de fibras, dependo da ação dos mesmos. O utiliza na resíntese do ATP, ou seja, na fosforilação do ADP.
músculo, quando adaptado ao treinamento aeróbio utiliza Esse processo necessita da liberação de oxigênio para
melhor a reserva energética. Um aumento na captação ativar as fibras musculares e também da disponibilidade
de oxigênio do sangue e alterações no metabolismo de nutrientes (carboidratos e ácidos graxos) para manter
energético, contribuem para a melhoria do desempenho o consumo do oxigênio. Esses combustíveis devem estar
melhorado também pelo aumento do débito cardíaco O oxigênio é captado pelo músculo através do fluxo
e outras alterações que não estão correlacionadas sanguíneo e se difunde dos capilares para a mitocôndria
As adaptações musculares são induzidas especificamente A produção de energia pode ser interrompida se ocorrer
nos grupos musculares exercitados. Essas adaptações são uma diminuição no fornecimento de combustível ou então,
mantidas quando a atividade é contínua, porém quando se ocorrer diminuição nas reações de oxi-redução a nível
tal fato não ocorre, ela é desativada. Tanto a intensidade celular. Os exercícios de resistência provocam adaptações
como a duração são fatores determinantes nas adaptações musculares que controlam o fornecimento de energia. As
Por outro lado, a adaptação do músculo ao exercício aumentar a velocidade das trocas entre os capilares e as
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valor registrado no ponto de descompensação respiratória, É viável e sensato que exista flexibilidade durante a
evitando assim, que o exercício seja realizado em acidose aplicabilidade dessas porcentagens na prescrição de
metabólica descompensada. No programa de prevenção exercício, no que se refere à condições gerais de saúde
e reabilitação cardiovascular oferecida pela Unidade de do indivíduo (cardiovascular, muscular, osteo-articular,
Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do psicossomáticas e outras). Vale lembrar que o custo/
Instituto do Coração, a prescrição de exercício é realizada benefício da prevenção e reabilitação cardiovascular
numa intensidade entre o limiar anaeróbio e 10% abaixo deve obedecer muita mais a adesão desse paciente ao
do ponto de descompensação respiratória. Na falta de uma programa, conseguida através do prazer em realizar o
avaliação ergoespirométrica, entre 50 e 80% da frequência exercício físico.
cardíaca de reserva (FCres).
Ainda com relação à frequência cardíaca, quando a As sessões de condicionamento físico são realizadas
resposta ao teste for isquêmica (teste positivo), deve- de forma coletiva, mas com prescrições individualizadas.
se considerar como frequência cardíaca máxima, o valor Elas são divididas em turmas com frequência semanal de
registrado no estágio de positivação, para evitar que o duas ou três sessões. As sessões possuem a duração de
indivíduo treine acima do limite de isquemia. 60 minutos e são divididas em 4 partes distintas:
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a) aquecimento – (duração 5 a 10 minutos) consta podem ser instrumentos que contribuem para realçar o
de exercícios envolvendo grandes grupos musculares desempenho após um treinamento de semanas ou meses.
realizados com intensidade progressiva;
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