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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 a 6 de setembro de 2010

Jornalismo Esportivo e Visibilidade Midiática: o caso Messi 1

Paula Arantes Martins.


Universidade Federal de Uberlândia- UFU 2
Adriana Cristina Omena dos Santos,
Univ. Federal de Uberlândia – UFU3

Resumo: O artigo discorre sobre a agenda midiática, em particular no jornalismo


esportivo e aborda, para a análise, material jornalístico acerca do atacante argentino
Lionel Messi. Através de pesquisa documental e análise crítica foi possível perceber
indícios de agendamento que fomentaram um alto grau de visibilidade, através de
reportagens, comentários, etc., fato que pode ser diagnosticado como uma possível
estratégia de marketing e um dos responsáveis por colocar o nome do jogador na agenda
midiática esportiva internacional.

Palavras-chave: Marketing, visibilidade midiática, jornalismo esportivo.

A agenda midiática e a visibilidade


O conceito de agendamento foi proposto por McCombs e Shaw em 1972,
quando observavam s o poder e à capacidade simbólica dos meios de comunicação de
massa de influenciar e determinar o grau de atenção que o público dedica aos mais
diversos temas. Fica clara essa relação quando os autores afirmam que
em conseqüência da ação dos jornais, da televisão e de outros meios de
informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça
ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas
têm tendência para incluir ou excluir dos seus conhecimentos aquilo que
os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo (SHAW,
1979, p.96).
Para Thompson (2008), “Conquistar visibilidade pela mídia é conseguir um
tipo de presença ou de reconhecimento no âmbito público que pode servir para chamar a
atenção para a situação de uma pessoa ou para avançar a causa de alguém”. Por isso, o
sentido que os indivíduos dão ao que é produzido pela mídia varia de acordo com a
formação e as condições sociais de cada um, de tal maneira que a mensagem pode ser

1
Trabalho apresentado na Divisão Temática DT 06 – Interfaces Comunicacionais da Intercom Júnior – Jornada de
Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação.
2
Estudante de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia. E-mail:
paulaarantesmartins@yahoo.com.br
3
Professora do curso de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Mestre e Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes
da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e-mail: omena@fafcs.ufu.br

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entendida de várias maneiras em diferentes contextos. Por isso, em cada âmbito que os
meios de comunicação atuam, existe uma agenda de preocupações. Segundo Molotch e
Lester 1974/1993 (apud TRAQUINA, ano) “toda a gente precisa de notícias. Na vida
quotidiana, as noticias contam-nos aquilo que nós não assistimos diretamente e dão
como observáveis e significativos happenings que seriam remotos de outra forma” (pág.
34).
Para Wolf (2003, p. 195 e 196), “a noticiabilidade é constituída pelo
complexo de requisitos que se exigem para os eventos – do ponto de vista da estrutura
nos aparatos informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas –, para
adquirir a existência pública de notícia. (...) a noticiabilidade corresponde ao conjunto
de critérios, operações e instrumentos com os quais os aparatos de informação
enfrentam a tarefa de escolher cotidianamente, de um número imprevisível e indefinido
de acontecimentos, uma quantidade finita e tendencialmente estável de notícias.”
Logo, para Hohlfeldt (ano), a hipótese da agenda-setting ocorre quando há
Acumulação, consonância, onipresença, relevância, frame temporal, time lag,
centralidade, tematização, saliência, focalização e é exatamente o que ocorreu com
Lionel Messi. O fluxo de informações sobre ele é muito grande, as notícias estão sempre
em evidência e por um grande período de tempo, ganhando relevância, hierarquia e
significado. Dessa maneira, as pessoas estão sempre vendo e ouvindo informações sobre
o jogador, fazendo com o nome Messi seja lembrado constantemente.
Thompson (1998) propõe que através da mídia os acontecimentos ganham
visibilidade na ausência de indivíduos co-presentes. As formas de ação e interação
criadas pela mídia são classificadas pelo autor como relações de “quase-interação
mediada”. Nesse tipo de interação, as formas simbólicas são produzidas para um
número indefinido de receptores e o fluxo da comunicação predominante é de sentido
único. Não proporciona, portanto, o grau de reciprocidade proporcionado pela interação
face a face, mas se configura como uma forma de interação. Dessa maneira o público
formado pelos leitores dos jornais constitui-se em um “público sem um lugar”
(THOMPSON, 2002). Para o autor tal público é
[...] definido não pela existência ou possibilidade de uma
interação face a face, mas pelo fato de que seus membros tinham
acesso ao tipo de publicidade que se tornou possível graças à
palavra impressa. Agora se podia tomar conhecimento de ações
e eventos através da leitura sem um intercambio dialógico dos
atos de fala. (THOMPSON, 1998, p.115).

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Neste contexto, a visibilidade alcançada seja por indivíduos ou por situação


específica é disponibilizada na mídia seja na forma de artigos, crônicas, reportagens ou
sondagens de opinião. Tal fato serve para evidenciar, ainda mais, a necessidade de uma
reflexão mais aprofundada acerca dos assuntos envolvidos.
Outro ponto que pode ser levado em consideração ao se observar o
agendamento e a visibilidade midiática é o se chama na Comunicação por Teoria dos
usos e gratificações – relativiza o poder dos meios de com. sobre a sociedade. Pessoas
usam os meios porque têm necessidades a satisfazer e são gratificadas por isso.
Usos e Gratificações - Uma outra perspectiva de exposição, já com elevado
conteúdo teórico, é a perspectiva dos “usos e gratificações” cujo interesse está no
entendimento da decisão do receptor de escolher o meio e o conteúdo da comunicação.
O escopo da teoria reside no entendimento e na explicação do por quê um indivíduo
opta por passar horas do seu dia diante da TV, ouvindo o rádio ou lendo um jornal. Por
que o indivíduo voluntariamente decide ser um receptor em vez de engajar-se em outra
atividade alternativa? Em suma, esta teoria ocupa-se de compreender os fatores que
levam o receptor até os meios de comunicação e até os conteúdos que escolhe.
A teoria é uma das mais recentes e das mais promissoras e se baseia nos
seguintes fundamentos:
1. O receptor é ativo e busca os meios de comunicação e os conteúdos que
melhor atendam às suas necessidades e desejos.
2. Os motivos que levam à escolha de meios e conteúdos estão sujeitos a
inúmeras influências psicológicas, sociais, ambientais e conjunturais.
3. A exposição aos meios compete com outras formas potencialmente capazes de
satisfazer (gratificar) aos mesmos motivos. O indivíduo poderá escolher expor-se aos
meios ou procurar outras formas de gratificação não relacionadas aos meios de
comunicação. Ou seja, a exposição aos meios é um ato intencional, não casual.
Finalizar com um argumento |SEU..... já levando para o jornalismo esportivo.

Algumas particularidades do jornalismo esportivo


Talvez o fato de ser praticado com os pés é o que faz do futebol um
espetáculo a parte. Praticado com os membros menos hábeis do corpo, o jogador que
tem um bom domínio de bola, ou aquele que executa o chute ‘de três dedos’, como se

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diz na técnica, consegue realizar dribles de deixar qualquer torcedor incrédulo. Desde
um bom cruzamento até aquele gol que entra ‘na gaveta’, é inacreditável a habilidade
que certos jogadores têm. É nesse sentido que o argentino Lionel Andrés Messi tem se
destacado na mídia, especialmente nos últimos dois anos, pelo excelente futebol
apresentado.
Um esporte que exige, além de talento, raciocínio. O bom jogador vai além
dos belos lances e gols: ele consegue enxergar o jogo e, dependendo da posição técnica,
até armar jogadas que possibilitem o gol. A palavra espetáculo, então, é justificada de
forma precisa por Souza, quando afirma que: “Uma terceira dimensão do futebol, que
pode ser observada tanto no seu entendimento como esporte, como no seu entendimento
como jogo, é a dimensão do espetáculo. De fato, o futebol deve ser também definido
como um espetáculo (esportivo, ritualístico, dramático etc), o que possibilita a sua
apropriação cultural das mais diversas formas. O futebol é, portanto um esporte, um
jogo e um espetáculo.” (SOUZA, 2010)
Esporte, porque é uma atividade física com regras pré-estabelecidas; jogo,
pois equipes se enfrentam em um campo delimitado e um espetáculo, pois em uma área
que varia entre 100mx64m até 120mx90m, acontecem partidas históricas. De simples
amistosos à tão aclamada Copa do Mundo, os melhores são chamados de ‘craques’,
recebem salários milionários, entretêm milhões de pessoas e ganham prêmios e
reconhecimento por isso.
No esporte, espetáculo vem acompanhado de emoção. Em partidas que
envolvem duas grandes equipes como Brasil e Argentina, onde há uma rivalidade, a
torcida sofre, se alegra, vibra, grita e expressa das mais variadas formas:
“A emoção é a própria alma do esporte. Ela está nos olhos do jogador que
faz o gol do título, na decepção da derrota, nas piscinas, quadras e pistas. Em nenhuma
outra área do jornalismo a informação e o entretenimento estão tão próximos”
(BARBEIRO; RANGEL, 2010) (pág. 45)
Conforme Vogel: "quanto maior for a rivalidade entre dois times, ou seja
quanto mais elevado seja o status dos oponentes, tanto mais fortes serão as expectativas,
e, portanto as torcidas e as emoções do espetáculo" (VOGEL, 1982, p. 80).
Neste contexto do jornalismo esportivo destaca-se o Messi, atacante do
XXXXX, que nos últimos tempos, tem se destacado no futebol internacional e, por
conseqüência, no jornalismo esportivo, daí o motivo de ser ele o objeto de estudo do
presente artigo.

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A visibilidade midiática do fenômeno Messi


O atacante Lionel Messi tem se destacado seja pela história de vida, seja
pelo talento. Seu primeiro contato com a bola foi aos cinco anos. Aos onze, teve um
problema hormonal diagnosticado que impedia seu crescimento ósseo, ou seja, seu
desenvolvimento, e possivelmente a carreira como jogador, estava comprometida. O
alto custo do tratamento, que consistia em injeções diárias, obrigou o pai do jogador a
tentar parcerias com os clubes de futebol interessados em contratá-lo. Após várias delas,
frustradas, a ajuda veio da Europa.
O Barcelona Futebol Clube, equipe espanhola, assumiu a
responsabilidade(de que???). Isso aconteceu devido ao talento do garoto que
impressionou, o então técnico dos juniores e ex-jogador do clube, Carles Rexach. Com
o tratamento viabilizado, Messi pôde continuar a jogar futebol, o que resultou na sua
contratação. Após passar por todas as categorias de base do clube e atuar em apenas
cinco partidas pelo Barcelona ‘B’, o canhoto foi integrado ao time principal na
temporada 2003-2004, com apenas dezessete anos.
De lá pra cá, o argentino vem apresentando um bom futebol sempre que
entra em campo, transformando a regularidade em uma de suas maiores características.
Somente em 2009 ele conquistou o Campeonato Espanhol, a Copa do Rei, a Supercopa
da Espanha, a Supercopa da Europa, a Liga dos Campeões e o Campeonato Mundial de
Clubes. Foi eleito pela Uefa (Union of European Football Associations) o melhor
jogador do ano na Europa e também o melhor atacante. Em novembro, foi premiado
com a Bola de Ouro - prêmio da revista francesa "France Football", sendo o primeiro
argentino a conquistá-la e, em dezembro, foi eleito o melhor jogador do mundo pela
Fifa (Fédération Internationale de Football Association).
Os jornais mencionam seu nome toda semana. Na TV, seus gols são
repetidamente transmitidos, na internet são constantemente clicados e nos blogs, que
permitem certa ‘tietagem’, os autores não se cansam de elogiá-lo. O jogador tem
recebido bastante atenção da imprensa especializada, mas porque isso acontece? Quais
são os motivos que levam Messi a ser destaque? É partir da tentativa de compreender ‘o
caso Messi’ que surge a necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto.
A visibilidade alcançada pelo jogador, causada pela boa fase que o argentino
passou na temporada 2009-2010, desencadeou inúmeras matérias nos jornais impressos,

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telejornais, mas, sobretudo na internet. Tal situação evidencieou a necessidade de uma


análise mais detalhada. Para tal propósito foi desenvolvida uma pesquisa documental
através dos textos publicados.
Diante de tal propósito foi desenvolvida uma pesquisa descritiva
documental, que através de dados colhidos da realidade descreve o resultado da
realidade observada e analisada. O recorte utilizado na ánalise selecionou, devido à
visibilidade obtida na imprena, textos publicados nos sites UOL, Lancenet! e os jornais
Folha de S. Paulo e El País, da Espanha.
As matérias localizadas foram coletadas e arquivadas em um clipping, que
recebeu tratamento analítico tendo como técnica metodológica a Análise de Conteúdo
de Bardin (1977), técnica utilizada para o tratamento de dados brutos de comunicações
(sejam entrevistas, mensagens ou documentos em geral) nas ciências sociais,
especialmente nas pesquisas qualitativas.
São essencialmente duas as funções da análise de conteúdo, funções estas
que podem coexistir de maneira complementar. Primeiramente, tem como objetivo
enriquecer a pesquisa exploratória, aumentando a propensão à descoberta e
proporcionando o surgimento de hipóteses quando se examinam mensagens pouco
exploradas anteriormente. A outra função é de administração da prova, ou seja, funciona
como um teste para a verificação de hipóteses, apresentadas sob a forma de questões ou
de afirmações provisórias (BARDIN, 1977 apud OMENA, 2006).
A análise de conteúdo foi organizada em três grandes fases: pré-análise,
exploração do material e tratamento dos resultados (a inferência e a interpretação). A
pré análise é a fase de organização do material, da escolha dos documentos que foram
submetidos à análise, da formulação dos objetivos da pesquisa e dos indicadores que
fundamentaram a interpretação final. Com o intuito de compreender as idéias que
permeavam os textos selecionados foram estabelecidas as seguintes categorias de
análise: data, fonte (veículo em que foi publicado o texto), título da matéria, principal
assunto(s) abordado(s) e posicionamento.
Desde as primeiras publicações a comentar o longa metragem, em meados
de setembro/2007, até os recentes comentários sobre a premiação com o Leão de Ouro
no Festival de Berlim, o filme já objeto de aproximadamente 30 reportagens, artigos ou
notas e foi capa de todas as revista analisadas.
De acordo com a pesquisa, a visibilidade midática obtida pelo filme está
primeiramente relacionada ao escândalo político, que publicizou o tema e provocou uma

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resposta do público. Foram encontrados, contudo, outros motivos que favoreceram a


visibilidade midiática, sendo os mais encontrados:
Durante a análise várias reportagens chamaram a atenção, inclusive as que
apresentavam indices realcionados com a Pirataria e o sucesso que o filme alcançou.
Em uma das matérias analisadas o próprio diretor do filme comenta tal situação, pois
segundo o autor, quando receberam os resultados de uma pesquisa feita pelo Ibope na
semana passada, os produtores de Tropa de Elite encontraram ali um número animador:
35% dos entrevistados declararam que pretendem assistir ao filme no cinema – o que
equivaleria a algo como 22 milhões de indivíduos. Outro número contido na pesquisa,
porém, é ainda mais assombroso.
Na reportagem citada o autor afirma que mais de 11 milhões de pessoas
haviam visto o filme, embora ele tivesse estreado há dias apenas. Como? Segundo o
autor, em cópias ou downloads piratas, claro. Para ilustrar sua afirmação apresenta
afala do dirtetor José Padilha ao contar que "Na primeira batida policial, foram
apreendidos milhares de DVDs. No dia seguinte, os camelôs voltaram às ruas
alardeando 'o filme que a polícia quer proibir'. Venderam o dobro (apud BOSCOV,
2007). Segundo o autor o diretor José Padilha afirmou ter levado "um banho de
criatividade" do comércio ilegal, o qual, a esta altura, já fez de Tropa de Elite um
sucesso também nas ruas de Moçambique, Angola e Portugal.
Outro ponto muito abordado nas matérias analisadas foi o fato de trazer o
consumidor para o centro do problema das drogas e da criminalidade, bem como o
embate ideológico que se seguiu à tal abordagem pelo filme (AZEVEDO, 2007).
Embora o filme apenas escancare os problemas sociais que o brasil enfrenta e o fato
óbvio de que existe relação entre tais fenônemos, boa parte da imprensa não aceitou o
assunto de maneira tranquila e o filme, que já tinha uma grande visibilidade midiática
devido ao fator “pirataria”, ganhou inúmeras matérias e capas de revista apresentando
defensores de cada dos lados de tal embate ideológico.
Será difícil provar, numa breve análise, se entre as estratégias inovadoras de
que fala um dos produtores envolveu a pirataria do filme. O que foi possível verificar é
que tal fenômeno está bastante relacionado com a visibilidade alcançada pelo filme,
bem como com os resultados que o mesmo vem recebendo no meio cinematográfico, a
exemplo da premiação em Berlim.

Considerações Finais

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Após a análise de inúmeras reportagens acerca do assunto foi possível perceber


que vários autores concordam em um ponto: “a pirataria transformou o filme num
fenômeno”. Cabe ressaltar, no entanto, que tal fato desencadeou tantas discussões, com
as mais diferentes abordagens, que em várias matérias analisadas não se encontrava
informações acerca da trama propriamente dita.
Diante da análise crítica do filme “Tropa de Elite” e do material selecionado
para análise, é possível inferir que a visibilidade midiática alcançada pelo filme
aparentemente serviu para reforçar o fascínio paradoxal do consumir pela violência e
justiça a qualquer preço.
No filme percebe-se o escândalo político, que foi também um dos fatores da
visibilidade alcançada, quando a Polícia Militar usa o poder de coerção para conseguir
benefícios próprios, tais como o uso do “arrego” (dinheiro que os traficantes usam para
subornar policiais), que é a transgressão do poder, caracterizando o escândalo político,
sustentado pela teoria de coerção de Thompson (1998).
A apresentação deste lado coercitivo do sistema militar foi mostrada de forma
inédita pela indústria cinematográfica nacional gerando polêmica e incentivando a
proliferação de cópias pirateadas do longa metragem, dando-lhe assim, um alto grau de
visibilidade e a conquista do Urso de Ouro na 58ª edição do Festival de Berlim.

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Referências

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(Último acesso em 11/04/2010)
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OMENA dos Santos, Adriana C. A digitalização da TV no Brasil: A opinião pública da
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Doutorado em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicação e Artes da Universidade
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RUÓTULO, A . C. Audiência e recepção: perspectivas. Comunicação e Sociedade: Identidades
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em 11/04/2010)
SOUZA, Marcos Alves de. A “nação em chuteiras”: raça e masculinidade no futebol brasileiro.
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THOMPSON, Jonh. B. O escândalo político: poder e visibilidade na era mídia. 2002.
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THOMPSON, John B. A nova visibilidade. In: MATRIZes, revista do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo. Ano 1, n.2 (jan-jun
2008) – São Paulo: ECA/USP: 2008.
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VOGEL, Arno. O Momento Feliz, Reflexões Sobre o Futebol e o Ethos Nacional. In:
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