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INSTITUTO D E G E O C I Ê N C I A S E C I Ê N C I A S E X A T A S
RIO CLARO
2021
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Câmpus de Rio Claro
Orientador
Prof. Dr. João Peres Vieira
Rio Claro
2021
Lins, Diego Galvão
L759i Uma introdução aos espaços vetoriais topológicos / Diego Galvão
Lins. -- Rio Claro, 2021
79 p.
In this work we studied topological vector spaces and their properties. For this we
use as main references [1] and [2]. The first one is more focused on the study of General
Topology and the second on the study of Topological Vector Spaces, that is, vector spaces
equipped with a topology so that the addition and scalar multiplication are continuous.
We observed that in this topology, every topological vector space can be seen as a uniform
space, every translation is a homeomorphism and has a neighborhood base of 0.
Introdução 15
1 Pré-requisito 17
1.1 Conjuntos e Ordens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.1 Relação de equivalência e Conjunto Quociente . . . . . . . . . . . . 17
1.1.2 Famílias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.3 Ordens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1.4 Filtros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2 Topologia Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2.1 Topologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2.2 Continuidade e convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.3 Comparação entre topologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2.4 Subespaços, Produtos, Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2.5 Axiomas de separação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.6 Espaços Uniformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.2.7 Métrica e Espaços Metrizáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.2.8 Espaços Compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.2.9 Grupo topológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3 Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.1 Espaços Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.2 Subespaços e Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3.3 Transformações Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.3.4 Espaços vetoriais sobre corpos valorados . . . . . . . . . . . . . . . 35
3 Conclusão 77
Referências 79
Introdução
15
1 Pré-requisito
Este capítulo apresenta definições e propriedades fundamentais para uma boa com-
preensão de um espaço vetorial topológico, divididas em três seções: conjuntos e ordens,
topologia geral e álgebra linear.
1. xRx (reflexiva);
1.1.2 Famílias
Definição 1.4. Se A é um conjunto não vazio e X é um conjunto, uma função
A −→ X
α 7−→ x(α)
é chamada uma família de X. Escreve-se neste caso xα para x(α) e denota-se a família
por {xα : α ∈ A}.
N −→ R
1
n 7−→ x(n) =
n
n o
é uma família de R denotada por 1
n
:n∈N .
17
18 Pré-requisito
1.1.3 Ordens
Definição 1.6. Uma estrutura de ordem sobre um conjunto X é uma relação binária
R sobre X, usualmente denotada por 6, a qual é:
Reflexiva: ∀x ∈ X, x 6 x;
Antissimétrica: Se x 6 y e y 6 x, então x = y;
Transitiva: Se x 6 y e y 6 z, então x 6 z.
Exemplo 1.7. A relação x menor do que ou igual a y, denotada por x ≤ y, sobre
o conjunto dos números reais R dá uma estrutura de ordem sobre R, pois é reflexiva,
antissimétrica e transitiva.
Definição 1.8. Um conjunto X dotado com uma estrutura de ordem 6, usualmente
denotado por (X, 6), é denominado um conjunto ordenado.
Exemplo 1.9. (R, ≤) é um conjunto ordenado.
Definição 1.10. Seja (X, 6) um conjunto ordenado. Um subconjunto A de X é limitado
superiormente em X se existe a0 ∈ X tal que a 6 a0 para qualquer a ∈ A; a0 ∈ A é
dito limitante superior de A em X.
Exemplo 1.11. O subconjunto [0, 1) do conjunto ordenado (R, ≤) é limitado superior-
mente em R por 1 ∈ R, pois a ≤ 1 para todo a ∈ [0, 1). Assim, 1 é um limitante superior
de [0, 1) em R. Note que qualquer número real a0 ≥ 1 também será um limitante superior
de [0, 1) em R.
Definição 1.12. Um elemento x ∈ X é dito máximo de X se y ≤ x para todo y ∈ X.
Exemplo 1.13. Como ([0, 1] , ≤) é um conjunto ordenado e a ≤ 1 para todo a ∈ [0, 1],
então 1 ∈ [0, 1] é um elemento máximo de [0, 1].
Observação 1.14. Se x é máximo de X, então x 6 y em X implica x = y. De fato,
como x ≤ y em X e y ≤ x e (X, ≤) é um conjunto ordenado segue pela propriedade
antissimétrica que y = x.
Definição 1.15. Seja (X, 6) um conjunto ordenado, não vazio. X é dito dirigido sob
6 se todo subconjunto {x, y} possui um limitante superior. Se x0 ∈ X, o subconjunto
{x ∈ X : x0 6 x} é chamado uma seção de X (mais precisamente, uma seção de X ge-
rada por x0 ). Uma família {yα : α ∈ A} é dita dirigida se A é um conjunto dirigido. As
seções de uma família dirigida, são as subfamílias {yα : α0 6 α}, para qualquer α0 ∈ A.
Exemplo 1.16. O conjunto ordenado (R, ≤) é dirigido sob a relação ≤, pois todo sub-
conjunto {x, y} possui um limitante superior. O subconjunto [1, ∞) de R é uma seção de
R. A família {α2 : α ∈ R} é dirigida desde que R é um conjunto dirigido. As subfamílias
{α2 : b ≤ α}, para todo b ∈ R são as seções da família dirigida {α2 : α ∈ R}.
1.1.4 Filtros
Definição 1.17. Seja X um conjunto. Uma coleção F de subconjuntos de X é chamada
um filtro sobre X se satisfaz os seguintes axiomas:
1. F 6= ∅ e ∅ ∈
/ F;
Conjuntos e Ordens 19
2. F ∈ F e F ⊂ G ⊂ X ⇒ G ∈ F;
3. F ∈ F e G ∈ F ⇒ F ∩ G ∈ F.
1. X ∈ F, pois A ⊂ X, logo F =
6 ∅e∅∈ / F, pois ∅ não contém nenhum subconjunto
não vazio de X. Em particular ∅ não contém A, do contrário A = ∅ o que é um
absurdo.
2. Se F ∈ F e F ⊂ G ⊂ X, então ∅ =
6 A ⊂ F . Logo, ∅ =
6 A ⊂ F ⊂ G ⊂ X, portanto
G ∈ F.
3. Se F ∈ F e G ∈ F, então ∅ =
6 A⊂F e∅=
6 A ⊂ G. Logo, ∅ =
6 A ⊂ F ∩ G, portanto
F ∩ G ∈ F.
1. B 6= ∅ e ∅ ∈
/ B;
Observação 1.20. Note que toda base de filtro B gera um único filtro F sobre X tal
que F ∈ F se, e somente se, existe B ∈ B tal que B ⊂ F .
Com efeito,
1. F 6= ∅, pois ∅ =
6 B⊂F e∅∈
/ F, pois ∅ ∈
/ B.
Exemplo 1.22. Seja A é um subconjunto não vazio de X fixado, então B = {A} é uma
base de filtro. Pela Observação 1.20, B gera um único filtro F sobre X tal que F ∈ F se,
e somente se, A ⊂ F . Em outras palavras, B é uma base do filtro F do Exemplo 1.18.
Definição 1.23. Se F1 ⊂ F2 são filtros sobre X, dizemos que F1 é mais grosso do que
F2 ou que F2 é mais fino que F1 .
é um filtro seção da família dirigida {α2 : α ∈ [0, +∞ [ }, ou seja, B é uma base de filtro
sobre [0, +∞ [ . De fato,
1. B 6= ∅, pois [0, +∞ [ ∈ B e ∅ ∈
/ B, pois cada {α2 : b ≤ α} = [b2 , +∞ [ 6= ∅ para todo
b ∈ [0, +∞ [ .
1. ∅, X ∈ τ ;
n
2. Se U1 , . . . , Un ∈ τ , então Ui ∈ τ ;
\
i=1
λ∈L
i∈I
relação (x ∈ X) e (∀i)((i ∈ I) ⇒ (x ∈ Ai )) é equivalente a x ∈ X.
Logo, sendo τ invariante por interseções finitas e uniões arbitrárias, segue que τ define
uma topologia em X.
Definição 1.32. Um conjunto F ∈ τ é chamado de aberto de X segundo a topologia τ
de X e o complemento desse conjunto, G = X \ F , é chamado de fechado de X segundo
a topologia τ de X.
Definição 1.33. Dado A ⊂ X, o conjunto aberto intA que é a união de todos os subcon-
juntos abertos de X contidos em A, é chamado de interior de A. O conjunto fechado A,
formado pela intersecção de todos os conjuntos fechados de X que contêm A, é chamado
de fecho de A.
Definição 1.34. Um elemento x ∈ intA é chamado ponto interior de A e um elemento
x ∈ A é chamado ponto aderente de A.
Definição 1.35. Sejam X um conjunto e A um subconjunto de X. Um ponto x ∈ X é
chamado ponto de acumulação de A se toda vizinhança V de x contém algum ponto
de A diferente de x.
Definição 1.36. Se A e B são subconjuntos de X, B é denso em relação A se A ⊂ B.
Definição 1.37. Diz-se que um subconjunto A de um espaço topológico X é localmente
fechado em um ponto x ∈ A se existir uma vizinhança V de x em X tal que A ∩ V é
um subconjunto fechado do subespaço V . A é dito ser localmente fechado se é localmente
fechado em cada x ∈ A.
Definição 1.38. Seja X um espaço topológico. Um subconjunto U ⊂ X é uma vizi-
nhança de x ou x-vizinhança se x ∈ intU , e é uma vizinhança de ∅ =
6 A ⊂ X se x ∈ A
implica que x ∈ intU (A ⊂ intU ).
Proposição 1.39. Seja X um espaço topológico. Se A e B são subconjuntos de X, então
int(A ∩ B) = intA ∩ intB.
Demonstração. Sabemos que intA ⊂ A e intB ⊂ B, logo intA ∩ intB ⊂ A ∩ B. Como
intA ∩ intB é um aberto de X e int(A ∩ B) é o maior aberto de X contido em A ∩ B,
segue que intA ∩ intB ⊂ int(A ∩ B). Reciprocamente, como A ∩ B ⊂ A e A ∩ B ⊂ B,
então int(A ∩ B) ⊂ intA e int(A ∩ B) ⊂ intB, respectivamente. Portanto, temos que
int(A ∩ B) ⊂ intA ∩ intB. Logo, int(A ∩ B) = intA ∩ intB.
22 Pré-requisito
Demonstração. De fato,
Proposição 1.46. Para uma bijeção f de um espaço topológico X sobre um espaço topo-
lógico Y ser um homeomorfismo é necessário e suficiente que f seja contínua e aberta.
Topologia Geral 23
Demonstração. De fato,
2. Se V1 , . . . , !
Vn ∈ τb, então g −1 (Vi ) ∈ τ, i = 1, . . . , n. Assim, temos que
n n n
g −1 Vi = g −1 (Vi ) ∈ τ . Logo, Vi ∈ τb.
\ \ \
Observação 1.61. A topologia produto sobre X é a topologia mais grossa para qual
cada projeção fα é contínua. A coleção β de todos os conjuntos α∈A Uα , onde Uα são
Q
Demonstração. Suponha que a = (ai ) pertence ao fecho de i∈I Ai . Então para cada
Q
ponto xi ∈ Ai desde que bi ∈ Ai . Logo, i∈I Oi contém o ponto (xi ) ∈ i∈I Ai , portanto
Q Q
Corolário 1.64. Um produto i∈I Ai de conjuntos não vazios é fechado no espaço produto
Q
Demonstração. Suponha que um filtro F converge para dois pontos distintos x e y. Então,
pela Definição 1.49, F é mais fina do que os filtros de vizinhanças de x e de y. Sejam
U uma vizinhança de x e V uma vizinhança de y tal que U ∩ V = ∅. Logo, U, V ∈ F
e, portanto, por definição de filtro, U ∩ V ∈ F, donde segue que ∅ ∈ F, o que é um
absurdo.
• W −1 = {(y, x) : (x, y) ∈ W };
2. W ∈ B ⇒ W −1 ∈ B;
Nestas condições dizemos que este filtro B define uma uniformidade sobre X, cada
W ∈ B sendo chamado de vizinhança da uniformidade.
Demonstração. De fato,
n
1. Sejam G1 , . . . , Gn ∈ η. Então se x ∈ Gi , segue que existem W1 , . . . , Wn ∈ B
\
i=1
satisfazendo {y : (x, y) ∈ Wi } ⊂ Gi , para i = 1, . . . n, por definição de η.
n n
Logo, W = Wi ∈ B, pois B é um filtro sobre X × X e temos que se x ∈ Gi ,
\ \
i=1 i=1
n n
então {y : (x, y) ∈ W } ⊂ Gi , portanto
\ \
Gi ∈ η.
i=1 i=1
λ∈L
algum λ ∈ L. Assim, existe Wλ ∈ B, satisfazendo {y : (x, y) ∈ Wλ } ⊂ Gλ .
Logo, W = ∈ B, pois Wλ ∈ B e Wλ ⊂ Wλ ⊂ X × X implica
[ [ [
Wλ ∈ B
λ∈L λ∈L λ∈L
conforme item 2. da definição de filtro.
Agora, surge uma pergunta natural: diante do resultado da Proposição 1.74, η é uma
topologia para X?
Com efeito, para verificar que η é uma topologia sobre X, basta mostrar que ∅, X
pertencem à η. Como a sentença x ∈ ∅ é uma sentença falsa e também; existe W ∈ B
satisfazendo {y : (x, y) ∈ W } ⊂ ∅ é uma sentença falsa, pois se ∃W ∈ B satisfazendo
{y : (x, y) ∈ W } ⊂ ∅, então {y : (x, y) ∈ W } = ∅, portanto W = ∅ o que contradiz
Topologia Geral 27
O exemplo a seguir mostra como um corpo escalar K, arbitrário, não discreto, pode
ser dotado com a uniformidade decorrente de seu valor absoluto.
Exemplo 1.77. Seja (K, d) um espaço métrico 1 , onde d : K × K −→ R+ é dada por
d(λ, µ) = |λ−µ|. Se r > 0 e Wr = {(λ, µ) : |λ − µ| < r} ⊂ K×K, então B = {Wr : r > 0}
é uma uniformidade sobre K.
Demonstração. Para B = {Wr : r > 0} definir uma uniformidade sobre K, B deve satis-
fazer a Definição 1.17 e a Definição 1.73. De fato:
1. B 6= ∅, pois W1 ∈ B e ∅ ∈
/ B, pois Wr 6= ∅ para todo r > 0, uma vez que, a diagonal
∆ ⊂ Wr para todo r > 0 (vide item 4. a seguir).
Assim, sup {|λ − µ|; (λ, µ) ∈ Wr1 } ≤ sup {|λ − µ|; (λ, µ) ∈ G}, portanto r1 ≤ r0 .
Por outro lado, como Wr1 ⊂ G, se (λ, µ) ∈ Wr1 , r1 é um limitante superior para
|λ − µ|, portanto r0 ≤ r1 . Logo, r0 = r1 e daí se (λ, µ) ∈ G, então |λ − µ| ≤ r0 = r1 ,
portanto G ⊂ Wr1 ou G ⊂ G − Wr1 . Mas, G ⊂ G − Wr1 ⇒ Wr1 ⊂ G − Wr1 o que é
um absurdo. Portanto, G ⊂ Wr1 e como Wr1 ⊂ G segue que G = Wr1 ∈ B.
3. Wr1 ∈ B e Wr2 ∈ B ⇒ Wr1 ∩ Wr2 ∈ B. Com efeito, se (λ, µ) ∈ Wr1 ∩ Wr2 , então
|λ − µ| < r1 e |λ − µ| < r2 . Assim, considerando r = mín {r1 , r2 }, mostremos que
Wr1 ∩ Wr2 = Wr ∈ B. De fato, se (λ, µ) ∈ Wr , |λ − µ| < r e como r = min {r1 , r2 }
segue que |λ−µ| < r1 e |λ−µ| < r2 , logo (λ, µ) ∈ Wr1 ∩Wr2 . Logo, Wr ⊂ Wr1 ∩Wr2 .
Para a recíproca, temos três casos a considerar:
a) r1 < r2 : neste caso, r = r1 e Wr1 ∩ Wr2 ⊂ Wr1 = Wr .
b) r2 < r1 : neste caso, r = r2 e Wr1 ∩ Wr2 ⊂ Wr2 = Wr e
c) r1 = r2 : neste caso r = r1 = r2 e Wr1 ∩ Wr2 = Wr ∩ Wr ⊂ Wr .
Portanto, Wr1 ∩ Wr2 = Wr ,, onde r = mín {r1 , r2 }.
Observação 1.90. Um produto de espaços uniformes é completo se, e somente se, cada
fator é completo.
Teorema 1.93. Seja X um espaço uniforme. Então existe um espaço uniforme Haus-
dorff completo X̃ e uma aplicação uniformemente contínua ι : X −→ X̃ com a seguinte
propriedade:
Notamos também os fatos abaixo que podem ser encontrados em [[1], Proposition 12
and Corollary, p. 194]
Definição 1.98. Se X é um espaço uniforme dotado com a métrica d, então o par (X, d)
é chamado de espaço métrico.
(1) (λ + µ) + β = λ + (µ + β);
(4) λ + µ = µ + λ;
(8) Se λ, µ ∈ K e λµ = 0, então λ = 0 ou µ = 0;
(1) (x + y) + z = x + (y + z);
(2) x + y = y + x;
Álgebra Linear 33
(2) xb ⊕ yb = x + y + M = y + x + M = yb ⊕ xb.
(6) (λ + µ) xb = (λ + µ)x + M = λx + µx + M = λx
\ + µx = λx c = λx
c ⊕ µx b.
b⊕µx
(8) 1 xb = 1x
c =x
b, onde 1 é o elemento identidade de K.
1. |λ| = 0 ⇔ λ = 0;
2. |λ + µ| 6 |λ| + |µ|;
3. |λµ| = |λ||µ|.
A função
K×K −→ R+
(λ, µ) 7−→ |λ − µ|
é uma métrica sobre K.
O corpo K dotado com essa métrica e correspondente uniformidade (veja Exemplo
1.77 e Observação 1.78) é chamado um corpo valorado. O corpo valorado K é chamado
não discreto se sua topologia não é discreta (equivalentemente, se a imagem de λ 7−→ |λ|
é distinta de {0, 1}). Um corpo valorado não discreto é necessariamente infinito.
Seja L um espaço vetorial sobre um corpo valorado K não discreto.
|λ|≤1
que contém F . Como F = 1F , temos que F ⊂ λF e se |µ| 6 1, então µ λF =
[ [
|λ|≤1 |λ|≤1
λF desde que |µλ| = |µ||λ| 6 1 sempre que |µ| ≤ 1 e |λ| 6 1.
[ [
µλF ⊂
|λ|≤1 |λ|≤1
Definição 1.134. O corpo valorado não comutativo dos quatérnios, consiste dos elemen-
tos da forma a + bi + cj + dk com a, b, c e d números reais com adição + definida por
(a1 + bi + cj + dk) + (a0 1 + b0 i + c0 j + d0 k) = (a + a0 )1 + (b + b0 )j + (c + c0 )j + (d + d0 )k,
multiplicação · definida por (a1 + bi + cj + dk) · (a0 1 + b0 i + c0 j + d0 k) = (aa0 − bb0 − cc0 −
dd0 )1 + (ab0 + ba0 + cd0 − c0 d)i + (ac√0
+ a0 c + db0 − d0 b)j + (ad0 + da0 + bc0 − b0 c)k e norma
definida por ka1 + bi + cj + dkk = a2 + b2 + c2 + d2 .
2 Espaços Vetoriais Topológicos
E1 ) A função
⊕ : L × L −→ L
(x, y) 7−→ ⊕(x, y) = x + y
é contínua.
E2 ) A função
: K × L −→ L
(λ, x) 7−→ (λ, x) = λ · x
é contínua.
37
38 Espaços Vetoriais Topológicos
L×L
ι / L × (K × L)
idL ×
Lo ⊕
L×L
idL × : L × (K × L) −→ L×L
(x, (λ, y)) 7−→ (x, (λ, y))
Como idL × é contínua, pois idL e são contínuas e ι e ⊕ também o são, segue que
é contínua.
Assim, temos a
Proposição 2.2. Todo evt L é um grupo topológico comutativo com relação a operação
adição.
3. As funções a seguir:
s : L × L −→ L
(x, y) 7−→ x + y
e
o : L −→ L
x 7−→ −x
são contínuas.
3. Como s : (x, y) 7−→ x + y, para todo (x, y) ∈ L × L temos que s = ⊕ que é contínua
e o = ◦(φ, idL ), onde φ : L −→ K é dada por x 7−→ −1 e idL é a função identidade
de L e (φ, idL ) : L −→ K × L é dada por x 7−→ (φ(x), idL (x)) = (−1, x). Assim,
o = ◦ (φ, idL ) é contínua, como composta de funções contínuas.
Logo, todo evt L é um grupo topológico comutativo com relação à operação adição.
Observação 2.3. Um evt (L, τ ) geralmente será denotado por L(τ ), ou simplesmente
por L se a topologia de L não precisar de notação especial.
Topologias de Espaço Vetorial 39
é um homeomorfismo de L para L.
U ∈U
de vizinhança de x para cada x ∈ L, pois h : L −→ L, y 7−→ −y + x é um
homeomorfismo, portanto é uma aplicação contínua e aberta de L sobre L. Assim,
qualquer base U do filtro de vizinhanças de 0 ∈ L é transformada por h numa base
h(U) = {h(U ) = x − U : U ∈ U} do filtro de vizinhanças de x ∈ L. Portanto, se
x ∈ B, sempre existe u ∈ U tal que x = a + u e isso implica que sempre existe u ∈ U
tal que x − u = a ∈ A, ou seja, cada vizinhança de x intersecta A, portanto x ∈ A.
Logo, B ⊂ A.
0 0
(⇐) Lembrando que A = A ∪ A , onde A é o conjunto dos pontos de acumulação
0
de A, se x ∈ A, então x ∈ A ou x ∈ A . Se x ∈ A, então x = x + 0 ∈ A + U
40 Espaços Vetoriais Topológicos
0
para cada 0-vizinhança U . Se x ∈ A , para cada vizinhança x − U de x ∈ L, existe
a ∈ A tal que a ∈ x − U para cada 0-vizinhança U , portanto x ∈ A + U para cada
0-vizinhança U . Logo, x ∈ B = ∩ {A + U : U ∈ U}. Portanto, A ⊂ B.
iv) Se A, B são subconjuntos fechados de L, tal que, todo filtro de A tem um ponto
aderente (em particular, tal que A é compacto), então A + B é fechado em L.
Demonstração. Mostremos que para cada x0 ∈ / A+B, existe uma 0-vizinhança U tal
que (x0 −U )∩(A+B) = ∅, ou equivalentemente, pelo Lema 2.5, (B +U )∩(x0 −A) =
∅. Se isso não fosse verdade, então a interseção (B +U )∩(x0 −A) formaria uma base
filtro de x0 − A (conforme U percorre uma 0-vizinhança base em L). Pela hipótese
de A, essa base filtro teria um ponto aderente z0 ∈ x0 − A, com x0 − A contida em
B + U = U ∈U B + U + U , portanto contida em B + U + U , ∀U . Desde que, por
T
λA = λ A+U = λA + λU ⊂ A + λU.
\ \ \
U ∈U U ∈U U ∈U
Note que na demonstração acima usamos repetidamente o fato que em um evt, cada
translação x 7−→ x + x0 é um homeomorfismo (que é um caso especial de i)).
Proposição 2.8. Uma topologia τ sobre um espaço vetorial L sobre K satisfaz os axiomas
E1 e E2 da Definição 2.1 se, e somente se, τ é translação-invariante e possui uma base
de vizinhança de 0, B, com as seguintes propriedades:
De fato, como U é radial, existe ν0 ∈ K tal que todo subconjunto finito A de L está
contido em νU sempre que |ν| ≥ |µ0 |. Assim, tomando = |ν01|+1 > 0, temos que se
|λ − λ0 | ≤ , então λ−λ
1
0
≥ |ν0 | + 1 > |ν0 |. Então para A = {x0 } ⊂ L segue que
{x0 } ⊂ λ−λ0 U e daí (λ − λ0 )x0 ∈ U .
1
A família {V : > 0} é uma base de vizinhança de 0 para uma única topologia sob
a qual K[t] é um evt.
Note que a Proposição 2.11 mostra que todo espaço vetorial topológico de Hausdorff
é um espaço topológico regular.
Além disso, veremos na próxima proposição que todo evt é uniformizável, portanto,
todo evt de Hausdorff é completamente regular.
Definição 2.13. Uma uniformidade sobre um espaço vetorial L é chamada translação-
invariante se possui uma base R tal que (x, y) ∈ N é equivalente a (x + z, y + z) ∈ N
para cada z ∈ L e cada N ∈ R.
Proposição 2.14. A topologia de um evt qualquer L pode ser obtida de uma única unifor-
midade translação-invariante R. Se B é uma base qualquer de vizinhanças de 0, a família
NV = {(x, y) ∈ L × L : x − y ∈ V } , V ∈ B é uma base para R.
Demonstração. Seja (L, τ ) um evt com um base B de vizinhanças de 0. Os conjuntos
NV , V ∈ B formam uma base de filtro sobre L × L (basta notar que para NV1 , NV2 , com
V1 , V2 ∈ B temos NV1 ∩V2 ⊂ NV1 ∩ NV2 ) que é uma base para a uniformidade translação-
invariante R (basta notar que se (x, y) ∈ NV , V ∈ B, então (x + z, y + z) ∈ NV para
cada z ∈ L e para cada NV ∈ R, pois x + z − y − z = x − y ∈ V ) produzindo a
topologia τ de L. Se R1 é uma outra uniformidade com essas propriedades, existe uma
base M de R1 , consistido de conjuntos translação-invariantes, e tal que os conjuntos
UM = {x − y : (x, y) ∈ M } com M ∈ M formam uma base de vizinhança de 0 para τ .
Desde que UM ⊂ V implica M ⊂ NV e vale a recíproca, segue que R = R1 .
O fato de existir uma única uniformidade translação-invariante do qual a topologia de
um evt pode ser obtida, é de importância considerável na teoria de tais espaços (como é
para grupos topológicos), desde que conceitos de uniformidade podem ser aplicados sem
ambiguidade para subconjuntos arbitrários A de um evt L. A uniformidade pretendida
é, sem exceção, aquela induzida sobre A ⊂ L pela uniformidade R da Proposição 2.14.
Por exemplo:
Exemplo 2.15. Um subconjunto A de um evt L é completo se, e somente se, todo filtro
de Cauchy em A converge para um elemento de A.
Exemplo 2.16. A é semi-completo (ou sequencialmente completo) se, e somente se, toda
sequência de Cauchy em A converge para um elemento de A.
Proposição 2.17. Um filtro F em A é um filtro de Cauchy se, e somente se, para cada
0-vizinhança V ⊂ L, existe F ∈ F tal que F − F ⊂ V .
Demonstração. Um filtro F em A é um filtro de Cauchy se, para cada vizinhança de
uniformidade W , existe F ∈ F tal que F × F ⊂ W . Assim, para W = NV , existe F ∈ F
tal que F × F ⊂ NV , onde V ∈ B com B sendo uma base de vizinhanças de 0 em L.
Como F × F ⊂ NV , então para todo par (x, y) ∈ F × F , temos (x, y) ∈ NV . Logo,
x − y ∈ F − F ⇒ x − y ∈ V , então F − F ⊂ V .
Para a recíproca, basta mostrar que para cada vizinhança da uniformidade NV existe
F ∈ F tal que F ×F ⊂ NV . De fato, para cada par (x, y) ∈ F ×F temos, por hipótese, que
existe F ∈ F tal que F − F ⊂ V , portanto x − y ∈ V . Logo, (x, y) ∈ NV e F × F ⊂ NV .
uma base qualquer de vizinhanças de 0 em L. Uma condição equivalente é que para cada
x ∈ L, x 6= 0, existe uma 0-vizinhança U tal que x ∈ U .
(⇐) Da Proposição 2.14, a topologia de L pode ser obtida de uma única uniformidade
translação-invariante R e se B é uma base qualquer de vizinhanças de\0, a família NV =
{(x, y) ∈ L × L : x − y ∈ V } , V ∈ B é uma base para R. Assim, NV = ∆, pois,
NV ∈R
por definição de NV , temos que ∆ ⊂ NV , V ∈ B e daí ∆ ⊂ NV . Por outro lado, se
\
\ NV ∈R
(x, y) ∈ NV , então x − y ∈ V, V ∈ B. Logo, x − y ∈ V = {0} por hipótese, assim
\
NV ∈R V ∈B
x = y, donde segue que (x, y) ∈ ∆ e então NV ⊂ ∆. Logo, pela Definição 1.80, a
\
NV ∈R
uniformidade translação-invariante R é de Hausdorff, portanto L é um espaço de Hausdorff
uniforme. Da Proposição 2.19 segue que L é um espaço topológico de Hausdorff.
Proposição 2.21. Seja L um evt de Hausdorff sobre K. Existe um evt de Hausdorff com-
pleto L̃ sobre K contendo L como um subespaço denso; L̃ é único a menos denum isomor-
o
fismo. Além disso, para qualquer 0-vizinhança base B de L, a família M = V : V ∈ B
de fechos de L̃ é uma 0-vizinhança base de L̃.
Demonstração. Pelos Teorema 1.93, Proposição 1.95 e Proposição 1.96, existe um espaço
uniforme Hausdorff completo L̃ que contém L como um subespaço denso e é único a menos
de um isomorfismo uniforme ι : L −→ L̃. Note que (x, y) 7−→ x + y é uniformemente
contínua de L × L em L̃, e para cada λ ∈ K fixado, x 7−→ λ · x é uniformemente contínua
de L em L̃; Logo, essas aplicações possuem únicas extensões contínuas ⊕ ˜ e˜ (de fato
uniformemente contínuas) de L̃ × L̃ e L̃, respectivamente, com valores em L̃. Note que
essas extensões tornam L̃ num espaço vetorial sobre K. Antes de mostrar que o espaço
uniforme L̃ é um evt sobre K, vamos provar a segunda afirmação. Como {NV : V ∈ B}
é uma base da uniformidade R de L (notação como na Proposição 2.14), os fechos NV
desses conjuntos em L̃ × L̃ formam uma base da uniformidade R̃ de L; afirmamos que
NV = NV para todo V ∈ B. De fato, se (x̃, ỹ) ∈ NV , então x̃ − ỹ ∈ V , desde que
46 Espaços Vetoriais Topológicos
⊕α : Lα × Lα −→ Lα
(xα , yα ) 7−→ xα + yα
Portanto, como pα é contínua segue que pα ◦ ⊕ é contínua como composta das funções
contínuas ⊕α e pα × pα .
Assim, se α Oα é um aberto básico da topologia produto τ de L, então como
Q
em L × L, portanto ⊕ é contínua.
Também temos que a função
α : K × Lα −→ Lα
(λ, xα ) 7−→ λxα
−1 ( α Oα ) = (idK × pα )−1 (−1
α (Oα )), idK × pα é contínua e α é contínua, segue que
Q
injetora.
4) Como L é o espaço gerado pelos subespaços Mi (i = 1, . . . , n), então Ψ é sobrejetora.
A função ui : x 7−→ xi é chamada a projeção de L em Mi associada com esta decompo-
sição. Se cada ui é visto como um endomorfismo de L, isto é,
ui : x = xi 7−→ xi = 0 + · · · + 0 + xi + 0 + · · · + 0
X
i
com xi na i-ésima posição, tem-se as relações ui uj = δij ui i, j = 1, . . . , n) e i ui = e,
P
1 i=j
(
onde δij = e “e” é a aplicação identidade, pois e = i ui : x 7→ i xi = x.
P P
0 i 6= j
Observação 2.27. Se (L, τ ) é um evt e L é decomposto algebricamente como acima,
cada uma das projeções ui é uma aplicação aberta de L sobre o evt Mi .
Demonstração. De fato, se G é um subconjunto aberto de L e Ni é o núcleo da fun-
ção ui , então, pela Proposição 2.6, item iii), G + Ni é um aberto de L e ui (G) =
ui (G + Ni ) = (G + Ni ) ∩ Mi , desde que ui (G) = {ui (g) : g ∈ G} = {gi } = {gi + 0} =
{ui (g) + ui (ni ) : g ∈ G e ni ∈ Ni } = {ui (g + ni ) : g ∈ G e ni ∈ Ni } = ui (G + Ni ) e se
x ∈ ui (G + Ni ) ⊂ Mi , então x ∈ Mi e x = ui (g + ni ) = ui (g) + ui (ni ) = ui (g) = gi =
g + (gi − g) ∈ G + Ni , pois ui (gi − g) = ui (gi ) − ui (g) = gi − gi = 0 e portanto gi − g ∈ Ni .
Assim, x ∈ (G + Ni ) ∩ Mi e ui (G + Ni ) ⊂ (G + Ni ) ∩ Mi .
Por outro lado, se y ∈ (G+Ni )∩Mi , então y ∈ (G+Ni ) e y ∈ Mi . Logo, y = g+ni com
g ∈ G e ni ∈ Ni e como y ∈ Mi , então ui (y) = y. Assim, temos que y = ui (y) = ui (g + ni )
com g ∈ G e ni ∈ Ni . Portanto, y ∈ ui (G + Ni ). Logo, (G + Ni ) ∩ Mi ⊂ ui (G + Ni ),
portanto ui (G + Ni ) = (G + Ni ) ∩ Mi .
Logo, ui (G) = (G + Ni ) ∩ Mi com G + Ni aberto em L, ou seja ui (G) é aberto em
Mi , pois a topologia induzida sobre Mi é a imagem inversa da topologia τ pela inclusão
Mi −→ L. Portanto, ui é uma aplicação aberta.
50 Espaços Vetoriais Topológicos
Proposição 1.48).
Observação 2.29. Desde que a função identidade e é contínua em L, a continuidade de
n − 1 destas projeções implicam a continuidade da remanescente.
Definição 2.30. Um subespaço N de um evt L, tal que L = M ⊕ N , é chamado um
subespaço complementar ou suplementar para M ; tais subespaços complementares
não necessariamente existem, mesmo se M for de dimensão finita.
Seja (L, τ ) um evt sobre K, seja M um subespaço de L, e seja φ a aplicação natural
(canônica, quociente) de L sobre L/M - isto é, a aplicação que associa a cada x ∈ L
sua classe de equivalência xb = x + M . A topologia quociente τb é definida como
sendo a topologia mais fina sobre L/M para o qual φ é contínua. Portanto, os conjuntos
[ n o
abertos em L/M são os conjuntos φ(H) = h tais que H + M é aberto em L, pois
b
h∈H
[ n o n o
φ−1 (φ(H)) = = b )
φ−1 ( h = {h + m} = H + M é aberto em
[ [ [
φ−1 h
b
h∈H h∈H h∈H m∈M
L.
Desde que G + M é aberto em L sempre que G o é (Proposição 2.6, item iii)), φ(G)
é aberto em L/M para todo aberto G ⊂ L. Logo, φ é uma aplicação aberta. Segue que
φ(B) é uma 0-vizinhança base de L/M para toda 0-vizinhança base B de L.
Como, pela Proposição 2.6 item i), todas as translações em L/M são homeomorfismos,
então τb é translação-invariante.
Desde que φ é linear, τb é translação-invariante e φ(B) satisfaz as condições 1), 2) e 3)
da Proposição 2.8 se estas condições são satisfeitas por B, segue que (L/M, τb) é um evt
sobre K denominado o espaço quociente de (L, τ ) sobre M .
Lema 2.31. Para um espaço vetorial topológico L ser Hausdorff, é necessário e suficiente
que o conjunto {0} seja fechado em L.
Demonstração. Suponha que L seja Hausdorff e que {0} = 6 {0}, isto é, existe x 6= 0
pertencendo ao {0} ⊂ L. Como L é Hausdorff, existem Ux e U0 vizinhanças de x e 0,
respectivamente, tais que Ux ∩ U0 = ∅. Mas como x, 0 ∈ {0}, Ux ∩ {0} =
6 ∅ e U0 ∩ {0} =
6 ∅,
donde segue que 0 ∈ Ux ∩ U0 , o que é um absurdo, portanto {0} = {0} e {0} é fechado
em L.
Para a recíproca, pela Proposição 2.20, basta mostrarmos que a interseção de todas
as vizinhanças de zero em L é o fecho de {0}. De fato, se x ∈ {U : U ∈ U}, então
T
Espaços Vetoriais Topológicos de Dimensão Finita 51
Lema 2.36. Sejam E, F dois espaços vetoriais topológicos, u uma transformação linear
de E em F . A aplicação u é contínua se, e somente se, u é contínua em 0.
Demonstração. Segue de E2 que λ 7−→ λx0 é contínua para cada x0 ∈ L; além disso,
essa aplicação é um isomorfismo algébrico de K0 sobre L. Pelo Lema 2.36, para ver que
λx0 7−→ λ é contínua, é suficiente mostrar a continuidade desta aplicação em 0L ∈ L.
Seja 0 < < 1. Como K não é discreto, existe λ0 ∈ K tal que 0 < |λ0 | < e, desde que
L é assumido ser Hausdorff, existe uma 0-vizinhança circulada V ⊂ L tal que λ0 x0 ∈ / V.
Portanto, λx0 ∈ V implica |λ| < ; pois se |λ| ≥ > |λ0 |, então |λ|λ|0 | < 1, o que implicaria
λ0 x0 = λλ0 (λx0 ) ∈ V , visto que V é circulado, o que é uma contradição.
Portanto, para todo λx0 ∈ V , temos |λ| < , assim λx0 −→ λ é contínua.
Finalmente, se u é um isomorfismo de K0 sobre L tal que u(1) = x0 , então u é da
forma λ 7−→ λx0 .
Teorema 2.38. Todo evt Hausdorff L de dimensão finita n sobre um corpo valorado
completo K é isomorfo a Kn0 . Mais precisamente, (λ1 , . . . , λn ) 7−→ λ1 x1 + · · · + λn xn é
um isomorfismo de Kn0 sobre L para cada base {x1 , . . . , xn } de L, e todo isomorfismo de
Kn0 sobre L é desta forma.
Demonstração. A prova será feita por indução. A Proposição 2.37 implica que afirmação
é válida para n = 1. Assumamos ser válida para k = n − 1. Se {x1 , . . . , xn } é uma base
qualquer de L, L é a soma direta algébrica dos subespaços M e N com bases {x1 , . . . , xn−1 }
e {xn }, respectivamente. Pela hipótese de indução,
ϕ : Kn−1
0 −→ M, (λ1 , . . . , λn−1 ) 7−→ λ1 x1 + · · · + λn−1 xn−1
é um isomorfismo. Desde que K0 é completo, segue pela Observaçao 1.90, que K0n−1 é
completo, portanto M é completo e desde que L é Hausdorff, segue, pela Observação 1.89,
que M é fechado em L. Pela Proposição 2.32, L/M é Hausdorff e de dimensão 1, pois a
transformação L/M −→ N , m + n + M = n + M 7−→ n é um isomorfismo algébrico.
Logo, pela Proposição 2.37, temos que L/M e N são isomorfos a K0 via as transfor-
mações t : λ (xn + M ) 7−→ λ e u : λ 7−→ λxn , respectivamente, portanto L/M é isomorfo
a N via v =: u ◦ t : λ (xn + M ) 7−→ λxn . Segue, da Proposição 2.34, que L é a soma
direta topológica de M e N : L = M ⊕ N , ou seja,
w : (λ1 , . . . , λn−1 , λn ) 7−→ λ1 x1 + · · · + λn−1 xn−1 + λn xn
é um isomorfismo de Kn0 sobre L, pois w = Ψ ◦ p, onde
Espaços Vetoriais Topológicos de Dimensão Finita 53
M ⊂ V + M ∩ (x + V ) ⊂ V + (x + V ) ⊂ x + V + V ⊂ x + U.
i=1
que λxi ∈ W para todo i e |λ| ≤ 1. Existe n ∈ N para o qual |λn | ≤ |λ|, e
k
(λxi + λW ) ⊂ W + W ⊂ U
[
λn V ⊂ λV ⊂
i=1
Variedades Lineares e Hiperplanos 55
l=1
Denotemos por M o menor subespaço de L contendo todos yl (l = 1, . . . , m) e mostremos
que M = L, o que completará a prova. Assumindo que M 6= L, existe w ∈ L \ M
e n0 ∈ N tal que (w + λn0 V ) ∩ M = ∅, pois M é fechado em L, desde que M é de
dimensão finita, Hausdorff como subespaço de L e, portanto, pelo Teorema 2.38, M é
isomorfo a Kp0 , assim completo; e, pela Observação 1.89, M é fechado em L enquanto
{w + λn V : n ∈ N } é uma vizinhança base de w e w ∈ / M = M . Seja µ qualquer número
em K tal que w + µV intersecta M . Tais números existem, pois, como V é radial, existe
µ ∈ K tal que o subconjunto {y1 − w, . . . , ym − w} de L está contido em λV sempre que
|λ| ≥ |µ|. Assim, {y1 − w, . . . , ym − w} ⊂ µV . Logo, para todo yi , i = 1, . . . , m, temos
que yi ∈ M e como yi = w + (yi − w) e yi − w ∈ µV, i = 1, . . . m, então yi ∈ w + µV , ou
seja, (w + µV ) ∩ M 6= ∅. Defina δ = inf |µ|, então δ ≥ |λn0 | > 0, pois |λn0 | ≤ |µ|, ∀|µ| tal
que (w + µV ) ∩ M 6= ∅, uma vez que se existir µ0 tal que w + µ0 V ∩ M 6= ∅ e |µ0 | < |λn0 |,
então |λ−1n0 µ0 | < 1 e como V é 0-vizinhança circulada λn0 µ0 V ⊂ V , portanto µ0 V ⊂ λn0 V .
−1
Observação 2.56. Dois hiperplanos em L são paralelos se, e somente se, seus subespaços
correspondentes M e N são idênticos.
Definição 2.58. Para qualquer espaço vetorial L sobre K, denotamos por L∗ o dual
algébrico de L, isto é, o espaço vetorial (à direita) (sobre K) de todas as formas lineares
sobre L.
para cada 0-vizinhanças U e W em L. Pela Proposição 2.8, para cada Un, existe V tal que
o
V + V ⊂ U . Assim, B ⊂ B0 + V + V ⊂ B0 + V + V ⊂ B0 + U = x + U : x ∈ B0 .
S
1. Todo subconjunto de A;
2. O fecho A de A;
3. A ∪ B, A + B, e λA para cada λ ∈ K.
Além disso, todo conjunto totalmente limitado é limitado. O conjunto gerado circulado
de um conjunto limitado em L é limitado. Se K é localmente pré-compacto, o conjunto
gerado circulado de todo conjunto totalmente limitado em L é totalmente limitado.
Demonstração. 1. Se A é um subconjunto limitado de L, então todo subconjunto A0 ⊂ A
é limitado, pois para cada vizinhança U de 0, existe λ ∈ K tal que A0 ⊂ A ⊂ λU , desde
que A é limitado. Logo, A0 é limitado.
2. Para cada 0-vizinhança U , temos, pela Proposição 2.11, que U contém uma vizi-
nhança fechada V de 0. Logo, como A é limitado existe λ ∈ K tal que A ⊂ λV , implicando
que A ⊂ λV = λV . Como V é uma 0- vizinhança fechada segue que A ⊂ λV ⊂ λU ,
portanto A é limitado.
3. Para cada 0-vizinhança circulada V , temos, pela Proposição 2.8, que existe uma
0-vizinhança circulada U , tal que U + U ⊂ V . Como A e B são subconjuntos limitados
de L, existem λ1 e λ2 elementos de K tais que A ⊂ λ1 U e B ⊂ λ2 U . Como K não
é discreto, existe λ0 ∈ K tal que |λ0 | > sup(|λ1 |, |λ2 |). Logo, λλ01 < 1 e λλ02 < 1 e
desde que λU percorre todas as vizinhanças de 0 quando U percorre, porque, para todo
λ 6= 0 a aplicação h : L −→ L, x 7−→ λx é um homeomorfismo.
Note que todo subconjunto finito A de L é limitado, pois, pela Proposição 2.8, para
toda vizinhança U de 0 existe uma vizinhança V de 0 radial tal que V ⊂ U . Logo, existe
λ0 ∈ K tal que A ⊂ λV ⊂ λU sempre que |λ| ≥ |λ0 |.
Dada V uma 0-vizinhança circulada, pela Proposição 2.8 existe uma 0- vizinhança
circulada U tal que U + U ⊂ V e se B é totalmente limitado, existe um conjunto finito
B0 ⊂ B tal que B ⊂ B0 + U . Agora, desde que B0 ⊂ B é finito, B0 ⊂ λ0 U , onde podemos
assumir que |λ0 | ≥ 1 desde que U é circulado, então obtemos
B ⊂ λ0 U + U ⊂ λ0 U + λ0 U = λ0 (U + U ) ⊂ λ0 V,
assim B é limitado.
O fato de que o conjunto gerado circulado de um conjunto limitado é limitado segue
de Proposição 2.11. De fato, se A é um conjunto limitado e circA é o conjunto gerado
circulado de A, pela Proposição 2.11, a família de todas as vizinhanças fechadas de 0
forma uma base B de 0, e, pela Proposição 2.8, qualquer vizinhança V ∈ B contém uma
vizinhança circulada U de 0. Então, sendo A limitado, existe λ ∈ K tal que A ⊂ λU .
Mas λU é circulado, pois para todo µ ∈ K, tal que, |µ| ≤ 1, temos que µ(λU ) ⊂ λU .
De fato, se λ = 0, 0U = {0} e para µ ∈ K tal que |µ| ≤ 1 temos µ {0} = {0} ⊂ {0} e
para todo λ ∈ K \ {0}, desde que |µ| ≤ 1, |µλ| = |µ||λ| ≤ |λ|. Assim, µλ
λ
≤ 1, portanto
µλ
λ
U ⊂ U , desde que U é circulado. Logo, µ(λU ) = (µλ)U ⊂ λU para λ ∈ K \ {0}. Assim,
de A ⊂ λU e λU circulado, segue que circ A ⊂ λU ⊂ λV , portanto circ A é limitado.
Para provar a afirmação final é suficiente mostrar (vide Lema 2.67) que o conjunto gerado
circulado de todo subconjunto finito de L é totalmente limitado, desde que K é localmente
pré-compacto. Em vista de 3., é suficiente observar que cada conjunto Sa é totalmente
limitado, onde a ∈ L e S = {λ : |λ| ≤ 1}; mas isto segue de E2 e do fato de S ser pré-
compacto (note que o completamento Se = S, pois S ⊂ Se ⊂ S = S e S é compacto desde
que Ke é localmente compacto (Lema 2.68)). De fato, por E a aplicação (λ, a) 7→ λa
2
é contínua. Mas S × {a} ⊂ K × L é pré-compacto, pois, a menos de um isomorfismo,
o completamento S^ × {a} = Se × {a} (note que {a} ⊂ {a} g ⊂ {a} = {a} desde que L é
Hausdorff), portanto S^ × {a} é compacto, desde que, Se é compacto. Pela Observação 2.65
segue que S × {a} é totalmente limitado e, assim, pela Proposição 2.79 abaixo, segue que
Sa ⊂ L é totalmente limitado. Também, para cada a ∈ L, Sa é circulado, pois se |ρ| ≤ 1,
então ρSa ⊂ Sa desde que para todo λ ∈ S, temos que |ρλ| ≤ 1, portanto ρλ ∈ S.
Assim, se A ⊂ L finito, digamos, A = {a1 , . . . , an }, então A ⊂ Sa1 ∪ · · · ∪ San . Mas
Sa1 ∪ · · · ∪ San é circulado, pois se |µ| ≤ 1, então µ (Sa1 ∪ · · · ∪ San ) ⊂ Sa1 ∪ · · · ∪ San
desde que µλ ∈ S para todo λ ∈ S. Logo, Sa1 ∪ · · · ∪ San é um conjunto circulado que
contém A = {a1 , . . . , an }. Portanto, circ A ⊂ Sa1 ∪· · ·∪San e como por 3., Sa1 ∪· · ·∪San
é um conjunto totalmente limitado segue que circ A é totalmente limitado como um
subconjunto de um conjunto totalmente limitado.
Corolário 2.70. As propriedades de ser limitado e totalmente limitado são preservadas
via a formação de somas e uniões finitas e via dilatações x 7−→ λ0 x + x0 .
Demonstração. A prova será feita por indução finita. De fato, primeiro temos que se
A e B são limitados (totalmente limitados), então A + B é um conjunto limitado (to-
talmente limitado) conforme item 3. da Proposição 2.69. Suponhamos, por hipótese de
indução, que se A1 , . . . , An−1 são conjuntos limitados (totalmente limitados), então a soma
Conjuntos Limitados 61
Exemplo 2.75. circ A = SA, onde S = {λ : |λ| ≤ 1}. De fato, circ A é o menor sub-
conjunto circulado de L que contém A. Como SA é um subconjunto circulado de L que
contém A (A ⊂ SA), pois para todo a ∈ A temos a = 1a, 1 ∈ S e se |λ| ≤ 1, então
λ(SA) ⊂ SA desde que para todo µ ∈ S, tem-se que λµ ∈ S, porque |λµ| = |λ||µ| ≤ 1,
então circ A ⊂ SA. Por outro lado, para todo subconjunto circulado C de L contendo
A, temos que SA ⊂ SC ⊂ C. Em particular, para C = circ A, temos que SA ⊂ circ A.
Portanto, circ A = SA.
Proposição 2.78. Um subconjunto A de um evt L é limitado se, e somente se, para toda
sequência nula {λn } em K e toda sequência {xn } em A, {λn xn } é uma sequência nula em
L.
Proposição 2.79. Sejam L, M evt sobre K e u uma aplicação linear contínua de L sobre
M . Se B é um subconjunto limitado (respectivamente, totalmente limitado) de L, então
u(B) é limitado (respectivamente, totalmente limitado) em M .
é finito) em Lα .
Demonstração. Pela definição de topologia produto, seja V = α Uα uma 0-vizinhança
Q
2.6 Metrizabilidade
Definição 2.85. Um evt (L, τ ) é metrizável se sua topologia τ é metrizável, isto é, se
existe uma métrica em L na qual as bolas abertas formam uma base para τ .
Observação 2.86. A uniformidade gerada por tal métrica não precisa ser translação-
invariante, logo pode ser distinta da uniformidade associada com τ pela Proposição 2.14.
(vide [[2], Exercises 13, p.35])
Definição 2.88. Uma função real x 7−→ |x|, definida em um espaço vetorial L sobre K é
chamada uma pseudo-norma sobre L se satisfaz:
Observação 2.89. Note que (i) implica |x| = | − x|, pois se λ = −1, temos | − x| =
|(−1)x| ≤ |x| e para −x ∈ L e λ = −1, temos |x| = |(−1)(−x)| ≤ | − x|. Logo,
| − x| = |x|. Além disso, por (i), se λ = 0, então |0| = |0x| ≤ |x|, para todo x ∈ L
e por (iii), |0| = 0. Assim, 0 ≤ |x|, para todo x ∈ L. Ainda (i) e (ii) implicam
que ||x| − |y|| ≤ |x − y|, pois de y = x + [−(x − y)] e x = y + (x − y), segue que
|y| = |x + [−(x − y)]| ≤ |x| + | − (x − y)| = |x| + |x − y| e |x| = |y + (x − y)| ≤ |y| + |x − y|,
portanto −|x − y| ≤ |x| − |y| ≤ |x − y|.
Além disso, desde que a métrica d(x, y) = |x − y|, é translação-invariante, ela gera
também a uniformidade do evt. L. De fato, uma pseudo-norma define uma métrica
(x, y) 7−→ |x − y|, pois:
• d(x, y) = 0 se, e somente se, |x − y| = 0 se, e somente se, x − y = 0, por (iii). Assim,
d(x, y) = 0 se, e somente se, x = y.
Agora, como a métrica (x, y) 7−→ |x−y| é uma uniformidade (prova análoga à do Exemplo
1.77 trocando K por L e λ, µ por x, y, respectivamente) e translação-invariante, pois
(x, y) ∈ Wr = {(x, y) : |x − y| < r} é equivalente a (x + z, y + z) ∈ Wr para cada z ∈ L e
cada Wr ∈ B, desde que |(x + z) − (y + z)| = |x − y| para cada z ∈ L. Ela gera também
a uniformidade do evt L (Proposição 2.14).
Observação 2.90. Uma pseudo-norma em L define, via a métrica (x, y) 7−→ |x − y|,
uma topologia τ em L satisfazendo E1 . De fato, para cada U (a + b, r) vizinhança de
⊕(a, b) = a + b tome U (a, r/2) × U (b, r/2) vizinhança de (a, b) em L × L. Então
⊕(U (a, r/2) × U (b, r/2)) = U (a, 2r ) + U (b, 2r ) ⊂ U (a + b, r), dado que
Assim, (a, b) ∈ U (a, 2r ) × U (b, 2r ) ⊂ ⊕−1 (U (a + b, r)). Logo, ⊕−1 (U (a + b, r)) é uma
vizinhança de (a, b) em L×L. Por outro lado, E2 não é necessariamente satisfeita (vide [[2],
Exercises 12b), p.35]). Entretanto, se x 7−→ |x| é uma pseudo-norma em L tal que λn −→ 0
implica que |λn x| −→ 0 para cada x ∈ L e |xn | −→ 0 implica |λn x| −→ 0 para cada λ ∈ K,
então segue de (ii) e da indentidade λx − λ0 x0 = λ0 (x − x0 ) + (λ − λ0 )x0 + (λ − λ0 )(x − x0 )
que a topologia τ definida por x 7−→ |x| satisfaz E2 . De fato,
o que nos mostra que |λx − λ0 x0 | pode ser feito tão pequeno quanto quisermos, tomando
|λ − λ0 | e |x − x0 | suficientemente pequenos, pois neste caso |(λ − λ0 )x0 |, |(λ − λ0 )(x − x0 )|
e |λ0 (x − x0 )| são também suficientemente pequenos. Portanto, (L, τ ) é um evt sobre K.
Teorema 2.91. Um evt de Hausdorff L é metrizável se, e somente se, possui uma base
enumerável de vizinhanças de 0. Neste caso, existe uma função f : x 7−→ |x| de L sobre
R tal que f é uma pseudo-norma e a métrica (x, y) 7−→ |x − y| gera a topologia de L.
Demonstração. Seja {Vn : n ∈ N} uma base de vizinhanças circuladas de 0 satisfazendo
Para cada
X subconjunto finito não vazio H ⊂ N, defina a 0-vizinhança circulada XVH por
VH = Vn (note que VH é circulada, pois para |λ| ≤ 1, temos que λVH = λ( Vn ) =
n∈H n∈H
Vn = VH , desde que Vn , n ∈ H é circulada) e o número real pH por
X X
λVn ⊂
n∈H n∈H
pH = 2−n
. Segue de (2.1) por indução sobre o número de elementos de H ⊂ N que:
X
n∈H
onde n < H significa que n < k para todo k ∈ H. De fato, suponha que H = {n0 } ⊂ N.
Logo, 2−n0 = p{n0 } < 2−n =⇒ log2 (2−n0 ) < log2 (2−n ) =⇒ −n0 < −n =⇒ n < n0 =⇒
n < {n0 } e n < {n0 } =⇒ n < n0 =⇒ n0 = n + r =⇒ Vn0 = Vn+r ⊂ Vn+r + Vn+r ⊂
Vn+r−1 ⊂ · · · ⊂ Vn+2 + Vn+2 ⊂ Vn+1 ⊂ Vn+1 + Vn+1 ⊂ Vn =⇒ Vn0 = V{n0 } ⊂ Vn . Logo,
as implicações p{n0 } < 2−n =⇒ n < {n0 } =⇒ V{n0 } ⊂ Vn , onde n < {n0 } significa que
n < n0 valem para o primeiro passo da indução. Suponha que as implicações pG < 2−n
=⇒ n < G =⇒ VG ⊂ Vn , onde n < G significa que n < k para todo k ∈ G valham
para todo G ⊂ N como k − 1 elementos. Verifiquemos que as implicações valem para
H um conjunto com k elementos. De fato, escreva H = G ∪ {n0 }, onde G ⊂ N tem
k − 1 elementos. Logo, pH < 2−n =⇒ pG + 2−n0 < 2−n =⇒ pG < 2−n e 2−n0 < 2−n =⇒
n < G e n < {n0 } =⇒ n < G ∪ {n0 } = H. Logo, pH < 2−n =⇒ n < H. Agora,
suponha que n < H = G ∪ {n0 }. Então n < k para todo k ∈ G e n < n0 . Assim,
VG = k∈G Vk ⊂ k∈G Vmin G , pois min G ≤ k, ∀k ∈ G. Como n < min G, então min G =
P P
desde que L é Hausdorff (Proposição 2.20) e, portanto, |x| = 0 se, e somente se, x = 0.
Além disso, 2.3 mostra que a família {S : > 0} é uma base de vizinhanças de 0 em
L (Observação 1.20). Desde que a topologia gerada pela métrica (x, y) 7−→ |x − y| é
translação-invariante, ela gera a topologia de L, portanto L é metrizável. Reciprocamente,
se o evt de Hausdorff L é metrizável, então possui uma base enumerável de vizinhanças
de 0. De fato, seja Vn = U (0, n−1 ) = {x ∈ L : d(x, 0) < n−1 } (n ∈ N) uma vizinhança de
0, logo B = {Vn : n ∈ N} é uma base enumerável de vizinhanças de 0 em L, pois:
1. 0 ∈ Vn para cada Vn ∈ B, assim ∅ ∈
/ B e B 6= ∅, porque V1 ∈ B.
2. Se Vn1 , Vn2 ∈ B, então tomando n = max {n1 , n2 }, temos que Vn ⊂ Vn1 ∩ Vn2 ,
conforme Definição 1.19. Isso completa a prova.
Exemplo 2.92. Sejam H = {n0 , n1 , n2 } e K = {n2 , n3 , n4 } subconjuntos finitos de N tais
que pH +pK < 1. Então H \K = {n0 , n1 }, K \H = {n3 , n4 } e J = {n − 1 : n ∈ H ∩ K} =
{n2 − 1}, desde que H ∩K = {n2 }. Tome M = H \K ∪K \H ∪J = {n0 , n1 , n3 , n4 , n2 − 1},
então pM = pH + pK e VH + VK ⊂ VM . De fato,
1. Primeiro observemos que se pH + pK < 1, então n2 ≥ 2 e
pH + pK = 2−n + 2−n
X X
n∈H n∈K
= 2−n0 + 2−n1 + 2−n2 + 2−n2 + 2−n3 + 2−n4
= 2−n0 + 2−n1 + 2.2−n2 + 2−n3 + 2−n4
= 2−n0 + 2−n1 + 2(1−n2 ) + 2−n3 + 2−n4
= 2−n0 + 2−n1 + 2−(n2 −1) + 2−n3 + 2−n4
= 2−n 0
+ 2−n1 + X
2−n3 + 2−n4X+ 2−(n2 −1)
= 2−n + 2−n + 2−n
X
2.
VH + VK = Vn +
X X
Vn
n∈H n∈K
= Vn0 + Vn1 + Vn2 + Vn2 + Vn3 + Vn4
= Vn0 + Vn1 + Vn3 + Vn4 + Vn2 + Vn2
0 + Vn1 + VX
⊂ VnX n3 + Vn4 +XV(n2 −1) (2.1)
= Vn + Vn + Vn
n∈H\K n∈K\H n∈J
= VM
Observação 2.93. Segue da prova do Teorema 2.91 que sobre todo evt não Hausdorff
L sobre K possuindo uma base enumerável de vizinhanças de 0, existe uma função real
satisfazendo as propriedades (i), (ii) da Definição 2.88.
Observação 2.94. Se L é um evt metrizável sobre K e se f : x 7−→ |x| é uma pseudo-
norma gerando a topologia de L, então f é uniformemente contínua. De fato, como pela
Observação 2.89, ||x| − |y|| ≤ |x − y|, então tomando = δ, temos que |x − y| < δ implica
||x|−|y|| ≤ |x−y| < δ = . Assim, possui uma única extensão contínua, f˜ : x̃ 7−→ |x̃|, para
o completamento L̃ de L (Teorema 1.93). Devido à Proposição 2.21, podemos concluir
que essa extensão, que é uma pseudo-norma em L̃, gera a topologia de L̃.
Definição 2.95. Um evt L é chamado localmente limitado se L possui uma vizinhança
limitada de 0.
Observação 2.96. Se L é evt localmente limitado, então L possui uma base de vizi-
nhanças limitadas de 0. Com efeito, seja B uma coleção de todas as vizinhanças limitadas
de 0 em L. Como L é localmente limitado então L possui uma vizinhança limitada V de
0, portanto B = 6 ∅. Como para cada V ∈ B, 0 ∈ V , ∅ ∈ / B. Além disso, se V1 , V2 ∈ B,
então V1 ∩ V2 é uma 0-vizinhança limitada de L, pois, para cada 0-vizinhança circulada
U existem λ, µ ∈ K \ {0} tais que V1 ⊂ λU e V2 ⊂ µU desde que V1 e V2 são limitadas.
Logo,
V1 ∩ V2 ⊂ λU ∩ µU ⊂ sup {λ, µ} U , pois sendo U uma 0-vizinhança circulada, como
sup{λ,µ} ≤ 1 e sup{λ,µ} ≤ 1 segue que sup{λ,µ} U ⊂ U e sup{λ,µ} U ⊂ U , ou equivalente-
λ µ λ µ
produto é metrizável, o Teorema 2.91 implica que pode ser gerada por uma pseudo-norma.
Tal pseudo-norma pode ser construída explicitamente se, sobre cada fator Ln (n ∈ N), uma
pseudo-norma fn : x 7−→ |x|n é dada: Escrevendo x = (xn ),
∞
1 |xn |n
f : x 7−→ |x| =
X
n=1 2 1 + |xn |n
n
é uma pseudo-norma geradora sobre L. Para isso devemos mostrar que f satisfaz os itens
de (i) a (iii) da Definição 2.88 e que a métrica (x, y) 7−→ |x − y| gera a topologia de L.
Para os itens (i) e (ii), devemos observar que u 7−→ u/(1 + u) é crescente para u ≥ 0 e
que
a+b a b
≤ +
1+a+b 1+a 1+b
para dois números reais quaisquer a, b ≥ 0.
De fato, como cada Ln (n ∈ N) satisfaz os itens de (i) a (iii), temos que:
|λxn |n |xn |n
(i) Se |λ| ≤ 1, então |λxn |n ≤ |xn |n , para cada n ∈ N. Logo, ≤
1 + |λxn |n 1 + |xn |n
para cada n ∈ N, desde que u 7−→ u/(1 + u) é crescente para u ≥ 0. Portanto,
∞
1 |λxn |n ∞
1 |xn |n
|λx| = = |x|.
X X
≤
n=1 2 1 + |λxn |n n=1 2 1 + |xn |n
n n
(ii) Como |xn + yn |n ≤ |xn |n + |yn |n , para cada n ∈ N e u 7−→ u/(1 + u) é crescente para
u ≥ 0, temos que:
70 Espaços Vetoriais Topológicos
∞
1 |xn + yn |n
|x + y| =
X
n=1 2 1 + |xn + yn |n
n
X 1
∞
|xn |n + |yn |n
≤
n=1 2 1 + |xn |n + |yn |n
n
∞
1 |xn |n ∞
1 |yn |n
+
X X
≤
n=1 2 1 + |xn |n n=1 2 1 + |yn |n
n n
= |x| + |y|.
(iii) Como |xn |n = 0 se, e somente se, xn = 0, para cada n ∈ N, temos que:
∞
1 |xn |n
|x| = = 0 ⇐⇒ |xn |n = 0 ⇐⇒ xn = 0 ⇐⇒ x = 0.
X
n=1 2 1 + |xn |n
n
1 |xn |n
∞
Portanto, f : x 7−→ |x| = é uma pseudo-norma e, pela Observação
X
n=1 2 1 + |xn |n
n
Demonstração. Como todo filtro de seção é um filtro de Cauchy, temos que x é um ponto
de acumulação para cada filtro, assim, pela Proposição 2.46, S converge para x. Note
que, como L é Hausdorff, então, pela Observação 1.68, x é o limite desses filtros.
Para um espaço quociente L/M de um evt metrizável L ser metrizável, M precisa
necessariamente ser fechado pela Proposição 2.32; essa condição é também suficiente.
Em termos de uma pseudo-norma geradora em L, provaremos o seguinte resultado mais
detalhado.
Demonstração. Notemos primeiro que fb : xb 7−→ |xb| = inf {|y|L : y ∈ xb} satisfaz os itens
de (i) a (iii) da Definição 2.88. n o
Com efeito, se xb = 0, b então |0|b = inf |y| : y ∈ 0
L
b = 0 + M = inf {|y| : y ∈ M } = 0,
L
pois 0 ≤ |y|L , ∀y ∈ M e ∀ > 0 existe |0|L = 0 ∈ {|y|L : y ∈ M } tal que 0 ≤ |0|l = 0 < .
Por outro lado, se 0 = |xb| = inf {|y|L : y ∈ xb}, então 0 ≤ |y|L , ∀y ∈ xb e para todo > 0,
existe |y0 |L ∈ {|y|L : y ∈ xb} tal que 0 ≤ |y0 |L < . Logo, |y0 |L = 0, portanto y0 = 0 e
−x ∈ M . Assim, como M é um subespaço de L, x ∈ M e xb = 0. b Logo, (iii) está satisfeita.
Para (ii), se > 0, então |x|L < |xb| + , |y|L < |yb| + para x ∈ xb, y ∈ yb adequados. Assim,
n o
|xb + yb| = |x[
+ y| = inf |z|L : z ∈ x[
+ y ≤ |x + y|L ≤ |x|L + |y|L < |xb| + |yb| + 2.
Como > 0 é qualquer segue que |xb + yb| ≤ |xb| + |yb| para todos xb, yb ∈ L/M . O item (i)
segue da correspondente propriedade de f : x 7−→ |x|L sobre L, desde que a aplicação
quociente φ : x 7−→ xb é linear, pois se |λ| ≤ 1, então
n o
|λxb| = |λx|
c = inf |z| : z ∈ λx
L
c ≤ inf {|y| : y ∈ x
L b} = |x
b|,
n o
pois se y ∈ xb, então λy ∈ λxb = λx.
c Logo, |λy| ∈ |z| : z ∈ λx
L L
c , assim, se |λ| ≤ 1, então
|λxb| ≤ |λy|L ≤ |y|L , para todo y ∈ xb. Assim, |λxb| é um limitante inferior para o conjunto
{|y|L : y ∈ xb}, portanto |λxb| ≤ |xb| se |λ| ≤ 1. Agora, sejam Vn = {x : |x|L < n−1 } (n ∈ N)
e B = {Vn : n ∈ N} uma base enumerável de vizinhanças de 0 em L. Assim, C =
{φ(Vn ) : n ∈ N} é uma base enumerável de vizinhanças de 0b em L/M , desde que a apli-
cação natural φ : x 7−→ xb é linear, aberta e contínua. De fato, como 0 ∈ Vn (n ∈ N) e φ é
linear e aberta, pela Observação 1.126, temos que 0b = φ(0) ∈ φ(Vn )(n ∈ N), assim ∅ ∈ /C
eC= 6 ∅, pois φ(V1 ) ∈ C. Ainda, se φ(V1 ), φ(V2 ) ∈ C, como para V1 , V2 ∈ B, existe V3 tal
que V3 ⊂ V1 ∩ V2 , e então existe φ(V3 ) ∈ C tal que φ(V3 ) ⊂ φ(V1 ) ∩ φ(V2 ), desde que φ é
contínua e linear. Logo, C é uma base de filtro. Agora, definamos Vcn = {xb : |xb| < n−1 }
e afirmamos que Vcn = φ(Vn ) para n ∈ N. Com efeito, se x ∈ Vn , então |x|L < n−1 , para
algum n ∈ N. Portanto, |xb| = inf {|y|L : y ∈ xb} ≤ |x|L < n−1 e φ(x) = xb ∈ Vcn . Logo,
φ(Vn ) ⊂ Vcn . Reciprocamente, se xb ∈ Vcn , existe y0 ∈ xb tal que y0 ∈ Vn . De fato, se xb ∈ Vcn ,
então |xb| < n−1 para algum n ∈ N. Assim, para todo > 0, existe |y0 |L , y0 ∈ xb tal que
|y0 |L < |xb| + . Como > 0 é qualquer, segue que existe y0 ∈ xb tal que |y0 |L ≤ |xb| < n−1
para algum n ∈ N. Assim, existe y0 ∈ xb tal que y0 ∈ Vn . Logo, xb = yc0 = φ(y0 ) ∈ φ(Vn ),
portanto Vcn ⊂ φ(Vn ). Portanto, fb : xb 7−→ |xb| gera a topologia de L/M , dado que L/M é
72 Espaços Vetoriais Topológicos
u=v2
Se k = 2, então xv2 = xv1 + yv2 . Logo, xv2 ∈ xbv1 + xbv2 − xbv1 = xbv2 .
Suponha que vale para k = n − 1, isto é, xvn−1 = xv1 + yv2 + . . . + yvn−1 ∈ xbvn−1 .
Se k = n, então xvn = xv1 +yv2 +. . .+yvn−1 +yvn = xvn−1 +yvn ∈ xbvn−1 + xbvn − xbvn−1 =
xbvn .
u=vn+1 u=n+1
m
vizinhança Ur = {x : |x|L < r } em L, existe n0 tal que |xvm − xvn |L < 2−u < r−1 ,
X
−1
u=n+1
m
dado que podemos tomar 2
−u
tão pequeno quanto se queira, logo convergindo para
X
u=n+1
algum x ∈ L. Desde que φ é contínua, {xbvk = φ(xvk )} converge para φ(x) = xb em
L/M . Portanto, pela Proposição 2.102, a sequência de Cauchy dada inicialmente converge,
mostrando que o evt L/M é completo.
2.7 Complexificação
Nesta seção vamos considerar espaços vetoriais sobre um corpo K tal que K é um
subcorpo de R ou um subcorpo de C contendo a unidade imaginária i e invariante sob
conjugação. Em ambos os casos, entende-se que K carrega o valor absoluto induzido.
Se K é um subcorpo de C contendo a unidade imaginária i, então K = H + iH, onde
H = K ∩ R é um subcorpo de R. Por outro lado, se H é um subcorpo de R, denotaremos
por H(i) = H + iH a extensão complexa de H.
(iλ)x = (λi)x = λ(ix) = λu(x). Além disso, u é bijetora, pois u(x) = u(y) =⇒ ix =
iy =⇒ i(ix) = i(iy) =⇒ (i2 )x = (i2 )y =⇒ (−1)x = (−1)y =⇒ x = y e ∀y ∈ L tome x =
(−i)y ∈ L. Então u(x) = ix = i((−i)y) = (−i2 )y = [−(−1)]y = 1y = y. Note ainda que
para todo x ∈ L temos u2 (x) = u ◦ u(x) = u(ix) = i(ix) = (i2 )x = (−1)x = −x = −e(x).
Por outro lado, se u é um automorfismo de L (sobre H) satisfazendo u2 = −e, então para
β ∈ H e y ∈ L, a multiplicação por escalar em L dada por H × L −→ L, (β, y) 7−→ βy,
pode ser estendida para K = H(i) tomando, para λ, µ ∈ H e x ∈ L, a aplicação
H(i) × L −→ L
(2.4)
(λ + iµ, x) 7−→ (λ + iµ)x := λx + µu(x),
Definição 2.107. L0 será chamado de espaço subjacente real de (ou associado com)
L. Uma forma linear real sobre L é uma forma linear sobre L0 , e um hiperplano
real em L é um hiperplano em L0 . Consequentemente, um subespaço real (subespaço
afim real) de L é um subespaço (subespaço afim) de L0 .
Proposição 2.109. g e h são formas lineares reais sobre L, chamadas de parte real e
parte imaginária de f , respectivamente.
Desde que g(ix) + ih(ix) = f (ix) = if (x) = ig(x) − h(x) para todo x ∈ L, temos que
−h(x) = g(ix) para todo x ∈ L desde que K ⊂ C é um subcorpo, ou equivalentemente,
ih(x) = −ig(ix) para todo x ∈ L. Logo,
Por outro lado, se g é uma forma linear real qualquer sobre L, então f , definida por
2.5, é um membro de L∗ e a única com g como parte real. Com efeito, se x, y ∈ L, temos
para λ = µ + iδ ∈ K = H + iH e x ∈ L, temos
Portanto, f é uma forma linear em L, logo é um membro de L∗ . Ainda f é única com parte
real g porque se f (x) = g(x) + ih(x) e l(x) = g(x) + it(x), então h(x) = −g(ix) = t(x),
portanto f (x) = l(x).
Assim, f ∈ L∗ , f = g +ih, onde g, h são formas lineares reais unicamente determinadas
sobre L e nesse caso h(x) = −g(ix), ou seja f (x) = g(x) − ig(ix), ∀x ∈ L com g forma
linear real unicamente determinada e f é a única com parte real g.
Defina a aplicação Γ : (L∗ )0 −→ (L0 )∗ , f 7−→ g. Logo, Γ é um isomorfismo algébrico,
pois dada g ∈ (L0 )∗ tome f ∈ (L∗ )0 definido por f (x) = g(x) − ig(ix). Então Γ(f ) = g e
Γ é sobrejetora. Também, se Γ(f ) = Γ(l), com f, l ∈ (L∗ )0 , tais que f (x) = g(x) − ig(ix)
e l(x) = k(x) − ik(ix) temos que g = k, portanto f (x) = l(x), ∀x ∈ L, o que mostra que Γ
é injetora. Ainda, Γ é linear, pois para α ∈ H e f, l ∈ (L∗ )0 tais que f (x) = g(x) − ig(ix)
e l(x) = k(x) − ik(ix) temos que
onde M (x) = αg(x) + k(x). Logo, Γ(αf + l) = M (x) = αg(x) + k(x) = αΓ(f ) + Γ(l).
Além disso, se L é um evt sobre K, então 2.5 mostra que f é contínua se, e somente
se, g é contínua.
Assim, temos a
Proposição 2.110. Sejam L um evt sobre K e L0 seu espaço subjacente real. A aplicação
f 7−→ g definida por 2.5 é um isomorfismo algébrico de (L∗ )0 sobre (L0 )∗ , levando o espaço
de formas lineares contínuas de L sobre o espaço de formas lineares contínuas de L0 .
77
Referências
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berg, 1995.
[2] SCHAEFER, H. H. Topological Vector Spaces. 3. ed. New York: Springer-Verlag New
York Heidelberg Berlin, 1971.
[3] LIMA, E. L. Elementos de Topologia Geral. 3. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2009.
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versitatis Sancti Pauli, Rikkyo Daigaku sugaku zasshi, v. 14, p. 57–64, 1966.
[7] TRÈVES, F. Topological Vector Spaces, Distributions and Kernels. 1. ed. New York:
Dover Publications, Inc, 2006.