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Módulo 5 - Sistemas de comunicação Sem Fio - Radiodifusão

Telecomunicações
Conceitos e Tecnologias

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Telecomunicações
Conceitos e Tecnologias

Equipe Multidisciplinar

Prof. MSc. Carlos Augusto Rocha Douglas Rosa


Pró-diretor de Desenvolvimento de Webmaster e Suporte Técnico
Tecnologias e Inovação
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Gerente da Educação Continuada
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Profª. Rosimara Salgado Produtor de Vídeos
Coordenadora NEaD e Designer Instrucional
Prof. José Renato Silva
Engª. Carolina Dionísio Leão Revisor Gramatical
Coautora
Vanessa Cândido Moreira
Eng. Daniel Bustamante da Rosa Secretária
Autor e Tutor

2019
Lista de Ilustrações

Figura 1 – Elementos de um sistema de rádio.............................................................................................10


Figura 2 – Processo de modulação e demodulação...................................................................................13
Figura 3 – Componentes de fase, frequência e amplitude de um sinal analógico.....................................14
Figura 4 – Modulador AM.............................................................................................................................14
Figura 5 – Sinais durante o processo de Modulação em Amplitude (AM)..................................................15
Figura 6 – Sinais durante o processo de Modulação em Frequência (FM)................................................16
Figura 7 – Composição interna do olho humano.........................................................................................19
Figura 8 – Definição para Acuidade Visual..................................................................................................21
Figura 9 – Relações de aspecto utilizadas na televisão..............................................................................25
Figura 10 – Adequações para relações de aspecto....................................................................................26
Figura 11 – Elemento que compõem a formação da imagem (pixel)..........................................................27
Figura 12 – Processo de varredura da imagem de televisão......................................................................29
Figura 13 – Varredura entrelaçada...............................................................................................................31
Figura 14 – Círculo de cores primárias e complementares.........................................................................34
Figura 15 – Disposição das portadoras de áudio e vídeo no canal de 6 MHz de televisão.......................38
Figura 16 – Diagrama em blocos do sistema analógico de televisão.........................................................39
Figura 17 – Resoluções para televisão por radiodifusão.............................................................................46
Figura 18 – Sistema de captação de imagens de uma câmera tricromática..............................................47
Figura 19– Processo de amostragem e quantização..................................................................................50
Figura 20 – Digitalização dos sinais de vídeo..............................................................................................51
Figura 21 – Digitalização do sinal de áudio.................................................................................................52
Figura 22 – Ilustração das redundâncias temporais e espaciais................................................................53
Figura 23 – Similaridade entre os pixels de uma mesma imagem (Redundância Espacial).......................54
Figura 24 – Ilustração dos conceitos da redundância temporal.................................................................54
Figura 25 – Codificador genérico perceptual..............................................................................................56
Figura 26 – Conceito de interatividade no sistema de recepção interativo................................................58
Figura 27 – Constelação QPSK....................................................................................................................61
Figura 28 – Constelação 16-QAM................................................................................................................61
Figura 29 – Constelação 64-QAM................................................................................................................62
Figura 30 – Multiplexação de subportadoras por divisão em frequências ortogonais (OFDM)..................63
Figura 31 – Subportadoras ortogonais OFDM alocadas no espectro de frequências................................64
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Comparação entre sistemas cabeado e via rádio......................................................................11


Tabela 2 – Características de varreduras horizontais e verticais.................................................................33
Tabela 3 – Padrões para Televisão Digital....................................................................................................43
Lista de Siglas e Abreviações

ϕ - fase do sinal
ω - 2π f - frequência
f c - Frequência central
λ - Lambda; Comprimento de onda
p (t ) - Portadora
A/D – Analógico/Digital
AM – Amplitude Modulation
ATSC – Advanced Television Systems Committee
BER – Bit Error Rate
DMB – Digital Multimedia Broadcasting
DQPSK – Differential Quadrature Phase Shift Keying
DVB – Digital Vídeo Broadcast
EDTV – Enhanced Definition Television
FM – Frequency Modulation
fps – Frames per seconds
HDTV – High Defintion Television
IMAX – Image Maximum
ISDB – Integrated Services Digital Broadcasting
ISDB-Tb – Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial Brazilian
ITU – International Telecommunication Union
LDTV – Low Definition Television
MPEG – Moving Pictures Experts Groups
M-QAM – M-ary Quadrature Amplitude Modulation
NBC – National Broadcast Company
NTSC – National Television System Committee
OFDM – Orthogonal Frequency Division Multiplexing
PAL – Phase Alternated Line
PAL-M – Phase Alternated Line Monocromatic
PCM – Pulse Code Modulation
PM – Phase Modulation
QPSK – Quaternary Phase Shift Keyng
RGB – Red-Green-Blue
SDTV – Standard Definition Television
TV – Televisão
UHDTV – Ultra High Definition Television
Sumário

Vídeo 1 - Boas Vindas!..................................................................................................................................9


Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM..............................................................................................10
1.1 A Técnica de Modulação..............................................................................................................12
1.1.1 Modulação Analógica......................................................................................................13
1.1.1.1 Modulação em Frequência – FM (Frequency Modulation).................................15
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV..............................................................................................18
2.1 Percepção Visual Humana...........................................................................................................19
2.1.1 Percepção Luminosa.......................................................................................................19
2.1.2 Acuidade Visual...............................................................................................................21
2.1.3 Persistência Visual...........................................................................................................22
Animação 1 - Acuidade Visual e Persistência Visual..................................................................................23
2.1.4 Relação de Aspecto.........................................................................................................24
2.2 O Sistema Analógico de Televisão...............................................................................................25
2.2.1 A Imagem de Televisão....................................................................................................26
Animação 2 - Pixels......................................................................................................................................27
Animação 3 - Sistemas de Varredura: Progressiva e Entrelaçada.............................................................30
2.2.2 Os Sinais da Televisão em Cores....................................................................................32
Animação 4 - Sistema de cores aditivas RGB.............................................................................................33
Vídeo 2 - TV Analógica do preto e branco para a colorida.........................................................................35
2.2.3 A Transmissão no Sistema Analógico de Televisão........................................................36
Quiz 1...........................................................................................................................................................39
2.3 O Sistema de Televisão Digital.....................................................................................................41
Vídeo 3 - Migração da Tv analógica para a digital......................................................................................43
2.3.1 HDTV – Televisão de Alta Definição.................................................................................44
2.3.2 Captação de Imagens......................................................................................................45
2.3.2 Processo de Varredura da Imagem.................................................................................46
2.3.3 Digitalização de Sinais.....................................................................................................46
Animação 5 - Influência do ruído nas transmissões analógica e digital.....................................................47
2.3.3.1 Digitalização dos Sinais de Vídeo.......................................................................48
2.3.4.2 Digitalização dos Sinais de Áudio......................................................................49
2.3.5 A Necessidade da Compressão dos Sinais de Áudio e Vídeo.......................................51
2.3.5.1 Compressão de Vídeo.........................................................................................51
Vídeo 4 - TV Digital e Compressão de Vídeo..............................................................................................53
2.3.5.2 Compressão de Áudio.........................................................................................54
2.3.6 Interatividade....................................................................................................................55
2.3.7 A Transmissão no Sistema de TV Digital.........................................................................57
2.3.7.1 Codificação de Canal..........................................................................................57
2.3.7.2 Modulação Digital................................................................................................58
2.3.7.2.1 Mapeamento QPSK.................................................................................59
2.3.7.2.2 Mapeamento 16-QAM.............................................................................59
2.3.7.2.3 Mapeamento 64-QAM.............................................................................60
2.3.7.3 OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing).......................................61
Capítulo 3 - Considerações Finais..............................................................................................................63
Vídeo 5 - Revisão.........................................................................................................................................65
Quiz 2...........................................................................................................................................................66
Gabarito - Quizzes.......................................................................................................................................68
Boas-vindas!
Prezado(a) Aluno(a),

A Radiodifusão é a transmissão de informações por ondas


eletromagnéticas que compõem a faixa de frequências de rádio do
espectro eletromagnético.
A experiência que o setor de radiodifusão proporciona aos seus usuários
tem um fortíssimo impacto na sociedade. As emissoras, principalmente
as de televisão, movimentam milhões em dinheiro todo ano. Mesmo
com o avanço da Internet e da telefonia móvel celular, ainda existe
uma representação maior com relação à porcentagem de usuários
com acesso ao serviço de rádio e televisão, se comparados aos outros
serviços de telecomunicações. O que proporciona e caracteriza um
serviço de radiodifusão (ou broadcast como também é conhecido) é o
envio unidirecional de um único sinal para diversos receptores em sua
rede de comunicação, disponibilizando um serviço de qualidade em
telecomunicações, levando informação e conteúdo ao alcance de todos.
Para tal, basta o usuário possuir um aparelho receptor e reprodutor
destas informações.
Este módulo apresenta como é realizada uma transmissão por
radiodifusão, e ainda traz as modulações AM e FM para transmissão
de rádio e as etapas para transmissão de áudio e vídeo para televisão.
Também neste módulo será visto o processo de geração de imagens para
transmissões em TV analógica e a atual TV digital, a qual transformou a
experiência do telespectador desde seu surgimento.

Assista a seguir ao vídeo de boas-vindas que preparamos para você.

Bons estudos!
Vídeo 1 - Boas Vindas!
Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM

Como já mencionado no módulo 2, o desenvolvi- Um sistema de comunicação via rádio caracteri-


mento da eletrônica deu-se no início do século XX, za como seus principais elementos o uso de transmis-
proporcionando aos serviços de telecomunicações sores, receptores, antenas e uma informação sendo
o avanço necessário para o desenvolvimento da transmitida através do canal de comunicação, que nes-
transmissão de rádio em meio sem fio. te caso é a interface aérea. A Figura 1 ilustra os prin-
cipais elementos que compõem um sistema de rádio.

Antenas
Estação Estação
Transmissora Receptora

Transmissor Receptor

Informação Sinal RF Sinal RF Informação


transmitida Transmitido Recebido recebida

Figura 1 – Elementos de um sistema de rádio.

Anotações
Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM 11

Um sistema de comunicação via rádio viabiliza


algumas vantagens sobre um sistema que utiliza ca-
beamento metálico. Essas características vantajosas
podem ser observadas através da Tabela 1.

Tabela 1 – Comparação entre sistemas cabeado e via rádio.


Cabo metálico Rádio
Característica/Sistema
(Coaxial ou Par trançado) (Ondas eletromagnéticas)

Implantação do Sistema complexa simples


Flexibilidade de expansão baixa alta
Distâncias indicadas urbanas (curtas) qualquer
Investimentos (redes e centrais) maior menor
Custo operacional alto baixo
Comunicação móvel inviável viável
Confiabilidade alta baixa

Em um sistema de radiodifusão, o canal de


comunicação é o ar. Ele apresenta característi-
cas intrínsecas que se tornam obstáculos para a
transmissão. Uma delas é a atenuação que reduz
a intensidade (ou amplitude) do sinal. Mais sérios,
entretanto, são a distorção, a interferência e o
ruído, denominados genericamente de contami-
nações. Para contornar estas contaminações, é Glossário
necessário fazer uso de uma técnica denominada
modulação, que já foi vista superficialmente no
Distorção: Processos que comprometem a
Módulo 3 e será aprofundada neste Módulo. forma de um sinal, através de efeitos como
a atenuação e deslocamento de fase.
Interferência: processo de
superposição de duas ou mais ondas
em um determinado instante, em que
compromete a fidelidade do sinal.
Ruído: Elétricos aleatórios e não
previsíveis produzidos por causas
naturais, internas ou externas ao sistema.
Modulação: Alteração sistemática de uma
onda portadora de informação.

Anotações
12 Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM

1.1 A Técnica de Modulação

Para compreender como é realizada uma transmis- esse sinal na faixa de 3 KHz, é necessário conhe-
são de áudio por uma emissora de rádio, é neces- cer o processo de modulação, no qual alteram-se
sário conhecer o conceito de modulação, pois é as características do sinal de informação tornando
através desta técnica que se realiza uma transmis- possível a transmissão em uma antena com dimen-
são adequada do sinal em meio às adversidades sões adequadas e superando as adversidades do
do meio de comunicação. Mas, não somente devi- canal de comunicação.
do às adversidades do canal se justifica fazer uso A modulação é a alteração sistemática de
das modulações. Ao relembrar a relação entre o uma onda portadora de acordo com a mensagem,
comprimento de onda e a frequência (Equação 1), denominada de sinal modulante, ou sinal modula-
vê-se que quanto menor a frequência, maior será dor. Em grande parte, o êxito de um sistema de
o comprimento de onda. Os sistemas de rádio AM, comunicação para uma dada finalidade depende
trabalham com sinais que podem ser compreendi- da modulação, o que faz com que o tipo de mo-
dos em uma faixa de frequência que vai de 525 a dulação seja uma decisão fundamental no projeto.
1705KHz, para as transmissões de ondas médias. Sendo assim, muitas técnicas diferentes de modu-
Já os sistemas FM, operam em uma banda de fre- lação são utilizadas para satisfazer os diversos re-
quência entre 87,8 e 108 Mhz. quisitos e especificações de um sistema.
Apesar da grande variedade, é possível iden-
c tificar dois tipos básicos de modulação de acordo
f = (1) com o tipo de onda portadora: a modulação de
λ
onda contínua, na qual a portadora é simplesmen-
te uma onda senoidal (analógico), e a modulação
Para se obter uma irradiação eletromagnéti- por pulsos, na qual a portadora é um sinal discreto
ca eficiente necessita-se de antenas com o tama- (digital). Esses dois tipos caracterizam basicamen-
nho equivalente ao comprimento de onda ( λ ) a te as modulações analógicas e as modulações di-
ser transmitido. Imagina-se agora um exemplo de gitais. Como o sistema de rádios AM/FM caracte-
uma aplicação em que se deseja transmitir uma riza um sistema analógico, serão então analisadas
informação de voz na faixa de frequência de 3 KHz. as modulações analógicas utilizadas na transmis-
Através da Equação 1, é possível calcular o tama- são de áudio pelas emissoras de rádio.
nho da antena para irradiar esse sinal.

c 3 x108
λ= = 3
= 100 x103 m = 100 Km Glossário
f 3 x10

Encontra-se aqui o valor do comprimento de Portadora: Sinal modulado que


onda que compõe este sinal (no qual será também representa a informação a ser transmitida.
o comprimento da antena) de 100 quilômetros. Onda senoidal: forma de onda variante
no tempo representada por uma função
Torna-se totalmente impraticável a construção de
angular, ou trigonométrica.
uma antena nessas dimensões. Para transmitir

Anotações
Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM 13

1.1.1 Modulação Analógica

A modulação analógica também é conhecida então, caracterizado por uma translação em fre-
como modulação de onda contínua, na qual a quência, isto é, o espectro da mensagem é des-
portadora é uma onda senoidal (ou co-senoidal) locado para uma nova e maior faixa do espectro.
e o sinal modulante é um sinal analógico (ou Independente do tipo, a modulação deve ser um
contínuo). O sinal modulado varia em proporção processo reversível, de modo que a mensagem
direta ao sinal modulante e, a portadora senoi- possa ser recuperada no receptor pela operação
dal possui uma frequência muito maior do que de demodulação. A Figura 2 mostra o conceito
o sinal modulante. O processo de modulação é, para o processo de modulação e demodulação.

m Canal de m
Fonte Modulador Demodulador Destino
transmissão

Figura 2 – Processo de modulação e demodulação.

Para que ocorra a modulação, é necessária Variando qualquer uma das características
a introdução de uma nova frequência denominada da portadora, seja amplitude, frequência ou fase,
f c , a qual recebe o nome de portadora ou frequ- pode-se apresentar diferentes tipos de modula-
ência central. O sinal que será transmitido é o pro- ções. A Figura 3 ilustra os três componentes a se-
duto do sinal modulante (informação) com o sinal rem alterados na portadora.
da portadora variando no tempo (t). Esta portado-
ra p (t ) pode ser representada matematicamente
pela equação 2.

p (t ) = A cos(ωt + ϕ ) (2)

A = amplitude da portadora Glossário


ω = 2π f = frequência
ϕ = fase do sinal
Co-senoidal: Forma de onda variante
no tempo representado por uma função
angular, ou trigonométrica. Um sinal
co-senoidal é defasado de 90 graus em
relação ao sinal senoidal.

Anotações
14 Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM

ω = 2π f = frequência
A

ϕ = fase do sinal

Figura 3 – Componentes de fase, frequência e amplitude de um sinal analógico.

Pode-se citar então, três técnicas de modu- Modulation) e Modulação em Fase (PM – Phase
lação analógica como sendo as principais: Mo- Modulation). Serão apresentadas a seguir, breves
dulação em Amplitude (AM – Amplitude Modula- conceituações sobre as modulações AM e FM,
tion), Modulação em Frequência (FM – Frequency que são utilizadas pelas emissoras de rádio.

Sinal Modulante
(informação)
Modulador AM Sinal Modulado

Sinal Modulador (Onda Portadora)

Figura 4 – Modulador AM.

Uma vez obtido o sinal modulado, o sistema tempo. Pode-se observar o sinal modulante, a por-
pode transmitir esta informação sem que ela sofra tadora de alta frequência e o sinal resultante, ou
com as adversidades do canal de comunicação seja, o sinal modulado que trafegará pelo canal de
e ainda respeitando a infraestrutura do sistema, comunicação até o receptor de destino.
como a dimensão de uma antena, por exemplo.
A Figura 5 demonstra o processo de modu-
lação através dos respectivos sinais no domínio do

Anotações
Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM 15

Sinal
Modulante
(informação)

Sinal Modulador
(Onda Portadora de
alta frequência)

Sinal
Modulado

Figura 5 – Sinais durante o processo de Modulação em Amplitude (AM).

1.1.1.1 Modulação em Frequência – FM (Frequency Modulation)

Também conhecida como modulação angular, a O modulador FM pode ser representado da


modulação em frequência foi usada, inicialmente mesma forma como foi representado o modulador
em 1936, como uma alternativa à modulação em AM da Figura 4, mudando apenas as implemen-
amplitude. A utilização da modulação em frequên- tações internas para tratar o sinal modulante, de
cia no cenário das telecomunicações trouxe gran- maneira a alterar a componente de fase. Veja-se,
des benefícios. O principal componente que trazia agora, através da Figura 6, como são representa-
grandes preocupações para os engenheiros era o dos os sinais no domínio do tempo, envolvidos no
ruído inerente aos sistemas de modulação em am- processo de modulação em frequência:
plitude. A modulação em frequência trouxe em to-
das as aplicações uma melhor qualidade do sinal.
Em um sinal FM, a cada mudança na ampli-
tude do sinal modulante, acontece uma mudança
na frequência do sinal modulado. A amplitude des-
te sinal modulado é constante e igual à amplitude
da portadora.

Anotações
16 Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM

Sinal
Modulante
(informação)

Sinal Modulador
(Onda Portadora de
alta frequência)

Sinal
Modulado

Figura 6 – Sinais durante o processo de Modulação em Frequência (FM).

Em termos comparativos, pode-se afirmar


que a largura de banda do canal FM será maior do
que o canal AM, pelo fato da modulação em frequ-
ência criar um conjunto de bandas laterais. Conse-
quentemente um sinal em FM terá uma qualidade
melhor que a do AM, sendo imune a interferências
eletromagnéticas. Por este motivo, o sistema em
FM é mais adequado para transmissão de progra-
mações que contenham a música como informa-
ção, proporcionando uma alta fidelidade a essas
programações.

Anotações
Capítulo 1 - Transmissão de Rádio AM e FM 17

SAIBA MAIS!
SWITCH-OFF DA TV ANALÓGICA

O Brasil deu início ao processo de desligamento do sinal analógico de televisão. Este processo
se fez necessário pois vários canais de televisão analógicos ocupam frequências na faixa 700
MHz, que será utilizada para outra finalidade. Além disso, a melhor qualidade do sinal digital é um
dos motivos para justificar o procedimento.
O desligamento do sinal analógico destes canais e o remanejamento dos digitais para ou-
tra faixa vai permitir que operadoras de celular utilizem essas frequências para melhorar o serviço
de 4G oferecido no território nacional.
Quando a TV digital começou a ser implantada no Brasil, em dezembro de 2007, a ideia era
desligar os canais analógicos em todo o país, ao mesmo tempo. Mas o processo acabou sendo
definido de forma diferente: o início do desligamento foi previsto para 2015 e o término do pro-
cesso estipulado para acontecer gradualmente, estado por estado, até 2018.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, os mora-
dores de 97 municípios brasileiros que vão ter o sinal da TV analógica desligado em 26 de julho
de 2017, começaram a ser avisados sobre a transição para o sistema digital através da campanha
de desligamento da TV analógica, que começou um ano antes da implantação do sistema digital
em cada município. Nesse período, quem assiste à televisão aberta pelo sinal analógico recebe
avisos na tela sobre a transição do sinal, que se tornam mais frequentes à medida que a data da
mudança se aproxima.
No início da campanha, os telespectadores começam a ver um logotipo na tela de TV com
a letra "A". Esse símbolo indica que o sinal da TV é analógico. Além disso, tarjas informativas sobre
o desligamento serão inseridas durante a programação. Cartelas informativas começarão a ser
exibidas 6 meses antes do prazo final e vídeos informativos, com 75 dias de antecedência.
As pessoas que visualizarem o "A" e a tarja em suas telas devem tomar algumas providên-
cias para continuar assistindo a TV aberta no formato digital. Se a televisão é antiga, daquelas
grandes, de tubo, será preciso adquirir um conversor digital e, possivelmente, uma antena apro-
priada até a data de desligamento do sinal analógico para garantir a recepção do sinal digital.
Após realizar testes em Rio Verde, em Goiás, no início de 2016, Brasília e nove cidades
goianas próximas à capital federal passaram pelas mudanças de sinal até novembro de 2016. O
Ministério informou ainda que no decorrer de 2017, será a vez de todas as capitais da Região
Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória), Goiânia, Salvador, Recife e Forta-
leza. Outras cidades do Estado de São Paulo e do Nordeste também passarão pela mudança no
próximo ano. Já em 2018, a transição para o sinal de TV digital vai incluir as capitais e importantes
cidades das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, todo o interior dos Estados do Rio de Janeiro e
de São Paulo.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

A palavra televisão significa “ver a distância”. Originalmente, a televisão foi


concebida como outra forma de entretenimento e informação, transmitin-
do-se imagens por radiodifusão, assim como o rádio transmite o som. A
transmissão por radiodifusão comercial ainda é o campo de aplicação mais
amplo para a televisão.
Na grande maioria dos contextos de evoluções de tecnologias em teleco-
municações, primeiramente é criado um sistema analógico e posteriormente,
em um processo evolutivo, surge o sistema digital, de melhor qualidade, otimi-
zando o sistema e gerando mais valor para o usuário final. Com a televisão não
poderia ter sido diferente.

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Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 19

2.1 Percepção Visual Humana

Antes de conhecer esses sistemas, se faz neces- ser humano consegue captar e ter uma experi-
sário conhecer alguns aspectos que são comuns ência com as imagens sendo reproduzidas pelos
para ambos os sistemas, seja ele analógico ou aparelhos de TV. São elas: a Percepção Lumino-
digital. São características da percepção huma- sa, Acuidade Visual, Persistência Visual e Rela-
na com relação às imagens transmitidas, ou seja, ção de Aspecto.
aspectos que dizem respeito à maneira como o

2.1.1 Percepção Luminosa

A cor e a intensidade da luz formam a percepção (110 a 130 milhões contra 6 ou 7 milhões de Co-
visual provocada pela incidência de um feixe de nes), são responsáveis pela intensidade da luz, ou
fótons sobre as células fotossensíveis encontradas seja, seu brilho. As informações são recebidas em
na retina. Estas células, conhecidas como cones forma de luz por essas células, são convertidas em
e bastonetes, existem aos milhões e se agrupam pulsos elétricos e enviadas de forma simultânea ao
na região da fóvea. Os Cones são os responsá- cérebro, através do nervo óptico, para a correta in-
veis pela captação das cores. Já os Bastonetes, terpretação da sensação visual. A Figura 7 ilustra
que existem em muito maior número que os Cones a composição interna do olho humano.

Retina

Íris

Cristalino

Córnea

Nervo óptico

Figura 7 – Composição interna do olho humano.

Anotações
20 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

O local entre a junção da Retina com o Nervo os cones possuem a rodopsina, proteína sensível
Óptico é denominado Ponto Cego, pois neste local à luz. Porém são encontrados com três pigmenta-
não existe a formação de imagem. Nos bastonetes, ções diferentes, proporcionando uma visão tricro-
é encontrado um tipo de proteína que é sensível à mática. Para cada uma das pigmentações existe
incidência de luz e não possui nenhum tipo de pig- um valor de máxima sensibilidade em torno de cer-
mentação. Com isto, implica que os bastonetes não tos comprimentos de onda que correspondem às
possuem a capacidade de distinguir as cores, e sim faixas de frequências visíveis, as quais possibilita-
somente a intensidade da luz que incide sobre eles. ram a descoberta e desenvolvimento da teoria das
Os Cones respondem aos níveis de alta in- três cores primárias, vermelho, verde e azul, que
tensidade luminosa. Igualmente aos bastonetes, são a base de qualquer sistema em cores.

SAIBA MAIS!
DALTONISMO

O Daltonismo, doença que altera a capacidade de visualizar


cores, é uma deficiência nos cones. Pode ser branda, fazendo
com que a pessoa tenha dificuldades de identificar cores, até
deficiência total, quando não se enxerga cor nenhuma. A pes-
soa com grau máximo de daltonismo, literalmente, enxerga a
vida em preto-e-branco.

Glossário

Tricromática: Três meios, ou canais, para


tratar a informação de cor.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 21

2.1.2 Acuidade Visual

A acuidade visual é a capacidade do olho huma- uma imagem de televisão deve ter, ou seja, o nú-
no de distinguir as formas e os contornos de dois mero de linhas que o aparelho é capaz de exibir
objetos muito próximos. Em sistemas de televisão, com exata nitidez.
devido a características das estruturas naturais dos O valor aproximado do número de linhas
cones e bastonetes, define-se como referência a para um aparelho de televisão pode ser calculado
acuidade visual mínima da ordem de um semiarco envolvendo a distância (D) entre o observador e o
de 1 minuto de grau, que equivale a 0,0167 graus. quadro de imagem, a altura (H) do quadro de ima-
Em outras palavras, quando se tem uma imagem gem e o menor ângulo ( α ) referente à acuidade
menor que a capacidade mínima do ângulo de visual que vale, como visto, um minuto de grau.
abertura da visão humana, é impossível distingui- Estes componentes podem ser observadas atra-
la. Esta definição implica na resolução mínima que vés da Figura 8.

α
H

Figura 8 – Definição para Acuidade Visual.

Anotações
22 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.1.3 Persistência Visual

A persistência visual, também conhecida como


persistência retiniana, é a característica humana
em reter uma imagem na sua retina, mesmo de-
pois de cessada a luz que a formou. Esta caracte-
rística visual humana persiste durante um interva-
lo de tempo de aproximadamente um décimo de
segundo, ou seja, 100 milisegundos. Desta forma,
determina-se uma taxa efetiva de exibição de qua-
dros para se obter a sensação de movimento nas
cenas. Isto quer dizer que para se ter a sensação de
movimento na tela, basta ter uma montagem com
10 quadros por segundo. Mas, de acordo com a
persistência visual, na apresentação de uma cena,
se cada quadro é apresentado com uma taxa de
exibição superior ao tempo em que a imagem per-
siste na retina, a transição entre os quadros é per-
cebida. A partir de 10 quadros por segundos, já se
tem a sensação de movimento, porém o efeito de
cintilação é notado. Com o aumento da frequência
dos quadros, o efeito é gradativamente atenuado,
até sumir por completo.
Obtêm-se diferentes valores para a frequên-
cia de exibição dos quadros, também conhecido
como frame rate, dado em fps (frame per secon-
ds). O cinema antigamente exibia 24 fps, porém
atualmente o mais comum é a exibição de 48 fps.
Em televisão, o frame rate pode variar com o pa-
drão adotado pelo país. No Brasil, utiliza-se 30 fps
no modo progressivo ou 60 fps no entrelaçado.
A Animação 1 ilustra esse conceito visto so-
bre persistência visual.

Anotações
Animação 1 - Acuidade Visual e Persistência Visual
24 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.1.4 Relação de Aspecto

SAIBA MAIS!
A relação de aspecto é uma medida que relaciona
as dimensões horizontais com as dimensões ver-
ticais da tela de exibição das cenas. Nos sistemas
convencionais que ainda trabalham com os sinais de IMAX
forma analógica, essa relação é de 4:3, ou seja, uma
proporção de 4 unidades de medida horizontal e 3 Do inglês Image MAXimum ou Máxima Ima-
unidades de medida vertical. O sistema de televisão gem, utiliza película de filme com o dobro
digital em alta definição (HDTV) possui uma relação do tamanho normal. Desta forma, apesar da
de 16:9. Essa relação de aspecto é a que mais se relação de aspecto ser aproximadamente
assemelha à relação de aspecto humana, que é de 4:3 (igual da TV standard), cada quadro tem
69,6 mm x 48,5, ou seja, uma área de ima-
aproximadamente de 15:6 e amplamente utilizada na
gem quase 10 vezes maior do que o de filme
indústria do cinema, embora existam outros forma-
padrão de 35 mm (22 mm x 16 mm). E ainda,
tos, como o IMAX, por exemplo.
para aproveitamento máximo do filme, não
A relação de 16:9 leva muito mais informações da
tem a trilha sonora, que é gravada separa-
área do campo visual. A definição de uma imagem damente em 6 canais. Por causa dessa alta
está diretamente ligada ao número de elementos resolução, é possível uma projeção em uma
que formam uma imagem por unidade de área, ou tela gigante, de aproximadamente 30 metros
seja, a quantidade de pixels por uma determinada de altura, criando a sensação de se estar
região. As relações de aspecto podem ser obser- dentro do filme.
vadas na Figura 9.

3 9

4 16
Figura 9 – Relações de aspecto utilizadas na televisão.

Glossário

Pixel: União das palavras inglesas Pix e Element. O


pixel é o menor elemento que forma uma imagem de
televisão e são compostos pelas cores RGB.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 25

Usualmente, a dimensão de um aparelho É importante ressaltar que na atual fase de


televisor é especificada pela diagonal de sua tela transição de sistema analógico para o digital tem-
de exibição, em polegadas. A Equação 3 mostra se ainda uma quantidade significativa de apare-
como pode-se calcular a dimensão da diagonal. lhos que fazem uso da relação de aspecto 4:3, e
também algumas emissoras ainda geram conteú-
do em aspecto 4:3. Em caso de incompatibilidade,
D = h2 + b2 (3) a área de informação útil da cena deve ser preser-
vada dentro do formato. A Figura 10 mostra estas
adequações de aspectos.
p (t ) = dimensão da diagonal
h = altura da tela
b = largura da tela

L = 16/9 h
L = 4/3 h L

h=9/16 L
h=3/4 L
h

Figura 10 – Adequações para relações de aspecto.

2.2 O Sistema Analógico de Televisão

Como já é de compreensão de toda a humanida- a cores (tricromático). Em 1967, entrou em funcio-


de, o primeiro sistema de televisão gerava imagens namento, na Alemanha, uma variação do sistema
em preto e branco (monocromático). As transmis- americano, para resolver alguns problemas do
sões regulares em cores começaram em 1954 nos NTSC em relação à estabilidade das cores. Este
Estados Unidos, pela rede americana NBC. A partir sistema recebeu o nome de Phase Alternated Line
dessa data criou-se, também nos Estados Unidos, (PAL). Neste mesmo ano, passou a operar na Fran-
um comitê especial para introduzir cor no sistema ça o Secam (Séquentielle Couleur avec Mémoire).
monocromático. Esse comitê recebeu o nome de O sistema analógico de televisão em cores
National Television System Committee (NTSC), no adotado pelo Brasil, desde sua primeira transmis-
qual se tornou o padrão americano para televisão são oficial, é o PAL. Este sistema foi adotado para

Anotações
26 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

o padrão M de televisão monocromática, sendo


então denominado PAL-M. Portanto, os temas
abordados no contexto de televisão analógica
deste capítulo dizem respeito ao sistema PAL-M,
embora vários destes conceitos valerem também
no padrão NTSC americano.

2.2.1 A Imagem de Televisão

A televisão, basicamente, reproduz imagens está- formam um elemento de imagem. Este elemento
ticas. Todavia, a apresentação em sequência des- de imagem é chamado de pixel (Picture Element).
tas imagens em rápida sucessão, nos dá a sen- A junção de diversos pixels forma o conteúdo visu-
sação de movimento. Cada uma das imagens, ou al da imagem. Esse conceito pode ser observado
quadros, é formada por uma sucessão de pontos através da Figura 11 e da Animação 2.
luminosos, sendo que cada um desses pontos

Figura 11 – Elemento que compõem a formação da imagem (pixel).

Anotações
Animação 2 - Pixels
28 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

A formação da imagem de TV é resultado da


varredura de uma série de linhas horizontais, uma
sobre a outra. Esta varredura torna possível incluir
todos os elementos de uma imagem completa no
sinal de vídeo. A imagem é formada da mesma for-
ma em que é feita uma leitura de um texto. Percor-
rendo todas as palavras de cada linha, e todas as
linhas de uma página, ou seja, começando no topo
à esquerda e varrendo os elementos para a direita
de cima para baixo. A Figura 12 ilustra o processo
de varredura de uma imagem de televisão.

Figura 12 – Processo de varredura da imagem de televisão.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 29

O processo pode ser descrito da seguinte feixe, que ocorre simultaneamente ao horizontal.
maneira. Primeiramente, o feixe de elétrons percor- A escolha do número de linhas de varredura
re uma linha horizontal passando por todos os pi- consiste em uma solução de compromisso envol-
xels de imagem desta linha. Ao final de cada linha, vendo requisitos conflitantes de largura de faixa,
o feixe retorna rapidamente para a esquerda a fim cintilação e resolução. No sistema PAL-M são uti-
de iniciar a varredura da próxima linha. O tempo lizadas 525 linhas em cada quadro, sendo que a
para varrer uma linha é chamado de traço e o tem- exibição de cada quadro (ou imagem) é realizada
po de retorno de retraço. Durante o retraço, nenhu- em duas etapas. Na primeira etapa, realiza-se a
ma informação visual é obtida, ou seja, a imagem é leitura das linhas ímpares (Campo Ímpar) e na se-
apagada nesse intervalo. Quando o feixe atinge o gunda etapa realiza-se a leitura das linhas pares
lado esquerdo, sua posição vertical está um pouco (Campo Par), dando origem a uma composição
mais baixa, de forma que possa repetir o processo entrelaçada (Varredura Entrelaçada). Na Figura 13
para a próxima linha e não refaça a mesma. Esse e na Animação 3, pode-se observar a composição
processo é realizado pela varredura vertical do da imagem através da varredura entrelaçada.

Campo Ímpar

Quadro

Campo Par

Figura 13 – Varredura entrelaçada.

Anotações
Animação 3 - Sistemas de Varredura: Progressiva e Entrelaçada
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 31

A solução da varredura entrelaçada foi toma- escolhidos inicialmente nos Estados Unidos porque
da para “driblar” o problema da cintilação, pois o a maior parte das residências lá é servida pela rede
tempo para a varredura completa de um quadro de de distribuição elétrica que opera na frequência de
525 linhas é de 1/30 segundos (33,33ms ) , logo as 60 Hz. Esta frequência é a mesma trabalhada na rede
imagens são repetidas com uma frequência de 30 elétrica do Brasil. Em países em que a distribuição
quadros por segundo. Esta frequência de exibição de energia elétrica é em 50 Hz, a taxa de repetição
de quadros não é suficiente para evitar as cintilações de quadros é de 25 Hz e, portanto, a frequência de
nos níveis de luz produzidas na tela de imagem. Com campos é de 50 Hz. Esse cuidado foi tomado, pois,
a presença dos dois campos (Ímpar e Par), a frequên- dessa forma, é possível minimizar as interferências
cia de repetição será de 60 campos por segundo, e da rede elétrica.
torna-se uma frequência de repetição suficientemen- O número de linhas horizontais varridas em um
te alta para eliminar o efeito de cintilação. Observa-se campo é metade das 525 linhas de um quadro, já
que a frequência de campos é de 60 por segundo, e que cada campo contém metade das linhas de um
a frequência de quadros, de 30 por segundo. quadro, resultando então em 262,5 linhas para cada
A frequência de varredura vertical é a frequ- campo vertical. Pode-se então definir o número de li-
ência de campo, ou seja, uma frequência de 60 Hz. nhas por segundo, que será a frequência com a qual
Portanto, os circuitos de deflexão vertical dos apa- o feixe de elétrons faz um ciclo completo de movi-
relhos de televisão operam a 60 Hz, que é a mes- mento, da esquerda para a direita e retornando para
ma frequência da rede elétrica. Esses valores foram a esquerda. Tem-se então, através da Equação 4:

(4)

Esta frequência de 15,75 KHz é a frequên- operam. A Tabela 2 mostra os principais parâme-
cia na qual os circuitos de deflexão horizontal dos tros especificados para os processos de varredura
aparelhos de televisão e das câmeras analógicas horizontal e vertical para o padrão PAL-M.

Tabela 2 – Características de varreduras horizontais e verticais.


Característica/Deflexão Horizontal Vertical
Frequência 15,75 KHz 60 Hz

Período 63,5 µ s 16,67 ms

Tempo de retorno
16% = 10,16 µ s 8% = 1,33 ms
(previsto por norma)

Glossário

Circuitos de deflexão: são circuitos que tratam os


raios de luz e convertem para energia elétrica.

Anotações
32 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.2.2 Os Sinais da Televisão em Cores

O processo de transmissão em cores é o mesmo uti-


lizado pela televisão monocromática, exceto que as
informações de cor na cena também são utilizadas.
Isso é feito levando em consideração as informações
de imagem em termos de vermelho, verde e azul,
que são as três cores primárias. As demais cores
seriam resultantes da combinação destas três. A cor
branca, por exemplo, é o resultado da combinação
de três feixes de luz nas cores vermelha, verde e azul.
A Figura 14 e a Animação 4 demonstram o círculo
de cores evidenciando as cores complementares e
compostas, e como estas são obtidas.

Azul
(Cor primária)

Magenta
(Cor composta)

Cian
(Cor composta)

Luz
Branca

Vermelho Amarelo Verde


(Cor primária) (Cor composta) (Cor primária)

Figura 14 – Círculo de cores primárias e complementares.

Anotações
Animação 4 - Sistema de cores aditivas RGB
34 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

É importante ressaltar que tais combinações A princípio, os televisores eram preto-e-


de cores são ditas como combinações aditivas, branco. Com a evolução da tecnologia, criou-se
em que a cor resultante é obtida pela soma de o sistema colorido. Mas, para que os televisores
luzes individuais. A televisão utiliza o conceito de monocromáticos continuassem funcionando, de-
adição de cores. Em outro modo, existe também o senvolveram a transmissão colorida sobreposta ao
conceito das cores subtrativas, nas quais as com- sinal de luminância. Ou seja, em um televisor mo-
binações de coloração não são feitas com a luz, e nocromático (preto e branco) o sinal de luminância
sim através de tintas ou pigmentos coloridos em reproduz a imagem em tons variados e combina-
um suporte branco. Este seria o caso da indústria ções de preto e branco e simplesmente descarta
gráfica, por exemplo, em que as cores primárias o sinal de crominância, pois ele não consegue de-
subtrativas são vermelho, amarelo e azul. tectá-lo. Este arranjo faz com que os sistemas mo-
Uma câmera tricromática deve ser capaz de nocromáticos e em cores possam ser totalmente
captar a luz incidente em seus respectivos senso- compatíveis. Quando um programa é transmitido
res para os comprimentos de onda que compõem em cores, a imagem é reproduzida em cores pe-
as cores vermelho, verde e azul, gerando em sua los receptores a cores, e em preto e branco pelos
saída os sinais RGB (Red-Green-Blue). Para a monocromáticos. Se a transmissão é em preto e
transmissão, esses sinais RGB são combinados branco, ambos receptores reproduzem a imagem
para gerar dois sinais distintos, um para o brilho em preto e branco.
e outro para a cor. Especificamente, os dois sinais O Vídeo 2 apresenta de uma forma bem sim-
transmitidos são: ples o sinal analógico de vídeo de uma TV e como
é formado um sinal de TV em Preto e branco, bem
• Sinal de Luminância (Sinal Y): Representa como o colorido. Para encerrar, é mencionado
a intensidade luminosa, contendo somente como foi a entrada da TV em cores no mercado e
as variações de brilho da imagem, incluindo como uma TV P&B consegue abrir um sinal origi-
detalhes, como no sinal monocromático. O nariamente colorido.
sinal de luminância (Y) é utilizado para repro-
duzir a imagem em preto e branco;
• Sinal de Crominância (Sinal C): Contém as
informações de cor. Sem o sinal de crominân-
cia, o sinal fica puramente preto-e-branco.

No aparelho receptor, o sinal de crominân-


cia (C) e o sinal de luminância (Y) são combinados
para recuperar os sinais originais vermelho, verde
e azul. Estes dois sinais são utilizados para repro-
duzir a imagem a cores em aparelhos que reprodu-
zem, ou seja, que consigam receber e interpretar
os dois sinais. Todas as outras cores são geradas
a partir da mistura dessas três cores básicas.

Anotações
Vídeo 2 - TV Analógica do preto e branco para a colorida
36 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.2.3 A Transmissão no Sistema Analógico de Televisão

Os mesmos princípios de transmissão na difusão sinal de áudio, logo deve-se reduzir a largura de
de ondas sonoras nos rádios AM e FM são utiliza- faixa ocupada. O sinal de áudio é modulado em
dos no sistema analógico de televisão por radiodi- frequência. Os sinais de áudio e vídeo são trans-
fusão. O que pode-se observar é que além de mo- portados por portadoras separadas, e devem estar
dular o sinal de áudio, é necessário modular o sinal distanciadas de 4,5 MHz. Existe ainda a presen-
de vídeo. Estes dois sinais são modulados sepa- ça da portadora do sinal de croma (sinal de cor)
radamente por portadoras diferentes e translada- que deve estar distante de 3,58 MHz do sinal de
dos para outra região do espectro eletromagnético vídeo. A Figura 15 mostra como são alocadas as
destinado a essa transmissão, devendo obrigato- portadoras de áudio (Pa), croma (Pc) e vídeo (Pv)
riamente ocupar um espaço máximo de 6 MHz que dentro do canal de 6 MHz de televisão. Note que
corresponde à largura de um canal de TV. a representação da figura está no domínio da fre-
Para modular o sinal de vídeo, utiliza-se a quência, ou seja, os sinais são observados sendo
modulação em amplitude. A utilização da modu- dispostos em posições específicas de frequência
lação AM para o sinal de vídeo deve-se ao fato do espectro eletromagnético.
desse sinal possuir muito mais informações que o

Pv
Pa
Pc

3,58

1,25 4,5

6
[MHz]

Figura 15 – Disposição das portadoras de áudio e vídeo no canal de


6 MHz de televisão.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 37

Na recepção, o aparelho receptor deve ser


capaz de demodular estes sinais portadores de in-
formações de áudio e vídeo e reproduzi-los para,
finalmente, obter a imagem e som no aparelho
televisor. A Figura 16 vem ilustrar o diagrama em
blocos que sintetiza basicamente o sistema de te-
levisão analógico.

Transmissão Recepção
Antena Antena Tubo de imagem
Câmera RGB
Transmissor Sinal de
Amplificador
do sinal de vídeo para a
de vídeo
imagem imagem

Circuitos
Varredura e de som e Varredura e
sincronismo imagem sincronismo

Transmissor Sinal
Amplificador
do sinal de de som
de áudio
som
Microfone Alto-falante

Figura 16 – Diagrama em blocos do sistema analógico de televisão.

Anotações
38 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

SAIBA MAIS!
MIGRAÇÃO DAS AM’S PARA A FAIXA DE FM

No Módulo 3, quando foi analisado o Espectro Eletromagnético, foram vis-


tas as seguintes faixas de frequência para transmissão de Rádio AM e FM:

• Comunicações na faixas de MF (Medium Frequency – 300kHz a


3Mhz): Radiodifusão sonora modulada em amplitude (AM), entre as
faixas de 535 KHz e 1605 KHz;
• Comunicações na faixa de VHF (Very High Frequency – 30Mhz a
300Mhz): Radiodifusão modulada em frequência (FM), entre as fai-
xas de 88Mhz e 108Mhz.

A Radiodifusão modulada em amplitude (AM) foi por mais de oi-


tenta anos o principal método de transmissão via rádio. Caracterizado
pelo longo alcance dos sinais, a frequência AM está sujeita a interferên-
cias de outras fontes eletromagnéticas, sendo esta uma grande des-
vantagem do sistema. Com o problema de interferências em grandes
centros urbanos, o governo federal começou a estudar a possibilidade
da migração dessas estações.
O Decreto que autoriza a migração foi assinado em 7 de novem-
bro de 2013, autorizando a migração das rádios que operam na faixa
AM para o espectro das FM´s, visando fortalecer as emissoras de rádio
que estavam prejudicadas pelo abandono do AM. No FM, essas emis-
soras terão uma sintonia mais fácil e uma qualidade de áudio superior.
Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co-
municações, durante o ano de 2016, foi concedido aval para que 283
rádios de todo o Brasil fizessem a migração da faixa de AM para FM.A
Rádio Progresso de Juazeiro do Norte, no Ceará, foi a primeira emis-
sora a fazer a migração do AM para o FM no país. A solenidade que
marcou a mudança de faixa ocorreu no dia 18 de março de 2016, às
20h30, na sede da emissora.

Anotações
Quiz 1
Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o
que você aprendeu. Responda as questões abaixo e confira
as respostas corretas no final do livro.
Este questionário não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo.

1 – Principais elementos que compõe um sistema via rádio:

a) Informação, transmissor, roteador e b) Informação, transmissor, cabo coaxial e c) Informação, transmissor, antenas e
receptor. receptor. receptor.

2 – São consideradas vantagens de uma comunicação via rádio.

a) Implantação simples, custo operacional b) Implantação simples, custo operacional c) Implantação simples, custo operacional
baixo e baixa flexibilidade para expansão. baixo e alta flexibilidade para expansão. baixo e distância de operação limitada
(ambiente urbano).

3 – Nome dado à técnica utilizada para adequar o sinal e transmiti-lo em uma determinada faixa de frequência:

a) Codificação b) Modulação c) Relação de aspecto

4 – Sinal de alta frequência somado ao sinal de informação a fim de transladar esta informação para uma
nova faixa no espectro.

a) Portadora b) Sinal modulado c) Sinal modulante

5 – As modulações podem se mostrar de diferentes formas, para isto pode-se variar três características da portadora,
que são respectivamente:

a) Amplitude, frequência e símbolo. b) Amplitude, fase e frequência. c) Fase, frequência e informação.

6 – Modulações analógicas empregadas por emissoras de rádio para a transmissão de ondas sonoras.

a) Modulação em Fase e Modulação em b) Modulação em Frequência e Modulação c) Modulação em Amplitude e Modulação


Amplitude. em Fase. em Frequência.
7 – Relação de aspecto utilizado nos sistemas analógicos de televisão.

a) 16:9 b) 15:6 c) 4:3

8 – Está relacionada à característica humana de reter uma imagem na retina.

a) Persistência visual. b) Relação de aspecto. c) Acuidade visual.

9 – Sinal responsável por transportar as informações de cor.

a) Sinal de Crominância b) Sinal de Luminância c) Sinal modulante

10 – A largura de um canal de televisão é:

a) 4,5 MHz b) 6 MHz c) 60 Hz


Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 41

2.3 O Sistema de Televisão Digital

O desenvolvimento do sistema de televisão digital padrão recebeu o nome de ISDB-Tb (Integrated


sofreu uma grande contribuição das pesquisas da Services Digital Broadcasting Terrestrial Brazilian),
década de 1980, para alcançar a alta definição em que possui características e funcionalidades adi-
áudio e vídeo. Originando-se destas pesquisas, cionais que mais se adequam à situação brasileira.
três padrões de TV Digital foram lançados na déca- No ano seguinte, em 2007, aconteceram as primei-
da de 1990. Estes padrões são o DVB (Digital Vídeo ras transmissões de TV Digital no Brasil, na cidade
Broadcasting), desenvolvido pelos europeus, o pa- de São Paulo.
drão ATSC (Advanced Television Systems Commit- A necessidade de se construir um padrão tor-
tee) americano, e o padrão japonês denominado na-se relevante quando é evidenciada a cadeia de
ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting). A todo o processamento técnico, em termos de funcio-
China começou o desenvolvimento do seu padrão namento e gerência de sistema que compõem toda
em meados de 1994, e completou o processo em a arquitetura do sistema de televisão digital. Conclui-
2006. O padrão chinês foi chamado de DMB (Digi- se, então, que atualmente existem cinco padrões
tal Multimedia Broadcasting). para televisão digital e cada padrão possui suas par-
Em 2006, o Brasil adotou o padrão japo- ticularidades. A Tabela 3 mostra os padrões de tele-
nês de transmissão de TV Digital, o ISDB. Aqui o visão digital atualmente em atuação:

Tabela 3 – Padrões para Televisão Digital.


Ano de implantação País/Região Padrão
1993 Europa DVB
1998 Estados Unidos ATSC
1999 Japão ISDB
2006 China DMB
2007 Brasil ISDB-Tb

Qualquer que seja o padrão de televisão di- • Melhor qualidade de imagem e som: A
gital, este deve ser capaz de prover as principais imagem digital permite a transmissão de
características vantajosas que justifica o avanço imagens com maior número de detalhes e
tecnológico se comparado ao sistema analógico. som multicanal de alta definição.
Pode-se citar as seguintes vantagens em um siste- • Interatividade dos telespectadores: No
ma de TV Digital: mundo digital é possível uma comunicação
de interatividade entre o gerador de conteú-
do e o telespectador.

Anotações
42 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

• Diversidade de programação: Em uma O Vídeo 3 apresenta como foi e como está


transmissão digital é possível inserir mais de sendo a migração da TV analógica para a digital
uma programação em um único sinal. desde sua primeira transmissão, dia 2 de dezem-
• Melhor utilização do espectro de frequên- bro de 2007, até um provável desligamento total
cias: Uma vez no domínio digital, pode-se do sistema analógico ainda previsto para o futuro.
fazer uso de diversas ferramentas para con- Em seguida, essa videoaula traça as diferenças
seguir uma melhor eficiência espectral evi- básicas entre os dois sistemas, apresentando as
tando o congestionamento do espectro. grandes vantagens dessa migração.
• Recepção móvel: A mobilidade nos servi-
ços de telecomunicações é cada vez mais
demandado pelos usuários. O sistema de
TV Digital possibilita aos telespectadores a
possibilidade da recepção do sinal de televi-
são em seus dispositivos móveis (Celulares
e Smartphones).

O conceito e as principais características


do sistema de TV Digital estará focado no pa-
drão brasileiro ISDB-Tb. A análise a fundo dos
demais padrões demandaria uma grande quan-
tidade de conteúdo, o qual não caracteriza o ob-
jetivo deste curso.

Anotações
Vídeo 3 - Migração da Tv analógica para a digital
44 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.3.1 HDTV – Televisão de Alta Definição

A TV de alta definição (HDTV – High Definition de aspecto de 16:9 com uma resolução de
Television) é um sistema de televisão digital que 1280x720. É a típica resolução dos DVDs
apresenta melhor qualidade de imagem, quando convencionais.
comparada aos sistemas tradicionais de televisão. • HDTV (High Definition Television): É a te-
A HDTV permite a transmissão de imagens com levisão de alta definição. Aqui, consegue-
maior número de detalhes, maior largura do qua- se a melhor definição de imagens em ter-
dro (relação de aspecto 16:9) e com som multica- mos de televisão por radiodifusão. A alta
nal em alta definição, permitindo a utilização em definição é apresentada em uma resolução
diversos idiomas, dentre outros serviços. de 1920x1080 em uma relação de aspecto
A fim de obter uma visão geral das resolu- de 16:9. O termo Full HD, como é conhe-
ções de imagem empregadas no serviço de radio- cido por muitos usuários, trata-se apenas
difusão de televisão, citam-se quatro tipos de reso- de um nome comercial para diferenciar o
luções. São elas: EDTV do HDTV.

• LDTV (Low Definition Television): a TV de A Figura 17 ilustra as quatro resoluções de


baixa definição apresenta a menor das reso- imagem para televisão por radiodifusão, eviden-
luções. Uma resolução típica é a de 320x240 ciando suas respectivas aplicações:
(4:3), ou seja, 320 colunas por 240 linhas
no formato 4:3. Outra resolução utilizada é
320x180 (16:9), apresentando 320 colunas por
LDTV - 320x240 (4:3)
180 linhas no aspecto 16:9. Essas resoluções
Low Definition Television
são empregadas na transmissão de imagens 0.077 Megapixel (QVGA)
por radiodifusão para recepção móvel, ou seja,
para serem reproduzidas em aparelhos celula-
SDTV - 640x480 (4:3)
res, smartphones e minitelevisores que supor-
Standard Definition Television
tam a recepção de TV Digital. 0.307 Megapixel
• SDTV (Standard Definition Television): Esta
é a resolução padrão de televisão aplicada
EDTV - 1280x720 (16:9)
ao sistema de televisão analógico estudado
Enhanced Definiton Television
no capítulo anterior deste curso. Apresenta 0.922 Megapixel
uma resolução típica de 640x480 em uma re-
lação de aspecto de 4:3.
HDTV - 1920x1080 (16:9)
• EDTV (Enhanced Definiton Television): a
High Definition Television
TV com definição aprimorada é intermediá- 2.074 Megapixel
ria e, embora não apresente os valores de
resolução da HDTV, apresenta uma qualida- Figura 17 – Resoluções para televisão por radiodifusão.
de de imagem melhor do que a SDTV. Esta
definição é apresentada em uma relação

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 45

Embora ainda esteja muito no início, vale des- da SONY em parceria com SHARP, especialmente
tacar o televisor criado pela Sony em 2003 conheci- para cinemas do Japão e da SONY em Hollywood,
da como 4K UHD. Ultra-alta definição – UHDTV que possui 7680 pixels × 4320 pixels (33,2 megapixels).
dispõe de uma resolução de 3840 × 2160 pixels (8,3 Mas, somente a 4K se destina a televisores. Além de
megapixels) e, a já desenvolvida 8K UHD, também chegarem ao mercado com um preço para poucos.

2.3.2 Captação de Imagens

As câmeras são os instrumentos utilizados no pro- sistema de captação de imagens que capta a luz in-
cesso de captação de imagens do sinal de vídeo. cidente e tem, em sua saída, os sinais RGB. Esses
São compostas por elementos ópticos e eletrôni- sinais devem ser transmitidos através de um canal de
cos. Nos sistemas para TV Digital, uma das mudan- comunicação. As câmeras tricromáticas são equipa-
ças mais significativas ocorridas foi nas tecnologias das com três sensores, um para cada cor primária. O
empregadas na produção dos sensores, o que au- alto desempenho no resultado final da reconstrução
mentou suas áreas úteis para captação de imagens da imagem é o ponto forte dessa tecnologia, que faz
com resolução e relação de aspecto maiores. Con- uso de um conjunto de prismas que funcionam como
sequentemente, o número de elementos de imagem divisores de feixes, usados para reduzir as reflexões
(pixels) para produzir um vídeo em alta definição e perdas dos raios de luz que compõem a imagem.
também aumentou. Outra consideração para uma Por este fato, para realizar as gravações, as câmeras
captação de imagens em alta definição são as len- com três sensores necessitam de mais luz do que as
tes utilizadas, nas quais o grau de pureza dos vidros câmeras convencionais com um único sensor. Isso
deve ser muito maior do que nas câmeras conven- explica a necessidade da presença de um sistema
cionais analógicas. de iluminação adequado dentro dos estúdios de tele-
Uma câmera tricromática pode ser compre- visão. Na Figura 18, pode-se ver o esquema de fun-
endida como um equipamento composto por um cionamento de uma câmera tricromática:

Conjunto de prismas

Figura 18 – Sistema de captação de imagens de uma câmera tricromática.

Anotações
46 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

Estes prismas, ao serem polarizados correta- correspondente às cores do sistema RGB, cada
mente, separam o comprimento de onda desejado sensor é revestido com um filtro, pois na polariza-
e deixam passar todos os outros. Os comprimen- ção dos prismas podem ocorrer variações. Com
tos selecionados são aqueles das cores primárias isso, cada sensor capta a intensidade luminosa
em que cada comprimento de onda incidirá em das componentes das cores primárias de forma
seu respectivo sensor. Para se obter a cor exata individual, gerando o sinal RGB.

2.3.2 Processo de Varredura da Imagem

Como já visto no item 2.2.1, a forma de reprodução pela letra “p”, do inglês progressive (Progressive
de uma imagem de televisão, cujos pontos são or- Scan). Neste método de varredura, todas as linhas
denados inicialmente da esquerda para a direita e são apresentadas de uma única vez, e esse é o
de cima para baixo, é chamada de varredura ho- grande foco a ser explorado por apresentar uma
rizontal. Também foi visto que no sistema analó- melhor qualidade final da imagem reproduzida.
gico de televisão, os processos de varredura são Pode-se então exemplificar uma situação em
gerados através de dois conjuntos de varreduras que dois sinais de TV Digital são difundidos nos
com linhas alternadas. Essa forma de varredura formatos 720p e 1080i. Significa então que para o
é conhecida por varredura entrelaçada, originada sinal em 720p são varridas progressivamente 720
do termo inglês interlaced (Interlaced Scan), repre- linhas horizontais, e para o sinal 1080i são varridas
sentado pela letra “i”. de maneira entrelaçada 1080 linhas horizontais.
Apesar de alguns problemas apresentados, Apesar de haver uma diferença significativa entre o
esse sistema de varredura serviu muito bem duran- número de linhas horizontais que são escaneadas,
te anos. Para o sistema de TV Digital, o método de o resultado das imagens obtidas por meio do 720p
varredura utilizado é o progressivo, representado e do 1080i é muito semelhante.

2.3.3 Digitalização de Sinais

Na televisão analógica, o sistema depende di- não se tem uma referência relativa à fonte. A
retamente do sinal original, ou seja, dos sinais Animação 5 apresenta a influência do ruído nas
de áudio e vídeo em formatos analógicos. Es- transmissões analógica e digital.
ses sinais mantêm suas características ao longo
de todo o meio de transmissão. Possíveis alte-
rações na informação analógica geradas pelas
condições do meio de transmissão refletem di-
retamente em sua qualidade e essas alterações
no sinal analógico são irreversíveis, uma vez que

Anotações
Animação 5 - Influência do ruído nas transmissões analógica e
Animação
digital
48 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

O sistema de TV Digital parte do processo digital encontra-se neste ponto. Como os dados
de discretização da fonte, ou seja, converter os transmitidos são informações binárias, pode-se
sinais de origem de áudio e vídeo para o domínio detectar a presença ou não de um erro através de
digital. Ao longo da transmissão, os bits sofrem códigos específicos de comparação. Através des-
distorções, sendo assim, na etapa de recepção, o tes códigos pode-se não só detectar a presença
sistema pode cometer um erro ao decidir por um de um erro, como ainda corrigi-lo.
bit “0” ou “1”. O grande diferencial do universo

2.3.3.1 Digitalização dos Sinais de Vídeo

O processo de digitalização do sinal de vídeo é de- Filtrados os sinais de luminância e crominân-


finido através da recomendação ITU-R BT.601. Este cia, estes passam pelo mesmo processo de con-
processo envolve três operações básicas: filtragem, versão analógico/digital exibido na vídeo-aula do
amostragem e quantização. A operação de filtragem módulo 4 (PCM) e ilustrado através da Figura 19.
é empregada para evitar o efeito de aliasing (serri-
lhamento) no processo de amostragem do sinal.

7
6
5
4
3
2
1
0
0 1 1 1 0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 1 1 0 0 0
1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 1
0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0

Sinal Digital

Figura 19– Processo de amostragem e quantização.

Glossário

Discretização: processo de digitalização da fonte de


informação, tornando-a com valores discretos no tempo.
Aliasing: Evento indesejado no processo de digitalização
de sinais. Quando ocorrido, o aliasing faz com que um sinal
seja reconstruído diferente da sua forma original.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 49

Quanto maior o número de bits para quan-


tizar um sinal analógico, mais próximo ficará do
original. Isto representa uma melhor definição de
imagem na etapa de digitalização de um sinal de
vídeo. O processo de digitalização dos sinais de
vídeo pode ser representado através da Figura 20.

Frequência de
amostragem
Filtro para o sinal
Câmera passa-baixa de Luminância
Tricromática
A Y = Sinal de Luminância
R D digitalizado
Matrix

G A Cb = Sinal de Crominância
D blue digitalizado
B
A Cr = Sinal de Crominância
D red digitalizado

Frequência de
amostragem
para o sinal
de Crominância

Figura 20 – Digitalização dos sinais de vídeo.

2.3.4.2 Digitalização dos Sinais de Áudio

Assim como os sinais de vídeo, os sinais de áudio


também serão digitalizados. Na figura 15, pode-
-se observar que os sinais de áudio são captados
por um sistema de microfones. A largura de banda
dos sinais de áudio se estende até 20 KHz, em que
Glossário
primeiramente encontram um filtro passa-baixas
para eliminação de interferências. Logo em se-
Filtro passa-baixas: Circuito eletrônico
guida, surge a conversão A/D (analógico/digital) utilizado para filtrar frequências acima
representada pela frequência de amostragem do de um limiar, e deixar passar frequências
processo de digitalização [8]. Na etapa final deste abaixo do limiar.

Anotações
50 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

processo, será somada a taxa dos dois ramos di-


reita/esquerda (Right/Left), a qual corresponderá
a taxa total que compõe o sinal de áudio digital.
A Figura 21 ilustra um processo de digitalização
com 16 níveis de quantização e uma frequência de
amostragem de 48 KHz:

Filtro
passa-baixa
Right 16 Bits
A 768 Kbps
D

Frequência de
amostragem = 48 KHz
15 ............ 20 KHz
Largura de banda
(voz) + 1,5 Mbps

Filtro
passa-baixa
Right 16 Bits
A 768 Kbps
D

Frequência de
amostragem = 48 KHz

Figura 21 – Digitalização do sinal de áudio.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 51

2.3.5 A Necessidade da Compressão dos Sinais de Áudio e Vídeo

Os sinais de áudio e vídeo digital não comprimidos mão de ferramentas que comprimam tais sinais.
são utilizados em ambientes como estúdios de Essas ferramentas são implementadas através da
televisão, em que se pode manusear estes sinais codificação de fonte.
dentro do ambiente da emissora através de interfa- A questão fundamental é encontrar formas
ces digitais sem a necessidade de transmissão ou de realizar a compressão dos sinais de vídeo e áu-
capacidade de armazenamento, visto que o sinal dio, evitando o comprometimento da experiência
se encontra em sua origem. Dessa forma, este si- do usuário em termos de qualidade. Ou seja, evi-
nal não é apropriado para transmissão em radio- tando a perda de qualidade na recepção.
difusão devido ao tamanho final digitalizado, ne- O princípio básico que sustenta um siste-
cessitando de uma elevada largura de banda para ma de compressão é que, uma vez realizado um
transmissão no canal de 6 MHz da televisão, o que algoritmo de compressão, este deve ser capaz
torna todo o processo inviável. Mesmo conside- de reconstruir a informação em sua totalidade na
rando somente o sinal de vídeo, este não caberia recepção através do processo inverso chamado
no canal de 6 MHz. Logo, faz-se necessário lançar de descompressão.

2.3.5.1 Compressão de Vídeo

A compressão de vídeo explora as redundâncias redundâncias no mesmo quadro de imagem, de-


das cenas, sejam elas entre quadros, denomina- nominada de redundância espacial. A Figura 22
da de redundância temporal, ou a exploração das ilustra a ideia de ambos os tipos de redundâncias.

Glossário

Codificação de fonte:
modificação das
características que
compõem a informação
Redundância
Espacial
para torná-la mais
Redundância Temporal apropriada para um
armazenamento ou para
uma transmissão.
Figura 22 – Ilustração das redundâncias temporais e espaciais.

Anotações
52 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

A redundância espacial pode ser compreendi- de início e de fim do deslocamento do avião. Nos
da através da análise de uma imagem estática. A com- quadros intermediários, são enviadas apenas as
pressão espacial aproveita a similaridade entre pixels diferenças entre os quadros subsequentes.
adjacentes de uma imagem e através dos algoritmos
de compressão, pode-se perceber quais pixels são
correlacionados, encontrando-se a redundância da
informação. No início da codificação espacial, é re-
alizada uma análise e, desta forma, percebe-se que
em amplas faixas da imagem, os pixels adjacentes
têm o mesmo valor. Na Figura 23, pode-se perceber
que existe um alto grau de correlação entre determi-
nado pixels da imagem. Se considerar a transmissão
que ilustra a Figura 23, é possível uma altíssima com-
pressão, pois grande parte dos pixels da imagem são
idênticos e compõem o céu azul, não havendo neces-
sidade da transmissão de todos eles. Apenas uma re- Figura 24 – Ilustração dos conceitos da redundância
ferência de localização entre os pixels de igual valor. temporal.

Diversos algoritmos foram desenvolvidos


para buscar informações redundantes que apa-
recem em informações sequenciais, nas quais
aplicam-se os códigos responsáveis para reduzir a
sua quantidade. Após o processo de compressão,
finaliza-se com a etapa da codificação da informa-
ção, ou codificação de entropia.
O Vídeo 4 apresenta o funcionamento da TV Di-
Figura 23 – Similaridade entre os pixels de uma mesma gital e a ferramenta que tornou possível a transmissão
imagem (Redundância Espacial). de vídeos digitais, principalmente os vídeos em alta
definição: as técnicas de compressão. Será apresen-
Agora, ao analisar a redundância temporal, tado o funcionamento das ferramentas de compres-
nota-se como principal característica a exploração são básicas para se ter uma ideia real da importância
da redundância de pixels entre quadros durante dessas técnicas para a transmissão digital de vídeo.
um intervalo de tempo. Tal redundância eviden-
cia então, a similaridade entre uma sequência de
quadros, ou seja, os pixels de um quadro que não Glossário
sofreram muitas alterações dentro da sequência
de quadros, não sendo necessário transmiti-los. Algoritmos: Sequência de instruções e
Assim, faz-se uso da exploração dessas redun- passos necessários para realizar uma ou várias
tarefas implementados através de lógicas
dâncias para otimizar o sistema de compressão. A
computacionais e linguagens de programação.
Figura 24 ilustra a similaridade entre os pixels nos
Entropia: Quantidade de informação. A essência
diferentes quadros, ressaltando os movimentos de uma informação.
entre cenas. É possível transmitir apenas o quadro

Anotações
Vídeo 4 - TV Digital e Compressão de Vídeo
54 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.3.5.2 Compressão de Áudio

Para o desenvolvimento da compressão de áudio, as mascaramento auditivo é uma ferramenta utilizada


características da audição humana devem ser con- para identificar as frequências que não serão per-
sideradas. O princípio básico de funcionamento do cebidas pela audição humana. Dessa forma, co-
aparelho auditivo humano inicia-se na propagação difica-se somente o sinal sonoro de interesse, ou
das ondas sonoras, que entram pelo conduto externo seja, o áudio que realmente será interpretado pela
auditivo e ao colidirem com a membrana do tímpano audição humana. Esses mascaramentos podem
fazem com que ela vibre. Esta vibração irá exercer ocorrer no domínio da frequência ou do tempo.
uma pressão no fluído contido na cóclea para pro- O sistema ISDB-Tb utiliza o padrão MPEG-4
vocar estímulos elétricos nos nervos auditivos. Estes para digitalização e compressão do sinal de áudio.
estímulos serão transmitidos para o cérebro que fará O algoritmo de compressão de áudio MPEG (Mo-
a correta interpretação do som captado. A faixa de ving Pictures Experts Groups) é um padrão de alta
frequência que compreende a capacidade do reco- fidelidade ao sinal original e tem três algoritmos
nhecimento auditivo humano é limitada a uma faixa distintos para compressão de áudio. Cada algorit-
correspondente às dimensões da cóclea, essa faixa mo é referenciado por uma camada. A camada I
é aproximadamente de 20 Hz a 20 KHz. produz um áudio na forma mais básica do que as
Técnicas foram desenvolvidas para poder camadas II e III.
adequar a captação auditiva humana a fim de tra- A base do processo de codificação de áudio
balhar as informações de áudio captadas por um MPEG pode ser ilustrada através da Figura 25, em
microfone e serem reproduzidas de uma maneira que compreende-se um sistema denominado Co-
comprimida em um sistema digital de televisão. O dificador Perceptual de Áudio.

Banco de Quantização e Codificação do


Filtros Codificação Fluxo de Bits

Modelagem
Psico-acústico

Figura 25 – Codificador genérico perceptual.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 55

Diante do diagrama da Figura 25, pode-se Uma das características do bloco de quanti-
perceber que o bloco do banco de filtros é utiliza- zação e codificação é a de manter o ruído abaixo
do para decompor o sinal de áudio de entrada, a do limiar de mascaramento. Para padrões de com-
qual irá resultar na melhor interpretação dos estí- pressão de áudio MPEG, é realizada, nesse bloco,
mulos auditivos. a codificação PCM (Pulse Code Modulation).
Na modelagem psico acústica, utilizam-se No bloco da codificação do fluxo de bits, são
os valores dos limiares de mascaramentos, tanto acrescentadas as informações relacionadas ao siste-
do domínio da frequência quanto do domínio do ma de áudio e formatados em um único fluxo de bits.
tempo, para eliminar as componentes de frequ-
ências que não serão devidamente interpretadas
pelo ouvido humano.

2.3.6 Interatividade

O middleware (camada intermediária de software interativo, realizar consultas e participar de enque-


que vem integrado em alguns modelos de equi- tes enviando informações pelo canal de retorno
pamentos de recepção de sinal de TV Digital) é a originando o processo de interatividade plena, no
interface que provê a interatividade no sistema de qual acontece a troca de informações em rede, no
televisão digital. No sistema ISDB-Tb, o middlewa- sentido provedor de interatividade – cliente e clien-
re brasileiro é chamado de Ginga, e foi desenvolvi- te – provedor de interatividade. A Figura 26 ilustra
do com conhecimento tecnológico nacional. o conceito de interatividade sendo executado pelo
O Ginga é oficialmente reconhecido pela ITU sistema de recepção interativo.
(International Telecommunication Union) como um
padrão mundial de middleware. Constituído por
um conjunto de tecnologias padronizadas e ino-
vações de pesquisas brasileiras, tornam o Ginga a
especificação mais avançada de middleware.
Dentro do sistema de TV Digital, a camada
de middleware define uma plataforma de progra-
mação digital entre a rede e suas aplicações, per-
mitindo serviços interativos nos televisores que
possuem tal interatividade. O middleware terá
acesso às informações como: o fluxo de vídeo, áu- Glossário
dio e dados, realizando o encaminhamento desses
elementos para o televisor ou guardando os dados Psico acústica: relação
em um dispositivo de armazenamento. A plata- entre sensações auditivas
e características físicas do
forma de programação digital dará início ao pro- som, como a frequência
cesso de interatividade, no qual o usuário poderá e amplitude de um sinal
usar o controle remoto para navegar no ambiente acústico, por exemplo.

Anotações
56 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

Dados de
Interatividade
Sistema de Recepção Interativo

Antena de Recepção

Televisão Digital
Usuário

Plataforma de
Canal de Retorno Programação Digital

Dados de Interatividade Middleware

Software

Processo de
Interatividade

Figura 26 – Conceito de interatividade no sistema de recepção interativo.

Os novos aparelhos de televisores digitais


possuirão receptores internos que permitirão a in-
teratividade, embora os equipamentos de televisão
convencionais estejam aptos a receber o conteúdo
da TV Digital e fazer a interatividade por meio de
um equipamento chamado set-top-box.

Glossário

Set-top-box: Aparelho decodificador que


recebe o conteúdo da TV Digital e o converte no
formato analógico, de modo que o usuário possa
ter acesso à tecnologia digital. Através deste
aparelho também é possível navegar na Internet
fazendo uso de um canal de retorno.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 57

2.3.7 A Transmissão no Sistema de TV Digital

Diferentemente do sistema analógico de televisão, são a atenuação do sinal, obstruções, multi-


o sistema de transmissão e recepção em TV Digital percursos, ruídos e interferências.
deve atribuir uma série de características que vi- • Minimizar a potência de transmissão
sam tornar o sistema flexível, atendendo a diversos requerida.
modos de operação que permitam escolher entre • Manter o espectro de frequência do sinal
robustez e vazão. transmitido confinado na faixa apropriada.
As principais características a serem atendi- No caso do ISDB-Tb, o canal de transmissão
das pelo sistema de transmissão de TV Digital são: adotado é o mesmo do sistema analógico,
que possui uma largura de faixa de 6 MHz.
• Maximizar a taxa de transmissão com o ob-
jetivo de transmitir o máximo possível de in- Para atender a esta flexibilidade e relação
formação pelo canal de radiodifusão, que é de compromisso entre a robustez e vazão, o sis-
limitado em banda. tema de transmissão de TV Digital lança mão ba-
• Maximizar a robustez do sinal na recepção sicamente de três etapas chaves, que são a codi-
diante das degradações introduzidas no ca- ficação de canal, modulação digital e a técnica de
nal de radiodifusão. Degradações estas que transmissão OFDM.

2.3.7.1 Codificação de Canal

A etapa de codificação de canal pode ser compre- que o receptor, através de algoritmos, consiga de-
endida como uma etapa em que se deseja mode- tectar e corrigir erros que ocorrem no canal.
lar o canal para que o sinal digital consiga trafegar No sistema de TV Digital, a etapa de codifica-
por este, sem sofrer grande influência das caracte- ção de canal se mostra com um altíssimo grau de
rísticas degradantes do canal. Essas técnicas de relevância, pois através de códigos corretores de
processamento de sinais são visualizadas como erros é possível obter um ganho expressivo de de-
estratégias do sistema de comunicação para atin- sempenho e operação frente aos cenários de co-
gir certos pontos de desempenho. Mais precisa- municação extremamente adversos, como o am-
mente, a codificação de canal implementa um pro- biente multipercurso que caracteriza a recepção
cesso de codificação dos sinais para transmissão, do sinal de TV Digital no dispositivo móvel.
de tal forma que, o receptor possa executar um
algoritmo de detecção e correção de possíveis er-
ros na recepção. Enquanto a codificação de fonte
Glossário
possui o objetivo de abstrair e remover vários tipos
de redundâncias que existem na informação a ser
Multipercursos: termo técnico para representar
transmitida, a codificação de canal realiza uma in- múltiplos percursos, ou múltiplos caminhos ou
serção controlada de redundâncias possibilitando rotas que um sinal pode percorrer no espaço.

Anotações
58 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.3.7.2 Modulação Digital

As modulações utilizadas no sistema de TV Digital As principais modulações digitais que po-


são digitais e apresentam uma série de vantagens dem ser programadas para trabalhar no padrão
em relação às modulações analógicas, como: ISDB-Tb e que serão abordadas a seguir, são:
QPSK (Quaternary Phase Shift Keying), DQPSK (Di-
• Maior imunidade ao ruído e robustez quanto fferential Quadrature Phase Shift Keying) e M-QAM
às adversidades do canal de comunicação. (M-ary Quadrature Amplitude Modulation). Essas
• Facilidade de multiplexação e processamen- modulações apresentam diferentes mapeamentos
to de diversas informações (áudio, vídeo e de símbolos, em que cada símbolo carrega uma
dados) devido ao fato de que tais informa- quantidade de bits. Esses símbolos transportam
ções já estão no domínio digital. então, a informação, ou mensagem.
• Baixa probabilidade de erro do sistema com re- O mapeamento consiste em mapear as infor-
lações sinal-ruído (SNR) relativamente baixas. mações em uma constelação de modulação digital.
• Proporciona um bom desempenho no am- Uma modulação pode conter M símbolos, na qual
biente multipercursos. cada símbolo transporta k bits. A relação entre bit e
• Melhor utilização do espectro eletromagnético. símbolo pode ser representada pela Equação 5.

No sistema ISDB-Tb adotado no Brasil, os di-


versos tipos de modulação digital se apresentam k = Log 2 M (5)
como um vasto campo de escolhas que atendem
aos diversos pontos das relações de compromis-
so. Isto significa que, no cenário da TV Digital, é k = número de bits
possível aplicar diferentes modulações para cada M = número de símbolos
situação sempre visando atender a relação de
compromisso entre robustez e vazão.
Foi visto no contexto, abordando as mo-
dulações analógicas, que as três características
a serem alteradas pelo sinal da portadora são a
amplitude, a fase e a frequência. Nas modulações
digitais, também alteram-se essas mesmas carac-
terísticas. Porém, agora o sinal modulado é digital,
ou discreto no tempo.

Glossário

Relação Sinal-Ruído: Razão


entre o sinal transmitido e o
ruído inerente ao canal de
comunicação.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 59

2.3.7.2.1 Mapeamento QPSK

A modulação QPSK (Quaternary Phase Shift


Keying) ou 4-PSK transmite quatro símbolos nas
transições de fase do sinal. Estes quatro símbo-
los são representados por quatro fases distintas
de uma portadora de frequência fc. Fazendo uso
da Equação 5, pode-se concluir que esta modula-
ção transporta dois bits por símbolo ( Log 2 4 = 2) .
A Figura 27 ilustra o mapeamento da modulação
QPSK, através do diagrama de constelação.
Ainda na Figura 27, os eixos I e Q corres-
pondem aos componentes em fase e quadratura
respectivamente. A componente em fase é respon-
sável por, de fato, expressar as alterações na fase
Figura 27 – Constelação QPSK.
do sinal (ou símbolo). A componente em quadra-
tura expressa as variações na amplitude do sinal.

2.3.7.2.2 Mapeamento 16-QAM

As modulações M-QAM (onde M é o número de Q


símbolos) são um caso especial das modulações
digitais que combinam chaveamento de ampli- (1,0,0,0) (1,0,1,0) (0,0,1,0) (0,0,0,0)
tude com chaveamento de fase. Na modulação
+3
16-QAM, cada quatro bits formam um símbolo
( Log 216 = 4) . O mapeamento dos bits pode ser
(1,0,0,1) (1,0,1,1) (0,0,1,1) (0,0,0,1)
observado na Figura 28, que ilustra a constelação
desta modulação: +1

-3 -1 +1 +3 I

-1

(1,1,0,1) (1,1,1,1) (0,1,1,1) (0,1,0,1)

-3

(1,1,0,0) (1,1,1,0) (0,1,1,0) (0,1,0,0)

Figura 28 – Constelação 16-QAM.

Anotações
60 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

2.3.7.2.3 Mapeamento 64-QAM

O mapeamento da modulação 64-QAM é seme- sistema, ou seja, maior taxa de transmissão. Por
lhante ao apresentado pela modulação 16-QAM. outro lado, quanto maior for a taxa de transmis-
A diferença entre eles está no número de bits são, maior é o número de símbolos enviados por
para formação de um símbolo, no qual são ne- tal modulação, tornando os símbolos mais próxi-
cessários seis bits ( Log 2 64 = 6) para formar um mos uns dos outros na constelação, resultando
símbolo da constelação. Percebe-se que tal mo- em um aumento da probabilidade de erro de bit.
dulação permite transmitir maior taxa de bits, A taxa de erro de bit (BER – Bit Error Rate) é um
porém apresenta menos robustez perante as parâmetro extremamente relevante no estudo
degradações apresentadas pelo canal de comu- das modulações digitais, em que nos mostra a
nicação. A Figura 29 ilustra o mapeamento dos probabilidade de um bit ser interpretado errado
bits, através da constelação 64-QAM. na recepção da mensagem. Essa é a relação de
Pode-se concluir que quanto maior for compromisso que o sistema de transmissão em
o número de símbolos apresentados por uma TV Digital deve sempre considerar. Ganha-se na
modulação digital, maior é a quantidade de bits taxa de transmissão (vazão), mas perde-se na
enviados, resultando em uma maior vazão do confiabilidade da recepção (robustez).

Q
(100000) (100010) (101010) (101000) (001000) (001010) (000010) (000000)

+7

(100001) (100011) (101011) (101001) (001001) (001011) (000011) (000001)


+5

(100101) (100111) (101111) (101101) (100101) (001101) (001111) (000101)


+3

(100100) (100110) (101110) (101100) (100100) (100110) (101110) (101100)


+1

-7 -5 -3 -1 +1 +3 +5 +7
I
-1
(110100) (110110) (111110) (111100) (011100) (011110) (010110) (010100)

-3
(110101) (110111) (111111) (111101) (011101) (011111) (010111) (010101)

-5
(110001) (110011) (111011) (111001) (011001) (011011) (010011) (010001)

-7
(110000) (110010) (111010) (111000) (011000) (011010) (010010) (010000)

Figura 29 – Constelação 64-QAM.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV 61

2.3.7.3 OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing)

A multiplexação por divisão de frequências orto- subportadoras equivaleria à vazão com uma única
gonais (OFDM) é uma técnica de transmissão por portadora. Como a taxa de transmissão em cada
múltiplas portadoras, ou seja, transmitem-se múlti- um desses feixes paralelos nas subportadoras é
plos sinais que são multiplexados realizando uma pequeno, isso resulta no fato de que tal subpor-
divisão na frequência de forma ortogonal. tadora não ocupará uma grande largura de faixa.
A ideia do OFDM consiste em separar o feixe A Figura 30 ilustra o conceito básico para a
de dados de transmissão em um feixe de dados formação do sinal OFDM, na qual pode-se perce-
paralelos, modulando diversas subportadoras, ca- ber a presença de “n” símbolos sendo multiplica-
racterizando uma transmissão paralela. Tais sub- dos por “n” subportadoras. As subportadoras são
portadoras operam com uma taxa de transmissão multiplexadas gerando o sinal (ou símbolo) OFDM:
menor, ou seja, a soma da vazão dessas diversas

S1
X

P1

S2 X
Σ Sinal OFDM

P2

Sn X Sn = n Símbolos
Pn = n Portadoras

Pn

Figura 30 – Multiplexação de subportadoras por divisão em frequências


ortogonais (OFDM).

Anotações
62 Capítulo 2 - Sistemas de Transmissão de TV

A maneira como as subportadoras OFDM


são alocadas no espectro de frequências pode
ser observado na Figura 31. Repare que existe a
sobreposição delas na frequência, no entanto, no
momento de decisão de uma subportadora, sua
amplitude é máxima e todas as demais estão com
as amplitudes mínimas. Deste modo não existirá
interferência entre elas.

P1 P2 P3 P4 ... Pn

Figura 31 – Subportadoras ortogonais OFDM alocadas no espectro de frequências.

O padrão ISDB-Tb adotado pelo Brasil con-


templa três modos de operação que define o nú-
mero de subportadoras para a transmissão. Estes
modos são definidos conforme determinadas apli-
cações. No modo 1, são criadas 1405 subportado-
ras para a transmissão. Nos modos 2 e 3, são cria-
das 2809 e 5617 subportadoras, respectivamente.
A técnica OFDM se apresenta como um dos
métodos de transmissão mais complexos atual-
mente. Sistemas OFDM são amplamente utiliza-
dos em sistemas de comunicação digital. Além da
aplicação no sistema de TV Digital, utiliza-se esta
técnica também em modens ADSL, WiFi, WiMax, e
em sistemas celulares de quarta geração.

Anotações
Capítulo 3 - Considerações Finais

Os sistemas de telecomunicações por Radiodifusão têm um altíssimo impacto


sobre a sociedade, e não é de hoje. O receptor de rádio exerce uma grande
incidência na vida diária das pessoas, tanto em zonas urbanas quanto rurais.
Esse fato se dá pelo aparelho receptor ser um equipamento de baixo custo,
pequeno porte e programações diversificadas.
Desde seu surgimento, a televisão causou um impacto de proporção
imensurável na sociedade. A maneira como a informação chegava para os te-
lespectadores encantou o mundo. Posteriormente, a televisão a cores trouxe
mais vida para as informações e a experiência com a televisão se transformou.
Em dias atuais, com o desenvolvimento da televisão digital, uma nova era
de transmissão de sinais de televisão ocorreu em escala global. Os telespec-
tadores estão mais exigentes e se acostumaram com um serviço de altíssima
qualidade. Hoje, a televisão se transformou em um portal visual de conheci-
mento global. Suas tendências para um serviço de entretenimento, provendo
interatividade e flexibilidade é inevitável com a inserção da Internet através das
Smart TV’s. Isto faz com que uma conclusão possa ser quase que certa: a tele-
visão está em processo de digitalização gradativo e contempla um cenário que
gera perspectivas totalmente inovadoras.

Anotações
64 Capítulo 3 - Considerações Finais

SAIBA MAIS!
SMART TV

As Smart TVs herdaram esse apelido dos smart phones que, além de serem telefones con-
vencionais, possuíam uma série de funcionalidades extras. E é exatamente o que é uma
Smart TV. Quando ela está funcionando como uma TV, ela é uma TV convencional como
qualquer outra. Mas, ela possui algumas funcionalidades a mais que possibilitou esse
apelido. Uma smart TV é capaz de navegar na internet, abrir aplicativos e redes sociais,
visualizar fotos e vídeos, compartilhar arquivos com o computador, celular ou um HD ex-
terno, interatividade, enfim, uma Smart TV, assim como um computador, possui inúmeras
funções específicas além, é claro, de exibir a novela e o futebol de domingo.
Todas as Smart TVs possuem uma página ini-
cial que permite o acesso a diferentes fun-
ções, inclusive um link para uma loja de apli-
cativos específicos.
Smart TV possuem aplicativos de diversas ca- Fotos

tegorias, jogos, informativos e etc. Todos esses Redes sociais

aplicativos podem ser controlados através do


Documentos

Músicas

controle remoto. A figura ilustra a Smart TV e al- Jogos

guns dos seus recursos: E-mail

Smart TV
Vídeos
Web

O Vídeo 5 apresenta uma revisão de todos


os conteúdos estudados neste módulo. Aproveite
a oportunidade para rever e testar seus conceitos!

Anotações
Vídeo 5 - Revisão
Quiz 2
Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o
que você aprendeu. Responda as questões abaixo e confira
as respostas corretas no final do livro.
Este questionário não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo.

1 – Os principais padrões de TV Digital atualmente em operação são respectivamente:

a) NTSC, PAL-M e Secam. b) ATSC, DMB, DVB, ISDB e ISDB-Tb. c) NTSC, DMB, DVB e ISDB.

2 – A resolução da televisão HDTV é respectivamente:

a) 1280 x 720 b) 3840 x 2160 c) 1920 x 1080

3 – Processo utilizado na etapa de digitalização de sinais de áudio e vídeo no sistema de TV Digital.

a) QPSK b) PCM c) OFDM

4 – Técnica utilizada para a compressão dos sinais de áudio e vídeo em TV Digital

a) Codificação de canal b) OFDM c) Codificação de fonte

5 – Explora as redundâncias no mesmo quadro durante a etapa de compressão de vídeo.

a) Redundância espacial b) Redundância temporal c) PCM

6 – Em uma modulação QPSK, cada símbolo transporta quantos bits de informação?

a) 16 b) 4 c) 2
7 – Padrão utilizado para digitalização e compressão de áudio no sistema ISDB-Tb.

a) MPEG-4 b) Dolby Digital c) MPEG-2

8 – Nome dado à interface que provê a interatividade no sistema de TV Digital.

a) Set-top-box b) Middleware c) MPEG

9 – Modulações utilizadas no sistema de TV Digital brasileiro.

a) QPSK, 16-QAM e 64-QAM b) 8-VSB, 16-QAM e 64-QAM c) AM, FM, QPSK, 16-QPSK e 64-QAM

10 – Técnica de transmissão utilizada no sistema ISDB-Tb de TV Digital, em que se utiliza múltiplas portadoras.

a) M-QAM b) OFDM c) QPSK


Gabarito - Quizzes

Quiz 1

Questão Alternativa
1 c
2 b
3 b
4 a
5 b
6 c
7 c
8 a
9 a
10 b

Quiz 2

Questão Alternativa
1 b
2 c
3 b
4 c
5 a
6 c
7 a
8 b
9 a
10 b
Bibliografias

ALENCAR, Marcelo Sampaio de – Televisão Digital; 1ª Edição – São Paulo: Érica, 2007
ASIMOV, Isaac – The Human Brain; New York: Hermus, 2002
FAGIANI, Anderson – Material para realização de Treinamentos em TV Digital, Inatel Competence Center, 2010
Ginga – (on-line) Disponível na internet. URL: http://www.ginga.org.br, 2013
GROB, Bernard – Televisão e Sistemas de Vídeo; 5ª Edição – Rio de Janeiro: Guanabara, 1989
NETO, Vicente Soares – Telecomunicações, uma Visão Sistêmica: Sistemas de Modulação; 3ª Edição –
São Paulo: Érica, 2012
ROCHA, Carlos Augusto – Notas de aula da disciplina de Sistemas de Radiodifusão Digital do curso de
Graduação em Engenharia de Telecomunicações, Inatel, 2013
SILVA JUNIOR, Ricardo Augusto da – Televisão Digital: Sistemas – Curso modalidade EaD, Inatel, 2012
WATINKSON, J. – The MPEG Handbook; Oxford: Focal Press, 2003
WINKLER, Stefan – Digital Vídeo Quality Vision: Models and Metrics; Switzerland: Jhon Wiley & Sons, 2005

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