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Grupo 7
Grupo 7
A fadiga muscular (FM) é um fenômeno comum nas atividades Keywords: Muscular fatigue. Time of the muscular reaction. Fibularis.
esportivas e diárias, resultando numa piora da performance moto- Palabras-clave: Fatiga muscular. Tiempo de reacción muscular. El músculos
peróneos.
ra. Ela é considerada um dos fatores causadores de lesões mús-
culo-esqueléticas. A entorse de tornozelo é um exemplo: a FM have been analyzing the influence of the MF on the neuromuscu-
afetaria tanto o sistema aferente quanto o eferente. Vários estu- lar control (NMC). Nevertheless, there are few researches com-
dos têm analisado a influência da FM no controle neuromuscular prising that influence on the velocity of the muscular reaction. The
(CNM); entretanto, existe pouca pesquisa sobre essa influência purpose of this study was to check the effects of the MF on the
na velocidade de reação dos músculos. O objetivo deste estudo time of the muscular reaction (TMR) in the fibularis muscles, which
foi verificar os efeitos da FM no tempo de reação muscular (TRM) are the first to respond to an inversion stress of the ankle. Four-
dos músculos fibulares, que são os primeiros a responder a um teen healthy male individuals (age: 20-35 years) were studied, who
estresse em inversão do tornozelo. Foram estudados 14 indiví- had their TMR assessed by means of the surface electromyogra-
duos saudáveis masculinos (idade: 20-35 anos), que tiveram seus phy (EMG). The beginning of the muscular activity was defined as
TRM avaliados por meio de eletromiografia (EMG) de superfície. the mean resting value +3x the standard deviation (SD). The TMR
O início da atividade muscular foi definido como a média de re- of the fibularis was measured after a sudden 20o inversion per-
pouso + 3x o desvio-padrão (DP). O TRM dos fibulares foi mensu- formed on a platform. The sudden inversion was performed be-
rado após uma inversão súbita de 20o realizada numa plataforma. fore and after the muscular fatigue, which was induced through
A inversão súbita foi realizada antes e depois da fadiga muscular, localized exercises of the fibularis up to the exhaustion. The re-
que foi induzida por exercícios localizados dos fibulares até a exaus- sults have shown a significant increase in the time of the muscu-
tão. Os resultados mostraram que houve um aumento significati- lar reaction after the fatigue (p < 0.01). While performing prolonged
vo do tempo de reação muscular após a fadiga (p < 0,01). Durante sportive activities and during the rehabilitation process, there must
atividades esportivas prolongadas e durante o processo de reabi- be caution to perform tasks that require extremely fast muscular
litação, deve-se ter cautela na realização de tarefas que requeiram responses.
respostas musculares extremamente rápidas sob condições de
fadiga muscular.
RESUMEN
Efectos de la fatiga muscular inducida por ejercicios sobre el
ABSTRACT
tiempo de reacción muscular peronea en individuos sanos
Effects of the exercise-induced muscular fatigue on the time La fatiga muscular (FM) es un fenómeno común en las activida-
of muscular reaction of the fibularis in healthy individuals des diarias, produciendo un empeoramiento de la actuación. Se la
The muscular fatigue (MF) is a common phenomenon in the considera una de las causas de factores lesionantes musculares
daily sports activities that results in a worsening of the motor per- de esqueleto. El esguince del tobillo es un ejemplo: La FM afecta-
formance. It is considered one of the major factors for muscle- ría tanto el sistema aferente cuanto el eferente. Varios estudios
skeletal damages, such as the ankle sprain, when the MF would han estado analizando la influencia de FM en el comando neuro-
affect both the afferent and the efferent systems. Several studies muscular (CNM), sin embargo, la existen pocas investigaciones
sobre la influencia en la velocidad de reacción de los músculos. El
1. Fisioterapeuta POA/RS. objetivo de ese estudio era verificar los efectos de FM en el tiem-
2. Fisioterapeuta e Proprietária da Acquaticus POA/RS, Educadora Física, po de reacción muscular (TRM) de los músculos peroneos, que
Mestre em Ciências do Movimento Humano – UFRGS, Professora do son los primeros en responder a una tensión en la inversión del
Curso de Fisioterapia da PUCRS, Doutoranda PUCRS. tobillo. Se estudiaron 14 individuos saludables masculinos (con
3. Fisioterapeuta do Clube Grêmio Náutico União – POA/RS, Fisiotera- edad: entre 20-35 años), que tenían su TRM estimado a través de
peuta da Clínica SOS Esporte, Mestre em Ciências do Movimento Hu- la eletromiografia (EMG) de superficie. El principio de la actividad
mano – UFRGS, Professora do Curso de Fisioterapia da PUCRS e da
muscular se definió como el promedio del resto + 3x la desviación
Unisinos, Doutoranda em Ciências do Movimento Humano – UFRGS.
normal (DP). TRM de músculos peroneos estava moderado des-
4. Médico Ortopedista e Traumatologista do Esporte da Clínica SOS Es-
pués de una inversión súbita de 20o cumplida en una plataforma.
portes, Médico Ortopedista e Traumatologista do Esporte e Coordena-
dor do Centro de Medicina e Reabilitação do Clube Grêmio Náutico
La inversión súbita se realizaba antes y después de la fatiga mus-
União – POA/RS, Diretor médico da Federação Gaúcha de Futevôlei e cular, que era inducido por los ejercicios localizados en los múscu-
Diretor médico da Federação Gaúcha de Futebol, Mestre em Ciências los peróneos hasta agotamiento. Los resultados mostraron que
do Movimento Humano – UFRGS, Doutor em Ciências do Movimento había un aumento significante del tiempo de reacción muscular
Humano – UFRGS. después de la fatiga (p < 0.01). Durante las actividades deportivas
Recebido em 13/3/05. Versão final recebida em 9/8/05. Aceito em 3/11/05. y durante el proceso de la rehabilitación, debe tenerse cautela en
Endereço para correspondência: Adriana Moré Pacheco, Rua Comen- la realización de las tareas que se solicitan como respuestas mus-
dador Rheingantz, 362, apto. 601, B. Auxiliadora – Porto Alegre, RS. E- culares sumamente rápidas bajo las condiciones de fatiga muscu-
mail: adrimpacheco@terra.com.br lar.
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INTRODUÇÃO utilizar pessoas dos dois sexos pelo fato de alguns autores mos-
trarem diferenças entre homens e mulheres quanto à fadiga(25,26).
A fadiga muscular (FM), definida como qualquer redução na ca-
pacidade do sistema neuromuscular de gerar força(1,2), é um fenô- Procedimentos de coleta dos dados
meno comum em esportes de resistência e é uma experiência
A coleta de dados ocorreu em três etapas: 1) avaliação do tem-
usual nas atividades diárias(3). O início da atividade muscular vo-
po de reação muscular pré-fadiga, 2) indução da fadiga e 3) avalia-
luntária envolve muitos processos que começam com o controle
ção do tempo de reação muscular pós-fadiga. O membro inferior
cortical no cérebro e terminam com a formação das pontes cruza-
direito foi o escolhido para a realização dos testes, independente
das dentro da fibra muscular. A fadiga muscular pode, portanto,
da dominância do indivíduo.
ocorrer como resultado da falha de qualquer um dos processos
Para mensurar o tempo de reação muscular foi utilizado um
envolvidos na contração muscular(4).
eletromiógrafo (EMG) Bortec® (Bortec Eletronics Incorporation,
Historicamente, os fatores potenciais envolvidos no desenvol-
Calgary, Canadá). O EMG era dotado de pré-amplificadores distan-
vimento da fadiga dividem-se em duas categorias: fatores cen-
tes 10 centímetros dos eletrodos. Foram utilizados dois canais,
trais, os quais devem causar a fadiga pelo distúrbio na transmis-
onde o sinal amplificado foi convertido por uma placa analógico-
são neuromuscular entre o SNC e a membrana muscular, e fatores
digital. Para registro do sinal eletromiográfico foram utilizados ele-
periféricos, que levariam a uma alteração dentro do músculo(5-7).
trodos descartáveis de superfície da marca Kendall® (Meditrace –
Outra característica da fadiga é o fato dela ser dependente da ta-
100; Ag/AgCl), diâmetro de 3cm com adesivo de fixação, na confi-
refa, isto é, variam bastante suas causas e seu comportamento
guração bipolar.. Para o posicionamento adequado dos eletrodos
de acordo com a forma pela qual é induzida(4,8). A fadiga muscular
foi solicitada, a cada participante, a contração voluntária dos mús-
é considerada fator que predispõe a ocorrência de lesões(9,10), tal
culos fibulares, contra resistência manual, para que fosse possí-
como a entorse de tornozelo. Na maioria dos casos em que ocorre
vel identificar o ventre muscular e, então, colocavam-se os eletro-
esse tipo de lesão, o mecanismo causador é um movimento de
dos 1/3 abaixo da cabeça da fíbula para fixação dos eletrodos. Um
inversão do tornozelo(11,12). Os responsáveis por impedir esse es-
eletrodo de aterramento foi colocado na tuberosidade da tíbia da
tresse nocivo à articulação são as estruturas que restringem esta-
perna esquerda. A preparação da pele para a colocação dos eletro-
ticamente (fáscia, cápsula, ligamento) e dinamicamente (múscu-
dos deu-se através da raspagem dos pêlos com uma lâmina des-
los)(13) a articulação. Os músculos fibulares curto e longo são as
cartável para reduzir a impedância elétrica e pelo esfregamento
primeiras e mais importantes estruturas musculares que atuam
da pele com algodão embebido em álcool, a fim de remover as
na prevenção desse tipo de entorse(14).
células mortas e a oleosidade no local do posicionamento dos ele-
Diversos autores têm estudado os efeitos da fadiga muscular
trodos(27). A seguir, os eletrodos eram fixados na pele e era aplica-
no controle neuromuscular (CNM)(9,15-17). O CNM refere-se às afe-
da uma leve pressão sobre eles para aumentar o contato entre o
rências proprioceptivas levadas por receptores da periferia para
gel do eletrodo e a pele(28).
os centros superiores e às respostas eferentes (motoras) geradas
Foi utilizada uma plataforma de inversão súbita do tornozelo, de
no intuito de manter a estabilidade muscular dinâmica(18). Estudos
20°(29), a qual possuía um sistema de sincronismo que era conec-
mostram que a fadiga muscular altera adversamente a proprio-
tado ao computador e era capaz de informar o momento em que a
cepção(16,19) (modalidade sensorial que engloba as sensações de
plataforma tombasse contra a base da prancha, sinalizando o final
movimento articular e de posição articular(13)) e o controle postu-
do giro de inversão. Sem qualquer aviso prévio, o dispositivo da
ral(9,15,17,20). Contudo, poucos estudos analisaram as mudanças que
prancha era manualmente disparado, simulando uma entorse por
a fadiga muscular gera no tempo de reação muscular (TRM)(3,21,22).
inversão do tornozelo. Neste momento o computador captava a
Dada a alta incidência das entorses de tornozelo por inversão(23,24)
resposta muscular dos fibulares ao estímulo e o momento em
e grande ocorrência de fadiga muscular tanto nas atividades es-
que ele ocorria. O mesmo procedimento foi realizado em dois
portivas quanto nas cotidianas, e sabendo que é primordial ter um
períodos distintos: no início, isto é, antes da fadiga muscular, e no
controle motor efetivo e rápido para a prevenção de lesões mús-
final, depois da fadiga. O sujeito posicionava-se em ortostase so-
culo-esqueléticas(4), este estudo teve como objetivos analisar, por
bre a prancha, com os braços entrelaçados sobre o tórax e, então,
meio da eletromiografia de superfície (EMG), os efeitos da fadiga
eram orientados a olhar para um ponto fixo na altura de seus olhos,
muscular induzida por exercícios ativo-resistidos no TRM dos fi-
de modo que não pudessem ver o momento que o avaliador dis-
bulares em indivíduos saudáveis e verificar se existe diferença na
parasse o dispositivo mecânico da prancha. Neste momento, o
atividade EMG de repouso dos fibulares antes e após a fadiga
computador já estava captando a atividade elétrica muscular (de
muscular. A reação fibular foi testada por meio da utilização de
repouso).
uma plataforma de inversão súbita.
A fadiga muscular foi induzida por exercícios ativos resistidos
localizados. A fadiga muscular é definida, na literatura, como uma
falha do sistema neuromuscular na capacidade de gerar uma for-
METODOLOGIA
ça requerida ou esperada(10). Essa falha durante esforços voluntá-
A realização da pesquisa ocorreu no Laboratório de Pesquisa do rios pode resultar de diversos mecanismos, tanto centrais quanto
Exercício (LAPEX) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul periféricos(5). Sendo assim, a indução da fadiga foi realizada atra-
(UFRGS). Antes da realização do estudo, cada indivíduo consentiu vés de exercícios de eversão do tornozelo contra a resistência. O
formalmente sua participação na pesquisa através de um Termo sujeito ficava sentado num colchonete com as costas encostadas
de Consentimento Livre e Esclarecido elaborado conforme os pa- na parede, com o joelho e o quadril esquerdo fletidos. O membro
drões éticos e aprovado previamente pelo Comitê de Ética em inferior direito estava posicionado em 90o de flexão de quadril, o
Pesquisa da Rede Metodista de Educação em março de 2004. joelho estendido e o tornozelo em posição neutra. Os pés esta-
vam descalços. Utilizando uma banda elástica da marca Thera-
População e amostra band ®, de cor verde, o pesquisador ficava no lado esquerdo do
Participaram do estudo 14 indivíduos do sexo masculino, prati- indivíduo e posicionava a faixa elástica no lado externo do pé, crian-
cantes de atividade física regular (mínimo de duas vezes por se- do uma resistência contra o movimento de eversão. Os sujeitos
mana), sem história de lesões prévias nos membros inferiores e eram instruídos a realizar o maior número de eversões possível e
sem comprometimento de estabilidade articular no tornozelo. Os recebiam estímulo verbal a todo o momento. Esta Theraband® foi
participantes não haviam realizado nenhuma atividade física por utilizada por apresentar uma resistência média(30) dada a heteroge-
pelo menos 24 horas antes da coleta dos dados. Optou-se por não neidade da amostra e o fato de não se conhecer previamente as
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capacidades atléticas dos participantes. O teste foi realizado em O sinal elétrico (v) de repouso (definido como o período de dois
todos os sujeitos pelo mesmo avaliador. Mesmo com todo o crité- segundos antes do estímulo) dos fibulares foi maior no período
rio metodológico que foi utilizado, não se pode afirmar que todos pós-fadiga (0,031 ± 0,020) comparado com os valores pré-fadiga
os participantes apresentavam o mesmo nível de fadiga, apenas (0,025 ± 0,013). Entretanto, não houve diferença estatisticamen-
que alcançaram algum nível de fatigabilidade que os incapacita- te significativa (p > 0.05). A tabela 2 mostra os valores de cada
vam de continuar a tarefa. participante.
Após a indução da fadiga, o indivíduo posicionava-se novamen-
te na prancha (situada a um metro do local onde foram realizados
TABELA 2
os exercícios), quando era mensurado novamente o TRM, através Comparação dos valores pré e pós-fadiga durante o repouso
da inversão súbita. A mensuração pós-fadiga ocorria em menos
de 10 segundos após a fadiga muscular dos fibulares. Sujeitos Atividade de Atividade de
repouso pré-fadiga (v) repouso pós-fadiga (v)
Análise e filtragem do sinal eletromiográfico
01 0,0091 0,0101
Inicialmente, foi utilizado um filtro Butterworth de terceira or- 02 0,0386 0,0587
dem na freqüência de 20-600Hz. O período de repouso foi consi- 03 0,0270 0,0235
04 0,0318 0,0262
derado os dois segundos anteriores ao estímulo, dos quais foram 05 0,0330 0,0823
obtidos a média e o desvio-padrão do sinal EMG de repouso. A 06 0,0293 0,0313
partir desses dados foi possível determinar um limiar para detec- 07 0,0532 0,0445
ção da atividade muscular. Isso significa que o sinal EMG que ul- 08 0,0116 0,0213
09 0,0084 0,0117
trapassasse este limiar seria considerado uma ativação muscular
10 0,0310 0,0240
acima do repouso. O critério de ativação muscular era baseado no 11 0,0349 0,0377
cálculo: Limiar = média + (3x DP). Quando se utilizam três desvios 12 0,0089 0,0095
acima da média têm-se 99,7% de chance de considerar uma ativi- 13 0,0129 0,0479
dade diferente do repouso(30). Para a determinação do tempo de 14 0,0206 0,0175
reação dos músculos fibulares, definiu-se o momento em que ocor- Média 00,02511 0,0319
reu o primeiro pico de ativação muscular (pós-estímulo) que tives- Desvio-padrão 0,0135 00,02071
se ultrapassado o limiar. A diferença entre o momento em que
ocorreu o estímulo externo e o pico de ativação foi determinado
como o tempo de reação muscular ou tempo de resposta eletro- A comparação entre o TRM dos fibulares no período pré-fadiga
miográfica. (68 ± 9,7ms) e pós-fadiga (78 ± 7,4ms) demonstrou um aumento
estatisticamente significativo no TRM no período pós-fadiga (p <
Análise estatística 0,001), como mostra o gráfico 1.
Foi utilizado o teste t de Student para amostras pareadas para
comparar a atividade em repouso dos músculos fibulares antes e
depois da fadiga, assim como para verificar as diferenças no tem-
po de reação muscular pré e pós-fadiga. O nível de significância
utilizado foi p < 0,05.
RESULTADOS
As características dos 14 participantes são apresentadas na ta-
bela 1. A idade média foi de 25 ± 3,94 anos; altura: 1,75 ± 0,06
metros; peso: 72,71 ± 11,71 quilos; o número de dias em que
realizavam atividade física por semana foi de 4,10 ± 1,60 e o nú-
mero de repetições de eversões realizadas durante a indução da
fadiga foi de 113,40 ± 34,60.
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