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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

VALDECIR DA COSTA DE LIMA

ESTUDO DA IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES DE FALTA EM UM


ALIMENTADOR RURAL

Ijuí
2018
VALDECIR DA COSTA DE LIMA

ESTUDO DE IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES DE FALTA EM UM


ALIMENTADOR RURAL

Trabalho apresentado à graduação


em Engenharia Elétrica da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUI, como requisito
final para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.

ORIENTADOR: Me. ENG. SANDRO ALBERTO BOCK

Ijuí
2018
VALDECIR DA COSTA DE LIMA

ESTUDO DA IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES DE FALTA EM UM


ALIMENTADOR RURAL

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e pelo Colegiado do Curso
de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUI.

Banca Examinadora:

__________________________________________________
Me. Eng. Sandro Alberto Bock – DCEEng / Unijuí

__________________________________________________
Me. Eng. – Taciana Paula Enderle – DCEEng / Unijuí
A minha mulher Aline, a minha mãe Vanusa e ao
meu pai Paulo (in memoriam), que dedico esta conquista.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Aline, minha mulher, que enquanto eu estava na universidade


tomava conta das crianças, meus filhos Nícolas e Nátali.

Agradeço ainda aos meus pais, Vanusa e Paulo (in memoriam) que sempre me
incentivaram a estudar e me educaram e foram responsáveis pela pessoa que sou hoje.

Não posso deixar de agradecer aos colegas George, Miguel, Everton, Darlei, Marcos,
Rafael e Fernando pelos bons momentos passados juntos nas aulas, assim como em momentos
fora do âmbito acadêmico, o que proporcionou uma amizade para além da universidade.

Agradeço também ao meu orientador Me. Eng. Sandro Alberto Bock, que sempre se
mostrou muito prestativo quando solicitado.

Aos colegas de trabalho também agradeço imensamente, pois sempre que preciso,
trocavam de turno de trabalho para que eu pudesse estudar. Um agradecimento especial aos Eng.
Eletricista Mateus Trevisol, Eng. Eletricista João F. Costa e Eng. Eletricista Bráulio Schussler,
que me auxiliaram no desenvolvimento do trabalho.
“O período de maior ganho de conhecimento e experiência é
o período de maior dificuldade na vida de cada um”.

Dalai Lama
RESUMO

LIMA, Valdecir da Costa de. Estudo da implementação de indicadores de falta em um


alimentador rural. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Elétrica,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2018.
Com a crescente exigência de energia de boa qualidade e ininterrupta pelos consumidores e
regras mais rígidas neste quesito cobradas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
as concessionárias e permissionárias de energia elétrica se veem obrigadas a traçar planos que
atendam aos requisitos mínimos de qualidade do sistema elétrico. Este trabalho traz uma análise
da proposta de instalação de dispositivos de falta (identificadores da passagem de corrente de
curto-circuito por um determinado ponto) ao longo de um alimentador primário rural, tendo em
vista que este dispositivo terá a função principal de identificar o trecho da rede primária que está
com defeito permanente, com isso, reduzindo o tempo para a localização do problema pelas
equipes plantonistas. O estudo da implementação dos dispositivos indicadores de falta (IF) tem a
finalidade de comprovar a viabilidade econômica e resultados técnicos referentes à melhora dos
indicadores de qualidade, redução da perda de receita pela Energia Não Distribuída (END) e por
deixar de gerar energia elétrica na PCH Nilo Bonfanti, que é conectada ao sistema de
distribuição. Para isso, será feito uma análise de um evento específico de defeito permanente que
ocorrerá na rede de média tensão, sendo calculados os indicadores (DEC, DIC, DMIC e TMA)
deste caso e todos os custos operacionais e comerciais envolvidos, fazendo uma análise posterior
do mesmo caso levando em consideração a atuação do dispositivo proposto.

Palavras-chave: Indicador de falta. Rede de Distribuição. Indicadores de qualidade. Viabilidade


ABSTRACT

LIMA, Valdecir da Costa. Study of the implementation of lack indicators in a rural feeder.
2018. Course Completion Work. Course of Electrical Engineering, Regional University of the
Northwest of the State of Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Ijuí, 2018. With the increasing
requirement of good quality and uninterrupted energy by consumers and stricter rules in this area
charged by the National Electric Energy Agency (ANEEL), electric power concessionaires and
licensees are obliged to draw up plans that meet the minimum quality requirements of the
electrical system. This work presents an analysis of the proposed installation of fault devices
(short-circuit current passing through a given point) along a rural primary feeder, considering that
this device will have the main function of identifying the part of the primary network that is
permanently defective, thereby reducing the time for the location of the problem by the on-call
teams. The study of the implementation of fault indicator devices (FIs) has the purpose of
proving the economic viability and technical results related to the improvement of quality
indicators, reduction of revenue loss by Non-Distributed Energy (NDT), and failure to generate
electricity at the Nilo Bonfanti SHP, which is connected to the distribution system. For this, an
analysis of a specific permanent defect event will be done in the medium voltage network, and
the indicators (DEC, DIC, DMIC and TMA) of this case and all operational and commercial costs
involved are calculated and analyzed later of the same case taking into account the performance
of the proposed device.

Keywords: Fault indicator. Distribution network. Quality Indicators. Viability


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema Nacional Interligado ............................................................................. 19


Figura 2: Sistema de Distribuição ..................................................................................... 20
Figura 3: Protótipo de Sinalizador de Falta ....................................................................... 26
Figura 4: Equipamento que processa os dados da Falta e envia para o IHM .................... 27
Figura 5: Exemplos de IFs - (a) Fabricante [Bowdens, 2018] e [Horstmann, 2018], (b)
Fabricantes [Nortrol, 2018] e [SEL, 2018].........................................................................30
Figura 6: Rede MT com IFs .............................................................................................. 32
Figura 7: Indicadores de Falta Instalado nas Três Fases ................................................... 33
Figura 8: Instalação do IF diretamente no condutor – Fabricantes (a) SEL e (b) Nortrol. 33
Figura 9: Instalação do IF .................................................................................................. 34
Figura 10: Representação do Sensor Indutivo ................................................................... 35
Figura 11: Corrente x tempo e Tensão x tempo em uma falta permanente ....................... 36
Figura 12: Sistema de Comunicação Remota dos IFs ....................................................... 37
Figura 13: Foto do RL-226 instalado na rede .................................................................... 52
Figura 14: Abrangência da rede MT estudada – Mapa de operação do sistema do COD . 53
Figura 15: Diagrama unifilar em que está inserido a rede do RL-226 .............................. 55
Figura 16: Diagrama Unifilar detalhado da rede MT do RL-226...................................... 56
Figura 17: Barragem da PCH Nilo Bonfanti ..................................................................... 59
Figura 18: Diagrama Unifilar da PCH Nilo Bonfanti ....................................................... 60
Figura 19: Pontos de Instalação dos IFs ............................................................................ 68
Figura 20: Zoom do Anexo B ............................................................................................ 69
Figura 21: Identificadores de Falta Atuados ..................................................................... 89
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fabricantes/Modelos de Indicadores de Falta ................................................... 30


Tabela 2: Relação de UC’s por Tipo e kWh ...................................................................... 54
Tabela 3: Relação da potência instalada na MT e na BT .................................................. 54
Tabela 4 : Mediana de Equipes por Processo .................................................................... 61
Tabela 5: Tempo de Inspeção por Trecho ......................................................................... 63
Tabela 6: Tempo de Deslocamento Cronometrado ........................................................... 65
Tabela 7: Comparação dos Tempos Inspeção e de Deslocamento .................................... 65
Tabela 8: Registro de Manobras da Rede Troncal ............................................................ 70
Tabela 9: Tempo de manobra em horas e centésimos de hora .......................................... 71
Tabela 10: Resultados dos cálculos do DIC, FIC, DMIC, DEC e FEC do processo ........ 74
Tabela 11: Custo Operacional de Deslocamento por Veículo ........................................... 76
Tabela 12: Custo por Equipe no Processo ......................................................................... 76
Tabela 13: Exemplo da utilização do F_dem e do FM ...................................................... 82
Tabela 14: Fator Multiplicador (FM) ................................................................................ 83
Tabela 15: Consumo Mensal Faturado por Trecho ........................................................... 84
Tabela 16: Estratificação de Consumo por Trecho e por Classe ....................................... 84
Tabela 17: Cálculo da END ............................................................................................... 86
Tabela 18: Novos horários das Manobras ......................................................................... 91
Tabela 19: Tempo de manobra em horas e centésimos de hora ........................................ 91
Tabela 20: Resultado dos cálculos do DIC, FIC, DMIC e FEC ........................................ 94
Tabela 21: Comparação dos Indicadores de Continuidade ............................................... 94
Tabela 22: Novo Custo operacional de Deslocamento por Veículo .................................. 95
Tabela 23: Custo por Equipe/Custo Total ......................................................................... 96
Tabela 24: Cálculo da END considerando os novos horários ........................................... 97
Tabela 25: Comparativo de Custos .................................................................................... 99
Tabela 26: Investimento Inicial ....................................................................................... 100
Tabela 27: Retorno de Investimento................................................................................ 101
LISTA DE SIGLAS

ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

ANNEL Agência Nacional de Energia Elétrica

AT Alta Tensão

BT Baixa Tensão

CERILUZ Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Ijuí Ltda

COD Centro de Operação da Distribuição

DIC Duração Individual por Consumidores

DICRI Duração da interrupção individual ocorrida em dia crítico por consumidor

DMIC Duração Máxima Individual por Consumidor

DEC Duração Equivalente por Consumidor

END Energia Não Distribuída

FM Fator Multiplicador

F_dem Fator de Demanda

FIC Frequência Individual por Consumidor

FEC Frequência Equivalente por Consumidor

IF Indicadores de Falta

IND_CONT Indicadores de Continuidade

LED Ligth Emissor Diode – Diodo Emissor de Luz

MT Média Tensão

ONS Operador Nacional do Sistema


PCH Pequena Central Hidrelétrica

PRODIST Procedimento de Distribuição

QEE Qualidade da Energia Elétrica

SCADA Supervisory Control And Data Acquisition

SE Subestação

SED Subestação de Distribuição

SEP Sistema Elétrico de Potência

TMAE Tempo Médio de Atendimento a Emergências

TMD Tempo Médio de Deslocamento

TME Tempo Médio de Execução

TMP Tempo Médio de Preparação

UC Unidade Consumidora

KM Quilometragem
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

1.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 14

1.1.1 Objetivo Específico.......................................................................................... 14

1.1.2 Método de Abordagem ................................................................................... 15

1.1.3 Técnicas de Pesquisa ....................................................................................... 16

1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 16

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 17

2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ...................................................... 18

2.1 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) .............................................. 18

2.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ............................................. 20

2.2.1 Tipos de Faltas em Redes de Distribuição .................................................... 21

2.3 ENERGIA NÃO DISTRIBUÍDA ..................................................................... 23

2.4 INDICADORES DE FALTA ........................................................................... 25

2.4.1 Evolução ........................................................................................................... 27

2.4.2 Parâmetros ....................................................................................................... 28

2.4.3 Fabricantes e Modelos .................................................................................... 29

2.4.4 Funcionamento ................................................................................................ 31

2.4.5 Instalação ......................................................................................................... 32

2.4.6 Princípio de Funcionamento .......................................................................... 34

2.4.7 Comunicação Remota ..................................................................................... 36

3 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA .................................................. 38

3.1 PRODIST - QUALIDADE DO SERVIÇO ...................................................... 38

3.1.1 Indicadores de Continuidade Individuais ..................................................... 42


3.1.2 Indicadores de Continuidade Coletiva .......................................................... 45

4 ESTUDO DA REDE ANALISADA ............................................................... 52

4.1 REDE DE MÉDIA TENSÃO ........................................................................... 52

4.2 PCH NÍLO BONFANTI ................................................................................... 59

4.3 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS .............................................................. 60

4.3.1 Número de Equipes por Processo .................................................................. 61

4.3.2 Tempo de Defeito............................................................................................. 62

4.3.3 Tempo de Inspeção por Trecho de Rede ....................................................... 62

4.4 Tempo de deslocamento direto entre as chaves ................................................ 64

5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 66

5.1 PROJETO DOS PONTOS DE INSTALAÇÕES DOS IF’S ............................ 66

5.2 ANÁLISE DE CASO REAL ............................................................................ 68

5.2.1 Cálculo dos Indicadores de Continuidade .................................................... 69

5.2.2 Custos Operacionais........................................................................................ 74

5.2.2.1 Custo de Deslocamento ..................................................................................... 75

5.2.2.2 Custo das Equipes ............................................................................................. 76

5.2.3 Custos Comerciais ........................................................................................... 77

5.2.3.1 Energia Não Distribuída (END) ....................................................................... 77

5.2.3.2 Energia Não Gerada ......................................................................................... 87

5.3 ANÁLISE DE CASO REAL CONSIDERANDO OS IF’S ............................. 88

5.3.1 Cálculo dos Indicadores de Continuidade .................................................... 91

5.3.2 Custos Operacionais........................................................................................ 94

5.3.2.1 Custo de Deslocamento ..................................................................................... 95

5.3.2.2 Custo das Equipes ............................................................................................. 96

5.3.3 Custos Comerciais ........................................................................................... 96


5.3.3.1 Energia Não Distribuída (END) ....................................................................... 96

5.3.3.2 Energia Não Gerada ......................................................................................... 97

6 ANÁLISE DOS DADOS E DA VIABILIDADE .......................................... 99

7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 102

7.1 CONSIDERAÇões FINAIS ............................................................................ 102

7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 103

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 104

Apêndice A – Mapeamento dos processos dos defeitos permanentes ocorridos na


rede MT estudada ....................................................................................................... 106

Anexo A – Comprovante de conclusão de serviço do processo 3537/15 ................. 108

Anexo B – registro de manobras – processo 3537/15 ............................................... 109

Anexo C – custo de km rodado por veiculo – equipe de catuípe............................. 110

Anexo D - custo de km rodado por veiculo – equipe de Santo Augusto ................. 111

Anexo E - custo de km rodado por veiculo – equipe de manutenção B ................. 112

Anexo F - custo de km rodado por veiculo – equipe de manutenção C ................. 113

Anexo G – Registros de KM rodadas pelas equipes................................................ 114

Anexo H – Orçamento dos Indicadores de Falta...................................................... 116

Anexo I – Datasheet do Indicador de Falta .............................................................. 117

Anexo J – Valor da Comercialização de Energia da PCH Nílo Bonfanti .............. 122

Anexo L – Dados da Curva de Carga da Classe Rural ............................................ 123

Anexo M – Dados da Curva de Carga da Classe Comercial .................................. 124

Anexo N – Dados da Curva de Carga da Classe A4................................................. 125


12

1 INTRODUÇÃO

Na época em que se vive as pessoas se tornaram reféns da energia elétrica, pois poucos são
os equipamentos que não necessitam desta energia, da mesma forma poucos são os equipamentos
úteis à população que não sejam elétricos, pois assim como a água potável, a energia elétrica
agora é vital.

Neste sentido, a falta de energia elétrica diminui significativamente o desenvolvimento


econômico e social de uma determinada região, suprimindo-as os benefícios que a eletricidade
oferece (GOLDEMBERG & VILLANUEVA, 2003).

Conforme Lopez (2013) o conceito de Qualidade da Energia Elétrica (QEE) significa a


busca por desenvolvimento de meios para erradicar ou minimizar problemas em dispositivos
alimentados por fontes de energia. As perturbações nas formas de onda da tensão, corrente ou
variações na frequência podem provocar falhas ou mau funcionamento dos equipamentos
conectados da rede elétrica. Por isso, não basta que as concessionárias apenas forneçam energia
elétrica, mas sim que este produto tenha padrões de qualidade bem definidos, pois com a
evolução tecnológica, os equipamentos se tornaram mais sensíveis a variações e instabilidades da
energia.

Pensando nesta exigência da sociedade e dos equipamentos atuais, a Agência Nacional de


Energia Elétrica (ANEEL), criou um documento denominado de Procedimento de Distribuição
(PRODIST), o qual entrou em vigor em 2008. Inicialmente, era composto por oito módulos, mas
com o passar dos anos o PRODIST foi sendo atualizado, composto atualmente por 11 módulos,
no qual normatizam e padronizam as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e
desempenho do sistema de distribuição de energia elétrica (ANEEL, 2018).

O módulo que trata especificamente da QEE fornecida pelas distribuidoras aos


consumidores é o módulo 8 do PRODIST, abordando a qualidade do produto, a qualidade do
serviço prestado e a qualidade do tratamento das reclamações. Este módulo será bem detalhado
no decorrer do trabalho, pois os indicadores de continuidade (IND_CONT) que serão calculados

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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para a análise da questão proposta, tem sua formulação especificada neste documento
(PRODIST, Mód. 8, p.4).

As redes rurais de distribuição são particularmente difíceis de serem inspecionadas pelas


equipes, pois sua alocação, muitas vezes, é em terrenos íngremes, travessia de rios com mata
densa e lavouras. Quando na ocorrência de um defeito, seja um condutor rompido, um cabo solto
dos isoladores, um isolador danificado dando fuga a terra, galhos sobre a rede e tantos outros
defeitos que fazem atuar a proteção, é de extrema importância à identificação precoce do trecho
defeituoso, pois o tempo que equipes plantonistas levam nesta localização é índice que influencia,
negativamente, nos IND_CONT. Então, equipamentos que auxiliam na detecção de defeitos
permanentes na rede de distribuição, como é o caso dos identificadores de falta, é uma alternativa
para que problemas desta natureza sejam solucionados mais rapidamente.

Além do impacto nos indicadores, uma rede de distribuição primária desligada, deixa de
vender um montante de energia que não está sendo distribuída, chamada de Energia Não
Distribuída (END), este prejuízo não é reversível, pois a energia que deixou de ser consumida
pelo sistema elétrico, quando este for ligado novamente, não terá como ser consumida a mais.
Como, por exemplo, a iluminação que ficou desligada um determinado tempo, quando esta é
religada novamente, não irá consumir mais energia pelo fato de ter ficado desenergizada, isso
devido às limitações de potência dos equipamentos.

Neste sentido, assim como serão calculados os IND_CONT do sistema analisado, será
também calculado a END da ocorrência, a fim de mensurar o quanto de energia elétrica deixou de
ser faturada no período em que a rede primária ficou inoperante.

Outro fato que evidencia a importância de uma rede de distribuição bem mapeada quando
na ocorrência de defeito, é porque há uma grande quantidade de Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCH) inseridas no Sistema Elétrico de Potência (SEP) com conexão nas redes de distribuição de
média tensão, o que além dos transtornos aos consumidores pelo tempo sem eletricidade, é
extremamente oneroso à empresa geradora de energia elétrica devido a não produção desta
energia, pois assim como a energia não distribuída, uma vez sem gerar, não se consegue
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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recuperar o prejuízo, principalmente porque as PCH não possuem reservatórios de água


suficientemente grande para represar esse potencial hídrico desperdiçado.

Muitas vezes na ocorrência de defeito em um alimentador, são acionadas várias equipes de


manutenção para inspecionarem a rede, com o intuito de localizar em menos tempo possível à
razão do problema. Após a detecção do defeito, em geral, quando não se trata de postes caídos ou
quebrados, o tempo de execução do serviço emergencial será o mesmo. Caso não fosse preciso o
deslocamento de equipes de manutenção para auxiliar na localização de um sinistro, resultaria em
economia operacional, que estão embutidos neste contexto, os gastos com combustível, hora-
homem trabalhada e os riscos inerentes ao serviço.

Ainda no quesito equipe, o problema se agrava quando se trata de finais de semana e


feriados, pois o contingente operacional é reduzido, por razões óbvias, pois neste período há
apenas atendimentos emergenciais, na grande maioria dos casos, desta forma, o tempo até a
equipe de sobreaviso ser acionada e chegar até a base, será somado ao tempo total de
atendimento, evidenciando ainda mais a necessidade de dispositivos de auxílio na detecção de
defeito em redes rurais de distribuição.

Nesta ótica, o trabalho trará cálculos do custo operacional envolvido na ocorrência de falta
de energia considerada, sendo feito uma comparação da redução dos gastos operacionais quando
na diminuição das equipes envolvidas no processo devido ao auxílio do dispositivo de sinalização
de falta. Além da amortização no custo operacional da empresa, a liberação de uma equipe é de
grande valia, principalmente em dias críticos, onde o fluxo de reclamações de falta de energia é
alto, agilizando desta maneira o atendimento das faltas de energia.

1.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a viabilidade técnica e econômica da instalação de dispositivos indicadores de


falta em uma rede de distribuição rural com base nos indicadores de qualidade, custos
operacionais e comerciais.

1.1.1 Objetivo Específico

 Revisar a bibliografia sobre Distribuição de Energia Elétrica;

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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 Revisar a bibliografia sobre as Regulamentações e Normativas do Setor Elétrico


Brasileiro;
 Revisar a bibliografia sobre o princípio de funcionamento de dispositivos detectores
de falta;
 Fazer o estudo dos indicadores de continuidade de um defeito em uma rede geral de
distribuição de média tensão;
 Calcular todos os custos envolvidos decorrentes do defeito em uma rede geral de
distribuição de média tensão;
 Analisar o efeito de um dispositivo detector de falta em uma rede geral de
distribuição de média tensão, no que se refere ao tempo de chegada da equipe no
problema;
 Comparar uma situação real defeito com uma situação imaginária do mesmo caso, a
fim de comparar resultados de indicadores de continuidade e de custos operacionais
e comerciais.
 Pesquisar e orçar os dispositivos sinalizadores de falta comerciais;
 Apresentar o resultado de viabilidade econômica do dispositivo.

1.1.2 Método de Abordagem

A metodologia empregada no trabalho será uma abordagem dedutiva, ou seja, partirá do


cenário geral do sistema elétrico de potência (SEP), caracterizando os sistemas e suas
peculiaridades desde a geração de energia elétrica até o consumidor final deste insumo. A
segunda etapa terá um enfoque específico ao tema proposto, sendo abordados os métodos de
cálculos dos indicadores de qualidade conforme indicado pela ANEEL, bem como o cálculo da
END e os custos operacionais e comercias.

Com a base teórica fundamentada, será possível, com dados reais do alimentador rural
estudado, fazer uma análise quantitativa do custo e da melhora do sistema com a instalação de
dispositivos de sinalização de falta.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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1.1.3 Técnicas de Pesquisa

As técnicas de pesquisa utilizadas no desenvolvimento do trabalho baseiam-se na revisão


bibliográfica, com a finalidade de compreender o sistema elétrico de distribuição de energia.

No que se refere à qualidade de energia em sistemas de distribuição é inevitável os estudos


das normativas que cercam este tema, neste caso o órgão federal que delimita e supervisiona a
qualidade de energia no Brasil é a ANNEL.

A coleta dos dados do alimentador rural de distribuição MT que será estudado se dará via
sistema integrado (USEALL) da CERILUZ, pois este possibilita a pesquisa de ocorrências de
faltas de energia em períodos específicos, quantos consumidores e quanto tempo ficaram sem
energia elétrica.

1.2 JUSTIFICATIVA

Com a crescente exigência de melhora no fornecimento de energia elétrica, tanto pelo


órgão regulador quanto pela própria sociedade, os engenheiros que atuam na área de distribuição
de energia têm o desafio de propor solução ao sistema elétrico que minimizem as falhas que
provocam as interrupções no fornecimento de energia elétrica, e na ocorrência destas, seja o mais
rápido possível, identificadas.

Para que isso ocorra às redes de distribuição devem ser constantemente modernizadas e
monitoradas, sejam com a instalação de religadores automáticos, ações preventivas de
manutenção ou inspeções periódicas pelas equipes. Contudo, ainda com todas essas ações, não se
pode garantir que não haja um corte de fornecimento de energia elétrica aos consumidores por
razões diversas, como por exemplo, tempestades com ventos fortes e descargas atmosféricas.

Neste sentido, mesmo na ocorrência da suspenção de fornecimento de energia elétrica por


algum motivo, com uma rede de distribuição bem mapeada e com identificadores que auxiliem as
equipes plantonistas na detecção do defeito, o tempo de restabelecimento da energia elétrica será
menor, trazendo benefícios aos consumidores e a distribuidora.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em 6 capítulos. O primeiro capítulo é a presentada a


introdução do assunto abordado, bem como o objetivo geral e específico do trabalho, assim como
a justificativa do tema proposto.

O capítulo 2 trata de conceitos e informações sobre o setor elétrico brasileiro, desde o


Sistema Interligado Nacional (SIN) até as redes de distribuição de energia elétrica. Este capítulo
também aborda a história e princípios de funcionamento dos Indicadores de Falta (IF).

No capítulo 3 é apresentado o conceito de Qualidade de Energia perante a Agência


Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) através do Procedimento de Distribuição (PRODIST).
Com base no módulo 8 do Prodist é dado ênfase aos Indicadores de Continuidade (IND_CONT),
sendo detalhado os tipos de indicadores e como estes são obtidos.

O capítulo 4 traz dados detalhados sobre a rede de distribuição que será tomada como base
para o estudo, com dados técnicos da estrutura física da rede e seus componentes, região de
atendimento e características operacionais do sistema. Ainda neste capítulo é realizado o
mapeamento dos desarmes com defeitos permanentes ocorridos nesta rede MT.

Já no capítulo 5 são projetados os pontos de instalação dos IFs e feito uma análise dos
IND_CONT, custo operacional e comercial de um evento específico de defeito sucedido na rede
em questão. Após, é desenvolvida a mesma analise anterior, porém agora, considerando a atuação
dos dispositivos propostos, sendo recalculados os IND_CONT, custos operacionais e comerciais
para este novo caso idealizado.

No capítulo 6 é feito as avaliações dos dados obtidos no decorrer do trabalho, bem como é
verificada a viabilidade econômica do projeto proposto. Ainda neste capítulo são realizadas as
considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.

Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas, apêndices e anexos do trabalho.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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2 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

A eletricidade é um bem fundamental para a integração do ser humano ao desenvolvimento.


O crescimento de qualquer região não ocorrerá por completo se não haver energia elétrica
garantida, sendo esta energia a porta de acesso aos serviços essenciais da qualidade de vida
(LOPEZ, 2013).

O Sistema Elétrico de Potência (SEP), conforme a Norma Regulamentadora N° 10, é o


sistema elétrico que engloba a Geração, Transmissão e Distribuição de energia elétrica.

2.1 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN)

O sistema elétrico brasileiro é quase que em sua totalidade interligado, denominado de


Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo este concedido ao Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) em 1988 pela resolução 351/98 do Ministério das Minas e Energia, amparado
pela Lei 9.648/98 e o Decreto 2.655/98, a execução das atividades de coordenação e controle da
operação da geração e transmissão de energia elétrica nos sistemas interligados.

Segundo o ONS, o SIN é constituído pelas empresas da região Sul, Sudeste, Centro-Oeste,
Nordeste e parte da região Norte. O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do
Brasil é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas
hidroelétricas e com múltiplos proprietários.

Os atuais níveis de tensão de transmissão usuais no país, em corrente alternada (CA), são de
138 kV, 230 kV, 345 kV, 440 kV, 500 kV e 750 kV e em corrente continua (CC) são níveis de
tensão de 600 kV e 800 kV (ONS, 2018, MAPA - SISTEMA DE TRANSMISSÃO).

A Figura 1 mostra o mapa das redes de transmissão que interligam o SIN, evidenciando os
níveis de tensão de transmissão destacados como padrões.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Figura 1: Sistema Nacional Interligado

Fonte: ONS, 2018

Os sistemas de transmissão de energia têm a função de interligar a geração de energia até os


centros de carga. Este sistema é responsável pelo transporte de grandes blocos de energia em uma
linha, onde posteriormente este sistema é subdividido em subtransmissões.

Os níveis de tensão do sistema de subtransmissão de energia tem um nível mais baixo, tais
como 34,4 kV, 69 kV ou 88 kV e 138 kV. Este sistema interliga, através de subestações
abaixadoras, o SIN, ao sistema de distribuição primária, geralmente com níveis de tensão de 13,8
kV e 23,1 kV na região noroeste do RS, abrangência das redes de distribuição da CERILUZ.

Os sistemas elétricos com tensão igual ou maior a 230 kV são denominados de Redes de
EHV (Extra Alta Tensão), sendo no Brasil chamadas de rede “Básica” de transmissão. As tensões
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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entre 138 kV e 69 kV são denominadas de Redes em AT (Alta Tensão) e sistemas com tensão de
1 kV a 69 kV são chamadas de Redes em MT (Média Tensão ou Tensão Primária), sendo as
Redes em Baixa Tensão ou Tensão Secundária, as com o nível de tensão menor que 1 kV.
(ABRADEE, 2018)

2.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

As redes de distribuição de energia elétrica são supridas pelas redes de transmissão ou


subtransmissão por meio de subestações abaixadoras, em que se rebaixa o nível de tensão para
tensões de 13,8 kV a 34,5 kV. Os circuitos com estes níveis de tensão são denominados de Redes
Primárias ou Redes de Média Tensão (MT) de distribuição. (ABRADEE, 2018)

As redes de distribuição secundárias (BT) têm níveis de tensões que variam de 110 V a 440
V, é interligada com a rede primária através de transformadores de distribuição, que em sua
maioria, tem o primário ligado em delta e o secundário em estrela aterrado, isso devido a rede
MT ser composta, geralmente, por 3 fios, e a rede BT, composta por 4 fios (fases e neutro). As
tensões de trabalho da rede BT são bem inferiores às redes MT por motivos de segurança aos
consumidores, já que é este nível de tensão que será entregue no ponto de conexão da
concessionária com o cliente caso este seja do grupo B, tensões de fornecimento menor que 2,3
kV, e se este for do grupo A, atendido com tensões iguais ou superior a 2,3 kV, a redução do
nível de tensão para níveis adequados de trabalho fica a cargo do consumidor (REN ANEEL 414,
2010).

A Figura 2, demostra os principais equipamentos e estruturas que compõem um sistema de


distribuição.

Figura 2: Sistema de Distribuição

Fonte: LMDM, 2018

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Há, basicamente, quatro tipos de redes de distribuição:

a) Rede de distribuição aérea convencional: é a rede mais utilizada pelas distribuidoras de


energia. Sua estrutura consiste em condutores nus (sem isolação), fixados sobre
isoladores, estes sustentados por postes de madeira ou concreto, sendo que atualmente, as
distribuidoras estão deixando de instalar postes de madeira, isso devido a maior
capacidade de tração dos postes de concreto, além da maior vida útil.
b) Rede de distribuição aérea compacta: são constituídas por condutores com uma camada
de proteção, mas não isolante elétrica, podendo ser reduzido o espaço entre as estruturas.
Devido a esta proteção há um aumento no grau de proteção e confiabilidade do sistema.
c) Rede de distribuição aérea isolada: Neste sistema, os condutores da rede possuem
isolação suficiente para que sejam enrolados. Este tipo de rede tem um custo maior e é
justificável em áreas urbanas, onde tenha grande quantidade de árvores, onde a supressão
seja de difícil execução. Além disso, uma rede isolada se torna mais confiável no sentido
de que em caso de falhas transitórias, como por exemplo, um galho que com o vento
venha se tocar na rede, não causará o desarme deste circuito.
d) Rede de distribuição subterrânea: é a rede que proporciona o melhor resultado estético e
de confiabilidade, pois os circuitos ficam abrigados em galerias subterrâneas. Contudo,
este padrão de instalação é mais caro que os demais, sendo utilizados apenas em
situações específicas, como em grandes centros urbanos que há restrição de linhas aéreas.
(ABRADEE, 2018).

2.2.1 Tipos de Faltas em Redes de Distribuição

A falta é um fenômeno que causa curto-circuito na rede, pondo em risco a confiabilidade e


funcionamento do sistema. As faltas são classificadas em dois tipos: transitórias e permanentes.

As faltas transitórias afetam o sistema temporariamente, ou seja, após a operação do


dispositivo de proteção a rede é religada normalmente devido à falha já ter sido eliminada.
Informações da área técnica da CERILUZ relatam que mais de 80% das falhas do sistema de
distribuição são decorrentes de origem transitórias (COD CERILUZ, 2018).
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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As causas mais comuns deste efeito são:

a) Descargas atmosféricas: umas das principais causas de falta transitória na ocorrência


de chuvas forte ou tempestades, pois na ocorrência de uma descarga atmosférica que
atinge a rede de distribuição o equipamento de proteção é acionado, acarretando na
interrupção de fornecimento.
b) Ventos: é o evento de interrupção gerado por ventos fortes, podendo causar o contato
temporário de galhos de árvores na rede e também o contato dos próprios condutores,
bem como qualquer objeto ou material que em decorrência do vento venha a tocar no
sistema.
c) Animais: é o evento causado acidentalmente por animais que venham a encostarem-se
à rede energizada, causado um curto-circuito. Contudo, dependendo do animal e seu
porte, este evento pode se tornar permanente devido após o curto-circuito este ainda
ficar em contato direto com a rede.
Em redes protegidas por equipamentos de religamento automáticos, como os
religadores e chaves repetidoras, não é necessário o envio de equipes de manutenção e o
restabelecimento da energia ao sistema ocorre em menos de um minuto.

Nas faltas permanentes é preciso a intervenção humana para o restabelecimento do


sistema, para posteriormente ser religado o circuito. As causas mais frequentes deste tipo de falta
são:

a) Vegetação: faltas decorrentes de galhos, taquaras ou outro tipo de vegetação que


esteja em contato direto com a rede ocasionando a atuação da proteção. As quedas de
árvores sobre a rede devido a ventos fortes também geram eventos permanente,
geralmente, neste caso, o tempo de reestabelecimento do sistema é demorado, pois
muitas vezes cabos são rompidos e postes e cruzetas danificados.
b) Abalroamento: este evento geralmente é causado pela colisão de veículos e
maquinários agrícolas aos componentes do sistema, como postes, estais e condutores,
causando a danificação destes.
c) Erosão: evento que ocorre pela queda de morros, barreiras, estradas ou encostas, que
causam a queda de postes e rompimento dos condutores.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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d) Vandalismo: é a interrupção do fornecimento devido ao furto de algum componente


do sistema, bem como o lançamento intencional de objetos sobre a rede ou incêndio
propositais, causando a atuação da proteção ou a necessidade de reposição do
equipamento ou material furtado.

2.3 ENERGIA NÃO DISTRIBUÍDA

O cálculo da Energia Não Distribuída (END) tem a finalidade de quantificar a energia que
deixou de ser fornecida aos consumidores atingidos por uma interrupção, por um período, e
consequentemente, quanto à distribuidora deixou de faturar.

Conforme abordagem de Cyrillo (2011), a END deve ser entendida como a energia média
que se consumiria se não houvesse uma interrupção no fornecimento, contudo está interrupção
não pode ser demasiadamente longa que possa haver um acréscimo de carga ao sistema.

Com o histórico das curvas de carga coletada pelos equipamentos de medição é possível
mensurar a energia consumida em um determinado período. Outra maneira de obter a curvas de
carga, atualmente, é através dos equipamentos de proteção instalados na rede de distribuição, que
registram o carregamento da rede.

Neste caso, em interrupções de energia ocorridas em redes monitoradas por equipamentos


de proteção/medição, é possível calcular, com base no histórico de carga, a energia que deixou de
ser consumida.

De acordo com Cyrillo (2011), a receita das concessionárias de energia é estabelecida


pelo regime “price cap”, ou seja, a um teto tarifário e os reajustes são definidos em índices de
preços. Deste modo, a distribuidora recebe por energia distribuída.

A receita da distribuidora é composta pelo custo de energia elétrica para revenda – TE e a


Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição – TUSD. O custo TE é repassado direto para o
consumidor e neste valor a distribuidora não retêm nem um valor de receita, ficando a
remuneração da distribuidora provida do TUSD.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Os custos relativos à energia não distribuída devido a uma interrupção de fornecimento de


energia são variáveis, pois cada alimentador tem seu próprio perfil de carga. Além disso, o TUSD
também é variável para cada distribuidora, sendo a determinação deste valor um tanto complexo.

As distribuidoras determinam o valor efetivo da END por reais por quilowatts (R$/kW)
ou reais por megawatts (R$/MW) para casos isolados ou para um determinado período que pode
ser, por exemplo, trimestral ou anual. O custo da END é calculado via software de gestão de cada
distribuidora, pois este software interliga todos os setores da empresa, financeiro, comercial e
operacional, havendo um cruzamento de informações entre estes, assim, quando há o desarme de
um alimentador, por exemplo, é registrado o tempo em que este ficou sem energia e com os
dados tarifários provenientes do setor financeiro, é obtido via simulação o custo da END.

Segundo Moreira (2011), a energia não distribuída é aquela que supostamente seria
consumida no período dá interrupção, sendo um dado difícil de prever com precisão. Para o
cálculo da END pode ser usada a seguinte equação:

𝑇𝐼𝐸𝑃𝐼𝑥𝐸𝐹 (
𝐸𝑁𝐷 =
𝑇 (1)
Onde:

TIEPI – é o tempo de interrupção equivalente da potência instalada, em horas;

EF – é a energia fornecida à rede de MT, em MW, obtida a partir do cálculo da energia entregue
pelo operador da rede de transporte e pelos produtores ligados às redes de distribuição;

T – é o período de tempo considerado (geralmente ano civil), em horas;

sendo,

∑𝑘𝑗=1 ∑𝑥𝑗=1 𝐷𝐼𝑖𝑗 ∗ 𝑃𝐼𝑗


𝑇𝐼𝐸𝑃𝐼 =
∑𝑘𝑗=𝑖 𝑃𝐼𝑗

(2)

Onde:

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2018.
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𝐷𝐼𝑖𝑗 é a duração da interrupção i no ponto de entrega j em [horas];

𝑃𝐼𝑗 é a potência instalada no ponto de entrega j em [kW];

K é a quantidade total de pontos de entrega;

X é o número de interrupção no ponto de entrega j, no período anual ou trimestral.

2.4 INDICADORES DE FALTA

Os dispositivos Sinalizadores de Falta ou Indicadores de Falta são equipamentos cuja


função é indicar a passagem de uma corrente de curto-circuito por um determinado local da rede
de distribuição.

Devido a crescente preocupação das concessionárias de energia elétrica com os indicadores


de qualidade de serviço, pesquisas de novos dispositivos que auxiliam na detecção precoce de um
defeito em uma rede primária de distribuição estão sendo desenvolvidos por universidades em
conjunto com as distribuidoras, com o apoio da ANEEL no programa de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D).

Um dos projetos nesse sentido no âmbito nacional refere-se à criação de um protótipo de


um sinalizador de falta, apresentado no artigo técnico denominado de “Sinalizador Luminoso
Monofásico de Faltas para Redes Aéreas de Distribuição de Energia Elétrica até 69 kV”,
elaborado pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), em parceria com o Departamento de
Engenharia de Energia e Automação Elétrica da Universidade de São Paulo (PEA-USP) e a
Expertise Engenharia.

O equipamento desenvolvido neste projeto detém as funcionalidades de imunidade de


corrente de magnetização de transformadores (inrush), ajuste automático à corrente de
carregamento da linha, sinalização luminosa em 360° ao redor do equipamento e vida útil de 10
anos, sem a necessidade de manutenção. Na Figura 3 pode ser visto o protótipo desenvolvido.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Figura 3: Protótipo de Sinalizador de Falta

Fonte: http://www.mfap.com.br/pesquisa/arquivos/20081211152919-31522.pdf

Outro projeto referente ao assunto foi elaborado pela Companhia Energética de


Pernambuco (CELPE), em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), em que foi desenvolvido
um sistema de localização de faltas, onde este possui um sistema de comunicação do dispositivo
com uma interface homem-máquina (IHM).

A possibilidade de monitoramento remoto que o trabalho propôs, vem de encontro ao


conceito de rede inteligente (smart grid) que cada vez mais as distribuidoras de energia elétrica
vêm buscando. Com a indicação do trecho defeituoso relatado diretamente no centro de operação
das concessionárias através da IHM, juntamente com o sistema de gerenciamento, a falta de
energia pode ser restabelecida com mais agilidade, tendo em vista que a equipe de manutenção
terá o ponto do defeito, não precisando inspecionar o alimentador até a localização do sinistro. Na
Figura 4 é mostrado o equipamento responsável pelo processamento e envio do sinal de
localização da falta.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Figura 4: Equipamento que processa os dados da Falta e envia para o IHM

Fonte: https://www.cpqd.com.br/cadernosdetecnologia/Vol9_N2_jul_dez_2013/pdf/artigo2.pdf

No Brasil não tem empresa especializada neste tipo de produto, sendo de grande valia as
iniciativas de pesquisas no seguimento abordado. No âmbito internacional há empresas
especializadas em produtos no segmento da distribuição de energia elétrica, com linhas completas
de equipamentos identificadores de falta, que possibilitam fácil instalação e sem manutenção, já
que a vida útil dos produtos é projetada em 20 anos.

2.4.1 Evolução

Os Identificadores de Falta (IFs) não são equipamentos recentes, pois os primeiros


dispositivos foram aplicados em redes de distribuição subterrâneas, no ano de 1940, na
Alemanha. Os primeiros IFs eram eletro-mecânicos, onde na passagem de uma corrente de falta
no circuito, empregava um fluxo magnético de alta magnitude, acionando um tipo de sinalização
mecânica, indicando se o defeito estava à jusante ou montante daquele ponto instalado. Contudo,
após cada operação do IF, tinha-se a necessidade de dar um reset manual depois de cada
acionamento, permanecendo este método até meados de 1960, quando estes dispositivos tiveram
um salto tecnológico (ANGERER, 2008).

Desde o começo era evidente a necessidade de um reset automático, sendo introduzido o


primeiro design de IF com reset automático na década de 60, onde o dispositivo possuía um
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recipiente de vidro, no qual havia um líquido claro e acrescido de um pigmento vermelho, de


maior densidade. Junto a solução líquida tinha um agitador, que na passagem de uma
sobrecorrente, este misturava o líquido e o pigmento. Esta solução fica avermelhada por um certo
tempo, até que decantasse o pigmento, ficando o líquido na sua coloração clara novamente, sendo
esta forma um reset por tempo (ANGERER, 2008).

Com a evolução da tecnologia, no que se refere à eletrônica e baterias, novos IF foram


criados, com sinalização luminosa por LED (Light Emissor Diode) que aumentou a visibilidade
da indicação e com tempos de reset pré-ajustado. Também foram desenvolvidos outros métodos
de reiniciar o dispositivo, como os que usam tensão, tendo um sensor capacitivo e na ocorrência
de uma falta, seguida da ausência de tensão, o sinalizador é acionado. Após detecção de tensão o
IF é resetado automaticamente, denominado de reset por tensão. Outro método utiliza um sensor
indutivo, chamado de reset por corrente, porque usa a corrente de carga para fazer a
reinicialização do processo.

Antes de 1990, os IFs eram dimensionados de acordo com o tipo de rede de distribuição e
suas características. Isso se tornou inviável para o gerenciamento dos dispositivos, foram então
desenvolvidos dispositivos com ajustes automáticos. Tem por princípio de funcionamento a
verificação da variação da corrente no tempo (di/dt), em conjunto com uma ausência de tensão ou
corrente, é acionado o sinalizador.

Atualmente os dispositivos além de sinalizarem visualmente uma falta, são dotados de


comunicação via radiofrequência, que envia dados de seu estado para a central de gerenciamento
da rede, identificando o trecho do alimentador que está com defeito.

2.4.2 Parâmetros

Os modelos de IFs são variados, cada qual com seus parâmetros de detecção de faltas e
parâmetros de reset. Os dispositivos que se adaptam as características do sistema (detecção
adaptativa) não necessitam de ajustes, outros têm parâmetros que possibilitam a coordenação com
os equipamentos de proteção a montante.

Os parâmetros de detecção de falta são listados abaixo:

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2018.
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 Alteração da Corrente de Carga;


 Taxa de variação da corrente di/dt;
 Corrente mínima de trip;
 Algoritmo de restrição de inrush;
 Indicação distinta de falta permanente e temporária;
 Ajustes do tempo de sinalização para detecção do defeito.

Os parâmetros de reset referem-se a como o dispositivo reiniciará o processo para uma


nova detecção de falta, listados abaixo:

 Reset automático pela presença de tensão ou corrente de carga;


 Reset por tempo;
 Reset manual.

2.4.3 Fabricantes e Modelos

No Brasil não tem fabricantes nacionais deste tipo de produto, contudo, há diversos
fabricantes internacionais, com uma gama de modelos de identificadores de falta. Atualmente é
empregado tecnologia de ponta nestes dispositivos, sendo muito confiáveis na detecção de faltas
e durabilidade da bateria interna, tendo a vida útil de alguns equipamentos, sem manutenção, de
até 20 anos. A Tabela 1 apresenta os principais fabricantes e alguns modelos de IFs.

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Tabela 1: Fabricantes/Modelos de Indicadores de Falta

Indicadores de Falta para Redes de Distrubuição Aéreas


Fabricante Modelo
Bowdens Pathfinder 360
Pathfinder 360 Alpha GSM
Cooper SDOH
Hostmann Navigator-LM
Nortrol 110Eµ
111k
3100
3500
Schneider Eletric Flite 110
Flite 210 e 230
Flite 300
SEL ERL
BER
CDR
BTRI_IR
AR-OH/AR360
WSO

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Na Figura 5 é mostrada a imagem de alguns IF comerciais, de fabricantes indicados


anteriormente na Tabela 1.

Figura 5: Exemplos de IFs - (a) Fabricante [Bowdens, 2018] e [Horstmann, 2018], (b) Fabricantes [Nortrol,
2018] e [SEL, 2018]

(a) (b)

Fonte: Bowdens-Horstmann-Nortrol-SEL, 2018

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2018.
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2.4.4 Funcionamento

Na ocorrência de um defeito na rede primária de distribuição, é acionado equipes de


manutenção para inspecionarem o alimentador, a fim de identificar o local que ocorrerá a falta
que fez atuar a proteção. O tempo de inspeção para localizar o defeito depende do tipo de defeito
e do tipo de relevo em que a rede está alocada. Sugere-se que os IF sejam instalados junto a
dispositivos de seccionamentos da rede, deste modo, agilizando a manobra da rede para o
restabelecimento parcial da energia elétrica para os consumidores.

Com a instalação dos IFs, o caminho da corrente de curto-circuito pode ser seguido, pois
o dispositivo é acionado na passagem dessa corrente de falta. Caso o equipamento esteja emitindo
sinal de defeito, significa que o problema está à jusante; então a equipe verifica o próximo
dispositivo, caso este não se encontre sinalizado, o defeito é a montante, entre o primeiro e o
segundo IF, sendo localizado o trecho de rede defeituoso, consequentemente, apenas este trecho
de rede é inspecionado com maior detalhamento.

A Figura 6 traz um exemplo simples da localização de uma falta com o auxílio dos IFs em
redes de distribuição radial. Na situação idealizada, ocorre um defeito no trecho 4, compreendido
entre as chaves facas CS-2 e CS-3. Os dispositivos instalados nos trechos 2 e 3 indicam a
passagem da corrente de falta. Os IFs alocados nos trechos 4 e 5 permanecem sem atuação.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Figura 6: Rede MT com IFs

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Neste caso, a equipe manobraria a chave faca CS-2, deixando-a aberta para isolar o trecho
com defeito, então o equipamento de proteção a montante poderia ser religado, neste caso o RL-
2, restabelecendo a energia elétrica para os consumidores até a chave aberta. Após o conserto da
rede MT pela equipe plantonista, a chave faca CS-2 é fechada, geralmente por chaves “bay pass”,
ou ainda, é feito uma interrupção de energia, desligando o RL-2, para que a chave faca seja
manobrada com segurança.

2.4.5 Instalação

Os dispositivos fabricados para utilização em rede aérea de distribuição são instalados


diretamente nos condutores fases, conforme Figura 7 e Figura 8. São projetados com LEDs de
alto brilho, para uma melhor visibilidade pelas equipes. Há ainda, modelos que fazem a
comunicação com os CODs das distribuidoras, proporcionando em tempo real, a identificação do
trecho defeituoso.

Também há modelos de IF que são instalados nos postes de distribuição, desempenhando


as mesmas funções do dispositivo conectado diretamente no cabo.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Figura 7: Indicadores de Falta Instalados nas Três Fases

Fonte: USINA, 2011

Na Figura 8 pode-se observar que a instalação dos equipamentos é realizada diretamente


nos condutores nus.

Figura 8: Instalação do IF diretamente no condutor – Fabricantes (a) SEL e (b) Nortrol

(a) (b)

Fonte: SEL e Nortrol, 2018

A instalação dos IFs na rede é simples e prática, não necessitando de equipe de linha viva.
Com apenas uma vara de manobra isolada (“hot stick”), também chamada de “Vara Pega Tudo”,
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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a equipe de manutenção é capaz de conectar o dispositivo no condutor, pois não há grampos para
desmontar e não é preciso nenhum equipamento extra, conforme mostrado na Figura 9.

Figura 9: Instalação do IF

Fonte: Schneider Electric, 2018

De modo geral, os fabricantes indicam os locais básicos para a instalação dos IFs, conforme
detalhado a seguir:

 Instalar em locais de boa visibilidade, para fácil detecção das equipes de


manutenção;
 Em locais de difícil acesso, recomenda-se, instalar antes e depois do trecho,
especialmente em redes rurais;
 É recomendada a instalação associada a dispositivos de seccionamento da rede, de
modo que o trecho com defeito possa ser isolado rapidamente.

2.4.6 Princípio de Funcionamento

Os IFs instalados diretamente nos cabos têm o princípio de funcionamento baseado na


leitura de campo magnético ou campo elétrico e magnético realizado por sensores, mostrado na
Figura 10. Através dos dados dos sensores, o circuito micro processado do equipamento, usando
algoritmos próprios de cada fabricante, consegue identificar faltas temporárias e permanentes,
bem como as correntes de magnetização (inrush current).

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Figura 10: Representação do Sensor Indutivo

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Equipamentos mais antigos que ainda podem ser encontrados nas redes de distribuição
das concessionárias eram atuados por um limiar fixo (“Trigger”) que acionava um mecanismo
eletromecânico, que alterava a posição da bandeira de sinalização de falta. Assim, devido ao
carregamento dos alimentadores terem sofrido considerável aumento de carga, o valor pré-
ajustado do trigger era facilmente ultrapassado. Neste caso, as equipes de manutenção, ignoram a
sinalização destes IFs mais antigos, ou até mesmo é feito a substituição por equipamentos de
melhor tecnologia.

Os dispositivos atuais monitoram o carregamento da rede, ajustando automaticamente o


trip de atuação de acordo com a carga do sistema. O tempo do flash dos LEDs de sinalização
também é ajustável, porém, manualmente.

Os equipamentos podem atuar através de valores de correntes pré-ajustadas ou pela taxa


de variação da corrente (di/dt), onde a variação brusca da corrente em um curto espaço de tempo,

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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seguida da ausência de tensão na rede, indica uma falta. A Figura 11 mostra a definição de uma
falta permanente interrompida por um equipamento de proteção.

Figura 11: Corrente x tempo e Tensão x tempo em uma falta permanente

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

2.4.7 Comunicação Remota

Com a sofisticação do sistema de distribuição, os CODs têm o controle e supervisão dos


equipamentos que se comunicam remotamente ao sistema SCADA (Supervisory Control And
Data Acquisition) de gerenciamento das concessionárias. Neste sentido, há atualmente no
mercado, IF com comunicação remota, onde estes enviam dados de seu estado e localização para
os sistemas supervisórios das distribuidoras de energia elétrica.

A comunicação do dispositivo e envio dos pacotes de dados é feita através de


radiofrequência. Além dos IFs são necessários equipamentos auxiliares que recebam as
informações passadas pelos dispositivos instalados na rede e direcionam, por meio de
radiofrequência de longo alcance, GSM (Global System For Mobile Communication) ou fibra
óptica, para os centros de operação, conforme mostrado na Figura 12.
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2018.
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Figura 12: Sistema de Comunicação Remota dos IFs

Fonte: SEL, 2018

Apesar de este sistema ter um custo maior, pode ser justificado pela rapidez da
localização do trecho com defeito e otimização da alocação das equipes plantonistas na inspeção
da rede.

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3 QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

O segmento da distribuição brasileiro é regulamentado pela ANEEL, que por meio de


resoluções específicas dispõem de um conjunto de regras, no sentido de aperfeiçoar o sistema e
melhorar a qualidade de energia fornecida aos consumidores.

A qualidade da energia elétrica (QEE) é dividida em dois segmentos: qualidade do produto e


qualidade do serviço prestado, os quais são regidos pelo Módulo 8 do Prodist.

A qualidade do produto refere-se aos parâmetros e valores de referência dos níveis de tensão
em regime transitórios ou permanentes. Conforme a ANEEL, os aspectos considerados da
qualidade do produto em regime permanente ou transitório são:

a) Tensão em regime permanente;


b) Fator de potência;
c) Harmônicos;
d) Desequilíbrio de tensão;
e) Flutuação de tensão;
f) Variação de tensão de curta duração;
g) Variação de frequência (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.6).

A qualidade do produto é um aspecto importante a ser monitorado, pois com o avanço


tecnológico, as cargas que antes eram predominantemente resistivas e indutivas, agora dividem
espaço com as cargas não lineares: cargas eletrônicas e microprocessadas, sendo estas, muito
sensíveis a variações na forma de onda da tensão e corrente. Contudo, o presente estudo tem o
objetivo de analisar apenas o quesito qualidade do serviço.

3.1 PRODIST - QUALIDADE DO SERVIÇO

A qualidade do serviço refere-se à duração da interrupção do fornecimento e a frequência


que isto ocorre, no âmbito coletivo e individual.

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2018.
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Os indicadores de continuidade inicialmente seguidos pelas concessionárias de energia


elétrica eram regulamentados pela Portaria n° 046/DNAEE de 17/04/1978, referidas aos
indicadores coletivos DEC e FEC: o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora) indica o número de horas em média que um consumidor ficou sem energia em um
determinado período. O FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora)
representa quantas vezes, em média, houve a interrupção do fornecimento de energia elétrica.

Atualmente, além dos indicadores coletivos, o PRODIST também trata de indicadores de


continuidade individuais: DIC, FIC E DMIC. Estes indicadores demostraram as interrupções de
fornecimento ocorrido em cada unidade consumidora (UC). Os indicadores DIC (Duração de
Interrupção por Unidade Consumidora) e FIC (Frequência de Interrupção por Unidade
Consumidora) demonstram, em um determinado período, quanto tempo e quantas vezes uma
unidade consumidora ficou sem energia elétrica. O DMIC (Duração Máxima de Interrupção por
Unidade Consumidora) delimita o tempo máximo de cada interrupção de fornecimento.

Outros indicadores de grande relevância na análise do serviço prestado é os indicadores de


tempo de atendimento de ocorrências emergenciais, sendo estes: TMP (Tempo médio de
Preparação), TMD (Tempo Médio de Deslocamento), TME (Tempo médio de Execução) e o
TMAE (Tempo Médio de Atendimento a Emergências) (PRODIST, 2018, Mód.8).

Cada concessionária de energia tem metas a serem atingidas referentes a cada indicador de
qualidade, no qual se estas não forem alcançadas, a concessionária deve compensar
financeiramente a UC.

Para a realização dos cálculos dos indicadores de continuidade (IND_CONT), o módulo 8 do


PRODIST, divide a áreas de atuação da distribuidora em conjuntos de unidades consumidoras,
sendo esta definida por Subestação de Distribuição (SED).

A seguir será apresentado como é definido os conjuntos de unidades consumidoras,


conforme PRODIST:

______________________________________________________________________________

Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


40

a) SED que possuam número de unidades consumidoras iguais ou inferior a 1.000 devem
ser agregadas a outras, formando um único conjunto;
b) SED com número de unidades consumidoras superiores a 1.000 e igual ou inferior a
10.000 podem ser agregadas a outras, formando um único conjunto;
c) A agregação de SED deve obedecer ao critério de contiguidade das áreas;
d) É vedada a agregação de duas ou mais SED cujos números de unidades consumidoras
sejam superiores a 10.000;
e) Mediante aprovação da ANEEL, poderão formar diferentes conjuntos SED que atendam a
áreas não contíguas, ou que atendam a subestações MT/MT cujas características de atendimento
sejam muito distintas da subestação supridora, desde que o número de unidades consumidoras
não seja inferior a 1.000;
f) Poderão ser divididas, mediante aprovação da ANEEL, SED com redes subterrâneas e
aéreas, devendo os conjuntos resultantes possuir número de unidades consumidoras superior a
1.000 (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.46).

O atendimento às ocorrências emergenciais deverá ser supervisionado, avaliada e controlada


por meio de indicadores que expressem os valores vinculados a SED. (PRODIST, 2018, Mód. 8,
p.47).

O indicador TMP, mede a eficiência dos meios de comunicação, dimensionamento das


equipes e dos fluxos de informações no centro de operação. Já o TMD é o indicador que mede a
eficácia do posicionamento geográfico das equipes de manutenção e operação. O indicador TME,
mostra o preparo das equipes de manutenção no restabelecimento do sistema.

Segundo ANEEL, as distribuidoras deveram apurar os seguintes indicadores:

a) Tempo Médio de Preparação (TMP)


∑𝑛𝑖=1 𝑇𝑃(𝑖) (3)
𝑇𝑀𝑃 =
𝑛

b) Tempo Médio de Deslocamento (TMD)

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
41

∑𝑛𝑖=1 𝑇𝐷(𝑖) (4)


𝑇𝑀𝐷 =
𝑛

c) Tempo Médio de Execução (TME)

∑𝑛𝑖=1 𝑇𝐸(𝑖) (5)


𝑇𝑀𝐸 =
𝑛

d) Tempo Médio de Atendimento a Emergência (TMAE)

𝑇𝑀𝐴𝐸 = 𝑇𝑀𝑃 + 𝑇𝑀𝐷 + 𝑇𝑀𝐸 (6)


e) Percentual do número de ocorrências emergenciais com interrupção de energia
(PNIE), usando a seguinte equação:

𝑁𝐼𝐸 (7)
𝑃𝑁𝐼𝐸 = 𝑥100
𝑛
Onde:

TMP = tempo médio de preparação da equipe de atendimento de emergência, expressa em


minutos;

TP = tempo de preparação da equipe de atendimento de emergência para cada ocorrência,


expressa em minutos;

n = número de ocorrências emergenciais verificadas no conjunto de unidade consumidora,


no período de apuração considerado;

TMD = tempo médio de deslocamento da equipe de atendimento de emergência, expresso


em minutos;

TD = tempo de deslocamento da equipe de atendimento de emergência para cada


ocorrência emergencial, expresso em minutos;

______________________________________________________________________________

Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


42

TME = tempo médio de execução do serviço até seu restabelecimento pela equipe de
atendimento de emergência para cada ocorrência emergencial, expresso em minutos;

TE = tempo de execução do serviço até seu restabelecimento pela equipe de atendimento


de emergência para cada ocorrência emergencial, expressa em minutos;

TMAE = tempo médio de atendimento a ocorrências emergenciais, representando o


tempo médio de atendimento de emergência, expresso em minutos;

PNIE = percentual do número de ocorrências emergenciais com interrupção de energia


elétrica, expressa em %;

NIE = número de ocorrências emergenciais com interrupção de energia elétrica.

Estes indicadores devem ser apurados mensalmente e enviados a ANEEL até o último dia
útil do mês subsequente ao período de apuração. (PRODIST,2018, Mód. 8, p.47-48).

Os indicadores de continuidade, segundo ANEEL, avaliam a qualidade do serviço prestado e


o desempenho do sistema elétrico da distribuidora de energia. Estes indicadores referem-se
quanto à duração e frequência de interrupções de energia ao consumidor, sendo apurados quando
as ocorrências da interrupção apresentam um tempo maior ou igual há três minutos.

Os indicadores de continuidade são divididos em individuais, que será considerado cada


unidade consumidora, e coletiva, que considera um conjunto de unidades consumidoras.

3.1.1 Indicadores de Continuidade Individuais

Os indicadores de continuidade individuais deverão ser apurados para todas as UC’s


conectadas ao sistema de distribuição. Estes são divididos em:

a) Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão


(DIC), expressa em horas e centésimos de horas e calculado pela fórmula:

𝑛
(8)
𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑡(𝑖)
𝑖=1

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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b) Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de


Conexão (FIC), expressa em números de interrupções e calculada pela fórmula:

𝐹𝐼𝐶 = 𝑛 (
(9)

c) Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por Ponto de


Conexão (DMIC), calculado pela fórmula:

𝐷𝑀𝐼𝐶 = 𝑡(𝑖)𝑚á𝑥 (
(10)

d) Duração da Interrupção Individual ocorrida em Dia Crítico por Unidade Consumidora ou


por Ponto de conexão (DICRI), expressa em horas e centésimos de horas e calculado pela
fórmula:

𝐷𝐼𝐶𝑅𝐼 = 𝑡_𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 (
(11)
Onde:

i = é o índice de interrupções da unidade consumidora no período de apuração, variando de


um a n;
n = é número de interrupções da unidade consumidora considerada no período de apuração;
t(i) = corresponde ao tempo de duração da interrupção (i) da unidade consumidora
considerada ou ponto de conexão, no período de apuração;
t(i) máx. = valor correspondente ao tempo da máxima duração de interrupção contínua (i), no
período de apuração, verificada na unidade consumidora considerada, expresso em horas e
centésimos de horas;
t_crítico = duração da interrupção ocorrida em Dia Crítico.

______________________________________________________________________________

Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


44

A ANEEL define Dia Crítico no PRODIST Módulo 1 como sendo o dia em que a
quantidade de ocorrências emergenciais, em um determinado conjunto de unidades consumidoras
superem a média acrescida de três desvios padrões dos valores diários. A média e o desvio padrão
a serem usados serão relativos aos 24 (vinte e quatro) meses anteriores ao ano em curso,
incluindo os dias críticos já identificados.

Para a realização dos cálculos de DIC, FIC e DMIC não serão consideradas as seguintes
interrupções:

a) Falha nas instalações da unidade consumidora que não provoque interrupção em

instalações de terceiros;

b) Interrupção decorrente de obras de interesse exclusivo do consumidor e que afete

somente a unidade consumidora;

c) Interrupção em Situação de Emergência;

d) Suspensão por inadimplemento do consumidor ou por deficiência técnica e/ou de

segurança das instalações da unidade consumidora que não provoque interrupção em

instalações de terceiros, previstas em regulamentação;

e) Vinculadas a programas de racionamento instituídos pela União;

f) Ocorridas em Dia Crítico;

g) Oriunda de atuação de Esquema Regional de Alívio de Carga estabelecido pela ONS.

(PRODIST, 2018, Mód. 8)

Para o cálculo do DMIC, além das interrupções referidas acima, também não deverão ser
considerados aqueles provenientes de desligamentos programados, desde que os consumidores
sejam devidamente avisados e o início e fim da interrupção esteja dentro do programado.
(PRODIST, 2018, Mód. 8)

_____________________________________________________________________________________________
Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
45

Na apuração dos cálculos do DICRI as interrupções não consideradas são as mesmas do DIC
e FIC, com a exceção, no que se refere às vinculadas a programas de racionamento instituídos
pela União.

3.1.2 Indicadores de Continuidade Coletiva

Os indicadores de continuidade coletivos deverão ser apurados para cada conjunto de UC’s
conectadas ao sistema de distribuição. Estes são divididos em:

a) Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), expressa em

horas e centésimos de horas, dada pela fórmula:

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐷𝐼𝐶(𝑖) (
𝐷𝐸𝐶 =
𝐶𝑐 (12)

b) Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), expressa

em número de interrupções e centésimos do número de interrupções, dada pela

fórmula:

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐹𝐼𝐶(𝑖) (
𝐹𝐸𝐶 =
𝐶𝑐 (13)
Onde:

i = índice de unidade consumidora atendida em BT ou MT faturadas do conjunto;

Cc = número total de consumidoras faturadas do conjunto no período de apuração,


atendidas em BT ou MT.

A ANEEL define que o DEC e FEC devem ser segregados de acordo com a causa
geradora do evento nos seguintes indicadores:

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


46

a) DECxp e FECxp - indicadores devido a interrupção de origem externa ao sistema de


distribuição e programada, não ocorridas em Dia Crítico. Neste caso, interrupção
externa e programada refere-se a uma interrupção ocorrida por um desligamento
programado pela supridora de energia, ou seja, é um evento em que a distribuidora
não tem nenhum tipo de controle;
b) DECxn e FECxn - indicadores devido a interrupção de origem externa ao sistema de
distribuição e não programada, não ocorridas em Dia Crítico. Neste caso, interrupção
externa e não programada refere-se a uma interrupção ocorrida por um defeito no
sistema da supridora de energia, como por exemplo, a descarga atmosférica que causa
o desarme da proteção de uma subestação supridora;
c) DECip e FECip - indicadores devido a interrupção de origem interna ao sistema de
distribuição e programada, não ocorridas em Dia Crítico. Neste caso, interrupção
interna e programada refere-se a uma interrupção ocorrida por um desligamento
programado por parte da distribuidora de energia, o qual desliga o sistema para
manutenção e/ou ampliação do sistema de distribuição;
d) DECind e FECind - indicadores devido a interrupção de origem interna ao sistema de
distribuição, não programada e não expurgável. Neste caso, interrupção interna e não
programada refere-se a uma interrupção ocorrida por um defeito no sistema da
distribuidora de energia, como por exemplo, a queda de árvores sobre a rede devido a
ventos fortes. (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.54)

Na ocorrência de Dia Crítico, as interrupções geradas neste dia podem ser excluídas dos
indicadores mensais DEC e FEC, contudo, este dia terá indicadores específicos, que também
deverão ser enviados à ANEEL, sendo os seguintes indicadores:

a) DECine e FECine - indicadores devido a interrupção de origem interna ao sistema de


distribuição, não programada e ocorrida em situação de emergência;
b) DECinc e FECinc – indicador devido a interrupção de origem interna ao sistema de
distribuição, não programada, ocorrida em dia crítico e não ocorridas nas situações de
interrupção em Situação de Emergência, vinculadas a programas de racionamento
instituídos pela União e oriunda de atuação de Esquema Regional de Alívio de Carga
estabelecido pela ONS;
_____________________________________________________________________________________________
Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
47

c) DECino e FECino – indicador devido a interrupção de origem interna ao sistema de


distribuição, não programada e ocorrida nas situações vinculadas a programas de
racionamento instituídos pela União e oriunda de atuação de Esquema Regional de
Alívio de Carga estabelecido pela ONS;
d) DECipc e FECipc – indicador devido a interrupção de origem interna ao sistema de
distribuição, programada, ocorrida em dia crítico;
e) DECxpc e FECxpc – indicador devido a interrupção de origem externa ao sistema de
distribuição, programada, ocorrida em dia crítico;
f) DECxnc e FECxnc – indicador devido a interrupção de origem externa ao sistema de
distribuição, não programada, ocorrida em dia crítico. (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.55)

Este método de cálculo é usado na apuração mensal das interrupções, sendo as apurações
trimestrais e anuais, também chamadas de apurações globais, conforme ANEEL, calculadas de
acordo com as seguintes equações:

 Apuração Mensal:

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐷𝐼𝐶(𝑖) (
𝐷𝐸𝐶 =
𝐶𝑐 (12)

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐹𝐼𝐶(𝑖) (
𝐹𝐸𝐶 =
𝐶𝑐 (13)
 Apuração trimestral:

∑3𝑖=1 𝐷𝐸𝐶𝑛 ∗ 𝐶𝑐𝑛 (


𝐷𝐸𝐶_𝑡𝑟𝑖𝑚 =
𝐶𝑐 _𝑚𝑒𝑑_𝑡𝑟𝑖𝑚 (14)

∑3𝑖=1 𝐹𝐸𝐶𝑛 ∗ 𝐶𝑐𝑛 (


𝐹𝐸𝐶_𝑡𝑟𝑖𝑚 =
𝐶𝑐 _𝑚𝑒𝑑_𝑡𝑟𝑖𝑚 (15)

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


48

 Apuração Anual:

∑12
𝑖=1 𝐷𝐸𝐶𝑛 ∗ 𝐶𝑐𝑛 (
𝐷𝐸𝐶_𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 =
𝐶𝑐 _𝑚𝑒𝑑_𝑡𝑟𝑖𝑚 (16)

∑12
𝑖=1 𝐹𝐸𝐶𝑛 ∗ 𝐶𝑐𝑛 (
𝐹𝐸𝐶_𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 =
𝐶𝑐 _𝑚𝑒𝑑_𝑡𝑟𝑖𝑚 (17)
Onde:

DECn = valor mensal do DEC apurado no mês n, com 2 (duas) casas decimais;
FECn = valor mensal do FEC apurado no mês n, com 2 (duas) casas decimais;
DECTRIM = valor do DEC no período de apuração trimestral, com 2 (duas) casas decimais;
FECTRIM = valor do FEC no período de apuração trimestral, com 2 (duas) casas decimais;
DECANUAL = valor do DEC no período de apuração anual, com 2 (duas) casas decimais;
FECANUAL = valor do FEC no período de apuração anual, com 2 (duas) casas decimais;
Ccn = número de unidades consumidoras do conjunto faturadas e atendidas em BT ou MT
informado no mês n;
CcMED_TRIM = média aritmética do número de unidades consumidoras
atendidas em BT ou MT, faturadas no período trimestral, com 2 (duas) casas decimais;
CcMED_ANUAL = média aritmética do número de unidades consumidoras atendidas em BT ou
MT, faturadas no período anual, com 2 (duas) casas decimais. (PRODIST, 2018, Mód. 8,
p.60-61)

Caso haja a violação dos indicadores DIC, FIC E DMIC, em relação ao período de apuração
(mensal, trimestral ou anual) a distribuidora é obrigada a calcular o valor da compensação ao
consumidor, inclusive àqueles conectados em DIT, efetuando o crédito na fatura em até dois
meses após a apuração dos indicadores.
O indicador DIDRI também gera compensação ao consumidor, inclusive àqueles conectados
em DIT, sendo compensado por cada interrupção ocorrida em Dia Crítico que ultrapassar o limite
deste indicador. (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.64)
Para o cálculo das compensações são utilizadas as seguintes fórmulas:
a) Para o DIC:
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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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𝐷𝐼𝐶𝑣 𝐸𝑈𝑆𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 (
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ( − 1) ∗ 𝐷𝐼𝐶𝑝 ∗ ∗ 𝑘𝑒𝑖
𝐷𝐼𝐶𝑝 730 (18)
b) Para o DMIC:

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑣 𝐸𝑈𝑆𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 (
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ( − 1) ∗ 𝐷𝑀𝐼𝐶𝑝 ∗ ∗ 𝑘𝑒𝑖
𝐷𝑀𝐼𝐶𝑝 730 (19)
c) Para o FIC:

𝐹𝐼𝐶𝑣 𝐸𝑈𝑆𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 (
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ( − 1) ∗ 𝐹𝐼𝐶𝑝 ∗ ∗ 𝑘𝑒𝑖
𝐹𝐼𝐶𝑝 730 (20)
d) Para o DICRI:

𝐹𝐼𝐶𝑣 𝐸𝑈𝑆𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 (
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = ( − 1) ∗ 𝐹𝐼𝐶𝑝 ∗ ∗ 𝑘𝑒𝑖
𝐹𝐼𝐶𝑝 730 (21)

Onde:
DICv = duração de interrupção por unidade consumidora ou por ponto de conexão, conforme
cada caso, verificada no período considerado, expressa em horas e centésimos de hora;

DICp = limite de continuidade estabelecido no período considerado para o indicador de


duração de interrupção por unidade consumidora ou por ponto de conexão, expresso em
horas e centésimos de hora;

DMICv = duração máxima de interrupção contínua por unidade consumidora ou por ponto
de conexão, conforme cada caso, verificada no período considerado, expressa em horas e
centésimos de hora;

DMICp = limite de continuidade estabelecido no período considerado para o indicador de


duração máxima de interrupção contínua por unidade consumidora ou por ponto de conexão,
expresso em horas e centésimos de hora;

______________________________________________________________________________

Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


50

FICv = frequência de interrupção por unidade consumidora ou por ponto de conexão,


conforme cada caso, verificada no período considerado, expressa em número de
interrupções;

FICp = limite de continuidade estabelecido no período considerado para o indicador de


frequência de interrupção por unidade consumidora ou por ponto de conexão, expresso em
número de interrupções e centésimo do número de interrupções;

DICRIv = duração da interrupção individual ocorrida em Dia Crítico por unidade


consumidora ou ponto de conexão, expressa em horas e centésimos de hora;

DICRIp = limite de continuidade estabelecido para o indicador de duração da interrupção


individual ocorrida em Dia Crítico por unidade consumidora ou ponto de conexão, expresso
em horas e centésimos de hora;

EUSDmédio = média aritmética dos encargos de uso do sistema de distribuição

correspondentes aos meses do período de apuração do indicador;

730 = número médio de horas no mês;

kei = coeficiente de majoração cujo valor deve ser fixado em:

i. 15 (quinze), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendidos em Baixa


Tensão;

ii. 20 (vinte), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendidos em Média


Tensão;

iii. 27 (vinte e sete), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendidos em Alta
Tensão. (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.65-66)
Em caso de compensação pela violação dos indicadores, deveram ser consideradas as
seguintes situações:

a) O valor mínimo da compensação será de R$ 0,01 (um centavo de reais);


b) O valor máximo da compensação será:

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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i. 10 (dez) vezes o valor do “EUSDmédio”, no caso de violação de limite mensal;

ii. 30 (trinta) vezes o valor do “EUSDmédio”, no caso de violação de limite trimestral;

iii. 120 (cento e vinte) vezes o valor do “EUSDmédio”, no caso de violação de limite anual.

c) Em caso de violação do limite e mais de um indicador, no período de apuração, deverá ser


considerado o maior valor dentre os indicadores violados para a compensação.
d) Na ocorrência de violação do indicador DICRI, a compensação será separada das
compensações a serem pagas pela violação dos indicadores DIC, FIC e DMIC, sendo a
compensação paga ao consumidor neste caso, a soma das compensações calculadas para
cada violação. (PRODIST, 2018, Mód. 8, p.66-67).

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


52

4 ESTUDO DA REDE ANALISADA

Para uma melhor compreensão do sistema em que serão instalados os dispositivos


indicadores de falta, este capítulo trará informações detalhadas sobre o alimentador estudado,
como dados técnicos da estrutura física da rede e seus componentes, região de atendimento e
características operacionais do sistema.

4.1 REDE DE MÉDIA TENSÃO

A rede de distribuição primária considerada tem início na cidade de Catuípe/RS, na


localidade de Monte Alegre, onde está instalado um RL, denominado de RL-226, o qual é
supervisionado e telecomandado pelo COD. A Figura 13 mostra uma foto do equipamento
instalado a campo.

Figura 13: Foto do RL-226 instalado na rede

Fonte: Próprio Autor,2018

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
53

O RL-226 supre energia elétrica para 604 Unidades Consumidoras (UC’s), com uma
extensão de rede primária de 240,98 km e 59 km de rede troncal, que se estende até a PCH Nilo
Bonfanti, situada na localidade de Coxilha Bonita, Chiapetta/RS. A Figura 14 demostra a
abrangência da rede primária do RL-226, rede sinalizada na cor amarela e com um traçado mais
espesso. As outras cores representam redes MT de outros alimentadores.

Figura 14: Abrangência da rede MT estudada – Mapa de operação do sistema do COD

Fonte: CERILUZ-COD, 2018

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


54

Esta rede primária de distribuição tem a característica de 95,72% dos consumidores serem
do subgrupo B2 (rural), representando a maior parcela da carga desta rede, conforme
demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2: Relação de UC’s por Tipo e kWh

Consumidores Qtde kWh


Residencial 0 0
Comercial 17 6.342
Industrial 1 92
Rural 560 281.771
Pod. Público 5 650
Il. Pública 0 0
Serv. Público 2 257
Total 585 289.112

Fonte: Elaborado pelo Autor (CERILUZ), 2018

Outro dado obtido sobre o alimentador é que a maior carga instalada é representada pelos
consumidores de baixa tensão, o restante da potência instalada, praticamente, refere-se aos
consumidores do grupo A, em sua maioria pivôs de irrigação, informações estas contidas na
Tabela 3.

Tabela 3: Relação da potência instalada na MT e na BT

Equipamentos Urbano Rural


transformadores Qtde kVA inst. Qtde kVA inst.
Distribuição (BT) 0 0 310 6.152,50
Entrada primária 0 0 14 3.637,50
Total 0 0 324 9.790

Fonte: Elaborado pelo Autor (CERILUZ), 2018

Devido ao fato da rede troncal ser extensa, esta é seccionada em vários pontos, formando
vários trechos de rede entre uma chave e outra. Isto é necessário para possibilitar o
seccionamento de um determinado trecho da rede, seja para manutenções preventivas ou
emergências, nos casos de defeitos permanentes. A Figura 15 mostra o diagrama unifilar da rede
do RL-226 que está inserido no supervisório de operação do COD. Salienta-se que a figura é
apresentada com a cor do fundo preto devido software de supervisão não ter a opção de mudança

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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de cor, o qual seria necessário a solicitação para a empresa que desenvolveu o sistema Scada para
a CERILUZ.

Figura 15: Diagrama unifilar em que está inserida a rede do RL-226

Fonte: CERILUZ-COD, 2018

Cada ponto de seccionamento da rede MT é equipado com chaves facas e também com
chaves fusíveis, que tem a função de “bay-pass” quando na necessidade de manutenção ou em
casos emergenciais, em que a rede tenha de ser testada, fase por fase, para identificar qual fase
está com defeito.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


56

A Figura 16 mostra um diagrama da rede MT com todos os pontos de seccionamento e


seus trechos nomeados, para uma melhor compreensão das análises posteriores, bem como a
distância entre as chaves.

Figura 16: Diagrama Unifilar detalhado da rede MT do RL-226

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Observando a Figura 16, nota-se que há um trecho de rede (trecho J) com possibilidade de
ligação em anel ou ainda como uma possível alternativa em caso de defeito no trecho H, visto
que ao final do trecho I tem a conexão da PCH NILO BONFANTI.

O Gráfico 1 mostra a curva de carga instalada ao longo do alimentador, seguindo um


comportamento decrescente de carga na medida em que a rede fica mais extensa, um
comportamento típico de redes radiais.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
57

Gráfico 1: Curva de Carga Instalada do Alimentador Estudado

Curva de Carga - kVA x km

9728 8880 8030 7752 7452


kVA

4922
3665
2870
1125

0 6,18 16,31 17,5 29,54 30,04 35,56 38,46 40,19


km

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

O gráfico 2 representa a carga instalada por trecho do alimentador, desta forma sendo
possível analisar quanto de carga instalada foi desconectada do sistema no seccionamento de uma
determinada chave de manobra. Analisando os dados do gráfico pode-se notar que o trecho com
maior carga instalada é o trecho E. A estratificação da carga ao longo do alimentador é de
fundamental importância para a determinação da END.

Gráfico 2: Carga em kVA Inst. por Trecho

kVA Instalado por Trecho


2530

1745

1257
1125
848 850 795

278 300

A B C D E F G H I

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018


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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


58

Outro dado importante a ser extraído da rede estudada é o número de UCs, pois sem esta
informação não se consegue fazer os cálculos dos indicadores de continuidade de serviço.

O Gráfico 3 demostra o número de UCs por trecho de rede, trecho estes delimitados na
Figura 16, onde pode-se visualizar a quantidade de UCs no decorrer do alimentador. Fazendo
uma análise das informações do gráfico se nota que no trecho H há uma significativa quantidade
de UCs, o que torna necessária uma ação ainda mais ágil das equipes de manutenção na
ocorrência de um defeito, visto que o grande número de UCs concentradas ao final desta rede
influencia com grande relevância nos resultados dos IND_CONT.

Gráfico 3: Número de UCs por Trecho

Números de UCs por Trecho


192

93
86

55 50
35 41
29
15

A B C D E F G H I

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Fazendo uma análise dos Gráficos 2 e 3 é possível verificar que no trecho E, do Gráfico 2,
a potência instalada é superior aos demais trechos, contudo, o trecho H do Gráfico 3 mostra que
nesse local concentra-se o maior número de UCs, ou seja, o maior número de consumidores em
uma região nem sempre refletirá em uma maior carga instalada no sistema. Isso mostra que o
estudo de indicadores de qualidade é distinto dos estudos de carga de um sistema para cada
trecho da rede de distribuição.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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4.2 PCH NÍLO BONFANTI

A PCH Nílo Bofanti foi construída em 1999, no rio Buricá, no município de Chiapetta. A
capacidade de geração máxima da usina é de 800 kW. A Figura 17 mostra uma foto da barragem
da PCH.

Figura 17: Barragem da PCH Nilo Bonfanti

Fonte: CERILUZ Geração, 2018

A conexão da PCH com a rede de distribuição primária dar-se-á no final da rede troncal do
RL-226, portando, sempre que há um desarme do equipamento a usina é atingida, deixando de
gerar energia elétrica pelo período em que a rede MT está desenergizada.

A Figura 18 traz o diagrama unifilar do supervisório de operação da PCH, onde se tem o


monitoramento das grandezas elétricas do gerador e da rede primária. Salienta-se que a figura é
apresentada com a cor do fundo preto devido software de supervisão não ter a opção de mudança
de cor, o qual seria necessário a solicitação para a empresa que desenvolveu o sistema Scada para
a CERILUZ.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


60

Figura 18: Diagrama Unifilar da PCH Nilo Bonfanti

Fonte: CERILUZ Geração, 2018

A venda da energia elétrica gerada pela PCH é comercializada no mercado livre de venda
de energia elétrica por meio de contratos bilaterais, normatizados pela Câmera de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), no documento REGRAS DE
COMERCIALIZAÇÃO – Contabilidade – Módulo 3- Contratos.

4.3 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS

Para que houvesse a possibilidade de comparação de resultados referentes aos Indicadores


de Continuidade, END, custo operacional e comercial, entre uma rede de média tensão mapeada
com IF versus uma rede de média tensão sem estes dispositivos, foi realizado uma análise
minuciosa dos desarmes do RL-226.

Foram coletadas informações dos defeitos permanentes ocorridos no sistema estudado de


2010 à 2018, com dados das datas e processos registrados no COD, do tipo de defeito, tempo
total da falta de energia na rede, localização do defeito, tempo de inspeção das equipes em cada
trecho da rede e número de equipes envolvidas no processo, conforme pode ser visto no
Apêndice A, que traz uma tabela detalhada com os dados mencionados.

Devido a cada caso de defeito permanente na rede ter suas peculiaridades, os valores
relacionados à inspeção da rede e tempo de restabelecimento da energia elétrica ter uma variância
grande, foi optado por não usar a Média Aritmética Simples, mas usar o valor Mediano dos

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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dados. Isso porque a média é afetada por valores extremos, sejam muito altos ou baixos, o que
não ocorre com a Mediana.

4.3.1 Número de Equipes por Processo

O número de equipes envolvidas no desarme do RL-226, depende principalmente do tipo


de defeito, em casos de postes caídos, múltiplos defeitos, ocorridos tipicamente em vendavais, o
número de equipe aumenta. Contudo, no mínimo duas equipes são acionadas imediatamente após
a constatação do defeito permanente pelo COD, a fim de possibilitar manobras do sistema e
restabelecimento parcial da energia elétrica aos consumidores.

Mas, devido às características da rede e por se tratar de uma rede troncal importante, na
maioria das vezes uma terceira equipe é acionada. Isso é necessário para que o defeito seja
encontrado o mais rápido possível, visto que a extensão da rede para inspeção é
consideravelmente grande. A Tabela 4 mostra o número de processos analisados e a média de
equipes que atuaram na localização e eliminação do defeito. Neste caso foi utilizado a média
simples porque os valores não são discrepantes entre si.

Tabela 4 : Mediana de Equipes por Processo

Nº de Processos Analisados Média de Equipes por Processo

35 3

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

No Apêndice A podem ser analisadas quantas equipes atuaram em cada processo


verificado, tendo casos com até cinco equipes envolvidas. Já a média de equipes envolvidas por
processo sinaliza que na maioria das vezes três equipes são acionadas para a inspeção da rede, o
que eleva o custo operacional envolvido na falta de energia.

Com a instalação dos IFs, a uma tendência de redução de equipes para localização do
defeito, de modo que o dispositivo irá sinalizar o trecho com defeito, assim, com menos equipes

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


62

envolvidas no processo o custo operacional causado pelo defeito será reduzido, além de liberar
mais equipes para outros atendimentos emergenciais.

4.3.2 Tempo de Defeito

O tempo que uma rede de média tensão ficará desconectada do sistema depende de vários
fatores, tais como o tipo e local do defeito, número de equipe, relevo do local do defeito e se é dia
ou noite, além da condição climática do momento da execução do serviço.

Do Apêndice A, pode-se extrair que o valor mediano do tempo em que a rede do RL-226
ficou sem energia elétrica nos casos analisados foi de 2 horas e 18 minutos. Em muitos casos, o
tempo de localização do defeito é superior ao tempo gasto pela equipe plantonista no conserto da
rede, o que evidência a importância de uma rede mapeada por IFs, podendo desta forma, diminuir
o tempo total do processo, assim diminuindo, consequentemente, a END e deixando de perder
receita pela não geração de energia elétrica da PCH Nilo Bonfanti, neste caso específico.

4.3.3 Tempo de Inspeção por Trecho de Rede

O tempo de inspeção de cada trecho da rede de distribuição em busca de um defeito


permanente é um tanto complicado de se mensurar, pois há variáveis que influenciam o resultado,
como por exemplo, se é noite ou dia e também há o fator humano, que dependerá de quais
eletricistas estão na equipe, visto que cada plantonista tem seu próprio tempo de execução de
tarefas.

Para o estudo em questão, a determinação do tempo de inspeção de cada trecho é de


fundamental importância, pois a atuação dos IFs tem por objetivo diminuir este tempo padrão de
inspeção detalhada da rede em busca do sinistro. Para a obtenção do tempo referido, foi feito uma
pesquisa nos processos que ocorreram defeito na rede do RL-226, processos estes listados no
Apêndice A.

A metodologia utilizada para alcance de um tempo padrão de inspeção entre os trechos da


rede de média tensão foi baseada na estatística dos processos analisados. O Apêndice A traz os
tempos de inspeção dos trechos em que a rede foi manobrada pelas equipes plantonistas em cada

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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processo verificado, resultando em um valor de tempo mediano de inspeção de cada trecho,


mostrado na Tabela 5.

Tabela 5: Tempo de Inspeção por Trecho

Trecho Tempo de Inspeção (minutos)


A 20,5
B-C 25
D-E 38
F -
G -
H -
I -

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Observando a Tabela 5 nota-se que há a falta de dados de tempo de inspeção de alguns


trechos, isso devido à ausência de dados estáticos destes locais, pois são chaves seccionadoras
que raramente são manobradas pelas equipes, visto que a maioria dos defeitos ocorridos na rede
de distribuição estudada ocorre entre os trechos A e F, conforme mostrado no Gráfico 4.

Gráfico 4: Porcentagem de Defeito por Trecho

Porcentagem de Defeito por Trecho

A B C D-E F G H I

5,88% 2,94% 8,82%


2,94%

20,59%
23,53%

2,94%
32,35%

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018


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A nomeação dos trechos está definida no item 4.1, na Figura 16, onde cada trecho de rede
MT é compreendido entre duas chaves seccionadoras. O Gráfico 4 é de suma importância, porque
será um dos parâmetros que norteará a escolha dos locais de instalação dos IFs.

Fazendo uma análise mais profunda entre a Tabela 5 e o Gráfico 4, pode-se entender a
falta de dados a partir do trecho G da tabela, pois os defeitos permanentes ocorrem,
percentualmente, mais entre os trechos A e F, sendo poucos os defeitos ocorridos para frente do
trecho G.

4.4 TEMPO DE DESLOCAMENTO DIRETO ENTRE AS CHAVES

Do mesmo modo que o tempo de inspeção entre os trechos será uma informação essencial
para a demonstração de resultados e conclusões do trabalho, a determinação do tempo de
deslocamento entre as seccionadoras, ou seja, tempo de deslocamento no trecho sem uma
inspeção detalhada da rede de distribuição, também é determinante para a apresentação dos
resultados finais.

Com os tempos de deslocamentos entre os trechos definidos, pode-se calcular a diferença


de tempo entre uma rede sem IFs e com os IFs instalados. Pois, na ocorrência de uma falta
permanente da rede de distribuição, a equipe se deslocaria direto para o local onde os IFs
estariam instalados, geralmente, próximos de uma chave faca, não sendo necessária uma inspeção
detalhada da rede até o ponto mencionado, diminuído desta forma o tempo total para o
restabelecimento de energia do primeiro trecho ou primeiros trechos de rede MT, dependendo
dos locais projetados para a alocação dos dispositivos.

A metodologia utilizada para a determinação do tempo de deslocamento entre os trechos


será experimental. Foi percorrido o trajeto entre as chaves seccionadoras e cronometrado o tempo
de deslocamento entre os trechos. A velocidade adotada foi de 55 km/h, visto que o Art. 61 do
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina que em estradas rurais a velocidade máxima é de
60 km/h. O valor de velocidade optado foi determinado por recomendações das equipes
plantonistas que atuam na região, pois conhecem as características das estradas e o fluxo de
veículos nestas localidades. A Tabela 6 traz os resultados referentes a determinação do tempo
cronometrado de deslocamento entre os trechos.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Tabela 6: Tempo de Deslocamento Cronometrado

Tempo de Deslocamento
Trecho
Cronometrado (minutos)
A 7
B-C 11
D-E 19
F 9
G 5
H -
I -

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Com os resultados obtidos das Tabelas 5 e 6 foi elaborado a Tabela 7, que compara os
tempos de inspeção e tempo de deslocamento dos trechos do sistema, facilitando a visualização
da diferença de tempo entre uma rede com IFs e uma rede sem IFs.

Tabela 7: Comparação dos Tempos Inspeção e de Deslocamento

Tempo de
Diferença de
Trecho Tempo de Inspeção Deslocamento
Tempo
Cronometrado
A 20,5 7 13,5
B-C 25 11 14
D-E 38 19 19
F - 9 -
G - 5 -
H - - -
I - - -

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

Em um primeiro momento, verificando a coluna Diferença de Tempo da Tabela 7, pelo


fato da Diferença de Tempo não chegar ao patamar de horas, pode passar a impressão de um
resultado ineficiente, mas, ressalta-se que os dados são referentes a cada trecho, ou seja, caso haja
um defeito no final da rede troncal, os tempos de cada trecho são somados. Ainda neste sentido, a
diferença de tempo é válida apenas para cada sinistro ocorrido, tendo um impacto significativo
nas apurações anuais dos IND_CONT, END e dos custos comerciais, quando somados todos os
eventos do ano.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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5 ESTUDO DE CASO

Com posse dos dados do alimentador estudado, dos processos de defeitos permanentes
mapeados, dos tempos de inspeção dos trechos e dos tempos de deslocamento entre as
seccionadoras, é possível elaborar um estudo em cima de um evento ocorrido na rede troncal de
distribuição do RL-226, conforme proposto no início deste trabalho.

A análise de um evento específico de defeito da rede MT do RL-226 tem o objetivo de


mostrar, através de dados concretos a eficiência do sistema mapeado por IFs. Porém, antes é
preciso projetar os pontos de instalação dos IFs na rede de distribuição, para então ser feito o
estudo de caso.

5.1 PROJETO DOS PONTOS DE INSTALAÇÕES DOS IF’S

Para o projeto dos pontos de instalação do IFs será observado a extensão dos trechos da
rede MT, a quantidade de UCs e quantidade de kVA instalado por trecho, e principalmente, os
locais com maiores índices de defeito permanente. A elaboração do projeto dos pontos de
instalação dos IFs visa otimizar os melhores locais para a alocação dos dispositivos, a fim de que
estes estejam instalados em locais que realmente serão funcionais na localização de defeitos.

Na Figura 16, em que são determinados os trechos da rede, pode-se observar que entre o
RL e a primeira chave (CS-227), na ocorrência de um defeito não há manobras a serem
realizadas, deixando todo o alimentador inoperante. Nota-se também que a distância é de apenas
6,18 km, e que o percentual de restabelecimentos de UCs e de potência neste trecho,
respectivamente, é de apenas 15,69% e 8,71%. Por esta ótica, em caso de defeito para frente deste
trecho, entende-se que o tempo de manobra da rede seria dispendioso, visto que a maior parte do
sistema ainda estaria inoperante e ainda, para o religamento desta seccionadora, o RL teria de ser
desligado novamente para que a chave fosse fechada com segurança devido à grande carga do
sistema, além de aumentar o IND_CONT FIC.

Já o trecho B que se estende desde a CS-227 até a CS-742, é responsável pelo incremento
de 10,13 km de rede de média tensão, além da adição de 8,73% da carga do sistema e 14,42% de
UCs. Com a soma dos trechos A e B, referente à carga e UCs, torna-se interessante à instalação
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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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de IFs ao final deste trecho, pois esta parte da rede MT é onde ocorrem 20,59% dos defeitos
permanentes, evidenciando ainda mais a importância do mapeamento deste trecho.

Sendo assim, os IFs deveriam ser instalados ao final do trecho B, próximo a CS-742.
Contudo, devido à pouca extensão do trecho C, com apenas 1,19 km de rede MT, compreendido
entres as CS-742 e CS-238, e este pequeno trecho ter um índice de defeito de apenas 2,94%, além
de haver uma vila de moradores neste local, Vila de Bom Sucesso, significando uma adição de
248 kVA no sistema de distribuição, desta forma, foi avaliada como melhor opção a instalação
dos IFs ao final do trecho D, nas proximidades da CS-238.

O segundo ponto de instalação projetado, assim como o primeiro, levou em consideração


dados técnicos existentes. Do mesmo modo que ocorrera entre as CS-742 e CS-238 em que a
extensão da rede é pequena, o mesmo acontece com o trecho E, entre as CS-112 e CS-639, onde a
distância entre estas é de 0,5 km. Porém, o trecho E concentra a maior potência instalada entre os
trechos, evidenciando a necessidade de religamento da energia o mais rápido possível.

Pelo fato do trecho D-E, entre as CS-238 e CS-639 possuírem o maior índice de defeito,
com 32,35% dos casos, a melhor opção de instalação dos IFs é ao final do trecho E, próximo da
CS-639. Pois na constatação da atuação do dispositivo pela passagem de uma corrente de falta,
rapidamente a equipe pode manobrar a CS-639 e ser restabelecido o sistema até este ponto que
detêm 49,40% da carga total e 43,28% das UCs conectadas ao sistema.

O último local projetado para a instalação dos IFs é o trecho F, que representa 23,53% dos
defeitos permanentes, o que indica a necessidade de instalação de IFs também ao final deste
trecho, na CS-778. Neste caso, se o dispositivo não estiver atuado, significa que o defeito está a
montante da CS-778, o que mostra que não é necessária a manobra da mesma, evitando o
desperdício de tempo em manobra em vão.

Os dados da porcentagem de defeito na rede MT estudada mostram claramente que após a


CS-772 os índices de defeitos são muitos baixos, quando comparados com os trechos a montante,
por esse motivo, a fim de o projeto da instalação do IFs ser viável tecnicamente e

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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economicamente, optou-se por definir os três pontos de instalação mencionados anteriormente. A


Figura 19 demostra os locais de instalação dos dispositivos.

Figura 19: Pontos de Instalação dos IFs

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018

5.2 ANALISE DE CASO REAL

A análise dos IND_CONT, END, custos operacionais e comerciais de um defeito


ocorrido na rede de distribuição, é a aplicação prática dos conceitos teóricos estudados até o
momento, sem a necessidade de criação de um caso fictício, que em muitas vezes não retrata a
realidade da situação real.

Dentre os processos em que ocorreu defeito permanente mapeados desde 2010 a 2018,
apresentados no Apêndice A, muitos são de difícil analise, pois há muitas variáveis que
influenciam diretamente e indiretamente nos resultados, como por exemplo, manobras de chaves
fusíveis, múltiplos defeitos na rede MT e BT, falta de informações detalhadas de quais equipes
manobraram determinadas chaves e execução de serviço e muitos outros.

Neste sentido, foi examinado processo por processo para que se conseguisse aplicar os
conceitos já mencionados, com a menor complexidade possível, a fim de que as explicações e
resultados sejam de fácil compreensão. Entre os casos verificados, foi escolhido o processo
3537/15, ocorrido em 03/02/2015, no qual houve a ocorrência de um defeito permanente na rede
troncal do RL-226, devido a descargas atmosféricas que danificaram um isolador.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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O anexo A traz o comprovante de conclusão de serviço gerado pelo software de


gerenciamento e operação do COD da CERILUZ, onde são registradas as informações passadas
pelas equipes de plantão ao operador do COD. Neste anexo pode-se observar os tipos de serviços
efetuados pelas equipes, bem como a causa do defeito e informações de datas e horários.

Já o anexo B mostra as manobras das chaves seccionadoras registradas no software de


gerenciamento e operação do COD, o qual apresenta os tempos de manobras da rede MT, a
quantidade de UCs atingida por cada manobra, além das datas e horários. Será sobre estes dados
que o IND_CONT do processo irá ser calculado.

5.2.1 Cálculo dos Indicadores de Continuidade

Para o processo 3537/15 serão calculados os IND_CONT deste evento com base nas
manobras registradas, apresentadas no anexo B. A Figura 20 é um zoom do anexo B, mostrando
os registros das manobras dos seccionadores, para melhor entendimento dos dados que serão
utilizados para os cálculos dos IND_CONT.

Figura 20: Zoom do Anexo B

Fonte: Anexo B – Sistema de gerenciamento do COD da CERILUZ

Verificando as manobras apresentadas na Figura 20, é chamada a atenção do fato de que


além dos seccionamentos da rede troncal de alimentação, outras chaves de derivação e de
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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transformadores também estão registradas. Isso porque estas chaves estavam desarmadas por
defeitos secundários, sem ligação com o defeito ocorrido na rede principal. Desta forma, os
cálculos dos IND_CONT, levaram em conta apenas as manobras feitas na rede troncal. A fim de
melhorar a visualização das chaves manobradas foi elaborada a Tabela 8.

Tabela 8: Registro de Manobras da Rede Troncal

HORÁRIOS
SECCIONADOR UCs ATINGIDAS UCs RESTABELECIDAS
INÍCIO FINAL
Rede Troncal RL-226 16:38 16:51:00 604 604
Trecho 1 RL-226 17:20 18:17:56 604 221
Trecho 2 CS-238 18:16 19:03:59 0 17
Trecho 3 CS-639 19:02 20:08:41 0 336
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

A Tabela 8 traz os dados dos horários de início e fim das manobras, bem como a
sequência das manobras e o número de UCs atingidas no início da manobra, assim como o
número de UCs restabelecidas após a manobra do seccionador. A primeira manobra da tabela foi
o desarme do RL-226, em que após alguns minutes este foi religado. Contudo, depois de 42
minutos, o RL-226 voltou a desarmar, sendo então iniciadas as manobras de seccionamento da
rede MT.

 Cálculo do DIC, FIC, DMIC, DEC e FEC

Como a rede primária teve três trechos em que os horários e UCs foram diferentes,
segundo manobras sinalizam e mais o desarme da rede troncal, que atingiu todas as UCs, os
trechos terão DICs diferentes, conforme cálculos a seguir:

1º passo – fazer a transformação do horário para a base de horas e centésimos de hora.


Procedimento para obtenção do resultado pode ser realizado através de uma regra de três simples.
A tabela 9 mostra os resultados calculados, bem como o tempo de falta de energia para cada
trecho manobrado, que é alcançado subtraindo o valor inicial da manobra pelo valor final.

Nota-se que a coluna Início da Falta da Tabela 9 tem o mesmo valor para os trechos 1, 2
e 3 (como estão divididos esses trechos comparativamente a Figura 16), isso, porque é a partir
deste horário que as UCs a jusante ficaram sem energia elétrica até o restabelecimento do trecho.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Apesar da manobra do seccionador do trecho ter ocorrido em horários diferentes, as UCs já


estavam sem fornecimento de energia desde o desarme do RL-226.

Tabela 9: Tempo de manobra em horas e centésimos de hora

Tempo sem
Horários Horas e centésimos de hora
Trecho Manobrado Energia
Início Final Início da Falta Restabelecimento (horas)
Rede Troncal 16:38 16:51:00 16,633 16,85 0,217
Trecho 1 17:20 18:17:56 17,333 18,284 0,951
Trecho 2 18:16 19:03:59 17,333 19,07 1,737
Trecho 3 19:02 20:08:41 17,333 20,144 2,811
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

O tempo sem energia de cada trecho em horas e centésimos de hora será usado para os
cálculos dos DICs de cada manobra.

2º passo – cálculo do FIC, a partir da equação (9).

O cálculo do FIC será realizado para as UCs dos três trechos manobrados neste processo,
ou seja, cada UC correspondente ao seu trecho terá um FIC próprio.

𝐹𝐼𝐶 = 𝑛

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = 𝑛 = 2

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 𝑛 = 2

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 𝑛 = 2

A obtenção do resultado do FIC é extremamente fácil, sendo apenas preciso verificar


quantas vezes houve interrupção de energia para o consumidor.

3º passo – cálculo do DIC de cada trecho, a partir da equação (8).

𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑡(𝑖)
𝑖=1

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72

1 1

𝐷𝐼𝐶𝑅𝑒𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑜𝑛𝑐𝑎𝑙 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑ 0,217 = 0,217


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 0,951) = 1,168


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 1,737) = 1,954


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 3 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 2,811) = 3,028


𝑖=1 𝑖=1

O DIC dos trechos é igual para todas as UCs do mesmo trecho, pois todos os
consumidores de cada segmento da rede ficaram o mesmo período de tempo sem energia.

A seguir serão calculados os DIC dos casos secundários, conforme registrado nas
manobras da Figura 20. Estes valores serão fundamentais para o resultado dos IND_CONT
coletivos.

2 2

𝐷𝐼𝐶𝐶𝐹−697 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 3,983) = 4,200


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝐶𝑆−113 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 2,000) = 2,217


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝐶𝐹−115 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 2,600) = 2,817


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟−2460 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 3,033) = 3,350


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟−4531 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 3,333) = 3,550


𝑖=1 𝑖=1

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2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟−4532 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 3,400) = 3,617


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟−747 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 0,15) = 0,367


𝑖=1 𝑖=1

4º passo – cálculo do DMIC, a partir da equação (10).

O resultado do DMIC para este caso, não é muito expressivo, pois está sendo analisada
apenas uma situação, o que não acontece na verificação do DMIC anual, por exemplo, em que é
verificado o tempo máximo que determinada UC ficou sem energia entre todas as ocorrências do
ano, ou seja, o caso mais crítico. Contudo, didaticamente é interessante apresentar a obtenção do
resultado.

𝐷𝑀𝐼𝐶 = 𝑡(𝑖)𝑚á𝑥

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = 0,951

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 1,737

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 3 = 2,811

Nota-se que o tempo máximo que os consumidores de cada trecho ficaram sem energia
foi o próprio tempo da falta de energia sinalizada pelas manobras.

5º passo – cálculo do DEC e FEC, a partir das equações (12) e (13).

Conforme o item 3.1.2, o DEC e FEC devem ser segregados de acordo com a causa
geradora do evento. No caso do processo estudado, em que a causa da interrupção foi de origem
interna ao sistema de distribuição, não programada e não expurgável, o indicador será
denominado de DECind e FECind.

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74

Para alcance de um valor correto para o DECind e FECind, terá de ser considerado todas as
manobras apresentadas na Figura 20, devido estas serem um índice equivalente de todo o
conjunto de UCs analisadas.

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐷𝐼𝐶(𝑖)
𝐷𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑 =
𝐶𝑐

𝐷𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑
((0,217 ∗ 604) + (1,168 ∗ 221) + (1,954 ∗ 17) + (3,028 ∗ 336) + (4,2 ∗ 2) + (2,217 ∗ 10) +
(2,817 ∗ 18) + (3,350 ∗ 2) + (3,550 ∗ 1) + (3,617 ∗ 2) + (0,367 ∗ 2))
=
604
= 𝟐, 𝟓𝟒𝟖

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐹𝐼𝐶(𝑖)
𝐹𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑 =
𝐶𝑐

𝐹𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑
(2 ∗ 221) + (2 ∗ 17) + (2 ∗ 336) + (2 ∗ 2) + (2 ∗ 10) + (2 ∗ 18) + (2 ∗ 1) + (2 ∗ 2)
=
604
= 𝟐, 𝟎𝟎𝟎

A Tabela 10 traz os resultados adquiridos anteriormente, para uma melhor visualização


dos IND_CONT.

Tabela 10: Resultados dos cálculos do DIC, FIC, DMIC, DEC e FEC do processo

DIC FIC DMIC DEC_ind FEC_ind


Trecho 1 1,168 2 0,951
Trecho 2 1,954 2 1,737 2,548 2
Trecho 3 3,028 2 2,811

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

5.2.2 Custos Operacionais

Além da análise dos IND_CONT, outro ponto que as concessionárias de energia elétrica
estão atentas é o custo operacional.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Conforme ANEEL, os custos operacionais são aqueles vinculados às atividades de


manutenção e operação do sistema elétrico; tarefas comerciais, administrativas, contábeis e
custos com leitura e entrega de faturas.

Os custos operacionais compõem a Parcela B da tarifa, no qual a ANEEL estabelece uma


meta de custo operacional regulatório a ser atingida ao longo do ciclo tarifário. Para o cálculo do
custo operacional regulatório são observados os custos praticados pelas distribuidoras, o nível
eficiente de custo e as características das áreas de concessão (ANEEL, Módulo 2 – Revisão
Tarifária Periódica de Concessionárias de Distribuição).

Neste sentido, caso a distribuidora tenha um custo operacional alto, o qual se distancie da
meta estabelecida pela ANNEL, o custo excedente será amortizado pela receita da empresa, não
sendo coberto pela revisão tarifária. Por este motivo, o custo operacional deve ser monitorado
pelos gestores da distribuidora, a fim de se manter nos patamares admissíveis para o repasse na
tarifa.

5.2.2.1 Custo de Deslocamento

Para a obtenção do custo da frota relacionada à utilização e funcionamento dos veículos


envolvidos nas chamadas emergenciais e obras do sistema, a cooperativa utiliza o Manual de
Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) elaborado pela ANEEL, onde estabelece que possa ser
apropriada a inserção dos custos referentes à depreciação, combustível, lubrificantes, peças e
acessórios, manutenção, seguros, tributos e demais custos relacionados ao bem utilizado (MCSE-
ANEEL).

A distribuidora de acordo com o histórico de consumo, manutenção e demais despesas de


cada veículo consegue estimar o valor da quilometragem rodada por cada condução da empresa.
Com este dado é possível obter a despesa de cada veículo por processo. A Tabela 11 traz os
custos operacionais por veículo que participaram do processo analisado.

A distância percorrida por cada equipe de manutenção foi coletada do sistema de


gerenciamento do COD, podendo ser verificada no anexo G. Já o valor do km rodado foi
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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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adquirido pela análise dos Gráficos dos anexos C, D, E e F, estes gerados pelo sistema de
gerenciamento de frotas da CERILUZ, operado pelo setor financeiro da empresa.

Tabela 11: Custo Operacional de Deslocamento por Veículo

Distância Custo do km Custo Operacional


Equipe
Percorrida (km) (R$/km) do Veículo (R$)
Manutenção de Catuípe 59 1,25 73,75
Manutenção de S. Augusto 46 1,25 57,5
Manutenção B 62 1,25 77,5
Manutenção C 11 1,25 13,75

Custo Total de Deslocamento 222,5

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

5.2.2.2 Custo das Equipes

O custo operacional é composto ainda pelas despesas com equipes de manutenção. A


distribuidora, a partir do salário de cada funcionário, faz o custo médio por hora trabalhada
(R$/h). Assim, quando a equipe é acionada para a manutenção do sistema, pode-se obter o
montante gasto pela cooperativa com as equipes envolvidas no processo.

O setor financeiro da CERILUZ faz o rateio de todos os custos envolvidos em um


determinado serviço realizado pelas equipes plantonistas, desde custos com equipes, material e
veículos, tendo a estratificação completa dos custos do processo. A Tabela 12 mostra a despesa
por equipe no caso estudado.

Tabela 12: Custo por Equipe no Processo

Valor da Hora Horas Custo Operacional


Equipe
Trabalhada (R$/h) Trabalhada Por Equipe (R$)
Manutenção de Catuípe 37,93 4,217 159,95
Manutenção de S. Augusto 39,89 1,166 46,51
Manutenção B 54,71 2,966 162,27
Manutenção C 51,91 0,883 45,84

Custo Total das Equipes 414,57


Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

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2018.
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5.2.3 Custos Comerciais

Os custos comerciais serão referidos a END e a não geração de energia da PCH Nilo
Bonfanti pelo período em que o sistema esteve desenergiazado até a resolução do problema e o
restabelecimento total de energia aos consumidores.

5.2.3.1 Energia Não Distribuída (END)

No item 2.3 são apresentadas metodologias de obtenção da END, onde esta é definida
como a quantidade de energia que deixou de ser fornecida aos consumidores atingidos por uma
interrupção, consequentemente, quanto à distribuidora deixou de faturar.

Para quantificar a END do processo analisado será utilizada a curva de carga do sistema
elétrico da CERILUZ, divididas nas classes rurais, comerciais e industriais. A caracterização de
carga é definida na seção 2.2 do módulo 2 do Prodist, onde define as diretrizes para as
distribuidoras caracterizarem a carga de suas UCs e o carregamento de suas redes e
transformadores, por informações oriundas de campanha de medição, realizada a cada revisão
tarifária periódica.

As cooperativas enquanto permissionárias não são obrigadas a fazerem esta


caracterização da carga (Módulo 2 – Prodist). Contudo, a CERILUZ e demais cooperativas
pertencentes à Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do
Rio Grande do Sul (FECOERGS), por meio do programa P&D da ANEEL, realizou uma
campanha de medição conjunta, a partir de então sendo caracterizada a carga do sistema e das
classes de UCs das cooperativas. O Gráfico 5 mostra as curvas de cargas das UCs conectadas na
rede BT, segregadas por classe.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Gráfico 5: Curva de Carga das UCs conectadas na BT - CERILUZ

MW Curvas BT (Ceriluz)
12
10
8
6
4
2
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
RES RUR COM IP BT-Total

Fonte: CERILUZ, 2018.

Pode-se notar no Gráfico 5, que a representatividade de energia consumida da classe rural


em relação às demais é maior, sendo esta a característica das cooperativas de distribuição de
energia, por atenderem predominantemente as áreas rurais dos municípios.

A curva de carga para os consumidores conectados na MT, subgrupo A4, conforme REN
ANEEL 414, tem a curva de carga demonstrada no Gráfico 6, o qual foi obtido do anexo N.

Gráfico 6: Curva de Carga das UCs conectadas na MT - CERILUZ

A4-Total (Ceriluz)
MW %Merc= 27,03

3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Fonte: CERILUZ, 2018.

Analisando a curva de carga do gráfico 6, verifica-se que a ascendência da carga no


sistema se dá no início do horário comercial, decrescendo no final deste horário. Isto, pelo fato
dos consumidores do subgrupo A4 serem industriais com regime de trabalho,
predominantemente, diurno, como pode ser constatado pela curva de carga.
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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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A curva de carga para os consumidores da classe rural, subgrupo B2, conforme REN
ANEEL 414, tem a curva de carga mostrada no Gráfico 7, o qual foi obtido do anexo L.

Gráfico 7: Curva de Carga Rural - CERILUZ

Rur-Total (Ceriluz)
MW %Merc= 57,85

12
10
8
6
4
2
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Fonte: CERILUZ, 2018.

Ao observar a curva de carga rural, nota-se que no início da manhã a potência requerida
do sistema tem uma elevação expressiva, assim como no início da noite, isso ocorre,
principalmente, pela automatização dos serviços na área rural, como por exemplo, as salas de
ordenha do setor leiteiro.

A curva de carga para os consumidores da classe comercial, subgrupo B3, conforme REN
ANEEL 414, tem a curva de carga mostrada no Gráfico 8, o qual foi obtido do anexo M.

Gráfico 8: Curva de Carga Comercial - CERILUZ

Com-Total (Ceriluz)
MW %Merc= 6,80

1,5

0,5

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Fonte: CERILUZ, 2018.


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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


80

A curva de carga comercial segue tipicamente o horário de funcionamento dos


comerciários, onde a carga do sistema tem uma brusca elevação no início do expediente, reduz
para patamares mínimos ao meio dia e ao início da tarde tem um comportamento crescente,
estabilizando a carga mínima do sistema ao anoitecer.

Para o prosseguimento do cálculo da END é preciso obter o Fator Multiplicador (FM) de


cada curva de carga de cada classe de consumo. Para isso, é necessário fazer a demanda
registrada em um determinado instante de tempo dividido pelo somatório das demandas
registradas em cada instante de tempo, neste caso em cada hora, conforme equação a seguir:

Dem(i)
FM = ∑24 (22)
i=1 Dem(i)

Onde:

Dem(i) – Demanda registrada no instante i, em kW;

i – instante de tempo analisado.

O FM surge pelo princípio de que a energia consumida durante o dia multiplicado por um
fator referente a cada horário do dia, com base na curva de carga, onde o somatório da energia
consumida durante as 24 horas deve necessariamente ser igual a energia diária consumida.

O cálculo do FM foi necessário porque a curva de carga foi obtida através de


amostragens, onde não há uma base específica para se obter o valor da demanda em p.u. Caso
fosse utilizado a equação 23, e utilizado este fator para obter a energia consumida em cada
instante de hora do dia, fazendo a multiplicação do F_Dem pela energia consumida durante o dia,
o somatório da energia consumida nos instantes calculados não convergiriam para o mesmo
resultado de energia consumida diariamente. A seguir é dado a equação da F_Dem:

Dmáx
Fdem = (23)
∑i=1,n Dnom ,i

Onde:

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– Dmáx – demanda máxima do conjunto de n cargas, no intervalo de tempo considerado.


– Dnom,i – potência nominal da carga.

A Tabela 13 traz um exemplo comparativo da utilização do F_Dem, no qual pode-se


observar que o somatório da energia consumida não convergi para o valor de 7.949,70 kW
consumido diariamente, enquanto, o uso do FM, resulta no valor esperado, que é a energia
consumida durante o dia.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


82

Tabela 13: Exemplo da utilização do F_Dem e do FM

Dados Curva de Carga Classe Rural


Energia consumida diariamente (kW) 7.949,70
Energia Consum. Energia Consum.
Hora Kw F_dem FM
utilizando o F_dem utilizando o FM
1 2,332 0,216 0,0201 1714,165548 159,5880068
2 2,131 0,197 0,0183 1566,418003 145,8327798
3 2,05 0,19 0,0176 1506,877947 140,2896286
4 1,862 0,172 0,0160 1368,686214 127,4240432
5 1,768 0,163 0,0152 1299,590347 120,9912505
6 1,871 0,173 0,0161 1375,301775 128,0399489
7 4,609 0,426 0,0397 3387,902663 315,4121456
8 6,909 0,639 0,0595 5078,546214 472,8102655
9 7,566 0,7 0,0651 5561,482219 517,7713806
10 5,549 0,513 0,0478 4078,861331 379,7400728
11 3,551 0,328 0,0306 2610,20663 243,0090104
12 6,382 0,59 0,0549 4691,168322 436,7455658
13 6,706 0,62 0,0577 4929,328544 458,9181705
14 5,465 0,505 0,0470 4017,116089 373,9916198
15 4,15 0,384 0,0357 3050,509015 284,0009555
16 4,641 0,429 0,0400 3411,42466 317,6020324
17 8,248 0,763 0,0710 6062,794785 564,4433449
18 6,587 0,609 0,0567 4841,856117 450,7745287
19 10,815 1 0,0931 7949,7 740,1133335
20 9,309 0,861 0,0801 6842,696006 637,0517819
21 4,852 0,449 0,0418 3566,522829 332,0415991
22 3,536 0,327 0,0304 2599,180693 241,9825009
23 2,484 0,23 0,0214 1825,895035 169,9899695
24 2,793 0,258 0,0240 2053,02932 191,1360648
Soma 116,17 Somatório 85.389,26 7.949,70
D_máx 10,815

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

O FM de cada curva de carga foi calculado com base nos anexos L, M e N, gerando a
Tabela 14. Pois, quando se trata de curva de carga, a soma de energia consumida durante o dia
multiplicado pelos dias do mês faturado, este somatório necessariamente deve ser igual ao
consumo mensal registrado.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Tabela 14: Fator Multiplicador (FM)

Fator de Multiplicador (FM)


Hora Rural Comercial A4
1 0,02008 0,02347 0,03716
2 0,01834 0,02534 0,03719
3 0,01765 0,02158 0,03796
4 0,01604 0,02173 0,03653
5 0,01522 0,02111 0,03437
6 0,01611 0,02076 0,03394
7 0,03967 0,02091 0,03477
8 0,05948 0,0292 0,04103
9 0,06513 0,05262 0,04343
10 0,0477 0,08556 0,0598
11 0,03057 0,10997 0,05793
12 0,05494 0,11539 0,06078
13 0,05772 0,02075 0,04837
14 0,04705 0,04036 0,05127
15 0,03573 0,06736 0,05989
16 0,03995 0,07557 0,04334
17 0,071 0,06604 0,04126
18 0,0567 0,04597 0,0395
19 0,0931 0,02434 0,02945
20 0,08013 0,02166 0,03228
21 0,04177 0,02177 0,03174
22 0,03044 0,02219 0,03537
23 0,02138 0,02443 0,03724
24 0,02404 0,02191 0,03542

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

O consumo do mês de fevereiro de 2015 pelas UCs conectadas na rede do RL-226, foi
ratificado por trechos das manobras do processo estudado, a fim de mensurar a END de cada
trecho seccionado. Com os dados de consumo mensal dos trechos, será possível com base na
curva de carga do sistema, obter a END no período considerado. A Tabela 15 traz o consumo de
energia elétrica faturada por trecho.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Tabela 15: Consumo Mensal Faturado por Trecho

Energia Consumida por Dia


Consumo Faturado po mês (kWh)
(KWh)
Rede Troncal RL-226 372.103 12.403,43
Trecho 1 RL-226 77.825 2.594,17
Trecho 2 CS - 238 105.266 3.508,87
Trecho 3 CS - 639 189.012 6.300,40
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Além do consumo por trecho, para uma análise completa, é preciso levar em
consideração o tipo de consumidor, visto que cada classe tem sua curva de carga. A Tabela 16
mostra os dados estratificados por classe de consumo.

Tabela 16: Estratificação de Consumo por Trecho e por Classe

Energia mensal Energia Consumida


Estratificação dos Trechos por Classe de
Faturada por Dia
Consumidores
kWh/mês kWh/dia
Rural 238.491 7.949,70
Rede Troncal Comercial ,Serv. e Pod. Público 7.575 252,50
A4 126.037 4.201,23
Rural 73.609 2.453,63
Trecho 1 Comercial ,Serv. e Pod. Público 785 26,17
A4 3.431 114,37
Rural 32.235 1.074,50
Trecho 2 Comercial ,Serv. e Pod. Público 1.563 52,10
A4 71.468 2.382,27
Rural 132.647 4.421,57
Trecho 3 Comercial ,Serv. e Pod. Público 5.227 174,23
A4 51.138 1.704,60

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Com os dados de consumo devidamente organizados, basta verificar o período em que


faltou energia elétrica na rede, identificar este momento no gráfico da curva de carga de cada
classe, Fator Multiplicador (FM), e usar este dado como fator multiplicador da energia consumida
por dia de cada classe consumidora. A obtenção da END dar-se-á pela equação seguinte:

END = ∑𝑛𝑖=1 𝐸𝐶𝐷𝑗𝑘 ∗ 𝑇𝑆𝐸𝑘 ∗ 𝐹𝑀𝑘 (24)

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Teria que analisar bem essa relação, porque a fórmula que caracteriza a energia é obtida a
partir da demanda máxima multiplicada pelo fator de carga, nesse caso você está multiplicando a
energia consumida pelo fator Multiplicador.

Onde:

ECDjk – Energia Consumida por Classe diariamente, referente trecho j e ao período k, em


kWh;

TSEjk – Tempo Sem Energia no trecho j e período k da hora considerada do dia, em


Horas;

FM – Fator Multiplicador referente ao período k da hora do dia;

j – Trecho da rede analisado;

k – Período da hora do dia analisado.

Para uma melhor visualização dos dados os cálculos da END referente ao processo
analisado serão manipulados na Tabela 17:

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Tabela 17: Cálculo da END

Energia
Horários Estratificação dos Trechos por Classe de Consumida por TSE
FM END (kWh)
Consumidores dia (ECD)
Início Final kWh horas
Rural 7.949,70 0,03995
16:38 16:51 Rede Troncal Comerc. E Serv. E Pod. Público 252,50 0,217 0,07557 112,57
A4 4.201,23 0,04334
Rural 2.453,63 0,071
17:20 17:59:00 Trecho 1 Comerc. E Serv. E Pod. Público 26,17 0,4 0,6604 78,48
A4 114,37 0,04126
Rural 2.453,63 0,0567
18:00 18:17:56 Trecho 1 Comerc. E Serv. E Pod. Público 26,17 0,179 0,04597 25,93
A4 114,37 0,0395
Rural 1.074,50 0,071
17:20 17:59:59 Trecho 2 Comerc. E Serv. E Pod. Público 52,10 0,4 0,6604 83,60
A4 2.382,27 0,04126
Rural 1.074,50 0,0567
18:00 18:59:59 Trecho 2 Comerc. E Serv. E Pod. Público 52,10 1 0,04597 157,42
A4 2.382,27 0,0395
Rural 1.074,50 0,0931
19:00 19:03:59 Trecho 2 Comerc. E Serv. E Pod. Público 52,10 0,059 0,02434 10,12
A4 2.382,27 0,02945
Rural 4.421,57 0,071
17:20 17:59:59 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 0,95 0,6604 474,36
A4 1.704,60 0,04126
Rural 4.421,57 0,0567
18:00 18:59:59 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 1 0,04597 326,04
A4 1.704,60 0,0395
Rural 4.421,57 0,0931
19:00 19:59:59 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 1 0,02434 466,09
A4 1.704,60 0,02945
Rural 4.421,57 0,08013
20:00 20:08:41 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 0,14 0,02166 57,83
A4 1.704,60 0,03228
Total de END 1.792,44
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Na Tabela 17, os trechos e horários que as UCs ficaram sem energia foram divididas por
período de hora, visto que cada período de hora tem um valor de FM. Ainda, cada trecho tem
início as 17 horas e 20 minutos, isso porque foi a partir deste momento que os trechos ficaram
sem energia até o restabelecimento.

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2018.
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Outro dado indispensável para mensurar o valor deixado de arrecadar pela distribuidora
devido a uma interrupção de fornecimento de energia é o preço da TUSD praticado pela
cooperativa, pois, este é a receita que a distribuidora arrecadará por kWh fornecido. O valor da
TUSD praticado pela CERILUZ era de R$ 0,25178/kWh. O valor do prejuízo em reais é dado
pela equação a seguir:

𝐸𝑁𝐷𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 = 𝑇𝑈𝑆𝐷𝑥𝐸𝑁𝐷 (25)

𝐸𝑁𝐷𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 = 0,25178𝑥1.795,44 = 𝑹$ 𝟒𝟓𝟐, 𝟎𝟔

5.2.3.2 Energia Não Gerada

Com a desconexão do sistema do RL-226, a PCH Nilo Bonfanti deixa de gerar energia
elétrica, pois está conectada na extremidade final da rede de distribuição deste alimentador.

O cálculo da energia não gerada por causa do defeito sucedido na rede será realizado com
base no histórico de geração de energia elétrica da PCH no momento da falta de energia, assim,
mensurando o prejuízo à CERILUZ pela não geração da energia elétrica. O Gráfico 9 mostra a
geração de energia pela PCH até o momento da queda de energia.

Gráfico 9: Geração de Energia Elétrica pela PCH NILO Bonfanti

Curva de Geração da PCH Nílo Bonfanti (kW x hs) - 03/02/2015


700
625,92 644,88
625,32 633
624,36 609,12
600 584,28
500

400 404,64

300

200

100
51,6
0 0 0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
x1
Fonte: CERILUZ Geração, 2018.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Observando os dados contidos no Gráfico 9, verifica-se que a PCH estava gerando 633
kW no momento do desarme da rede. Após o restabelecimento de energia elétrica no sistema, a
PCH pode ser religada e injetar energia elétrica no sistema de distribuição novamente, conforme
pode ser visto no mesmo gráfico.

Para o cálculo do montante de energia elétrica não gerada, basta usar a equação a seguir:

𝐸𝑁𝐺 = 𝑃𝐺𝑥𝐻𝑠 (26)

Onde:

ENG – Energia Não Gerada, em kW/hora;

PG – Potência de Geração no momento da falta, em kW;

Hs – Período sem Geração de energia elétrica, em horas.

Utilizando a equação 25, obtêm-se a quantidade de energia não gerada:

𝐸𝑁𝐺 = 633𝑥3,8

𝐸𝑁𝐺 = 2405,4 𝑘𝑊ℎ

Fazendo a transformação de kW/h para MW/h, a ENG fica 2,4054 MWh.

Além da quantidade de ENG, o valor que a energia elétrica estava sendo comercializada é
fundamental para o cálculo do quanto de receita a cooperativa deixou de receber. Na data do
processo analisado, o MWh era comercializado em R$172,1001, como pode ser verificado no
anexo J. Desta forma, com a multiplicação da ENG pelo R$172,1001/MWh, o valor que a
CERILUZ deixou de arrecadar é dada por:

𝑃𝑟𝑒𝑗𝑢í𝑧𝑜 = 2,4054 𝑥172,1001 = 413,97 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠

5.3 ANALISE DE CASO REAL CONSIDERANDO OS IF’S

Para a análise de caso considerando a instalação dos IFs na rede de distribuição, nos
pontos projetados no item 5.1, será seguido os mesmos passos do item 5.2, porém, considerando
a atuação do dispositivo proposto.
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2018.
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O defeito permanente estudado até o momento ocorreu devido a descargas atmosféricas


que danificou um isolador da rede MT, situado no trecho entre as CS-639 e CS-778. A Figura 21
traz uma representação dos IFs atuados na passagem da corrente de falta.

Figura 21: Identificadores de Falta Atuados

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Devido à importância desta rede, de imediato é acionado 3 equipes para a inspeção e


manobra do sistema, posteriormente sendo acionada mais duas equipes para o auxílio da
identificação do defeito.

Caso o AL estivesse mapeada com os IFs, conforme Figura 21, o trecho defeituoso teria
sido identificado em um menor tempo de atuação, pois, o primeiro trecho da rede inspecionada,
compreendida entre o RL-226 e a CS-238, não teria tido uma inspeção detalhada, o que agilizaria
a manobra da CS-238 pela equipe, pois o deslocamento até esta seria um deslocamento direto do
RL-226 até a CS-238.

Conforme a Tabela 7, o tempo de manobra de restabelecimento de energia para o primeiro


trecho seria 63,19 % mais rápida. Além da certeza de que o defeito está a jusante da CS-238, o
que permite um religamento mais seguro do trecho, sem os estresses dos equipamentos de
proteção na decorrência de testes de trechos com defeito.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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O segundo trecho manobrado, entre a CS-238 e CS-639, também teria uma redução de
tempo gasto em inspeção detalhada do sistema, cerca de 41,30% menor, já que a equipe partiria
da CS-238 direto para a CS-639, identificando a atuação do dispositivo sinalizador, o que
indicaria que a falta do sistema estaria à jusante deste ponto.

No momento em que uma das equipes abrisse a CS-639 para isolar o trecho defeituoso, a
segunda equipe poderia rapidamente fechar a CS-238, restabelecendo o fornecimento de energia
elétrica até a CS-639, agilizando em 61,60% o religamento deste trecho. Ressaltando, novamente,
que o trecho seria restabelecido com a certeza de não apresentar curto-circuito, o que evita gastos
desnecessários de elos fusíveis e distúrbios na rede de distribuição, podendo estes ocasionar a
queima de equipamentos dos consumidores conectados ao sistema.

Após a abertura da CS-639 pela primeira equipe está se dirigiria direto para o último IF
instalado, próximo da CS-778, o qual não estaria atuado. Desta forma, sinalizando que o defeito
seria a montante deste ponto. Neste intervalo de tempo a segunda equipe já teria se deslocado da
CS-238 até a CS-639, esperando apenas o seccionamento da CS-778 para o teste deste trecho.
Contudo, devido os IFs mostrar o trecho com defeito, a CS-639 não seria testada, evitando os
problemas à rede de distribuição já citados anteriormente. Além disso, a equipe poderia iniciar
imediatamente a inspeção deste trecho, com a primeira equipe fazendo o percurso contrário do
fluxo da rede e a segunda equipe indo de encontro à primeira, ou seja, duas equipes concentradas
no mesmo trecho de rede para a identificação do defeito.

Com este novo cenário idealizado, os tempos de manobras de restabelecimento de energia


em cada trecho seriam reduzidos, assim como o número de equipes envolvidas, o que acarretaria
em redução dos IND_CONT, custos operacionais e comerciais envolvidos neste processo. Os
novos horários das manobras são mostrados na Tabela 18, onde para a obtenção dos horários
novos, levou-se em consideração a diferença de tempo entre a inspeção detalhada de cada trecho
pelo deslocamento direto até as chaves de manobras, indicadas na Tabela 6.

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Tabela 18: Novos horários das Manobras

HORÁRIOS
SECCIONADOR UCs ATINGIDAS UCs RESTABELECIDAS
INÍCIO FINAL
Rede Troncal RL-226 16:38 16:51:00 604 604
Trecho 1 RL-226 17:20 17:41:00 604 221
Trecho 2 CS-238 17:39 18:00:00 0 17
Trecho 3 CS-639 17:58 19:04:41 0 336
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Com os novos horários de manobras é possível refazer as análises feitas dos itens 5.2.1 a
5.2.3.

5.3.1 Cálculo dos Indicadores de Continuidade

Como as explicações referentes aos IND_CONT foram bem detalhadas no item 5.2.1,
neste item será partido direto para os cálculos dos indicadores DIC, FEC, DMIC, DEC e FEC,
utilizando a Tabela 18 como base dos tempos das interrupções.

1º passo – inicialmente os horários das manobras são convertidos em horas e centésimos


de hora, conforme Tabela 19.

Tabela 19: Tempo de manobra em horas e centésimos de hora

Tempo sem
Horários Horas e centésimos de hora
Trecho Manobrado Energia
Início Final Início da Falta Restabelecimento (horas)
Rede Troncal 16:38 16:51:00 16,633 16,85 0,217
Trecho 1 17:20 17:41:00 17,333 17,683 0,35
Trecho 2 17:39 18:00:00 17,333 18 0,667
Trecho 3 17:58 19:04:41 17,333 19,067 1,734
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

O tempo sem energia de cada trecho em horas e centésimos de hora será usado para os
cálculos dos IND_CONT.

2º passo – cálculo do FIC_Novo, a partir da equação (9).

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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Como a sequência de manobras é a mesma neste novo cenário, os valores do FIC de


cada trecho serão os mesmos do item 5.2.1.

𝐹𝐼𝐶 = 𝑛

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = 𝑛 = 2

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 𝑛 = 2

𝐹𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 𝑛 = 2

3º passo – cálculo do DIC_Novo de cada trecho, com os novos valores de tempos de


manobra, a partir da equação (8).

𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑡(𝑖)
𝑖=1

1 1

𝐷𝐼𝐶𝑅𝑒𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑜𝑛𝑐𝑎𝑙 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑ 0,217 = 0,217


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 0,35) = 0,567


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 0,667) = 0,884


𝑖=1 𝑖=1

2 2

𝐷𝐼𝐶𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 3 = ∑ 𝑡(𝑖) = ∑(0,217 + 1,734) = 1,951


𝑖=1 𝑖=1

Os DIC dos casos secundários serão considerados iguais os obtidos no item 5.2.1.

4º passo – cálculo do DMIC_Novo, a partir da equação (10).

O cálculo do DMIC terá variação, pois se mudaram os tempos máximos que as UCs
ficaram sem energia, sendo os novos valores apresentados a seguir:

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2018.
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𝐷𝑀𝐼𝐶𝑁𝑜𝑣𝑜 = 𝑡(𝑖)𝑚á𝑥

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 1 = 0,35

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 2 = 0,667

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑇𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 3 = 1,734

5º passo – cálculo do DECind_Novo e FECind_Novo, a partir da equação (12) e (13).

Para alcance dos valores destes indicadores, são consideradas todas as manobras
realizadas no processo, tanto os horários novos de manobras da rede troncal quanto os horários
das manobras secundárias.

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐷𝐼𝐶(𝑖)
𝐷𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑_𝑁𝑜𝑣𝑜 =
𝐶𝑐

𝐷𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑_𝑁𝑜𝑣𝑜
((0,217 ∗ 604) + (0,567 ∗ 221) + (0,884 ∗ 17) + (1,734 ∗ 336) + (4,2 ∗ 2) + (2,217 ∗ 10) +
(2,817 ∗ 18) + (3,350 ∗ 2) + (3,550 ∗ 1) + (3,617 ∗ 2) + (0,367 ∗ 2))
=
604
= 𝟏, 𝟓𝟕𝟗

Assim como o FIC não teve alteração porque a sequência de manobras foi a mesma, o
indicador FEC também não terá alterações.

∑𝐶𝑖=1
𝑐
𝐹𝐼𝐶(𝑖)
𝐹𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑_𝑁𝑜𝑣𝑜 =
𝐶𝑐

𝐹𝐸𝐶𝑖𝑛𝑑_𝑁𝑜𝑣𝑜
(2 ∗ 221) + (2 ∗ 17) + (2 ∗ 336) + (2 ∗ 2) + (2 ∗ 10) + (2 ∗ 18) + (2 ∗ 1) + (2 ∗ 2)
=
604
= 𝟐, 𝟎𝟎𝟎

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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A Tabela 20 traz os resultados adquiridos anteriormente, para uma melhor visualização


dos IND_CONT.

Tabela 20: Resultado dos cálculos do DIC, FIC, DMIC e FEC

DIC_Novo FIC_Novo DMIC_Novo DEC_ind_NovoFEC_ind_Novo


Trecho 1 0,567 2 0,35
Trecho 2 0,884 2 0,667 1,579 2
Trecho 3 1,951 2 1,734

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Com os cálculos referentes aos IND_CONT do processo original e do processo fictício,


levando em consideração a atuação dos IFs projetados para a rede de distribuição, foi possível
elaborar a tabela 21, comparando os IND_CONT de uma rede sem o mapeamento de dispositivos
de sinalização de falta com uma rede mapeada por estes dispositivos.

Tabela 21: Comparação dos Indicadores de Continuidade

DIC DIC_Novo FIC FIC_Novo DMIC DMIC_Novo DEC_ind DEC_ind_Novo FEC_ind FEC_ind_Novo
Trecho 1 1,168 0,567 2 2 0,951 0,35
Trecho 2 1,954 0,884 2 2 1,737 0,667 2,548 1,579 2 2
Trecho 3 3,028 1,951 2 2 2,811 1,734
DEC FEC
Redução
38,03% 0,00%
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Analisando a tabela acima, pode-se verificar que a redução dos IND_CONT com a rede
mapeada pelos IFs foi alcançada, ainda, levando em consideração que a análise foi realizada
apenas para um caso de desarme por defeito permanente, podendo esta redução ser maior se
analisado todas as ocorrências anuais.

5.3.2 Custos Operacionais

A verificação do custo operacional sobre o caso considerando os IFs instalados na rede


MT seguirá o mesmo procedimento realizado no item 5.2.2, a fim de se poder fazer uma
comparação de despesas em deslocamento e equipes de manutenção.

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2018.
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Conforme detalhado no item 5.3, a necessidade de equipes para a resolução do problema


sobre a nova ótica de rede mapeada pelos sinalizadores de falta, foi reduzido de 4 para 2 equipes
de manutenção, o que evidentemente reduzirá as despesas inerente ao deslocamento e custo das
equipes.

5.3.2.1 Custo de Deslocamento

As duas equipes consideradas para a solução do defeito sucedido na rede em questão,


foram às equipes de Catuípe, que é o plantão que atua na região deste AL, e a equipe Manutenção
B, que é deslocada de Ijuí. O deslocamento de ambas as equipes pode ser verificado no anexo G.

A atuação do plantão de Santo Augusto não se justifica para este caso, devido este, iniciar
seu deslocamento para o processo, da cidade de Santo Augusto, cerca de 25 km de distância do
final da rede troncal, de onde esta equipe iniciaria a inspeção, no sentido do fluxo inverso da
rede. A equipe Manutenção C também não seria acionada devida esta ter o mesmo início de
partida da equipe Manutenção B, não sendo necessária a atuação de duas equipes para a manobra
de uma chave seccionadora. A Tabela 22 traz o novo custo operacional referente ao deslocamento
das duas equipes envolvidas neste novo cenário.

Tabela 22: Novo Custo operacional de Deslocamento por Veículo

Distância Custo do km Custo Operacional


Equipe
Percorrida (km) (R$/km) do Veículo (R$)
Manutenção de Catuípe 59 1,25 73,75
Manutenção B 62 1,25 77,5

Custo Total de Deslocamento 151,25

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Fazendo uma comparação das Tabelas 11 e 22, pode-se verificar que a redução de
despesas por deslocamento foi diminuída em 32,03 %, evidenciando a eficácia do dispositivo
proposto. Além da redução do custo de deslocamento, duas equipes de manutenção foram

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


96

liberadas para a atuação em outros processos emergenciais, melhorando assim, o índice geral dos
IND_CONT da cooperativa.

5.3.2.2 Custo das Equipes

Para a obtenção dos custos das equipes envolvidas no processo, será considerada, assim
como no item 5.3.2.1, a equipe de Catuípe e a equipe Manutenção B. Na Tabela 23 é apresentado
o custo total das equipes que trabalham no conserto da rede MT. Assim como nas demais
despesas já contabilizadas, percebe-se que o custo total referente às equipes, diminuiu cerca de
22,30%.

Tabela 23: Custo por Equipe/Custo Total

Valor da Hora Horas Custo Operacional


Equipe
Trabalhada (R$/h) Trabalhada Por Equipe (R$)
Manutenção de Catuípe 37,93 4,217 159,95
Manutenção B 54,71 2,966 162,27

Custo Total das Equipes 322,22

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

5.3.3 Custos Comerciais

Com a redução do tempo total de falta de energia na rede principal, devido à atuação dos
IFs, são evidentes os reflexos positivos na END e na geração de energia pela PCH Nilo Bonfanti.
Pois ao restabelecer o sistema de imediato o consumo de energia elétrica e a PCH pode ser
religada novamente.

5.3.3.1 Energia Não Distribuída (END)

O novo valor de END, considerando o menor tempo de desligamento do sistema, será


alcançado do mesmo modo do item 5.2.3.1, com a diferença apenas nos tempos de religamentos
de cada trecho da rede troncal. A Tabela 24 é um reflexo da Tabela 17, sendo apenas adaptados
os novos valores de manobras e FM correspondente aos horários.

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Tabela 24: Cálculo da END considerando os novos horários

Energia
Horários Estratificação dos Trechos por Classe de Consumida por TSE
FM END (kWh)
Consumidores dia (ECD)
Início Final kWh horas
Rural 7.949,70 0,03995
16:38 16:51 Rede Troncal Comerc. E Serv. E Pod. Público 252,50 0,217 0,07557 112,57
A4 4.201,23 0,04334
Rural 2.453,63 0,071
17:20 17:41:00 Trecho 1 Comerc. E Serv. E Pod. Público 26,17 0,21 0,6604 41,20
A4 114,37 0,04126
Rural 1.074,50 0,071
17:20 17:59:59 Trecho 2 Comerc. E Serv. E Pod. Público 52,10 0,4 0,6604 83,60
A4 2.382,27 0,04126
Rural 4.421,57 0,071
17:20 17:59:59 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 0,4 0,6604 199,73
A4 1.704,60 0,04126
Rural 4.421,57 0,0567
18:00 18:59:59 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 1 0,04597 326,04
A4 1.704,60 0,0395
Rural 4.421,57 0,0931
19:00 19:04:41 Trecho 3 Comerc. E Serv. E Pod. Público 174,23 0,067 0,02434 31,23
A4 1.704,60 0,02945
Total de END_nova 794,37
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Com a obtenção da END referente aos novos horários de manobras, pode-se calcular o
valor que a cooperativa deixaria de arrecadar pela energia distribuída, como mostrado a seguir:

𝐸𝑁𝐷𝑛𝑜𝑣𝑎_𝑟𝑒𝑖𝑎𝑠 = 𝑇𝑈𝑆𝐷𝑥𝐸𝑁𝐷𝑛𝑜𝑣𝑎 (25)

𝐸𝑁𝐷𝑛𝑜𝑣𝑎_𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 = 0,25178𝑥794,37 = 𝑹$ 𝟐𝟎𝟎, 𝟎𝟏

5.3.3.2 Energia Não Gerada

Com o menor tempo de desconexão do sistema, a PCH Nilo Bonfanti pode,


imediatamente, iniciar a sequência de partida, para a injeção de potência na rede MT.

O procedimento para a obtenção do valor de energia não gerada, ocasionada pelo


desarme, porém, sobre essa nova perspectiva, seguirá os passos realizados no item 5.2.3.2. Como

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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o tempo total de falta de energia nesta rede MT do processo analisado foi reduzido em
aproximadamente uma hora, o tempo em que a PCH iria ficar sem gerar energia elétrica seria 2,8
horas.

Para o cálculo do montante de energia elétrica não gerada, basta usar a equação (26):

𝐸𝑁𝐺 = 𝑃𝐺𝑥𝐻𝑠

𝐸𝑁𝐺 = 633𝑥2,8 = 1,772 𝑀𝑊

Para o cálculo da receita que a cooperativa deixou de arrecadar pela não venda da energia
elétrica, basta multiplicar o valor em R$ do MWh comercializado pela ENG, conforme mostrado
a seguir:

𝑃𝑟𝑒𝑗𝑢í𝑧𝑜 = 1,772 𝑥172,001 = 𝟑𝟎𝟒, 𝟖𝟓 𝒓𝒆𝒂𝒊𝒔

Devido a atuação mais rápida das equipes de manutenção, proporcionado pelos IFs, a
CERILUZ teria o prejuízo pela não geração de energia elétrica amenizado em 27,4%,
considerando se a rede estivesse mapeada com os dispositivos propostos.

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6 ANÁLISE DOS DADOS E DA VIABILIDADE

O estudo apresentado até o momento, propondo um dispositivo de auxílio na identificação


do trecho defeituoso de uma rede de distribuição de média tensão pelas equipes plantonistas,
mostrou-se eficaz, pois na análise do caso real em comparação com o caso idealizado,
considerando a atuação dos IFs, os resultados dos IND_CONT tiveram o índice melhorado,
conforme demonstrado na Tabela 21. Este índice é um dos mais monitorados pelas distribuidoras,
pois medem a eficiência do sistema de distribuição de energia e das equipes de manutenção.
Além disso, o custo operacional envolvido no processo diminuiu, e os valores de perdas
referentes ao custo comercial também foram atenuados.

Salientando, que a análise foi realizada para apenas um evento ocorrido no AL


considerado, visto que a média de desarme desta rede troncal por ano é de 10 eventos, o que
sinaliza a importância do mapeamento com os IFs da rede MT. A Tabela 25 traz uma síntese dos
custos envolvidos no processo real e fictício, sendo mensurado o valor que a cooperativa teria
economizado neste evento com a atuação do dispositivo sinalizador de falta.

Tabela 25: Comparativo de Custos

Processo Real Processo Fictício


Custo Operacional Custo Comercial Custo Operacional Custo Comercial
R$637,07 R$866,03 R$473,47 R$504,86
R$524,77
Economia
34,91%

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Entre os 10 eventos anuais de desarme do RL 226, cerca de 50% são devido a defeitos
permanentes, com as mesmas características do evento estudado. Assim, para a análise da
viabilidade econômica da instalação dos IFs em relação aos custos operacionais e comerciais,
serão considerados eventos de mesma característica ocorridos nesta rede MT, com a mesma
percentagem de economia do processo avaliado.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


100

Para o cálculo de retorno de investimento, serão utilizados valores comerciais dos


indicadores de falta. A única empresa que tem representação comercial no país e apresenta um
produto de primeira linha neste segmento é a Schweitzer Engineering Laboratories (SEL), sendo
cotados os modelos AR360 e AR-OH, conforme anexo H. Dentre os dois modelos foi escolhido o
AR-OH, que dentro do proposto, de apenas indicar a passagem da corrente de falta do sistema,
atende os requisitos necessários para essa tarefa, como pode ser visto no datasheet do
equipamento, apresentado no Anexo I. A Tabela 26, quantifica o valor de investimento inicial
para o mapeamento proposto.

Tabela 26: Investimento Inicial

Qtd. Preço uni. Total


Custo com Equipamentos
9 R$932,01 R$8.388,09
Investimento Inicial
Custo de Instalação R$209,95 R$209,95
R$8.598,04

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

O custo de instalação foi calculado com base na distância em que a equipe percorreria e o
tempo gasto para a instalação dos IFs, tendo como referência o custo de quilometragem rodado
pelo veículo e o custo da hora trabalhada (R$/h) da equipe de Catuípe, que é plantonista da
região. A Tabela 27 mostra o retorno de investimento por desarmes da rede MT devido a defeitos
permanentes, considerando defeitos de mesma característica do ocorrido nesta rede estudada.
Salienta-se ainda, que a perspectiva de vida útil do equipamento é de 20 anos, conforme
datasheet do dispositivo no Anexo I.

Na Tabela 27 se pode notar que o retorno de investimento dos IFs se dá em 17 desarmes


da rede MT, aproximadamente 3,5 anos. A eficiência dos IFs na localização do trecho defeituoso
traz os benefícios mostrados até o momento, podendo-se considerar uma redução de 34,91% nos
custos e 38,03% nos IND_CONT envolvidos em um defeito permanente nesta rede analisada
quando comparado com uma rede não mapeada pelos sinalizadores de falta.

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Tabela 27: Retorno de Investimento

Retorno de Investimento
Invest. Inic. = R$ 8.898,04
Amortização por desarme= R$ 524,77
Desarmes Retorno Prejuízo
1 -R$8.374,00 -R$524,77
2 -R$7.849,23 -R$1.049,54
3 -R$7.324,46 -R$1.574,31
4 -R$6.799,69 -R$2.099,08
5 -R$6.274,92 -R$2.623,85
6 -R$5.750,15 -R$3.148,62
7 -R$5.225,38 -R$3.673,39
8 -R$4.700,61 -R$4.198,16
9 -R$4.175,84 -R$4.722,93
10 -R$3.651,07 -R$5.247,70
11 -R$3.126,30 -R$5.772,47
12 -R$2.601,53 -R$6.297,24
13 -R$2.076,76 -R$6.822,01
14 -R$1.551,99 -R$7.346,78
15 -R$1.027,22 -R$7.871,55
16 -R$502,45 -R$8.396,32
17 R$22,32 -R$8.921,09
18 R$547,09 -R$9.445,86

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2018.

Outro fato a considerar é que a carga do sistema, assim como o número de UCs
conectadas tem um aumento gradativo ao passar dos anos, representando um benefício devido à
instalação dos IFs ainda maior se analisado sobre essa ótica.

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Estudo da Implementação de Indicadores de Falta em um Alimentador Rural


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7 CONCLUSÃO

Ao longo do trabalho foi possível demostrar, com os dados reais e a metodologia abordada, a
eficiência do dispositivo proposto. Mostrou-se uma alternativa atrativa, principalmente, no que se
refere à IND_CONT, isso, porque os IF’s atuam diretamente na redução do tempo de localização
do defeito ocorrido na rede, consequentemente, o tempo total que o sistema ficará sem energia
também será menor, impactando na redução dos IND_CONT.

Os IND_CONT são observados com atenção pelas distribuidoras, já que esses refletem a
eficiência operacional da empresa e impacta fortemente na imagem perante seus consumidores. A
ANEEL por meio de metas trançadas para cada distribuidora, as quais, se não atendidas, podem
gerar penalidades a estas como compensações financeiras aos consumidores que tiveram os
índices violados. Assim, juntamente com pesquisas de satisfação dos consumidores que geram
ranking entre as empresas, garante uma busca constante de aperfeiçoamento neste sentido por
parte das distribuidoras.

Outro fato a considerar foi à redução dos custos à cooperativa envolvidos em uma falta de
energia, sendo explanado e calculado todo o processo, desde custos com equipes e veículos até o
custo da END e da ENG pelo fato do sistema estar inoperante.

Portanto, pode-se concluir que o objetivo do trabalho foi integralmente realizado, podendo
ser aplicados todos os conceitos teóricos vistos em um caso real, que exigiu muita análise técnica
e financeira dos resultados obtidos.

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O profissional que atua na área da Engenharia deve ter a capacidade de propor soluções às
problemáticas encontradas no dia-a-dia onde está inserido, a fim de eliminar ou atenuar os efeitos
onerosos à empresa e a sociedade pelos eventos que causam danos ou prejuízos.

Dentro desse pensamento, o trabalho proposto vem de encontro a essa lógica de


raciocínio, pois propôs uma solução para a diminuição dos efeitos negativos de uma falta de
energia em uma rede de distribuição com alto índice de carga e de consumidores. Além dos

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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benefícios que o projeto pode trazer para os associados da CERILUZ conectados na rede
estudada, a cooperativa também terá um prejuízo menor, pelo fato da rede MT poder ser
restabelecida com mais agilidade devido à atuação dos dispositivos propostos.

7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como as análises preliminares dos benefícios retornados pela instalação dos IFs na rede
de distribuição foram bem detalhadas e trouxeram resultados satisfatórios, o próximo estudo
poderia ser sobre um projeto de instalação de dispositivos com comunicação remota com o COD.
Seria um estudo um tanto complexo, pois usaria conceitos de telecomunicação, para o envio e
tratamento dos dados enviados pelo equipamento e automação, pela necessidade de criação de
um supervisório de operação e visualização dos dados recebidos pela central.

Outro trabalho que poderia ser feito é a expansão da análise feita para a rede do RL-226
para as demais redes da CERILUZ, mapeando assim, os casos em que a instalação dos IFs teria
mais impacto sobre os IND_CONT e os custos causados pelo desarme de uma determinada rede
MT.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – Módulo 2: Revisão Tarifária Periódica


de Concessionárias de Distribuição – Submódulo 2.2: CUSTOS OPERACIONAIS E
RECEITAS IRRECUPERÁVEIS. 2018. Disponível em: <
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2018806_Proret_Submod _2_2_v3.pdf > Acesso em: 04 de
Junho de 2018.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – Manual de Contabilidade do Setor


Elétrico (MCSE). Versão 2015. Disponível em:
< http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/MCSE_-_Revis%C3%A3o.pdf > Acesso em: 10 de
Junho de 2018.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - Procedimentos de Distribuição de


Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST Módulo 8: Qualidade da
Energia Elétrica. 2018. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/documents/656827/
14866914/M%C3%B3dulo_8-Revis%C3%A3o_10/2f7cb862-e9d7-3295-729a-b619ac6baab9>
Acesso em: 03 de Abril de 2018.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – Resolução Normativa N° 414. 2010.


Disponível em: < http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf > Acesso em: 05 de maio de
2018.

ANGERER, F. M. New Developments in Falted Circuit Indicators Help Utilities Reduce


Cost and Improve Service. IEEE Conference Paper No. 08, B4, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA. Redes de


Energia Elétrica. 2015. Brasília, DF. Disponível em: < http://www.abradee.com.br/setor-
eletrico/redes-de-energia-eletrica > Acesso em 08 de abril de 2018.

BRASIL. [Código de trânsito brasileiro (1997)]. Código de trânsito brasileiro. – 4. ed. –


Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010. 297 p. – (Série legislação; n. 26)

CÂMERA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. Regras de


Comercialização – Contabilidade – Módulo 3 - Contratos. 2018. Disponível em: <
https://www.ccee.org.br/portal/faces/oquefazemos_menu_lateral/regras?_afrLoop=57678048291
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CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS SA. Manutenção e Operação de Sistemas de


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CYRILLO, Ivo Ordanha. Estabelecimento de Metas de Qualidade na Distribuição de Energia


Elétrica por Otimização da Rede e do Nível Tarifário. 2011. 123 f. Dissertação (Mestrado em
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GOLDEMBERG, J.; VILLANUEVA, L. D. Energia, meio ambiente & desenvolvimento. 2.ed.


São Paulo: EDUSP, 2003. 226p.

LOPEZ, Ricardo Aldabó. Qualidade na Energia Elétrica: Efeitos dos distúrbios, diagnósticos
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MOREIRA, Roberto Marino Marques. Análise Técnico-Económica de Estratégias de Self-


Healing em Smart Grids. 2011. 96 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de
Computadores) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

LMDM Consultoria. A Transformação das Redes de Distribuição de Energia Aéreas em


Subterrâneas. www.lmdm.com.br. Disponível em : http://www.lmdm.com.br/wp-
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em 13/02/2018.

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APÊNDICE A – MAPEAMENTO DOS PROCESSOS DOS DEFEITOS PERMANENTES


OCORRIDOS NA REDE MT ESTUDADA

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2018.
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ANEXO A – COMPROVANTE DE CONCLUSÃO DE SERVIÇO DO PROCESSO 3537/15

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2018.
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ANEXO B – REGISTRO DE MANOBRAS – PROCESSO 3537/15

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ANEXO C – CUSTO DE KM RODADO POR VEICULO – EQUIPE DE CATUÍPE

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2018.
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ANEXO D - CUSTO DE KM RODADO POR VEICULO – EQUIPE DE SANTO


AUGUSTO

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ANEXO E - CUSTO DE KM RODADO POR VEICULO – EQUIPE DE MANUTENÇÃO


B

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2018.
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ANEXO F - CUSTO DE KM RODADO POR VEICULO – EQUIPE DE MANUTENÇÃO


C

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ANEXO G – REGISTROS DE KM RODADAS PELAS EQUIPES

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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ANEXO H – ORÇAMENTO DOS INDICADORES DE FALTA

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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ANEXO I – DATASHEET DO INDICADOR DE FALTA

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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ANEXO J – VALOR DA COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA DA PCH NÍLO


BONFANTI

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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ANEXO L – DADOS DA CURVA DE CARGA DA CLASSE RURAL

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ANEXO M – DADOS DA CURVA DE CARGA DA CLASSE COMERCIAL

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Valdecir da Costa de Lima (Valdecir.eletric@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018.
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ANEXO N – DADOS DA CURVA DE CARGA DA CLASSE A4

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