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2013 Fatec

São Paulo

PROF. EDSON G. PEREIRA

PROFa. TANIA G. PEREIRA

ELETRICIDADE APLICADA I

Revisão Técnica

Prof. Armando Lapa Júnior

Colaboradores

Prof. Norberto Nery

Prof. Nelson Kanashiro

Prof. Salvador Sampaio


Eletricidade Aplicada I

1. CONCEITOS DE ELETROSTÁTICA E ELETRODINÂNIMA__________________________________ 3


1.1 Estrutura do Átomo ______________________________________________________________________ 3
1.2 Carga Elétrica _____________________________________________________________________________ 4
1.3 Materiais Condutores ____________________________________________________________________ 5
1.4 Materiais Isolantes _______________________________________________________________________ 5
1.5 Lei de Coulomb ___________________________________________________________________________ 6
1.6 Campo Elétrico ___________________________________________________________________________ 7
1.7 Potencial Elétrico (Vp) ___________________________________________________________________ 8
1.8 Diferença de potencial (d.d.p.) ou Tensão elétrica (V) ________________________________ 9
1.9 Corrente Elétrica _________________________________________________________________________ 9
1.9.1 Sentido da Corrente elétrica _______________________________________________________10
1.9.2 Intensidade da corrente elétrica (I) _______________________________________________10
1.10 Leis de Ohm ____________________________________________________________________________11
1.10.1 Resistência Elétrica e a Primeira Lei de Ohm ___________________________________11
1.10.2 Segunda Lei de Ohm ______________________________________________________________14
1.11 Variação da Resistividade com a Temperatura ______________________________________17
1.12 Variação da Resistência com a temperatura _________________________________________17
1.13 Energia Consumida no Deslocamento de Cargas Elétricas _________________________17
1.14 Potência Elétrica _______________________________________________________________________19
1.15 Rendimento – > ________________________________________________________________________20
2. CIRCUITOS ELÉTRICOS EM CORRENTE CONTÍNUA _____________________________________22
2.1 Definições fundamentais _______________________________________________________________22
2.1.1 Bipolo elétrico_______________________________________________________________________22
2.1.1.1 Bipolo ativo _____________________________________________________________________22
2.1.1.2 Bipolo passivo __________________________________________________________________22
2.2 Circuito elétrico _________________________________________________________________________23
2.2.1 Ponto elétrico _______________________________________________________________________23
2.2.2 Nó ____________________________________________________________________________________23
2.2.3 Ramo _________________________________________________________________________________24
2.2.4 Malha ________________________________________________________________________________24
2.3 Leis de Kirchhoff ________________________________________________________________________24
2.3.1 Lei dos Nós (1ª Lei de Kirchhoff) __________________________________________________24
2.3.2 Lei das Malhas ( 2ª Lei de Kirchhoff) _____________________________________________25
2.4 Associação de Resistores _______________________________________________________________27
2.4.1 Resistor Equivalente - REQ__________________________________________________________27

1
Eletricidade Aplicada I

2.4.2 Associação Série de Resistores ____________________________________________________27


2.4.3 Associação Paralelo de Resistores _________________________________________________29
2.5 Técnicas de Resolução de Circuitos ____________________________________________________31
2.5.1 Resolução por Associação de Bipolos _____________________________________________31
2.6 Verificações ______________________________________________________________________________39
3. CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (CA) ___________________________________________42
3.1. Tensão Alternada _______________________________________________________________________42
3.2. Tensão Alternada Senoidal (ou simplesmente tensão alternada) __________________43
3.4. Gerador de Tensão Alternada__________________________________________________________45
3.4.1 Geração de uma tensão alternada _________________________________________________46
3.5. Corrente Alternada _____________________________________________________________________47
3.6. Representação de uma Grandeza Alternada por um Fasor__________________________47
3.7 Forma Fasorial da Lei de Ohm em Corrente Alternada ______________________________48
3.7.1 Introdução _____________________________________________________________________________48
3.7.2 Impedância - ______________________________________________________________________48

3.7.3 Forma fasorial da Lei de Ohm para o resistor ____________________________________49


3.7.4 Indutor_______________________________________________________________________________50
3.7.4.1 Forma fasorial da Lei de Ohm para o indutor ________________________________52
3.7.5 Capacitor ____________________________________________________________________________53
3. 7.5.1 Forma fasorial da Lei de Ohm para o capacitor _____________________________56
3.8 Forma Fasorial das Leis de Kirchhoff __________________________________________________58
3.9 Associação de Impedâncias_____________________________________________________________59
3.9.1 Associação série ____________________________________________________________________59
3.9.2 Associação paralelo _________________________________________________________________59
4. Resolução de Circuito C.A por Associação de Bipolos ____________________________________60

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Eletricidade Aplicada I

1. CONCEITOS DE ELETROSTÁTICA E ELETRODINÂNIMA

1.1 Estrutura do Átomo

A matéria é algo que possui massa e ocupa lugar no espaço. A matéria é constituída por
partículas muito pequenas chamadas de átomos. Toda a matéria pode ser classificada
em qualquer um desses dois grupos: elementos ou compostos. Num elemento, todos os
átomos são iguais. São exemplos de elementos o alumínio, o cobre, o carbono, o
germânio e o silício. Um composto é formado por uma combinação de elementos. A água,
por exemplo, é um composto constituído pelos elementos hidrogênio e oxigênio. A
menor partícula de qualquer composto que ainda contenha as características originais
daquele composto é chamada de molécula.

Os átomos são constituídos por partículas subatômicas: elétrons, prótons e neutros,


combinados de várias formas. O elétron é a carga negativa (-) fundamental da
eletricidade. Os elétrons giram em torno do núcleo, ou centro do átomo, em trajetórias
de “camadas” concêntricas, ou órbitas. O próton é a carga positiva (+) fundamental da
eletricidade. Os prótons são encontrados no núcleo. O número de prótons, dentro de
qualquer átomo especifico, determina o número atômico daquele átomo. Por exemplo, o
átomo de silício tem 14 prótons no seu núcleo e, portanto, o número atômico de silício é
14. O neutro, que é a carga neutra fundamental da eletricidade, também é encontrado no
núcleo.

3
Eletricidade Aplicada I

Os átomos de elementos diferentes diferem entre si pelo número de elétrons e de


prótons que contêm. No seu estado natural, um átomo de qualquer elemento contém um
número igual de elétrons e de prótons. Como a carga negativa (-) de cada elétron tem o
mesmo valor absoluto que a carga positiva (+), as duas cargas opostas se cancelam. Um
átomo nestas condições é eletricamente neutro, ou está em equilíbrio.

1.2 Carga Elétrica

Como certos átomos são capazes de ceder elétrons e outros capazes de receber elétrons,
é possível produzir uma transferência de elétrons de um corpo para outro. Quando isto
ocorre, a distribuição igual das cargas positivas e negativas em cada corpo deixa de
existir. Portanto, um corpo conterá um excesso de elétrons e a sua carga terá uma
polaridade elétrica negativa, ou menos (-). O outro corpo conterá um excesso de prótons
e a sua carga terá uma polaridade positiva, ou mais (+).

Quando um par de corpos contém a mesma carga, isto é, ambas positivas (+) ou ambas
negativas (-), diz-se que os corpos têm cargas iguais. Quando um par de corpos contém
cargas diferentes, isto é, um corpo é positivo (+) enquanto o outro é negativo (-), diz-se
que eles apresentam cargas desiguais ou opostas. A lei elétrica pode ser enunciada da
seguinte forma:

atraem.
Cargas iguais se repelem, cargas opostas se atraem

Se uma carga negativa (-) for colocada próxima a uma carga negativa (-), as cargas se
repelirão. Se uma carga positiva (+) se aproximar de uma carga negativa (-), elas se
atrairão.

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Eletricidade Aplicada I

Cargas iguais negativas Cargas iguais positivas Cargas diferentes se


se repelem se repelem atraem

1.3 Materiais Condutores

A classificação dos materiais sólidos em condutores e isolantes é feita com base no fato
dos elétrons da camada de valência (os mais afastados do núcleo) se movimentarem de
átomo para átomo ao longo do material quando sujeito a um campo elétrico.

- - -
- - -
- - - -
- - -
- -
- - -

Se os átomos constituintes do material em sua camada de valência tiver elétrons que


podem ter um movimento ordenado pela ação de um campo elétrico, mesmo que este
seja de pequena intensidade, o material é dito condutor. A energia elétrica é transferida
através dos materiais por meio de elétrons livres que se deslocam de átomo para átomo
no interior do condutor. Cada elétron percorre uma distância muito curta até um átomo
vizinho, onde substitui um ou mais dos seus elétrons, desalojando-os de sua órbita
externa. Os elétrons substituídos repetem o processo em outros átomos próximos, até
que o movimento de elétrons tenha sido transmitido através de todo o condutor. Quanto
maior o número de elétrons que podem ser deslocados em um material, para uma dada
força aplicada, melhor é o condutor. Os metais em geral, são bons condutores.

1.4 Materiais Isolantes


Isolantes

Se os elétrons da camada de valência estiverem fortemente ligados ao núcleo de tal


modo que para movimentá-los se faz necessário aplicar um campo elétrico muito
intenso, o material é chamado de isolante. A borracha, vidros, cerâmica e os plásticos são
exemplos de isolantes.
5
Eletricidade Aplicada I

1.5
1.5 Lei de Coulomb

Charles Coulomb ( físico francês 1736 - 1806)

Para estabelecer a Lei de Coulomb (força entre as cargas), devemos inicialmente


estabelecer o conceito de carga elétrica puntiforme, já que a lei de Coulomb se refere a
este tipo de carga elétrica. Um corpo eletrizado, de dimensões desprezíveis comparadas
com as demais envolvidas na análise de uma questão, é denominado carga elétrica
puntiforme.

Charles A. Coulomb foi quem primeiro verificou experimentalmente que a intensidade


da força de atração ou de repulsão entre duas cargas puntiformes Q1 e Q2, é diretamente
proporcional ao produto destas cargas, isto é:

F=Q1 x Q2 (1)

Utilizando uma balança de torção, após repetidas verificações, Coulomb concluiu que a
intensidade da força de atração ou de repulsão entre duas cargas puntiformes Q1 e Q2,
distantes d entre si, é inversamente proporcional ao quadrado da distância que as
separa, isto é:

1 (2)
F=
d2

Reunindo as conclusões (1) e (2), temos:

Q1 x Q2
F=
d2

A constante de proporcionalidade, que representa o meio material onde o experimento


se realiza, usualmente simbolizada por K. Introduzindo esta constante, resulta a
expressão da intensidade de força que interage entre duas cargas puntiformes,
conhecida como Lei de Coulomb.

Q1 x Q2
F= K Newton (N)
d2

Utilizando-se unidades do Sistema Internacional (SI), o valor da constante de


proporcionalidade K. Quando as duas cargas se encontram no vácuo K = 9 x 109

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Eletricidade Aplicada I

N m2/C2.

1.6 Campo
Campo Elétrico

Propriedade adquirida pelos pontos de uma região do espaço, quando da presença de


uma carga elétrica, onde qualquer carga de prova colocada nesta região ficará sujeita a
ação de uma força de atração ou de repulsão dependendo dos sinais do campo e da
carga. Se os sinais forem contrários a força será de atração, caso sejam iguais a força será
de repulsão.

Campo Elétrico
F

Q
F1

F2

A característica fundamental de uma carga elétrica é a sua capacidade de exercer uma


força. Esta força está presente no campo que envolve cada corpo carregado. Quando dois
corpos de polaridades opostas são colocados próximos um do outro, o campo
eletrostático se concentra na região compreendida entre eles. O campo elétrico é
representado por linhas de forças desenhadas entre os dois corpos. Se um elétron for
abandonado no ponto A nesse campo, ele será repelido pela carga negativa e será
atraído pela positiva. Assim, as duas cargas tenderão a deslocar o elétron na direção do
movimento adquirido pelo elétron se ele estivesse em posição diferente do campo
eletrostático.

Linhas de força

Corpo negativo Corpo positivo

7
Eletricidade Aplicada I

Quando duas cargas idênticas são colocadas próximas uma da outra, as linhas de força
repelem-se mutuamente como mostra a figura abaixo.

Um corpo carregado manter-se-á carregado temporariamente, se não houver


transferência imediata de elétrons para o do corpo. Neste caso, diz-se que a carga em
repouso. A eletricidade em repouso é chamada de eletricidade estática.

1.7 Potencial Elétrico (Vp)


Propriedade adquirida por um corpo qualquer quando imerso em um campo elétrico.

d
A
Q

Podemos determinar o potencial do ponto A da seguinte forma:

1 Q
VpA =
4 πε d
Onde:

VpA – Potencial elétrico do ponto A dado em volt (V);

ε – Constante de permissividade do meio dada em (C2/Nm2);


Q – Carga elétrica dada em Coulomb (C);

d – distancia da ponto até a carga dada em metros (m).

8
Eletricidade Aplicada I

1.8 Diferença de potencial (d.d.p.) ou Tensão elétrica (V)


Define-se tensão elétrica como sendo a diferença de potencial entre dois pontos
quaisquer que podem ou não estarem no mesmo campo.

V = VpA [ VpB

Onde:

VpA - potencial do ponto A dado em volt (V);

VpB – potencial do ponto B dado em volt (V);

V – diferença de potencial ou tensão (V).

Convencionou-se indicar uma diferença de potencial por uma seta que aponta sempre
para o maior potencial,

VpA

Q V

VpB

1.9 Corrente Elétrica

A corrente elétrica é o fluxo ordenado de partículas portadoras de carga elétrica


promovido pela aplicação de uma diferença de potencial em um material condutor
qualquer.

Material condutor Elétrons livres em movimento

- - -
[ - - - - +
- -
- - - -
- - - - -
- - - - - -
- - -
[ +
V

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Eletricidade Aplicada I

1.9.1 Sentido da Corrente elétrica

No início da história da eletricidade definiu-se o sentido da corrente elétrica como sendo


o sentido do fluxo de cargas positivas, ou seja, as cargas que se movimentam do pólo
positivo para o pólo negativo. Naquele tempo nada se conhecia sobre a estrutura dos
átomos. Não se imaginava que em condutores sólidos as cargas positivas estão
fortemente ligadas aos núcleos dos átomos e, portanto, não pode haver fluxo
macroscópico de cargas positivas em condutores sólidos. No entanto, quando a física
subatômica estabeleceu esse fato, o conceito anterior já estava arraigado e era
amplamente utilizado em cálculos e representações para análise de circuitos. Esse
sentido continua a ser utilizado até os dias de hoje e é chamado sentido convencional da
corrente. Em qualquer tipo de condutor, este é o sentido contrário ao fluxo líquido das
cargas negativas ou o sentido do campo elétrico estabelecido no condutor. Na prática
qualquer corrente elétrica pode ser representada por um fluxo de portadores positivos
sem que disso decorram erros de cálculo ou quaisquer problemas práticos.

Fluxo convencional

Fluxo de elétrons

Material condutor Elétrons livres em movimento

- - -
[ - - - - - - +
- - - - - -
- - -
- - - - - -
- - -
[ +
V

1.9.2 Intensidade da corrente elétrica (I)

Consideremos um material condutor onde se estabeleceu o fenômeno da corrente


elétrica, podemos definir a intensidade dessa corrente como sendo a quantidade de
cargas elétricas que atravessam a seção transversal do condutor por unidade de tempo.

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Eletricidade Aplicada I

Material condutor Elétrons livres em movimento

- - -
[ - - - - +
- -
- - - - - -
- - -
- - - - - -
- - -

[ +
V

Sendo assim temos:

Lembrando que ∆ Q = n . qe

Onde:

I – intensidade da corrente elétrica dada em Ampère (A);

∆ Q – quantidade de cargas elétricas que atravessam a seção transversal do condutor


dada em Coulomb (C);

∆ t – unidade de tempo (s);

n - é o número de elétrons; e

qe - é a carga de 1 elétron (qe = -1,6 x 10 -19 C)

1.10 Leis de Ohm

George Simon Ohm (físico matemático alemão 1789 – 1854)

1.10.1
1.10.1 Resistência Elétrica e a Primeira Lei de Ohm

O que significa resistência elétrica?

A corrente elétrica é o movimento ordenado de elétrons livres em um condutor, mas


isso não ocorre espontaneamente, pois necessitamos de uma fonte de força elétrica
(d.d.p.) para movimentar os elétrons livres através do condutor. Se removermos a fonte
de energia elétrica a corrente deixa de existir. Analisando os fatos acima, podemos

11
Eletricidade Aplicada I

deduzir que existe alguma coisa no condutor que resiste à corrente elétrica e que segura
os elétrons livres até que uma força suficiente seja aplicada. Baseado nesse fato Ohm
iniciou seus estudos.

Vamos imaginar suas experiências e tentar analisar os problemas que ele enfrentou e o
que concluiu, Lembre-se que alguns fatos que vamos descrever a seguir são apenas
suposições.

O seu objetivo era escrever algo inédito, e ele resolveu focar suas experiências nos
conceitos conhecidos sobre a eletricidade. Podemos dizer que naquela época não se
conhecia muito a esse respeito. Ele tinha a sua disposição as fontes de tensão, o
conhecimento dos condutores e aparelhos que mediam tensão e corrente. Sendo assim,
montou o seguinte circuito:

Condutor A

Com este circuito era possível medir a tensão (V) e a corrente (I) variando os tipos de
condutores.

Quantos tipos de condutores existiam ou eram conhecidos?

Podemos concluir, conhecendo o resultado dessa experiência, que existiam vários tipos
de condutores, mas Ohm observou que alguns em particular, resultavam em valores de
tensão e corrente que, plotados em um gráfico, resultavam numa reta passando pelo
zero e todos os pontos estavam alinhados.

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Eletricidade Aplicada I

Curva característica

V (V)

VN

V2

V1
α

I1 I2 IN I (A)

A conclusão não era válida para qualquer bipolo (dispositivo elétrico com dois
terminais: os condutores são bipolos elétricos) somente alguns bipolos particulares
apresentavam estas características. Pela observação do gráfico pode-se concluir que:

Ou seja: neste bipolo o quociente da tensão pela corrente é uma constante, isto é, se a
tensão aplicada for mudada, muda como consequência a corrente, de tal forma que o
quociente permanece constante.

Nestas condições concluímos que esta constante é uma característica própria do bipolo
(condutor) já que não depende da tensão aplicada ou da corrente que o percorre.

Com estas considerações Ohm enunciou a seguinte Lei, válida para bipolos que possuem
o comportamento acima descrito:

Ou seja, a constante (tg α), foi denominada de Resistência Elétrica do bipolo,


simbolizada por R e medida em Ohms (Ω) no sistema internacional de medidas SI e aos
condutores, isto é, aos materiais cuja curva característica é uma reta, ele denominou-os
de Resistores.

Simbologia elétrica:
R

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Eletricidade Aplicada I

1.10.2 Segunda Lei de Ohm

Dando continuidade a nossa “viagem” ao laboratório de Ohm, podemos imaginar que


como físico e bem provável uma pessoa extremamente investigativa, nas diversas
variações nos materiais utilizados e as repetitivas vezes que deve ter feito os
levantamento dos dados, ele deve ter notado algumas diferenças, por exemplo, em
relação à temperatura ambiente e do material, que o resultado variava também de
acordo com o tamanho da amostra do material.

Todas essas observações levou Ohm a descrever, ou melhor, a desenvolver uma equação
que relacionava todas essas variáveis no valor da resistência dos então denominados
resistores.

Afirmamos anteriormente que a resistência elétrica é uma característica própria do


resistor, independendo da tensão ou da corrente, entretanto, verifica-se que a
resistência elétrica de um bipolo varia com outros parâmetros, a saber:

a) Comprimento do resistor

Imaginemos dois condutores filiformes (conforme esquema abaixo), submetidos à


mesma tensão (V), com o mesmo valor de seção transversal, feitos de mesmo material,
porém de comprimento diferente:

- - -
- - - S
- - -
- - - - - -
- - -
- - - - - -
- - -
[ +

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Eletricidade Aplicada I

L1

- - - - -
- - - - - - S
- - - -
- - - - - - - - - -
- - - - -
- - - - -
- - - - -
- - - - -
[ +

Podemos notar que para uma mesma tensão aplicada as cargas elétricas do condutor de
comprimento L1 deverão percorrer um caminho mais longo do que o de comprimento L,
sendo assim podemos concluir que quanto maior o comprimento do resistor, maior a
dificuldade de passagem da corrente elétrica, portanto maior a resistência elétrica. A
resistência elétrica e diretamente proporcional ao comprimento do resistor.

b) Área da seção transversal

Imaginemos agora dois condutores de mesmo comprimento, feitos de mesmo material,


submetidos à mesma tensão (V), entretanto de seções diferentes S e S1.
L

- - -
- - - S
- - -
- - - - - -
- - -
- - - - - -
- - -
[ +

- - -
- - - -
- - S1
- - - -
- -
- - - -
- -
- - - - - -
- - - - - -
- - -
[ +
V
15
Eletricidade Aplicada I

Podemos notar que para a mesma tensão aplicada (V), as cargas da seção S1 que
possuem um caminho mais livre e também que nessa seção teremos um número maior
de cargas elétricas livres que na seção S, então podemos concluir que quanto maior a
seção menor é a resistência. A resistência elétrica é inversamente proporcional a área da
seção transversal.

c) Resistividade do material

Dentro dos materiais caracterizados como condutores se pode notar diversas diferenças
intrínsecas relativas à sua densidade, número atômico, distância dos elétrons ao núcleo,
isto é cada material difere do outro, como se cada um possuísse um “DNA” diferente.
Sendo assim é quase que obvio concluir que dependendo do material a resistência deve
variar. Essas características são classificadas de forma a nos fornecer um valor chamado
de resistividade do material. A resistividade do material é representada pela letra grega
(rô) ρ.

resistividade
A resistência elétrica é diretamente proporcional à resistividade do material.

Os valores de resistividade são fornecidos, normalmente através de tabelas, pois são


constantes para cada material, com isso sua unidade é sempre fixa, não devendo nunca
ser alterada.

Enunciado da 2a Lei de Ohm

Com as três considerações anteriores somos capazes de entender a expressão abaixo,


conhecida como 2ª Lei de Ohm:

Onde:

R - resistência elétrica do condutor; dada em (Ω);

l - comprimento do condutor, dado em metros (m);

S - seção transversal do condutor, dada em m2.;

16
Eletricidade Aplicada I

ρ - resistividade do material, no SI dada (Ω.m) , também pode ser usualmente expressa


em Ω.mm2/m , nesse caso devemos ter a área da seção transversal dada em mm2 e o
comprimento em m sendo a resistência expressa em Ω.

1.11 Variação da Resistividade com a Temperatura


emperatura

Como salientamos, a resistência elétrica de um condutor depende da temperatura do seu


corpo. Especificamente, quem depende da temperatura é a resistividade do material.
Para variações de temperatura não excessivas, pode-se admitir como linear a variação ρ
com θ. Nestas condições, a resistividade ρ a uma temperatura θ é dada por:

ρ = ρ0 . [ 1 + α (θ - θo) ]

Onde:

ρ - é a resistividade à temperatura final, em Ω.m ou Ω.mm2/m;

ρ0 - é a resistividade do material na temperatura inicial, Ω.m ou Ω.mm2/m;

α - é um coeficiente que depende da natureza do material, denominado coeficiente de


variação da resistividade com a temperatura, com unidade SI, grau Célsius elevado a
menos um( oC-1);

θ - θo = Δ θ - Variação da temperatura, em (oC).

1.12 Variação da Resistência com a temperatura

Com esse conceito, a resistência (R) de um condutor na temperatura θ, conhecido sua


resistência (R0) na temperatura θ0 e seu coeficiente de temperatura α, pode ser
calculada mediante:

R = R0 . [ 1 + α (θ - θo) ]

1.13 Energia Consumida no Deslocamento de Cargas Elétricas


Para um melhor entendimento desse tópico lançaremos mão de uma analogia com o
sistema gravitacional.

17
Eletricidade Aplicada I

Calculemos a energia consumida (τab) no deslocamento de uma massa m de uma altura


ha para uma altura hb. Como o campo é conservativo esse trabalho independe da
trajetória.

m
τab

ha m

hb

Epa Epb

Observando a figura podemos concluir que:

τab = Epa [ Epb


τab = mgha [ mghb
τab = m(gha [ ghb)
Fazendo uma comparação com o sistema elétrico temos a massa que queremos deslocar
é um conjunto de cargas elétricas de potencial menor para um potencial maior, desta
forma temos:
[Vb +Va

- - -
- - - - S
- -
- - - -
- ΔQ- - - -
- - - - - -
- - -

τab = ΔQ . (Va –Vb)


Considerando (Va –Vb) = V (ddp) temos:

τab = V . ΔQ (1)
mas pela definição de corrente ΔQ = I . Δt (2)

Substituindo (2) em (1) temos:

τab = V . I . Δt (3)

Pela Lei de Ohm temos que: V= R . I (4)

18
Eletricidade Aplicada I

Substituindo (4) em (3) temos:

τab = R . I2 . Δt (5)

ou ainda I = V/R (6)

Substituindo (6) em (5) temos:

τab = (V2/R) . Δt

Unidades de energia elétrica

Da equação (3):

[τ] = V . A . s = Joule (J)

Por ser o Joule (J) uma unidade muito pequena adotou-se para medida de consumo de
energia elétrica o kWh (quilowatt hora) onde:

1 kWh equivale a 3,6 x 106 Joule

1.14 Potência Elétrica

Define-se potência como sendo a capacidade de realização de trabalho em uma unidade


de tempo.

P = Δτ / Δt

Não devemos confundir potencia com energia, pois a energia depende do tempo em que
esta sendo consumida e a potencia é calculada para um dado intervalo de tempo, razão
pela qual podemos ter motores de diferentes potências consumindo a mesma
quantidade de energia. Tudo depende do tempo em que ficam ligados.

Por outro lado, utilizando as expressões definidas para energia temos:

P= V . I . Δt / Δt

P=V.I

ou

P = R . I2 . Δt / Δt

P = R . I2

19
Eletricidade Aplicada I

ou ainda

P = [(V2/R) . Δt/ Δt

P = V2/ R

Unidade de Potência elétrica

Tomando P= V. I temos:

[P] = V . A = watt (W)

Outras unidades de Potência

É comum expressar, principalmente nos motores elétricos, a potência em HP ou CV,


porém estas unidades são relacionadas à potência mecânica que é medida no eixo do
motor, já excluindo todas as perdas. São os seguintes os fatores de conversão:

1 HP =746 W

1 CV =735 W

Normalmente um motor recebe potência elétrica e fornece potência mecânica. Nestas


condições, é razoavelmente fácil de entender que se possuirmos um motor ideal
(rendimento 100%) e a este motor fornecemos a potência elétrica de 746 W, o mesmo
será capaz de nos dar a potência de 1HP, ou seja:

Motor ideal
PF=746 W
PU = 1 HP
> = 100%
(Energia elétrica)
elétrica) (Energia mecânica)

1.15 Rendimento – >

Em qualquer sistema real, elétrico ou não, a energia fornecida é maior do que o trabalho
útil por ele realizado, devido as indesejáveis e existentes perdas das mais diversas
origens a depender do sistema, tais como atrito e efeito joule.

20
Eletricidade Aplicada I

τF Sistema
τu
Energia fornecida Energia útil

τd
Energia dissipada

Com base no exposto define-se rendimento como:

> = τu / τF

Para um Δt constante podemos reescrever

> = Pu / PF

Podemos também expressar o rendimento em porcentagem, isto é:

> %= (τu / τF) . 100%

>% =( Pu / PF) . 100 %

21
Eletricidade Aplicada I

2. CIRCUITOS ELÉTRICOS EM CORRENTE CONTÍNUA


CONTÍNUA

2.1 Definições fundamentais

2.1.1 Bipolo elétrico

Qualquer dispositivo elétrico que possua dois terminais acessíveis. Dependendo de sua
função no circuito pode ser classificado em Ativo ou Passivo.

2.1.1.1 Bipolo ativo

Um bipolo elétrico será dito ativo, quando estiver fornecendo energia. Por convenção, os
seus sentidos de tensão e corrente são concordantes. Ex: bateria, gerador, pilha etc.

Simbologia:

+
V I
[

2.1.1.2 Bipolo passivo

Um bipolo elétrico será dito passivo, quando estiver recebendo energia, ou ainda,
quando chegarmos à conclusão que os seus sentidos de tensão e de corrente são
discordantes.

Ex: bateria do celular quando colocada para recarregar, resistores, etc.

Simbologia:

+
V I V I
[

22
Eletricidade Aplicada I

2.2 Circuito elétrico

Define-se como circuito elétrico qualquer conjunto de bipolos interligados de tal forma a
permitir a passagem de uma corrente elétrica.

Exemplo:

H
A G

B I F

C E
D

2.2.1 Ponto elétrico

Define-se como ponto elétrico qualquer conjunto de condutores ideais que possuam o
mesmo potencial. Podemos ainda entender, como sendo ponto elétrico qualquer
caminho que possa ser realizado tomando-se somente condutores ideais interligados
entre si em um circuito.

No exemplo temos os seguintes pontos elétricos: A, C, E e G

2.2.2 Nó

Definimos como nó qualquer conexão existente entre três ou mais condutores ideais em
um circuito.

No exemplo temos os seguintes nós: B, D, F, H e I

23
Eletricidade Aplicada I

2.2.3 Ramo

Definimos como ramo qualquer trecho com ou sem bipolo compreendido entre dois nós
consecutivos de um circuito.

No exemplo temos os seguintes ramos: HAB, BCD, DEF, FGH, HI e ID

2.2.4 Malha

Definimos como malha qualquer contorno fechado, de cada região em que fica dividido
um plano, quando neste plano, colocamos um circuito elétrico.

No exemplo temos as seguintes malhas internas: ABIHA, BCDIB, IDEFI, IHGFI e a malha
externa ABCDEFGHA.

2.3 Leis de Kirchhoff


Gus tav Kirchhof f (físico alemão 1824
1824 – 1887)

2.3.1 Lei dos Nós (1ª Lei de Kirchhoff)

Esta Lei se aplica exclusivamente aos nós de um circuito elétrico. Ela afirma que em um
nó a somatória das intensidades de corrente que chegam deve ser igual à somatória das
intensidades de corrente que saem deste nó.

Matematicamente teremos:

I3 I2

I1

I4 I7
B I F
I5

I6

I8

24
Eletricidade Aplicada I

No exemplo teremos:

Nó B →I3 + I8 = I4

Nó D→I6 + I8 = I5

Nó F→I1 + I5 = I7

Nó H→I2 + I3 = I1

Nó I→I2 + I4 + I6 = I7

Note que para cada condutor ligado, que faz parte do nó existe uma corrente. Sendo
assim a equação para o nó terá o numero de correntes igual ao número de condutores.
No exemplo o nó B tem três condutores interligados, portanto teremos três correntes
diferentes na equação, já no nó I temos quatro condutores e, portanto na equação temos
quatro correntes diferentes.

2.3.2 Lei das Malhas ( 2ª Lei de Kirchhoff)

Esta Lei, unicamente aplicável às malhas afirma que a soma algébrica das tensões ao
longo de uma malha qualquer do circuito é igual à zero. Para montarmos essa equação
devemos levar em consideração o sentido das tensões. Podemos definir, por convenção,
para cada malha um sentido de percurso e a partir dele considerar positivo ou negativo
os sentidos encontrados das tensões ao longo desse percurso.

Exemplo

No trecho de circuito selecionado abaixo foram determinados anteriormente os sentidos


reais das tensões e indicados no desenho. O sentido no entorno é adotado e é o do
percurso que iremos fazer. Esse sentido de percurso deve ser a base para analise dos
sinais (+ ou -) das tensões já desenhadas no circuito. Assim se o sentido da tensão for
concordante com o do percurso colocaremos a sinal de (+) se o sentido for discordante
colocaremos o sinal de (-). No exemplo a seguir teremos a seguinte equação:

25
Eletricidade Aplicada I

V5 V4

V3
Percurso
adotado
V6

V2 V1

V7

V2 + V6 + V5 + V4 + V3 - V1 -V7 = 0

O que acabamos de executar também é conhecido como: circuitação das malhas.

No exemplo:

V9 V8 V7 V6
H
A G
I3 I2
V5

2 1 I1
V10

V2 V1
I4 I7
B I F
V12 I5
V11

3 I6 4 V15

I8 V4

C E
D
V13 V14
V3

Podemos também montar a equação da malha observando o sentido das tensões e


comparando com o sentido horário ou anti-horário. Usando esse principio no exemplo,
assim teremos:

Malha 1: V2 + V10 + V7 + V6 + V5 = V1

Malha 2: V9+V8 = V10

26
Eletricidade Aplicada I

Malha 3: V11 + V4 = V13 +V14

Malha 4: V2 + V3 +V4 + V11+V12+V15 = 0

Malha externa: V5 + V6 + V7 + V8 + V9 = V1 + V3 + V13 + V14 + V15

2.4 Associação de Resistores

2.4.1 Resistor Equivalente - REQ

Sendo dada uma associação qualquer com n resistores ligados entre si, poderemos
calcular o resistor equivalente a todos os demais e substituí-lo por este, de tal forma que
o equivalente quando submetido à mesma tensão V aplicada na associação original será
percorrido pela mesma corrente I total da associação.

Exemplo

R2
R1 R3

R5 RN V I REQ
R4
V I

2.4.2 Associação Série de Resistores

Conceito de resistor em série: n resistores serão ditos associados em série quando a


corrente que percorrer qualquer um deles também percorrer todos os demais: ou seja: n
resistores serão ditos em série quando forem percorridos pela mesma corrente Resistor
equivalente de uma associação série:

Consideremos uma associação de n resistores em série:

27
Eletricidade Aplicada I

V1 V2 V3 VN

R1 R2 R3 RN

Consideremos também o resistor equivalente desta associação, REQ a partir do conceito


inicialmente exposto de equivalência, ou seja:

REQ

Notemos que:

A corrente que percorre R1, R2, R3,....,Rn é a mesma (definição de série) e ainda igual á
corrente que percorre o resistor equivalente REQ.

Analisando a associação verificamos que: (Lei das malhas)

V = V1 + V2 + V3 + ...+ VN

Entretanto, considerando que pela Lei de Ohm teremos:

V1 = R1 x I

V2 = R2 x I

V3 = R3 x I

VN = RN x I

e ainda, no resistor equivalente REQ:

V = REQ x I

28
Eletricidade Aplicada I

teremos:

REQ x I = R1 x I + R2 x. I + R3 x I + ... + RN x I

ou ainda:

REQ x I = I x (R1 + R2 + R3 + ...+ RN )

Portanto podemos concluir que o resistor equivalente de uma associação série de n


resistores é dado por:

REQ = R1 + R2 + R3 + ...+ RN

Caso particular:

n resistores de mesma resistência R, teremos:

RS = n. R

2.4.3 Associação Paralelo de Resistores

Conceito de resistor em paralelo: n resistores serão ditos associados em paralelo,


quando a tensão que estiver aplicada em qualquer um deles também estiver aplicada em
todos os demais: ou ainda: n resistores serão ditos associados em paralelo quando
estiverem ligados entre os mesmos pontos.

Resistor equivalente de uma associação paralelo:

Consideremos uma associação de n resistores em paralelo:

I1 I2 I3 IN

V I R1 V R2 V R3 V RN V

Consideremos também o resistor equivalente desta associação REQ, a partir do mesmo


conceito inicialmente exposto de equivalência, ou seja:

29
Eletricidade Aplicada I

V I REQ

Notemos então que:

A tensão que é aplicada em R1, R2, R3, ..., RN é a mesma (definição de paralelo), e ainda
igual á tensão que é aplicada no resistor equivalente REQ.

Analisando a associação pode-se verificar que (Lei dos nós):

I = I1 + I2 + I3 +... + IN;

mas considerando que pela Lei de Ohm, teremos:

E ainda, no resistor equivalente REQ:

teremos:

Portanto concluímos que o resistor equivalente de uma associação em paralelo de n


resistores será dado por:

Associação de dois resistores em paralelo:

Consideremos uma associação de apenas dois resistores em paralelo:

30
Eletricidade Aplicada I

A A

R1 R2 REQ

B B

Portanto

Caso particular: n resistores de mesma resistência R:

REQ = R / n

2.5
2.5 Técnicas de Resolução de Circuitos

Devemos inicialmente compreender que “resolver” um circuito elétrico, significa a


determinação de todas as suas tensões e todas as suas correntes. Para tanto, qualquer
que seja o método utilizado, torna-se fundamental o domínio da 1º Lei de Ohm e das Leis
de Kirchhoff. Veremos a seguir o principal método de resolução de circuitos elétricos.
Existem vários métodos, porém para este curso veremos apenas o baseado nas leis
acima mencionadas.

2.5
2.5.1 Resolução por Associação de Bipolos

Este método poderá somente ser aplicado a circuitos que por associação de bipolos
podem ser reduzidos a uma única malha e um único gerador.

Com o objetivo de demonstrar esse método vamos resolver passo a passo, um exemplo
de um circuito elétrico.

Exemplo:

31
Eletricidade Aplicada I

6Ω 10,5 Ω 5Ω

12 Ω 1,8 Ω 30 Ω 5Ω


180 V

Para podermos resolver este circuito, devemos calcular seu resistor equivalente total
REQT. Para isso vamos simplificar o circuito.

A simplificação deve ser feita por partes e para melhor entendimento e visualização de
todos os passos, a cada associação feita redesenha-se o circuito substituindo a
associação por seu REQ.

Observando o circuito devemos visualizar as primeiras associações que poderão ser


feitas. Neste exemplo podemos efetuar as seguintes associações série:

REQ1 é igual a 6Ω em série com 6Ω , isto é:

REQ1 = 6 + 6

REQ1 = 12Ω

REQ2 é igual a 5Ω em série com 5Ω, isto é:

REQ2 = 5 + 5

REQ2 = 10Ω

6Ω 10,5 Ω

12 Ω 12 Ω 1,8 Ω 30 Ω 10 Ω

180 V

32
Eletricidade Aplicada I

Substituindo as associações por seus equivalentes e redesenhando o circuito teremos:

Agora as próximas associações serão paralelo:

12Ω em paralelo com 12Ω, isto é,

12 x 12
REQ3 =
12 + 12

REQ3 = 6Ω

Ainda podemos fazer conjuntamente,

30Ω em paralelo com 10Ω, isto é,

30 x 10
REQ4 =
30 + 10

REQ4 = 7,5Ω

As demais resistências permanecem, e devem ser redesenhadas conforme mostramos


abaixo:

6Ω 10,5 Ω

6Ω 1,8 Ω 7,5 Ω

180 V

Observando novamente o circuito encontramos duas associações que podem ser


efetuadas:

REQ5 é igual a 6Ω em série com 6Ω , isto é:

REQ5 = 6 + 6

REQ5 = 12Ω

E ainda:

REQ6 é igual a 10,5Ω em série com 7,5Ω , isto é:

33
Eletricidade Aplicada I

REQ6 = 10,5 + 7,5

REQ6 = 18Ω

As demais resistências permanecem, e devem ser redesenhadas conforme mostramos


abaixo:

12 Ω 1,8 Ω 18 Ω

180 V

Agora, o correto será fazer REQ7, que é 12Ω em paralelo com 18Ω.

CUIDADO é muito comum, e errado fazer 1,8Ω em paralelo com 18Ω ou 12Ω, não
podemos fazer essa simplificação, pois esses resistores não estão em paralelo. Somente
os resistores de 18Ω e 12Ω estão ligados nos mesmos dois pontos A e B. Entre o resistor
de 1,8Ω e o ponto B temos uma fonte de 180V.

12 Ω 1,8 Ω 18 Ω

180 V

Após esta observação, vamos retomar a resolução do circuito exemplo, calculando REQ8.

12 x 18
REQ8=
12 + 18

REQ8 = 7,2Ω

34
Eletricidade Aplicada I

1,8 Ω 7,2 Ω

180 V

E por ultimo faremos REQT que é igual a associação série de 1,8Ω com 7,2Ω,

REQT = 1,8 + 7,2

REQT = 9Ω

180 V 9Ω

A partir do conhecimento do valor do resistor equivalente, devemos calcular as tensões


e correntes, neste circuito simplificado.

NOTA:

É muito importante termos bem fixado os conceitos de série e paralelo, isto é:

Série – mesma corrente

Paralelo – mesma tensão

Agora iremos voltar nos circuitos a partir do REQT:

Neste circuito iremos calcular I:

35
Eletricidade Aplicada I

180 V 20 A 9Ω 180 V

Como o resistor de 9Ω é resultado da associação série de 7,2Ω e 1,8Ω e numa associação


série temos a mesma corrente, podemos então calcular as tensões nos referidos
resistores.

V=RxI

V= 7,2 x 20 = 144 V

V = 1,8 x 20 = 36 V

Observe que V1 + V2 = V fonte

144 + 36 = 180 (OK)

36 V 1,8 Ω 7,2 Ω 144 V

180 V 20 A

Seguindo a mesma ideia, o resistor de 7,2Ω é resultado da associação paralelo entre 12Ω
e 18Ω, como na associação paralelo teremos a mesma tensão, então vamos calcular as
correntes que percorrem os respectivos resistores.

Pela lei dos nós teremos:

36
Eletricidade Aplicada I

I = I1 + I2

12 + 8 = 20 (OK)

12 A 8A

144 V 12 Ω 36 V 1,8 Ω 18 Ω 144 V

20 A 180 V

Para os próximos cálculos, observamos que a associação em série de 6Ω e 6Ω deu


origem ao resistor de 12Ω·, sendo assim teremos nos resistores de 6Ω a corrente de
12A, poderemos calcular suas tensões

V=RxI

V= 6 x 12

V = 72V

Como as resistências são iguais e a corrente é e mesma consequentemente suas tensões


serão iguais.

Podemos verificar, fazendo:

V1 = V3 + V6

144 = 72 + 72 (OK)

O mesmo raciocínio deverá ser usado para os resistores de 10,5Ω e 7,5Ω.

V = 10,5 x 8

V = 84V

V = 7,5 x 8

V = 60V

Verificando: 144 = 60 + 84 (OK)

37
Eletricidade Aplicada I

72 V 84 V

12 A 6 Ω 10,5 Ω 8A

72 V 6Ω 36 V 1,8 Ω 7,5 Ω 60 V

20 A 180 V

Neste ponto iremos calcular as correntes em cada um dos resistores de 12Ω. Como a
tensão sobre eles é a mesma, suas correntes serão iguais

Verificando pela Lei dos nós:

12 = 6 + 6

O mesmo raciocínio deve ser aplicado aos resistores de 30Ω e de 10Ω.

Verificando:

8 = 2 + 6 (OK)

72 V 84 V

6A 6A 6Ω 12 A 8 A 10,5 Ω 2A 6A

72 V 12 Ω 72 V 12 Ω 36 V 1,8 Ω 60 V 30 Ω 10 Ω 60 V

20 A 180 V

E para finalizar a resolução, devemos calcular as tensões nos resistores de 6Ω e de 5Ω.

V=RxI

38
Eletricidade Aplicada I

V= 6 x 6

V = 36V

Como a série e composta por dois resistores iguais suas tensões também serão iguais

Verificando:

72 = 36 + 36 (OK)

O mesmo raciocínio deve ser aplicado na serie composta pelos dois resistores de 5Ω.

V=RxI

V= 5 x 6

V = 30V

Verificando:

V=V+V

60 = 30 + 30 (OK)

72 V 84 V 30 V

6A 6A 6Ω 12 A 8 A 10,5 Ω 2A 5Ω 6A

36 V 6Ω

72 V 12 Ω 36 V 1,8 Ω 60 V 30 Ω 5Ω 30 V

36 V 6Ω
20 A 180 V

2.6
2.6 Verificações

Agora temos os valores de tensões e correntes em todos os bipolos do circuito. Lembre-


se que este é um exemplo de resolução e, portanto alguns passos aqui apresentados
podem ser suprimidos. Ao longo do exemplo foram feitas varias verificações que
poderiam ter sido feitas apenas ao término da resolução, porém caso houvesse algum
erro você só iria descobrir ao final do exercício o que poderia complicar seu
desempenho e dificultar a determinação do erro. Esse método de verificação dos

39
Eletricidade Aplicada I

resultados, que utiliza as 2ª Lei de Kirchhoff, demonstrado durante a resolução do


exercício é conhecido como “Circuitação”.

Tomaremos agora nosso circuito resolvido e analisaremos cada uma de suas malhas
para verificar se os resultados obedecem a Lei das Malhas, caso isso não aconteça com
certeza existe algum erro no circuito.

72 V 84 V 30 V

6A 6A 6Ω 12 A 8 A 10,5 Ω 2A 5Ω 6A

36 V 6Ω

1 72 V 12 Ω 2 36 V 1,8 Ω 3 60 V 30 Ω 4 5Ω 30 V

36 V 6Ω
20 A 180 V

Malha 1: 36 + 36 = 72 (OK)

Malha 2: 72 + 72 + 36 = 180 (OK)

Malha 3: 180 = 60 + 84 + 36 (OK)

Malha 4: 60 = 30 + 30 (OK)

Malha Externa: 36 + 36 + 72 = 30 + 30 + 84 (OK)

Podemos ainda utilizar um outro método de verificação, chamada de “Balanço


energético”. Esse método baseia-se no princípio da Conservação de Energia: Assim. a
somatória das potencias fornecido ao circuito pelos bipolos ativos, devem ser igual
somatória das potencias consumidas pelos bipolos passivos.

Potencia gerada (bipolo ativo)

Pg = 180 V x 20 A = 3.600 W

Potencia consumida (bipolo passivo)

PC = V x I

40
Eletricidade Aplicada I

36 x 6 = 216 W

36 x 6 = 216 W

72 x 6 = 432 W

72 x 12 = 864 W

36 x 20 = 720 W

84 x 8 = 672 W

60 x 2 = 120 W

30 x 6 = 180 W

30 x 6 = 180 W

∑ = 3600 W
Pg = Pc

3600 = 3600 (OK)

41
Eletricidade Aplicada I

3. CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (CA)

3.1.
3.1. Tensão Alternada

É uma tensão cujo valor e polaridades se modificam ao longo do tempo. Conforme o


comportamento da tensão tem-se diferentes tipos de tensão alternada: quadrada,
triangular, senoidal, etc.

De todas essas, a senoidal é a que tem um maior interesse, pois a quase totalidade dos
sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica trabalha com tensões
e correntes variáveis senoidalmente no tempo. Isso se deve ao fato de:

• A elevação e o abaixamento de tensão são mais simples

Para reduzir as perdas energéticas no transporte de energia elétrica é necessário elevar


o valor da tensão. Posteriormente, a distribuição dessa energia elétrica aos
consumidores, é necessário voltar a baixar essa tensão. Para isso utilizam-se
transformadores elevadores e abaixadores de tensão, de construção bastante simples e
com um bom rendimento. O processo de reduzir e aumentar a tensão em CC é bastante
mais complexo, embora, hoje em dia, existem sistemas de eletrônica de potência capazes
de executar essa tarefa (embora com limitações de potência).

• Os alternadores (geradores de CA) são mais simples e têm melhor rendimento que os
dínamos (geradores de CC).

42
Eletricidade Aplicada I

• Os motores de CA, particularmente os motores de indução são mais simples e têm


melhor rendimento que os motores de CC.

• A corrente alternada pode transformar-se facilmente em CC por intermédio de


sistemas retificadores.

3.2.
3.2. Tensão Alternada Senoidal (ou simplesmente
simplesmente tensão alternada)
alternada)

É uma tensão variável no tempo conforme expressão matemática e gráfico


representativo descritos a seguir.

Expressão matemática representativa:

v (t) = Vmax sen (ωt + ∝)

Nota: a expressão matemática que descreve as grandezas em regime CA pode ser


descritas segundo a função seno ou segundo a função cosseno. Adotaremos em nosso
curso a função seno.

Gráfico representativo

v (t)

+Vmax

0 π/2 π 3π/2 2π ωt (rd)

-Vmax

43
Eletricidade Aplicada I

Onde:

v(t)
Valor Instantâneo - v(t

O valor instantâneo de uma grandeza alternada senoidal. Este valor depende


diretamente do instante considerado. Dado em volt (V)

Valor Máximo - Vmax

Também designada por valor de pico, é o valor instantâneo mais elevado atingido pela
grandeza (tensão, corrente, f.e.m., etc.). Para as grandezas tensão e corrente, este valor
pode ser representado pelos símbolos Vmax e Imax. Podem considerar-se valores máximos
positivos e negativos. Dado em volt (V)

Ângulo ou fase inicial - ∝ (referencial)

∝ é o ângulo de fase inicial. É evidente que em na figura apresentada anteriormente ∝ é


igual a zero. Convém notar que ao variar o eixo dos tempos fisicamente estará se
variando o ângulo inicial. Dado em graus (°) ou radianos (rad).

Velocidade ou frequência angular – ω


Espaço angular percorrido dividido pelo intervalo de tempo. Dado em rd/s

Lembrando que a todo fenômeno cíclico ω está associado um período e uma frequência
relacionados da seguinte forma:

ω = 2π
2π.f = 2π
2π / T

Período - T

Tempo necessário para descrever um ciclo completo. Dado em segundo (s)

Frequência - f

Esta relacionada ao número de ciclos que ocorre dentro de um intervalo de tempo. Dada
em Hertz – Hz (ciclos/segundo).

A relação entre a frequência e o período é então:

f = 1/T

44
Eletricidade Aplicada I

Exemplo:

No Brasil, a tensão (e a corrente) da rede pública tem uma frequência f = 60 Hz,


correspondendo a um período T = 16,66 ms e a uma velocidade angular ω = 377 rd/s.

Quer isto dizer que a tensão de que dispomos nas tomadas de nossas casas descreve 60
ciclos num segundo, mudando de sentido 120 vezes por segundo.
Convém ressaltar que outros países adotam sua frequência em 50 Hz.

Note-se que o período e a frequência são características comuns a todos os sinais


periódicos isto é, não se utilizam apenas em corrente alternada senoidal, mas também
em sinais de outras formas (quadrada, triangular, etc.).

3.3
3.3 Valor Eficaz (V)

O valor eficaz de uma grandeza alternada é o valor da grandeza contínua que, para uma
dada resistência, produz num dado intervalo de tempo, o mesmo Efeito de Joule
(calorífico) que a grandeza alternada considerada. Dado em volt (V)

No caso de grandezas alternadas senoidais, o valor eficaz é vez menor que o valor
máximo, independentemente da frequência, ou seja:

V= Vmax/ = 0,707 Vmax

Tomando as expressões da tensão alternada e do valor eficaz temos:

v (t) = Vmax sen (ωt + ∝) (1)

V= Vmax/ (2)

Substituindo (2) em (1) temos:

v (t) = V sen (ωt + ∝)

3.4.
3.4. Gerador de Tensão
Tensão Alternada

É um dispositivo que impõe entre seus terminais de saída, uma tensão alternada de
valor constante quaisquer que sejam suas condições de funcionamento.

45
Eletricidade Aplicada I

Símbolo

+
v (t)
-

3.4.1
3.4.1 Geração de uma tensão alternada

No gerador simplificado que aparece na figura abaixo, a espira de material condutor gira
através de um campo magnético uniforme e intercepta suas linhas de força para gerar
uma tensão CA induzida através de seus terminais (Lei de Faraday). Uma rotação
completa da espira é chamada de ciclo. Analise a posição da espira em cada quarto de
volta durante um ciclo completo conforme figura abaixo. Na posição A, a espira gira
paralelamente ao fluxo magnético e consequentemente não intercepta nenhuma linha de
força. A tensão induzida é igual a zero. Na posição B, a espira intercepta o campo num
ângulo de 90°, produzindo uma tensão máxima. Quando ela atinge C, o condutor está se
deslocando novamente paralelamente ao campo e não pode interceptar o fluxo. A onda
de A até C constitui meio ciclo de rotação. Em D, a espira intercepta o fluxo novamente
gerando uma tensão máxima, mas aqui o fluxo é interceptado no sentido oposto. Assim a
polaridade de D é negativa. A espira completa um quarto de volta retornando à posição
A, ponto de partida do ciclo.

46
Eletricidade Aplicada I

π/2 B D
A C A

π 0

3π/2

0 π/2 π 3π/2 2π ωt

1 ciclo

3.5.
3.5. Corrente Alternada

Definição análoga à de tensão.

i (t) = Imax sen (ωt T ∝)

I= Imax/ , onde I é o valor eficaz da corrente dada em A .

i (t) = I sen (ωt T ∝)

3.6.
3.6. Representação de uma Grandeza Alternada por um Fasor

Denomina-se fasor de uma função senoidal, ao número complexo cujo Módulo é igual ao
valor eficaz da função é cujo argumento é igual a sua fase inicial, assim temos:

=A ∝ como
omo fasor de f(t) = A sen (ωt T ∝)

Deste modo podemos representar as grandezas alternas da seguinte forma:

v (t) = V sen (ωt T ∝) =V ∝

v (t) = Vmax sen (ωt T ∝) =AVmax / ∝

i (t) = I sen (ωt T ∝) =A I ∝

i (t) = Imax sen (ωt T ∝) =AImax / ∝

47
Eletricidade Aplicada I

Convém notar que o fasor não caracteriza por completo a função correspondente, pois
embora ele forneça o valor eficaz da função e sua fase inicial ele não fornece nenhuma
informação a respeito da frequência.

3.7 Forma Fasorial da Lei de Ohm em Corrente Alternada

3.7.1
3.7.1 Introdução

Em corrente contínua foi apresentado o bipolo passivo (receptor) como sendo um


dispositivo que pode transformar energia elétrica em outra forma de energia e tivemos
como receptor apenas o elemento resistor.

Em corrente alternada denomina-se como bipolo passivo (receptor) como sendo um


dispositivo que transforma energia elétrica em outra forma de energia ou quando
armazena energia, a ele cedida, por um intervalo de tempo. Dada essa nova classificação
dos receptores para corrente alternada, passam a ser classificados como bipolos
passivos os resistores, capacitores e indutores.

Como bipolos alimentados por uma tensão alternada tem comportamentos diferentes, a
exceção do resistor, faz-se necessário um estudo particularizado para cada um deles
utilizando a forma fasorial da Lei de Ohm.

3.7.2
3.7.2 Impedância -

Por definição, denomina-se impedância o número complexo que exprime o quociente


razão entre o fasor de uma tensão e o da corrente .

= / (Ω) (Forma fasorial da Lei de Ohm)

Fisicamente a impedância representa a oposição que um receptor exerce à passagem de


corrente elétrica alternada, assim como o resistência de um resistor representa a
oposição à passagem de uma corrente constante (CC).

Convém frisar que, embora os fasores da tensão e correntes são representativos de


funções senoidais, a impedância é um número complexo que não representa nenhuma
função senoidal , é simplesmente a razão entre esses fasores.

48
Eletricidade Aplicada I

A impedância do bipolo, excetuando-se o resistor, depende apenas da frequência


angular da tensão a ele aplicada.

Como a impedância é apenas um número complexo podemos representá-la também na


sua forma cartesiana (ou retangular), onde a parte real R é denominada resistência ou
(parcela resistiva), enquanto que o coeficiente da parte imaginária X é denominada de
reativa)..
reatância ou (parcela reativa)
= R + j X (Ω)

3.7.3
3.7.3 Forma fasorial da Lei de Ohm para o resistor

Consideremos um resistor R qualquer ao qual aplicamos uma tensão alternada v (t) =


V sen (ωt + ∝) sua corrente será dada por:

vR (t) = V sen (ωt + ∝) (1)

vR (t) = R . iR(t)

Portanto iR(t) = 1/R . vR(t) (2)

Substituindo (2) em (1) temos:

iR(t)= 1/R . V sen (ωt + ∝)

Obtendo os fasores representativos de vR(t) e iR(t), teremos:


=V ∝
Forma polar
= V/R ∝
De posse desses valores podemos calcular a impedância resistiva

= /

V ∝
=
V ∝
R

= R 0° = R (Ω)

Onde R (módulo da impedância) é a resistência dada em Ω.

Podemos concluir que o resistor se comporta da mesma forma quando alimentado em


corrente alternada como em corrente contínua.
49
Eletricidade Aplicada I

Observando seus fasores representativos verificamos que as fases são iguais, ou seja:

“No resisto
resistor a tensão e a corrente estão sempre em fase”.

Fase 0° caracteriza sempre um resistor puro

Representando graficamente (diagrama fasorial) temos:

Tensão v(t)
Corrente i(t)
Tensão/Corrente

ωt

3.7.4
3.7.4 Indutor

Chamamos de indutor a um fio enrolado em forma de hélice em cima de um núcleo que


pode ser de ar ou de outro material. A figura a seguir mostra o símbolo para indutor com
núcleo de ar, de ferro e de ferrite.

a b c

Símbolo de indutor - (a) Núcleo de ar; (b) de ferro e (c) ferrite. B

50
Eletricidade Aplicada I

Indutor em corrente contínua

Quando aplicamos uma tensão contínua V entre os terminais de um indutor, este fica
percorrido por uma corrente I que estabelece um campo magnético B, praticamente
constante, no interior do indutor. Esse campo magnético promoverá o surgimento de um
fluxo magnético ϕ através das espiras do indutor, diretamente proporcional à corrente
que por ele circula. Sendo assim temos:
Φ ~ I, ou seja, ϕ/I = constante

B +
V V
-

A constante de proporcionalidade, nesse caso, é usualmente indicada por L e


denominada Indutância do indutor. A indutância depende das características
geométricas, bem como da permeabilidade magnética do meio de seu interior. Do ponto
de vista de interpretação física, ela representa uma oposição que o indutor oferece a
alteração do fluxo magnético estabelecido em seu interior, ao ser percorrido por uma
corrente elétrica. Assim temos:
Φ=L.I

No sistema internacional a unidade de L é o Henry (H)

Indutor em corrente alternada

Suponhamos que a corrente que percorre um indutor sofra uma variação elementar di
num intervalo de tempo dt. Em consequência, ocorrerá uma variação dϕ do fluxo
magnético no intervalo de tempo dt. Da lei de Faraday, sabemos que uma tensão v será
induzida nos terminais do indutor, dada por:

v= dϕ/dt
dϕ/dt

Mas como dϕ= L. di temos:

v= L. di/dt

Portanto:

51
Eletricidade Aplicada I

“A tensão nos terminais de um indutor é diretamente proporcional à taxa de variação


(temporal) da corrente”.

Deste resultado, pode-se concluir que nos circuitos de corrente contínua, onde I=cte e di
= 0 e então a tensão nos terminais do indutor é nula. Assim, excetuando-se o transitório,
ou seja, o intervalo de tempo durante o qual se estabelece o fluxo magnético no interior
do indutor, um indutor em corrente contínua comporta-se como um curto-circuito.

3.7.4.1
3.7.4.1 Forma fasorial da Lei de Ohm para o indutor

Consideremos um indutor L qualquer percorrido uma corrente alternada iL (t) = I

sen (ωt + ∝). O fasor desta corrente é, dado por:

=I ∝

Lembrando que

vL (t) = L . di/dt temos:

vL (t)= ωL I cos (ωt + ∝)

considerando: cos(ωt +∝)=A

Sabendo que cos A = (sen A + 90°) temos:

vL (t) = ωL I sen (ωt + ∝ + 90°)

Portanto o fasor representativo da tensão será dado por:

=ωLI ∝ + 90°

De posse dos fasores representativos da tensão e da corrente podemos calcular a


impedância indutiva

= /

ωLI ∝ T 90°
=
I ∝

ω.L T 90° ou = j ω L (Ω) (forma cartesiana)

onde:
ωL

ω L = XL reatância indutiva dada em Ω

52
Eletricidade Aplicada I

L – indutância do indutor dada em H

Observando seus fasores representativos da tensão e da corrente verificamos a


existência de uma defasagem de 90°, ou seja:

“No indutor a corrente esta atrasada de 90° em relação à tensão”.

Fase 90° caracteriza sempre um indutor puro

Representando graficamente (diagrama fasorial) temos:

∝-90°

Tensão v(t)
Corrente i(t)
Tensão/Corrente

ωt

3.7.5
3.7.5 Capacitor

Um capacitor é um dispositivo usado para armazenar energia elétrica na forma de


campo elétrico. Ë constituído de duas placas metálicas condutoras de áreas S separadas
por um isolante (dielétrico) de espessura d. Exemplo: capacitor plano (tipo de
construção mais usual).

53
Eletricidade Aplicada I

(a ) (b)

Capacitor (a) aspectos construtivo (b) Símbolo

Um capacitor é caracterizado por uma grandeza chamada de capacitância (C) a qual está
associada à capacidade que o capacitor tem de armazenar cargas. Quanto maior a
capacitância maior a capacidade de armazenar cargas. A capacitância depende da área
das placas e da espessura do dielétrico. No caso de um capacitor de placas planas e
paralelas a capacitância é dada por:

C=K. ε0. S/d

Onde ε0 é a permissividade dielétrica do vácuo e K é a constante dielétrica do material (

representa o comportamento isolante do material), S a área da placas e da distancia


entre uma placa e d a espessura do dielétrico.

contínua
Capacitor em corrente contínua

Ao ser ligado a uma tensão CC, devido à tensão aplicada elétrons se deslocarão de uma
placa para a outra enquanto houver d.d.p, vide figuras abaixo. Quando a tensão entre as
placas for igual à tensão da fonte cessará o movimento de elétrons. Nessas condições
dizemos que o capacitor estará carregado. O capacitor ficará carregado com uma carga
Q cujo valor é função da tensão aplicada e de uma característica do capacitor chamada
de capacitância (C). Desta forma, pode-se definir a capacitância como :

C= Q/V

54
Eletricidade Aplicada I

Onde Q é a carga armazenada especificado em Coulombs (C); V é a tensão aplicada para


movimentar esta carga em Volts (V) e C é a capacitância medida em Farad (F
F).

Desta forma, se for aplicado uma tensão de 1V a um capacitor de capacitância de 1F, a


carga adquirida será de 1C.

movimento dos elétrons movimento dos elétrons

+ + ++ +
V C V Q -- - C
- -
movimento dos elétrons movimento dos elétrons

a b

I=0 O sentido de I é o convencional

+ ++ +
V Vc = V Q -- - C
-

a - Capacitor inicialmente descarregado, Vc=0,

b - Começa o fluxo de elétrons (corrente) de uma placa para a outra,

c) Cessa o fluxo de elétrons, pois a tensão em C é igual à tensão da fonte (equilíbrio).

Devido à ddp aplicada entre as placas os elétrons se deslocam da placa superior em


direção da placa inferior e passando pela fonte. Quando a tensão entre as duas placas for
igual à tensão da fonte cessa o fluxo de elétrons. Na prática, indicamos o sentido da
corrente no sentido contrário (corrente convencional).

Observe que não existe corrente através do capacitor, mas pelo circuito externo.

Capacitorr em corrente alternada


Capacito

Consideremos um capacitor sujeito a uma variação de tensão entre suas superfícies


condutoras. Como consequência, constata-se a transferência de uma carga dQ de uma
para outra superfície condutora do capacitor. Assim temos:

dQ= C dv
55
Eletricidade Aplicada I

Quantidade de carga transferida é proporcional à tensão aplicada.

Como dQ = i dt, temos: i dt = C dv , de onde obtemos:

I = C . dv/dt

Portanto:

“A corrente nos terminais de um capacitor é proporcional à taxa de variação (temporal)


de tensão”

Deste resultado, pode-se concluir que nos circuitos em corrente contínua, onde V= cte,
dV=0 e então não haverá corrente no capacitor. Assim, excetuando-se o transitório, ou
seja, o intervalo de tempo durante o qual o capacitor se eletriza, um capacitor em
corrente contínua comporta-se como um circuito aberto.
aberto

3. 7.5.1
7.5.1 Forma fasorial da Lei de Ohm para o capacitor

Consideremos um capacitor C qualquer percorrido uma tensão alternada vc (t) = V

sen (ωt + ∝). O fasor desta tensão é dado por:

=V ∝

Lembrando que

iC (t) = C . dv/dt temos:

iC (t)= ωC V cos (ωt + ∝)

considerando: cos(ωt +∝)=A

Sabendo que cos A = (sen A + 90°) temos:

iC (t) = ωC V sen (ωt + ∝ + 90°)

Portanto o fasor representativo da tensão será dado por:

=ωCV ∝ + 90°

De posse dos fasores representativos da tensão e da corrente podemos calcular a


impedância indutiva

= /

V ∝

ωCV ∝ + 90°

56
Eletricidade Aplicada I

1/ω . C - 90° ou - j 1/ ωC (Ω) (forma cartesiana)

onde:
1/ ωC
1/ω C = XC reatância capacitiva dada em Ω (ohm)

C – capacitância do capacitor dada em F (Farad)

Observando seus fasores representativos da tensão e da corrente verificamos a


existência de uma defasagem de 90°, ou seja:

adiantada
“No capacitor a corrente esta adiantada de 90° em relação à tensão”.

Fase -90° caracteriza sempre um capacitor puro

Representando graficamente (diagrama fasorial) temos:

∝+π/2

Tensão v(t)
Corrente i(t)
Tensão/Corrente

ωt

57
Eletricidade Aplicada I

3.8 Forma Fasorial das Leis de Kirchh


Kirchhoff

1ª Lei de Kirchh
Kirchhoff – Lei dos nós CA

Suponhamos que n correntes senoidais, de mesma frequência, atinjam um nó de um


circuito.

A 1ª Lei de Kirchhoff nos permite escrever:

=0

Ou ainda:

chegam ao nó = saem do nó

Cabe lembrar que essa soma se faz somente na forma fasorial.

2ª Lei de Kirchh
Kirchhoff – Lei das malhas CA

De maneira análoga aos circuitos de corrente contínua, a 2ª lei de kirchhoff comprova


que a soma das tensões em uma malha, considerando seus sinais, é nula.

=0

Ou ainda:

no sentido horário = no sentido anti-


anti-horário

Cabe lembrar que essa soma se faz somente na forma fasorial.

58
Eletricidade Aplicada I

3.9 Associação de Impedâncias

Procedendo de maneira análoga ao desenvolvido para obtenção da resistência


equivalente em circuitos de corrente contínua, obteremos as relações que se seguem,
para associação em série e em paralelo de impedância, utilizando a forma fasorial da Lei
de Ohm e as propriedades características das associações em série e em paralelo.

3.9.1 Associação série

3.9.2 Associação paralelo

59
Eletricidade Aplicada I

Em particular para duas impedâncias em paralelo

4. Resolução de Circuito C.A por Associação de Bipolos

Este método, assim como já estudado em CC, poderá somente ser aplicado a circuitos
que por associação de bipolos podem ser reduzidos a uma única malha e um único
gerador.
Com o objetivo de demonstrar esse método vamos resolver passo a passo, um exemplo
de um circuito elétrico.

Exemplo

10Ω
10Ω

10Ω
10Ω 10Ω
10Ω

v (t)
(t

26,53 mH 265,2 µF

Onde: v (t) = 200 sen (377 t + 0°)

Para podermos resolver o circuito em primeiro lugar devemos calcular a impedância


equivalente total do circuito, Para isso devemos seguir os seguintes passos.

a) Passar o circuito para o domínio complexo, ou seja, determinar o fasor representativo


da tensão do gerador e determinar as impedâncias envolvidas no circuito.

60
Eletricidade Aplicada I

a.1) Determinação do fasor representativo do gerador:

Lembrando que a expressão v(t) = V sen (ωt + α) pode ser representada pelo seu

fasor dado por: ∝ portanto temos:

v(t) = 200 sen (377t + 0°) = 200 0°


°
a.2) Determinação das impedâncias

=R 0° =R portanto temos para os três resistores que possuem o mesmo


valor:

10 0° = 10 (Ω)

+ 90° ou =jωL

+ 90°
ou j 377 . 26,53 . 10 -3

+ 90° ou = j 10 Ω

= 1/ ωC - 90° ou = - j 1/ω
1/ωC

= 1/ 377. 265,2 . 10-6 - 90° ou = - j 1/377 . 265,2 . 10-6

= 10 - 90° ou = - j 10 Ω

Portanto o circuito no domínio complexo fica assim representado

10Ω
10Ω

+ 10Ω
10Ω 10Ω
10Ω
200 0°

-
j 10Ω
10Ω -j 10Ω
10Ω

a.3) Determinação de do circuito.

61
Eletricidade Aplicada I

A simplificação deve ser feita por partes e para melhor entendimento e visualização de
todos os passos, a cada associação feita redesenha-se o circuito substituindo a
associação por seu .

Observando o circuito devemos visualizar as primeiras associações que poderão ser


feitas. Neste caso podemos efetuar as seguintes associações:

= 14,14 45°

= 14,14 45°

Redesenhando o circuito e substituindo as associações pelos seus equivalentes temos:

10 Ω

+
14,14 -45°


14,14 45°

200

Dando continuidade às simplificações nos deparamos a seguir com uma associação em


paralelo que pode ser resolvida da seguinte forma:

62
Eletricidade Aplicada I

Lembrando que a multiplicação e divisão de números complexos são mais simples


quando elaboradas na forma polar enquanto a soma e a subtração se tornam mais fáceis
quando elaboradas na sua forma cartesiana, temos:

14,14 45° x 14,14 - 45°


(10 + j 10) + (10 - j 10)

200 0°

20

10 Ω

Redesenhando o circuito e substituindo as associações pelos seus equivalentes temos:

10Ω
10Ω

v (t)
(t 10Ω
10Ω

Finalmente temos agora uma associação série de com outro resistor de 10 Ω,


portanto:

Redesenhando o circuito chegaremos ao denominado “circuito equivalente”

v (t)
(t 20Ω

63
Eletricidade Aplicada I

b) Determinação da corrente do circuito

A partir da impedância equivalente podemos determinar a corrente do circuito.

= gerador /

= 200 / 20

= 10 A

e) Aplicando a Lei de Ohm: = . ou = / podemos determinar as tensões e


correntes em todas as impedâncias do circuito. Processo análogo ao já desenvolvido em
nosso estudo para circuitos em corrente contínua.

10 0°

+
200 0° 0°
20Ω 200
-

100 0°

10Ω
10Ω

T
200 0° 10 0° 10Ω
10Ω 100 0°
-

64
200

-
T

10 0°
100

10 Ω

14,14 45° 7,07 -45°

100 0°

14,14 -45° 7,07 45°

100 0°

65
Eletricidade Aplicada I
Eletricidade Aplicada I

Referências Bibliográficas

Pagliaricci, Mario
Eletrotécnica Geral

Nery, Norberto
Eletricidade Básica

Edminister, Joseph
Circuitos Elétricos

Ferrara, Arthemio
Circuitos Elétricos I

Gussow, Milton
Eletricidade Básica

Bartkowiak, Robert
Circuitos Elétricos

66

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