O nome dela é Rebeca, mora na Pituba, acorda as 9 para ir no shopping com as
amigas antes do cursinho, cabelo escovado, foi no salão ontem aliás, pega seu croissant e segue pro cursinho, vai fazer vestibular, não precisa, mas o pai quer se gabar que a filha passou pra medicina na federal, e ela tá pouco ligando pra isso. O nome do cara é Cleverson, o pivete mora no Bairro da Paz, levanta as 5 da madruga pra ir para o trampo, o cara é caixa no Atakarejo, viu uma menina comprando um croissant caro pra caramba, “Que inveja dessa garota”, tá de rango, mas nem dá pra passar em casa, vai de marmita de 10 mesmo, segue pro cursinho, ser pobre beleza, burro não, senta no fundão enquanto o professor não chega, tenta terminar a marmita. Segue a aula, teoria pra cá, cálculo pra lá, e Rebeca nada, Cleverson menos ainda, o cara tá dormindo na cadeira. Trabalho em grupo, quem vai querer a patricinha que não faz nada? E o cara que tá dormindo? Acabaram os dois juntos mesmo, o trabalho não saiu, apenas resenha, o cara não podia falar um “a” que a garota se acabava de rir e ela não podia suspirar que ele já estava domado. Acabou o cursinho, “Bora descer pra Barra?”, o pivete queria mergulhar e a garota só não queria ir pra casa, não deu outra, caíram os dois nas ondas da praia da Barra as 16 da tarde, “dois queijos coalho fazendo favor mano”, saíram de lá umas 20 horas, Rebeca foi de uber e Cleverson pegou o estação mesmo. Os dois chegaram em casa, no apartamento chique uma garota contando o dia para as “Bests”, na quebrada o garoto todo bobo falando com os “de verdade”. Nenhum pegou o contato do outro, não sabiam nem seus nomes, afinal nunca notaram a presença um do outro na sala, só sabiam que aquela tarde foi massa demais, Rebeca queria levar ele pra casa de praia em Guarajuba, e Cleverson só queria pular carnaval com ela, realidades tão próximas e tão distantes, um verdadeiro Romeu e Julieta, como eles se chamam até hoje.