Você está na página 1de 407
PRESIDENTE DA REPUBLICA Ernesto Geisel MINISTRO DAS MINAS E ENERGIA Shigeaki Ueki DIRETOR-GERAL DO DNPM Acyr Avila da Luz PROJETO RADAM PRESIDENTE Acyr Avila da Luz SECRETARIO-EXECUTIVO Antonio Luiz Sampaio de Almeida SUPERINTENDENTE TECNICO OPERACIONAL Otto Bittencourt Netto SUPERINTENDENTE ADMINISTRATIVO Jogo Batista Ponte DIRETOR DO 5? DISTRITO — DNPM. Antonio Monteiro de Jesus FOLHA SB.21 TAPAJOS ‘Série: Lovantamento de Recursos Natura, 7 ‘Volumes Publicados V.1 ~ Parte das Fothas SC.23 Rio Sio Francisco e SC.24 Aracaju, 1973, \V.2 — Folha $8.23 Teresina e parte da Folha SB.24 Jaguaribe, 1973 \V.3 = Fotha SA.23 Sdo Luts. parte da Fothe SA.24 Fortaleza, 1973, V.4 — Folha $8.22 Aragusia e parte da Fotha SC.22 Tocantins, 1974 V5 — Folha SA.22 Belém, 1974 V6 ~ Folha NA/NB.22 Macap, 1974 Outros produtes ‘Além dos mapas teméticas, na excala 1:1 000,000, ¢ dos relatorios, constantes deste e dos volumes 4, 6 ¢ 6, acima relacionados, fencontramse & disposicdo do pablico 1 — Imagem de Radar* 12). Feixas de aproximadamente 37 km de largura, na excela 1 400 000, com recobrimente lateral do cerca de 25%, 2 Perfil Altimétrico* ‘Ao longo de cada linha de v0, espacadas de cerca de 27 km, foram registrados, graficamente, perfs na escala horizontal aproximada de 1:400.000, com preciso mécis de 20 9 50 metros, referante& varia altimética do t 3 Aerofotogratias* 8} Em infeavermetho colorido, na escala 1:130.000, com recobrimento longitudinal © lateral de 60% ¢ 10% respectivamente, scriminadas om fotorndices na excala 1 500,000. 1) Multiespectrais, na escala 1:70.00, em quatro canais (azul, verde, vermelho & infravermelhol, ocupando a parte central da foto em infre-vermelho colorido ‘A utilizaeo dos aerofotogratias, mencionadas em a eb, oferecerestriges quando da presen de nuvens ou nevorir. 4. Video Tape ‘Tapes, na eacala 1:23.000, correspondentes ao centro das lias de vo do aerolevantamento, 5 — Mossicos Semicontrolados de Radar* 8) Mosaico, na escala1:250.000, com amplitude de 1°de latitude por 1°30" de longitude, eompitado no Sistema de Projeyio UTM. 1b) Mossico, na escala 1:1.000.000, com amplitude de 4° de latitude por 6°de longitude, organizado com base na reducio dos mosaicos na excala1:250.000. (0s mosaicos acima encontam-se, também, impressos. 6 — Carta Planimétrica 147 folhas de 1°x 1%, impresses, na escala 1:20 900, no Sistema de Projeco UTM. * Em disponitilidade para toda 0 éree do Projeto. MINISTERIO DAS MINAS E ENERGIA DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUCAO MINERAL PROJETO RADAM FOLHA $B.21 TAPAJOS LEVANTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS VOLUME 7 GEOLOGIA GEOMORFOLOGIA SOLOS VEGETAGAO USO POTENCIAL DA TERRA RIO DE JANEIRO 1975 Publicagio do Projeto Radam Programa de Integrago Nacional © Copyright 1975 — DNPM/Projeto Radam Av. Portugal, 64, ZC-82 ~ Urea Rio de Janeiro, GB Editado pelo Departamento de PublicacSes Brasil. Departamento Nacional da Produgao Mineral. Projeto RADAM. Folha $8.21 Tapaiés; geologia, geomorfologia, solos, vegetagio e uso potencial da terra. Rio de Janeiro, 1975. 418 p. ilust., tab., 6 mapas 27,5 cm (Levantamento de Recursos Naturais, 7) ‘Anexo: Andlise estatistica de dados (Vegetagio) 376 p. 1. Regiéo Norte — Geologia. 2. Regido Norte — Geomorfologia. 3. Regio Norte — Solos. 4. Regio Norte — Vegetacio. 5. Regiéo Norte ~ Uso Potencial da Terra. |. Série. II. Titulo, CDD 558.1 SUMARIO GERAL Apresentagio 7 Prefécio 9 Localizagéo da Folha 11 [za Em envelope: Mapa Geotégico 117 BR elol ol tremely Em envelope: Maps Geomortolésico 1 i SOLOS Em envelope: Mapa Exploratbrio de Solos, Mapa de Aptidio Agric 237 fy VEGETACAO Em envelope: Mapa Fitoecolégico ‘Anexo — Anilise Estatistica de Dados 385 cent aur Em envelope: Mapa de Uso Potencial de Terra APRESENTACAO, O presente volume, 0 7° da série, é um dos mais significativos jé publicados pelo Projeto RADAM Trata do levantamento dos recursos naturais de uma das éreas de maior perspectiva econémica da Amazénia’ a regitio do médio Tapajs. Essa_imensa regio, que tem na cidade de Itaituba, seu principal centro propulsor para o desenvolvimento, apresenta um enorme potencial madeireiro, bem como boas possibilidades minerais, especialmente para ouro e sulfetos Para a consecugo dos trabalhos apresentados neste volume, 0 RADAM contou com o apoio das vérias entidades federais e estaduais que vém prestando ao Projeto inestimavel colaboracdo, a8 quais expressamos nosso reconhecimento Toke Qa Acyr Avila da Luz Diretor-Geral do Departamento ‘Nacional da Producio Mineral PREFACIO Mais um dos “espagos amazénicos vazios” & agora diagnosticado quanto a sua natureza e potencialidade. E a regio do médio Tapajés. Limitada por 04°00'S e 08°00 S e 54° 00’ e 60° 00’ WG corresponde a cerca de 293.750 km? e abrange porgées dos estados do Paré, Amazonas e Mato Grosso. A folha leva 0 nome do Tapajés e a codificacao $B.21 ‘Area escassamente povoada, encontra na cidade de Itaituba, 8 margem esquerda do rio Tapajés, seu principal centro comunitério, por onde passa a Transamaz6nica que corta esta folha em 800 km Os trabalhos desenvolvidos seguiram a mesma metodologia que os anteriores, com um maior adensamento dos pontos verificados com o uso de helicépteros, em fungao de uma menor quantidade de trabalhos anteriormente realizados. Confirmou-se mais uma vez a exceléncia das imagens de radar, em suas diversas escalas, com a sua extraordinaria visdo de conjunto para o mapeamento regional A parte referente Geologia revela novas idéias a respeito da concepedo estratigréfica-estrutural desta regio, e a compara com as adjacentes. Sdo definidas as seguintes unidades: Complexo Xingu; Granitos e Granodioritos Circulares; Faixa Orogénica Aripuané—Teles Pires; Formacao Iriri; Granitos e Gran6firos subvulcénicos circulares (Granito Maloquinha); 0s sedimentos de coberture da plataforma e as formagées da Sinéclise do Amazonas. Cada uma dessas unidades 6 analisada em seus principais aspectos petrograficos, estratigréficos, estruturais e metalogenéticos. So feitas referéncias as ocorréncias minerais de ouro, cassiterita, barita, calcdrio, diamante, ferro, magnesita, manganés, nidbio, téntalo, rutilo, sulfetos, topézio e materiais de construcdo. Na parte referente as recomendacBes so sugeridas dreas que merecem estudos mais detalhados, visando a delimitar a ocorréncia de sulfetos, evaporito, bauxito, caulim, e materiais de construcZo. S40 indicados ainda dois alinhamentos que poderiam se constituir em estruturas para acumulagao de dteo. © complexo mosaico das diversas formas de relevo é diferenciado e analisado na seco de Geomorfologia. ‘So indicadas @ origem e evolugo para cada uma das unidades e seus relacionamentos com os aspectos geol6gicos, padolégicos, de vegetacéo e clima, Estas quatro grandes unidades so: Depressdo Periférica do Sul do Pard, Serras e Chapadas do Cachimbo, Planalto Residual do Tapajés e Planalto Rebaixado da Amazinia. Indica a possibilidade da existéncia de materiais de construgo (seixos e cascalhos) em determinados locais e seleciona 12 sitios mais adequados 8 construgdo de grandes hidrelétricas, baseado em aspectos geomorfoldgicos. Faz uma andlise do tragado da Transamazénica e recomenda as melhores opges para 0 tragado de outras estradas. Os solos que se desenvolvem nesta drea so analisados quanto as suas natureza e aptiddes, estas condicionadas ainda ao regime climatico e formas de relevo. Sao discriminadas as terras que possuem maior ou menor valor para os diversos sistemas de manejo, tanto para a agricultura como para a pecudria, Sd mostrados também os resultados anal (ticos realizados nas diversas amostras coletadas. enorme potencial madeireiro desta regio é discutido em seus aspectos mais importantes na parte referente & Vegetacdo. Af séo analisados nao somente os recursos madeireiros, suas espécies, volume e distribuicgo, mas também sua explotabilidade e a necessidade de um complexo industrial integrado para a utilizagao racional desta imensa riqueza. € sugerida a implementago de pesquisas tecnoldgicas em diversas 4reas condicionadas a ecossistemas diferentes. Em fungo do acervo de dados coletados e das informacées @ serem elaboradas, tornou-se necessario a computagao destes dados cujos resultados s4o anexados a este volume, Sob o prisma da Vegetacao, so discutidos ainda os diversos aspectos ecoldgicos e seus significados Os mapas ¢ relatérios de Uso Potencial da Terra diagnosticam a area em fungao das atividades bésicas do aproveitamento de seus recursos naturais. Admite ser a exploracdo madeireira como a mais expressiva das atividades previstas em um futuro mais proximo Ressalta a importancia que pode vir a ter um extrativismo racional de seringa, castanha e babagu. Cita a possibilidade da utilizagdo do pau-rosa. Analisa as condic®es para o desenvolvimento de atividades agropecudrias, Alerta para os problemas relacionados & ecologia sob quatro itens importantes: Aquelas éreas que por lei_néio podem ser exploradas; as que devam merecer um estudo técnico especifico para sou aproveitamento; sugere a transformago da Reserva Florestal de Mundurucdnia em Parque Indigena, ¢ finalmente recomenda a criacdo da Floresta Nacional do Aripuané. aia ene +t At Otto Bittencourt Netto Suprintndone Teenie Oprocins 10 LOCALIZAGAO DA AREA se “ Pa ow e a = eae cin | } stm s ar att VENEZUELA % pera \ ‘Amazonas (Mato Gross q § as BoLivia | ) eo a Ja: ay PUBLICAGOES At / ‘VOLUME 3) ‘VOLUME 4 VOLUME 5 ~ VOLUME 6 ~~ NTERIORES. vouume 11. = VOLUME 2 | Ie FOLHAS NA ESCALA 1:250.000 60°00 8°30 S00 55°30 54°00 #00 7 40 BORBA RIO MAUES ITAITUBA RIO CUPARI SB. 21-V-A SB. 21-V-B SB. 21-X-A SB. 21-X-B 5°00 }-— : 500 RIO CANUMA RIO PARAUARI RIO JAMANXIM lO CURUA SB. 21-V-C SB. 21-V-D SB. 21-X-C SB. 21-X-D 600 600 RIO CARL JACAREACANGA RIO CREPORI RiO CATETE SB 21-Y-A SB. 21-Y-B $B.21-2-A SB. 21-2-B Poo — roo RIO SUCUNDURI lO JURUENA RIO NOVO RO BAU SB. 21-Y-C SB. 21-Y-D $B.21.2-C $B.21-2-D 8°00 = | 800 6000 58°30 sr*00 58°30 0°00 12 GEOLOGIA Levantamento de Recursos Neturais, V.7 FOLHA SB.21 TAPAJOS 1 — GEOLOGIA AUTORES: PARTICIPANTES: Dacyr Botelho dos Santos Paulo Edison Caldeira André Fernandes ‘Ana Maria Dreher Francisco Mota Bezerra da Cunha Miguel Angelo Stipp Basei Jogo Batista Guimardes Teixeira Garrone Hugo Silva José Waterloo Lopes Leal Omar Antonio Lima Salum Adalberto Soares da Silva Jayme Franklin Vidal Aradjo Roberto Dall’Agnol Abel Salles Abreu Roberto Silva Issler Guilherme Galego da Silva DNPMIProjeto Radam — Av. Portugal, 54 ~ ZC.82 ~ Urea ~ Rio de Jneiro, GB 15 SUMARIO RESUMO 23 ABSTRACT 24 1 — INTRODUCAO 25 1.1 — Localizagdo 25 1.2 — Objetivos do Trabalho 26 1.3 — Método de Trabalho 26 2 -— ESTRATIGRAFIA 27 2.1 — Provincias Geolégicas 27 2.1.1 — Area Cratdnica do Guaporé 27 Embasamento Polimetamérfico 27 Faixa Orogénica Aripuand—Teles Pires 29 Vulcanismo Fissural 29 2.1.1.4 — Coberturas de Plataforma 29 2.1.2 — Sinéclise do Amazonas 29 2.1.3 — Intrusivas Bésicas 30 2.1.4 — Coberturas Cenozdicas 30 2.2 — Descrigo das Unidades 30 22.1 — Complexo Xingu 30 2.2.1.1 — Generalidades 30 — Posigdo EstratigrSfica 32 — Distribuiggo na Area 32 = Geocronologia 36 = Petrografia 36 — Consideragées Gerais 38 2.2.2 — Granito Parauari 38 Generalidades 38 Posig&io Estratigréfica 39 RelacBes Estruturais 39 Distribui¢go na Area 39 Geocronologia 39 Petrogratia 39 2.23 — Grupo Beneficiente 40 2.23.1 — Generalidades 40 2232 -— 22.33 — Relacdes Estruturais 41 2.23.4 — Distribuiggona Area 41 2.2.3.5 — Geocronologia 41 2.23.6 — Petrografia 42 2.23.7 — Metamortismo 43 2.24 — Grupo Uatumé 43 2.241 — Formacdo Iriri 44 7 225 — 226 — 22.7 - 228 — 229 — 2.2.10 — 2211 — 2241.1 — Goneralidades 44 2.24.1.2 — Posicao Estratigrafica 44 2.2.4.1.3 — Distribui¢do na Area 44 224.14 — Geocronologia 44 2.24.15 — Petrografia 45 2.2.4.2 — Granito Maloquinha 50 2.2.4.2.1 — Generalidades 50 2.24.2.2 — Posigio Estratigrdfica 51 2.24.2.3 — Distribuicgo na Area 51 2.2.4.2.4 — Geocronologia 51 2.24.25 — Petrografia 52 Formaco Gorotire 53 2.2.5.1 — Generalidades 63 2.2.6.2 — Posicdo Estratigrética 54 2.2.5.3 — Distribuigo na Area 54 2.2.5.4 — Litologias 54 Formagao Prosperanca 55 2.2.6.1 — Generalidades 65 2.2.6.2 — Posicdo Estratigréfica 55 2.2.6.3 — Distribuigéo na Area 55 2.2.6.4 — Litologias 56 Grupo Urupadi 56 2.2.7.1 — Generalidades 56 2.2.7.1.1 — Formac Trombetas 67 2.2.7.1.2 — Formac&io Maecuru 57 2.2.7.1.3 — Formagao Ereré 58 Formagao Curué 58 Grupo Tapajés 59 2.2.9.1 — Generalidades 69 Formacio Monte Alegre 59 Formagao Itaituba 59 Formaczio Nova Olinda 60 Diabésio Penatecaua 61 2.2.10.1 — Generalidades 61 2.2.10.2 — Posi¢do Estratigratica 61 2.2.10.3 — DistribuigSo na Area 61 2.2.10.4 — Geocronologia 61 2.2.10.5 — Petrografia 62 2.2.10.6 — Consideragdes 62 Formagao Barreiras 62 2.2.1.1 — Generalidades 62 2.2.11.2 — Posic&o Estratigratica 63 2.2.1.3 — Distribui¢o na Area 63 2.2.1.4 — Litologias 63 22.115 — Consideracdes 63 18 2.2.12 — Aluvides 64 2.2.12.1 — Aluvides Antigas 64 2.2.12.2 — Aluvides Recentes 64 3—ESTRUTURAS 64 3.1 — Estruturas Regionais 65 3.2 3.1.1 — Sinclinério Sucunduri- Bararati 65 3.1.2 — Sinéclise do Amazonas 65 3.1.3 — Lineamento Tapajés 66 3.1.4 — Lineamento Abacaxis 67 Estruturas Locais 69 3.2.1 — Falhas Menores 69 3.2.2 — Dobras Menores 70 3.2.3 — Corpos Gran‘ticos Circulares 70 3.2.4 — Diques 71 4 — GEOLOGIA ECONOMICA 71 4.1 — Generalidades 71 4.2 — Ocorréncias Minerais 72 43 44 45 46 42.1 — Ouro 72 422 —Barita 73 423 —Caleério 73 4.2.4 — Diamante 73 425 — Ferro 73 4.2.6 —Magnesita 73 4.2.7 — Manganés 73 4.2.8 —Nidbioe Tantalo 73 4,29 — Rutilo 73 4.2.10 — Sulfetos 74 4.2.11 — Estanho 74 4.2.12 — Topazio 74 Materiais de Construgiio 74 Agua Subterrnea 75 Possibilidades Metalogenéticas da Area 75 Situacao Legal dos Trabalhos de Lavra e Pesquisa Mineral 77 5 — CONCLUSOES 90 6 — RECOMENDAGOES 91 7—BIBLIOGRAFIA 91 19 ILUSTRAGOES Mapa Geolégico da Folha SB.21 Tapajés FIGURAS ig Qe 3- 4- 5- 6- 7- 8- Q- 10- ne 12- 13- 4- 15 16- ESTAMPAS vi vil. vin Mapa de Localizaglio 25 Coluna Estratigréfica 28 Mapa de localizacdo de amostras datadas 31 Formagao Iriri— Diagrama isocrénico 45 Granito Maloquinha — Diagrama isocrénico 62 Granito — Diagrama isocrénico 52 Complexo Xingu — Lineages, Didclases e Falhas 65 Grupo Beneficente — LineagSes, Didclases e Falhas 66 Grupo Uatumé — Lineacdes, Didclases e Falhas 67 Diabésio Penatecaua -- Diques 71 Grupo Beneficiente 95 Granito Maloquinha 96 Unidade de Cobertura 96 Lineamento Abacaxis 97 Granito Parauari e Granito Maloquinha 98 Sinéclise do Amazonas 99 1 — Pista de pouso aoxiliar 2— Vista de Itaituba, tomada do Rio Tapaios 1 — Complexo Xingu — clareira natural 2— Complexo Xingu no rio Cupari 1— Complexo Xingu no rio Jamanxim 2— Grupo Beneficente — Epiquartzitos 1— Grupo Beneficente — Epiquartzitos 2— Formacio Iriri — Riolitos 1 — Formagao Iriri — Riolitos 2— Formagio Iriri — Riolitos 1 — Grupo Urupadi — Arenitos 2— Grupo Urupadi — Arenitos 1 — Formacdo Curué — Folhelhos e Siltitos 2— Formagio Curud, Membro Barreirinhas — Folhelhos e Siltitos 1— Formacdo Curug, Membro Curiri — Folhelhos com lente de arenito 2— Formago Curud, Membro Curiri — “Mudstone”, Fothelhos e Siltitos 1 — Formaco Curud, Membro Oriximind — Folhelhos e Siltitos 2— Aluvides antigas 1— Garimpo de Ouro 2— Complexo Xingu — Fotomicrografia XI. 1 = Complexo Xingu — Fotomicrografia Complexo Xingu — Fotomicrografia — Complexo Xingu — Fotomicrografia — Complexo Xingu — Fotomicrogratia XII. 1 — Complexo Xingu — Fotomicrografia 2— Grupo Beneficente — Fotomicrografia XIV. 1— Grupo Beneficente — Fotomicrografia 2— Formagiio Iriri — Fotomicrografia XV. 1 = Formagao Iriri — Fotomicrogratia 2.— Formagab Iriri — Fotomicrografia XVI. 1 = Formagao Iriri — Fotomicrogratia 2— Granito Maloquinha xu. TABELAS 1 —Amostragem 31 I! —Complexo Xingu 32 Mil —Grupo Beneficiente 42 IV —Riolitos 46 V_ —Ricdacitos e Dacitos 48 VI ~ Andesitos 49 VII —Granéfiros 49 VIII ~Piroctésticas 50 IX —Sedimentares associadas 50 X — --Granito Maloquinha 53 XI —Formago Prosperanca 56 21 Os 293.750 quilémetros quadrados da Folhe $B.21 Tapajés podem ser considerados geologicamente reco- nhecidos através das imagens de radar. Os mosaicos semicontrolados na escala de 1:250000, usados na interpretagdo e trabalhos de campo sdo a base do mapa final 20 milionésimo. Considerado como de integra¢o, 0 trabalho traz feigdes novas, quer & estratigrafia, quer no arcabouco estrutural, que aqueles poucos trabalhos anteriores no puderam mostrar por muito localizados e alguns mesmo com interpretacdo através de fotos aéreas, do permitem uma visualizacdo regional tao satisfat6ria, E assim 6 que se pode considerar @ parte central do Graton do Guaporé, mega poreo da Plataforma Sul- americana como praticamente integrads a historia das plataformas continentais. © Complexo Xingu, teste- munho da sializagdo © diverses orogéneses (Ciclos Guriense e Transamazonico), acreditado existir em pequenas poredes arrasades e/ou inacessiveis, ¢ a conti rnuacio fisica da érea vizinha a leste — Folha SB.22 Aragusia, tornando-se no entanto, aparente a retomada dessa parte pela granitizagio e vulcanismo que ao fim do Pré-Cambriano Médio e inicio do Superior seguiram a “alma” tecténica que adveio & mobilizegdo intensa da crosta, na prepara¢do de geossinclinais. A essa mobil ago responderiam 0s granitos reomorfizados Parauari @, ap6¢, 0s sedimentos do Grupo Boneficente, deposi- tados em érea instével. Essa instailidade fo! apenas parcial e responderia pelos falhamentos que ocasionerem © paroxismo wulcénico do Grupo Ustums. Com 0 23 RESUMO paroxismo Ustuma © os deptsitos subseqiientes de Cobertura, Gorotire © Prosperanca, completase a cratonizaréo. 'Nio so tem dados sobre a movimentarSo tafrogénica que deu origem a Sinéclise do Amazonas. Apenas se sabe que 6 présiluriana, com bases paleontologicas frégeis, mas preserva, em sua parte médie, grandes espessuras da Formagio Prosperanca e sedimentos posteriores, Forma: go Acari, que precedeu a Formacio Trombetas. A interpretagdo dada 4s unidades ditas paleozbices da sinéclise tem-se como satisfatoria mesmo com algumas lunidades, jé individualizadas, aparecendo agrupadas por problemas meramente morfol6gicos. E é na sinéclise que melhor se testemunha a reativacdo verificada no Juréssi- co-Cretéceo, com intrusées de bésicas toleticas. ‘As coberturas cenozbicas aparecem melhor representadas, fisicamente 20 norte e noroeste da érea com a Formagdo. ‘pela. manchas menores dos © objetivo do reconhecimento geolégico — prover-se a ‘urto prazo, de subs(dios para prospeceo mineral — da Folha SB.21 Tapajés 6 atingido com a introdugéo, inicialmente, de modificagBes na coluna estratigréfica precedente e, sobretudo, a identificagio dos seus arranjos estruturais, A andlise da Fotha SB.21 Tapajés é 2a afirmago da promessa que sua geologia representa, j6 ‘comprovada a sua potencialidade econdmica pela explo- rago que de hé muito nela se vem exercendo. ‘Sheet SB.21 TAPAJOS has been geologically recognized ‘through radar image on a 1:250,000 scale, covering about 293,750 square kilometers. Approximately sever ty per cent of this area correspond to the contral- northern part of the Guaporé Craton, southern mega- portion of the South American Platform, and the other fraction is almost entirely restricted to the Amazon Syneciise. The cratonic area exhibits those lithologies that testify ancient orogenesis in its Xingu Complex, though the best stratigraphic evidences appear at the end of the Transa- mazonic Geotectonic Cycle (2600-1800 M.Y.) with the remobilized Parauari granite, reomorphic rejuvenated product from the Xingu Complex. The metamorphic Beneficente Group seems to be the result of low grade regional metamorphism on cover sedimentary units deposited on partially unstable areas at the time of geosyncline preparation in the Middle Precambrian, To the ruptural tectonics that followed the tectonic quiet and that is responsible for and represented by the Uatuma Group — Iriti volcanics and Maloquinha sub- volcanic granites and granophyres — succeed the cover platform units Gorotire and Prosperanca. 24 ABSTRACT The Amazon Syneclise presents the Paleozoic units divided into belts according to morphologic charac- teristics; two of these belts present groups of even individualized units, since it is impossible to separate. them in the radar interpretation due to lithologic similarities. The platform activation period is represented by tho- leitic diabase dikes, called Penatecaua in this study. Younger cover sediments are represented by the Tertiary Barreiras formation and ancient and recent Quaternary alluvial deposits. Structurally the area seems to have its major expression fon the lineagenic features represented by the Tapajés and Abacaxis Lineaments, probably intimately related to the fusiform, ellyptical or roundish features, responsible for gold, cassiterite and other main mineralizations of ‘the area. The geological reconnaissance map of the Sheet $8.21 ‘Tapaj6s is represented on a 1: 1,000,000 scale. 1-INTRODUGAO A Folha $8.21 Tapajés, do corte cartografico internacional, 6 0 Bloco C-2 do Projeto RADAM. Seu mapeamento geolégico ¢ aqui apresentado e foi executado no biénio 73-74. 1.1- LOCALIZAGAO 1 A Folha $B.21, é limitada pelos paralelos de 04°00" e 08°00'S e meridianos de 54°00' e 60°00" W.Gr. Representa 293 750 km? e abrange terras dos estados do Amazonas, Paré e Mato Grosso; deste, apenas uma pequena porcdo norte, entre os rios Juruena e Teles Pires, no sul da 4rea. Cerca de dois tergos da 4rea da Folha so acupados pelo estado do Para. Os principais rios que drenam a 4rea, todos pertencentes & bacia do Amazonas, sao: na parte média, € no sentido geral NE, o Tapajés; seus afluentes principais so: Jamanxim, com seu tributério, 0 rio Novo, Crepori, rio das Tropas e © Cururu. Na parte leste, o Iriri, afluente do Xingu, ¢ seu subsididrio Curud, A oeste, no sentido geral norte, correm o Acari e Camaits, que desaguam no Canumé, dito Sucunduri no seu alto curso. Para o canto noroeste, aparecem ainda 0 rio Madeira e 0 rio Abacaxis ¢, no meio norte, os rios Parauari e o Urupadi (Figura 1). 54°00! 400) 8°00 4°00 ira Pronto] 8°00" 007 Fig. 1 FOLHASB.21 TAPAS, 54°00" 25 Topograficamente, a rea ndo apresenta grandes elevagSes, compreendendo desde planicies e morros, até alguns platés e chapadas que podem alcangar 400 m. Essas cotas so atingidas princi- palmente nas cabeceiras do rio Sucunduri, com 0 Grupo Beneficente, e no interfidvio Tapajés-Ja- manxim, nq Complexo Xingu, As partes mais baixas, aplainadas, correspondem em geral planicie amaz6nica propriamente dita, em gran- de parte ocupada pela Sinéclise do Amazonas e, secundariamente, as regides ocupadas por rochas vulcdnicas, Em quase totalidade da drea persiste a chamada floresta amaz6nica, tropical de matas altas e fechadas, com aparecimento de savanas no meio sul-sudoeste e, principalmente, na Folha $B.21-Y-D, onde ocorrem campos de permeio com arbustos — Reserva Florestal de Munduru- c&nia, Os solos so principalmente podzélicos, latossélicos e areias quartzosas. O clima é quen- te-tmido. A drea é das menos povoadas da Amazénia, destacando-se, apenas, como adensa- mentos populacionais: a cidade de Itaituba, sede do municipio de mesmo nome, e situeda margem esquerda do rio Tapajés, Folha $B.21-X-A; a vila de Jacareacanga, no estado do Paré, Folha SB.21-Y-8; Borba, 8 margem direita do rio Madeira, no estado do Amazonas, Folha SB.21-V-A, € os diversos nicleos de colonizagao da Transamazénica, com destaque para @ Rurd- polis Presidente Médici, no encontro dessa rodo- via com a Santarém—Cuiabé, Folha $B.21-X-B. A érea é constitu(da em mais de 50% por parte central do Craton do Guaporé, imediatamente ao sul da Sinéclise do Amazonas, que ocupa a parte norte e noroeste da Folha, recoberta parcialmente por sedimentos cenozdicos; sedi- mentos fluviais dos diversos cursos d’égua que cortam a érea, integram a configuraco geologica da Folha SB.21 Tapajés. 1.2- OBJETIVOS DO TRABALHO. O Projeto RADAM foi criado com o objetivo de mapear e avaliar, a curto prazo, recursos naturais 26 das reas sotentrional e oriental do Brasil. O mapeamento geolégico da Folha SB.21 Tapaiés, faz parte dessa tentative que se empreende para alcangar niveis mais elevados de conhecimento de Areas prospectaveis, do ponto de vista mine- ral, em grau de reconhecimento. Chegou-se ao ponto de conseguir a visualizago regional que a escala das imagens de radar permite, possibili- tando a selegio de éreas para detalhe. 1,3-METODO DE TRABALHO © levantamento bibliogréfico permitiu um deli- neamento geral da geologia da rea. N&o séo muitos os trabalhos executados e, muito menos, aqueles que podem ser considerados como de integrac&o e, além disso, de pequenas porgBes da 4rea, Alguns podem ser utilizados como de ajuda efetiva em conhecimentos prévios, via de regra, 0s que apresentam trabalhos de fotointerpre- tapdo daquelas porgies. © mapeamento contou com a interpretacdo preliminar das imagens semicontroladas de radar na escala de 1:250.000, usos de faixas de recobrimento e conseqiientemente visdo estere- oscépica, utilizadas também fotos infraverme- tho. Fotografias aéreas convencionais na escala de 1:70.000, de algumas partes isoladas, foram de bom proveito na resolucdo de feigdes estrutu- rais. Esse passo inicial contou com a experiéncia profissional de varios técnicos, alguns dos quais dedicaram-se aos trabalhos de campo. Estes consistiram no estudo e amostragem de pontos pré-selecionados e foram executados com heli- cépteros na quase totalidade; alguns o foram por via fluvial, e a Transamaz6nica e a Santarém- Cuiabé, por via terrestre. A partir dal, & interpretago final das imagens de radar condi- cionou-se @ reverificacdo bibliogrAfica, andlises dos dados colhidos no campo, amparados pela petrografia e pela geocronologia. ‘Assim, estabeleceram-se parémetros para a con- fecgo de um mapa-base. Algumas unidades mapeadas conservam nomes de dreas vizinhas por prioridade; outras ganham personalidade na Folha SB.21 Tapajés, por apresentarem caracte- risticas de homogeneidade litolégica e morfo-es- truturais préprias; algumas aparece agrupadas pela dificuldade de serem individualizadas inter- pret mente. Para estas, conservam-se todos (08 conceitos individuais. © Mapa geol6gico final de reconhecimento da Folha $B.21 Tapajés, € apresentado na escala 11:1,000,000. 2-ESTRATIGRAFIA Em cerca de 80% da érea da Folha $B.21 Tapajés, hé representagdo de rochas de idade pré-Cambriana, constituindo 0 embasamento po- limetamérfico denominado Complexo Xingu; os granitos e granodioritos remobilizados, circulares ou fusdides — Granito Parauari; 0s epimetamor- fitos que formam a Faixa Orogénica Aripuané— Teles Pires, definida no trabalho da Folha SC.21 Juruena, envolvendo as litologias do Grupo Beneficente; 0 vulcanismo fissural explosivo, écido, com efusivas intermedidrias — Formago Iriri; 0s granitos e granéfiros subvulcénicos irculares, cratogénicos, asssociados — Granito Maloquinha; e os sedimentos de cobertura de plataforma representados pelas Formages Goro- ttire e Prosperanga. O restante da érea, quase que totalmente, corresponde a Sinéclise do Amazo- nas, elaborada no fim do Pré-Cambriano .ou limiar do Paleozbico, cuja frago exposta a0 norte da Folha é representada principalmente por sedimentos que vdo do Siluriano ao Carbo- nffero. Ao vuicanismo bésico de natureza tole/- tica, desencadeado no Juréssico-Cretéceo, sobre- pdem-se os sedimentos de cobertura cretacico- -terciérios — Formagdo Barreiras, que agora se estendem predominantemente na drea da siné- lise e, subordinadamente, recobrem areas crat0- nicas, Terragos aluvionérios, antigos e recentes, completam ‘0 quadro geolégico da area (Fi- gura 2). 2.1 - PROVINCIAS GEOLOGICAS As rochas do Complexo Xingu, com mais de 2000 MA, associam-se a metamérficas epizo- nais, dobradas e falhadas do Grupo Beneficente, que se expressa ao sul da érea; 0 vulcanismo 4cido a intermediério, as duas intrus6es grant- ticas, com determinagSes geocronolégicas, ¢ os sedimentos moléssicos de cobertura, constitu- indo a Area Cratdnica do Guaporé, permitindo individualizé-la como provincia geologica. A Sinéclise do Amazonas, as intrusivas bésicas e ‘as cobertures cenozbicas, so es demais provin- cias geoldgicas. 2.1.1 - Area Cratonica do Guaporé Nao se dispdem, na drea, de dados geocronolé- gicos que atestem pertencer 0 Complexo Xingu a0 Ciclo Guriense, mas apenas a0 fecho do Ciclo Transamazénico — (1800-2600 MA). Isso néo invalida a idéia generalizada de sua edificacdo com mais de 2600 MA. Tem-se apenas, como certo, ter sido a amostragem e conseqientes determinagées geocronolégicas — por estratégi-

Você também pode gostar