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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

CLÁUDIA APARECIDA ALVES


ESMAURO ROSA DE REZENDE NETO
FELIPE HENRIQUE SILVA OLIVEIRA
LIDIANE FERNANDES OLIVEIRA
MAURO OSCAR TAFNER NETO
THIAGO NUNES DA SILVA
VANDERSON ANTUNES DE OLIVEIRA

NOVAS TENDÊNCIAS PARA O COMÉRCIO


INTERNACIONAL BRASILEIRO

Ituiutaba
2019
CLÁUDIA APARECIDA ALVES
ESMAURO ROSA DE REZENDE NETO
FELIPE HENRIQUE SILVA OLIVEIRA
LIDIANE FERNANDES OLIVEIRA
MAURO OSCAR TAFNER NETO
THIAGO NUNES DA SILVA
VANDERSON ANTUNES DE OLIVEIRA

NOVAS TENDÊNCIAS PARA O COMÉRCIO


INTERNACIONAL BRASILEIRO

Trabalho apresentado ao curso de Bacharelado em


Administração, da UNOPAR – Universidade Pitágoras
Unopar, como requisito para a conclusão das disciplinas:
Empreendedorismo; Gestão de Projetos; Negócios
Internacionais; Administração da Produção e Logística; e
Seminário Interdisciplinar: Tópicos Especiais I.

Professores: Indiara Beltrame


Alessandra Betrechi de Oliveira
Marilza Aparecida Pavezi
Aleksander Roncon
Márcia Lopes de Moraes Sella

Ituiutaba
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

2 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 4
2.1 MERCADOS ALTERNATIVOS AO MERCOSUL ............................................. 4
2.2 MODAIS DE TRANSPORTE PARA A EXPORTAÇÃO .................................... 6
2.3 GERENCIAMENTO DE RISCOS ...................................................................... 11

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 16


3

1 INTRODUÇÃO

Esta atividade traz como tema “Novas tendências para o comércio


internacional brasileiro”. Teve como referência inicial um estudo de caso da empresa
TecBrasil, que atua no segmento de produtos eletrônicos e que se vê diante da
necessidade de reformulação de suas estratégias de exportação, em face de um
possível cenário de mudanças nas relações comerciais do Brasil no Mercosul.
As disciplinas envolvidas nesta produção textual foram
Empreendedorismo, Gestão de Projetos, Negócios Internacionais, Administração da
Produção e Logística e Seminário Interdisciplinar, cujos conceitos aprendidos nesse
semestre do curso de Bacharelado em Administração fundamentaram as discussões
em tornos dos desafios acadêmicos apresentados.
Além dos conteúdos dessas disciplinas, fez-se necessário um
levantamento bibliográfico em livros, artigos e publicações na internet em torno do
tema aqui discutido, de modo a ampliar a fundamentação das discussões e
apresentar soluções para as seguintes questões: levantamento de potenciais
mercados para a empresa TecBrasil diante do cenário de enfraquecimento das
relações do Brasil com o Mercosul; definição dos modais de transporte para as
exportações aos novos mercados de interesse da empresa, incluindo a escolha dos
Inconterms mais apropriados; e os principais riscos da internacionalização
empresarial e possíveis estratégias de resposta.
4

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 MERCADOS ALTERNATIVOS AO MERCOSUL

A posse do novo governo político no Brasil, em janeiro deste ano de


2019, sinalizou para mudanças significativas com impactos sobre diversos
segmentos da governabilidade, da vida das pessoas e da operacionalidade das
organizações. No âmbito econômico, vê-se a possibilidade de desmonte de
parcerias comerciais internacionais históricas e isso, em primeira análise, representa
a necessidade de mudanças estratégicas por parte das empresas que lançam mão
da exportação.
Quando o agora Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em
entrevista em outubro de 2018, que “O Mercosul não será uma prioridade no
próximo governo” (RUIC, 2018, p.1), isso provocou uma atmosfera de incertezas
quanto ao relacionamento comercial do Brasil com os países que compõem esse
bloco. Uma aliança construída na perspectiva de ampliar as relações comerciais
agora dava sinais de enfraquecimento que poderia comprometer o próprio
desenvolvimento dos países envolvidos.
Noutro momento da entrevista, Paulo Guedes justificou seu
posicionamento dizendo que “o Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas”, o
que em sua visão seria ruim para a economia. E continuou: “não vamos quebrar
nenhum relacionamento. Se eu só vou comercializar com a Venezuela, Bolívia e
Argentina? Não. Nós vamos comercializar com o mundo, serão mais países. Vamos
fazer negócio” (RUIC, 2018, p.1).
Por um lado, as declarações do Ministro poderiam soar como
negativas para boa parte das empresas brasileiras que construíram alianças
comerciais com os países do Mercosul e, por outro lado, podem significar uma
movimentação positiva na construção de alianças com outros países mundo afora,
ampliando mercados e aumentando as exportações. O que de fato vai acontecer
dependerá da execução das políticas econômicas pelo governo e, sobretudo, da
capacidade das empresas de adequarem suas estratégias de negócios nesse novo
cenário que se constrói.
Endossando as mudanças que viriam pela frente em relação ao
Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro, durante encontro aqui no Brasil com o
5

presidente da Argentina, Maurício Macri, defendeu o que chamou de Mercosul


“enxuto”, fazendo referência à necessidade de mudanças nos acordos comerciais de
modo a torná-los com “sentido e relevância”. O presidente ainda criticou o atual
modelo, que também tachou como de “viés ideológico” (GAMBA et. al., 2019, p.1).
Estas ponderações, alinhadas ao que fora dito por Paulo Guedes, deixam evidente
que alterações seriam feitas nos tratados comerciais do bloco, impactando toda uma
cadeia produtiva e exportação.
Trazendo para esta discussão a empresa TecBrasil, objeto do
estudo de caso aqui analisado, tem-se que o seu segmento de atuação – produtos
eletrônicos – representa 20% do volume total das exportações do Brasil para o
Mercosul, uma marca considerável. E no caso específico da empresa, 80% dos seus
produtos são comercializados nesse mercado, o que significa que os negócios
nacionais impactam em menor nível no conjunto global das suas transações
comerciais. Portanto, o enfraquecimento do Mercosul exigirá da TecBrasil a revisão
de suas estratégias, quer seja ampliando suas negociações no âmbito nacional, ou
buscando novos mercados para seus produtos, para além dos países do bloco.
Considerando a primeira alternativa, ou seja, ampliar as negociações
no mercado nacional, diante do cenário que se constrói e levando em conta o
contexto de negócios da TecBrasil, é interessante que ela invista na diversificação
das regiões geográficas para a comercialização de seus produtos, buscando
aumentar a participação do mercado nacional no contexto global de negócios do
empreendimento. Uma elevação, por exemplo, para 40%, já minimizaria os impactos
das mudanças que estão por vir em relação ao Mercosul.
Percebe-se como viável esta estratégia quando se leva em conta os
dados do setor no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Euromonitor International,
publicada pela EletroExpo (2016), mostra que entre os anos de 2010 e 2015, o
segmento cresceu 38,5% em volume de vendas, colocando o Brasil como 4º maior
mercado consumidor de eletrônicos do mundo, encerrando o período com mais de
117,5 milhões de unidades vendidas.
A TecBrasil, por questões estratégicas e de mercado, tem como
prioritário o comércio de seus produtos via exportação. No entanto, na eminência de
mudanças nas relações comerciais do Brasil com o Mercosul, é chegado o momento
de a empresa analisar a viabilidade de aumentar sua participação no mercado
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nacional, na tentativa de reduzir a dependência em relação aos acordos comerciais


do país com o bloco formado por países da América do Sul.
Sendo assim, a TecBrasil pode iniciar a reformulação de suas
estratégias buscando por mercados alternativos aqui mesmo em território nacional,
tentando aumentar a participação das vendas internas de 20% para 40%,
preparando-se para o possível enfraquecimento das relações do Brasil com o
Mercosul. Já com relação ao mercado externo, que continuará representando o
maior volume de negócios realizados pela empresa, possibilidades podem ser
encontradas junto aos países da União Europeia. À propósito, segundo matéria
publicada no jornal O Globo, de autoria de Gamba et. al. (2019), o Brasil avançou
muito com Jair Bolsonaro nas negociações entre Mercosul e União Europeia,
sinalizando um futuro promissor para as exportações brasileiras.
Portanto, mercados alternativos para os produtos da TecBrasil, no
âmbito das exportações, podem ser a Alemanha, Itália e Países Baixos, que já
figuram dentre os 10 maiores parceiros comerciais do Brasil (GLOBAL JR, 2018).
Com o fortalecimento das relações comerciais do país com a União Europeia estes
mercados serão fortalecidos e a empresa poderá diversificar, com grandes chances
de sucesso, suas exportações para além do Mercosul.
Considerando que a TecBrasil possui experiência em negociações
com o Mercosul, precisará considerar novas estratégias para a inserção de seus
produtos nos mercados da União Europeia, o que vai exigir a observância dos
acordos comerciais e mecanismos para a exportação propriamente ditos, dentre eles
modais de transporte e trâmites de exportação. Esse assunto segue discutido na
seção seguinte deste estudo.

2.2 MODAIS DE TRANSPORTE PARA EXPORTAÇÃO

A decisão por explorar mercados externos deve ser precedida de


uma série de análises, que vão desde o conhecimento das preferências do público-
alvo nos países de destino dos produtos, passando pela produção em concordância
com essas preferências, até o cumprimento de todos os trâmites para a exportação,
incluindo a definição dos modais de transporte que melhor responderão à estratégia
de exportação.
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Tais considerações remetem ao que se convencionou denominar de


internacionalização de empresas que, numa abordagem simplificada, significa a
atuação comercial para além das fronteiras nacionais, levando em conta todos os
aspectos estratégicos, técnicos e operacionais envolvidos no processo. Numa visão
prática, internacionalizar pode se configurar numa oportunidade para a ampliação
dos negócios da empresa que toma essa decisão. Com isso, deixa de limitar-se às
fronteiras geográficas do país e passa a operar noutras nações onde identificar
mercado para seus produtos.
Por definição, embora pareça redundante afirmar, exportação
significa a venda de mercadorias ou serviços para o mercado externo, isto é, para
outros países mediante acordos comerciais firmados nesse sentido, que podem ser
entre o país de origem e o de destino, onde as organizações aproveitam desses
acordos como facilitadores do processo; como também diretamente entre a empresa
exportadora e seus compradores nas nações destinatárias (PETER; CERTO, 2005).
A empresa que decidir pela exportação de seus produtos pode atuar
no mercado externo de diferentes maneiras, desde que o empreendimento se
posicione em conformidade com a realidade do país de destino sem, contudo,
desconsiderar sua própria realidade, de modo a se posicionar estrategicamente da
forma que mais lhe proporcione retorno. Decidir exportar não é uma decisão
simples, apesar de significar o reposicionamento da empresa, desta vez, a nível de
mercados globais.
De início, segundo Porter (2004), a primeira incursão de uma
empresa no exterior envolve exportação ou licenças e, somente depois de adquirir
certa experiência internacional poderá a organização considerar a possibilidade de
aplicar investimentos diretos nos países para os quais têm interesse comercial. A
TecBrasil detém dessa experiência, adquirida em suas transações no Mercosul, que
podem ser decisivas nesse momento de busca por mercados alternativos fora do
bloco. Além de buscar por esses mercados, pode decidir por investir nos países de
interesse e implantar pontos fixos para a distribuição de seus produtos.
O importante a considerar, tanto em relação a TecBrasil, quanto em
relação a qualquer outra empresa que admite a possibilidade de internacionalizar-se,
é que atualmente isso não é somente uma opção, é praticamente uma condição
para a sobrevivência num mercado cada vez mais globalizado e altamente
competitivo. Se a empresa não se internacionalizar para ganhar competitividade,
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terá que competir com organizações internacionais que, por ventura, se instalarem
no país ou que comercializarem seus produtos por aqui.
Reforçando esse ponto de vista, cita-se aqui Silber, Lima e
Vasconcellos (2006, p.101) que afirmam que:
[...] participar ou não da globalização não é uma escolha, dadas às
mudanças irreversíveis no ambiente internacional. Na era da tecnologia de
informação, é impossível um país isolar-se do mercado mundial, a não ser a
um custo social muito elevado. Portanto, não há outro caminho para as
empresas a não ser participar desse mercado globalizado.

Nota-se que a globalização impôs muitos desafios às empresas, e


um deles é a adesão ao mercado internacional, tanto na venda de seus produtos
para o exterior, quanto na aquisição de produtos e matéria-prima. Sendo assim,
pode ser nocivo para a organização situar-se alheia ao fenômeno da globalização e
decidir por não participar desse mercado quando as circunstâncias e cenário
econômico o definirem como estratégia de sobrevivência e, ou, de ampliação dos
negócios.
Sob essa perspectiva, trazendo para as discussões nesta seção o
caso da TecBrasil, que comercializa produtos eletrônicos e tem nos países do
Mercosul os principais destinatários de sua produção, a empresa se viu diante do
desafio de buscar mercados alternativos em face de um horizonte de possíveis
mudanças nas relações comerciais do Brasil com os países da América do Sul. Em
face disso, decidiu-se como mercados alternativos a Alemanha, no Continente
Europeu, e o México, no Continente Norte Americano. Sobre estes destinos,
discorrer-se-á sobre o Incoterm que será utilizado. Antes, porém, decidiu-se abordar
os Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS) em sua caracterização geral
para, então, indicar o mais apropriado para o caso da empresa estudada.
Conforme publicação feita pelo Banco do Brasil (BB, 2015, p.1), a
Câmara de Comércio Internacional (CCI) criou, em 1936:
[...] regras para administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos
internacionais firmados entre exportadores e importadores concernentes à
transferência de mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à
responsabilidade sobre perdas e danos.

Essas regras foram denominadas de Incoterms que, desde sua


criação, passou por diversas modificações de modo a adaptar-se às mudanças nos
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contextos comerciais e políticas econômicas. Atualmente, há a divisão em 13


Incoterms separados em quatro grupos, a saber:

 Grupo E:
 EXW – Ex Works: o produto é entregue no estabelecimento do
vendedor, no local por ele designado. O comprador então recebe a
mercadoria no local em que foi produzida, na data acordada. Nessa
classificação as despesas e riscos ficam a cargo do comprador, desde
o local da retirada até o local do destino final. O vendedor aqui tem
poucas obrigações e responsabilidades (BB, 2015).
 Grupo F:
 FCA – Free Carrier: Franco Transportador ou Livre Transportador.
Nesse caso a obrigação do vendedor se encerra quando a mercadoria
é entregue, desembaraçada para a exportação, ficando à custódia do
transportador designado pelo comprador. O desembaraço aduaneiro
fica a cargo do vendedor (BB, 2015).
 FAS – Free Alongside Ship: Livre no Costado do Navio. Nesse caso o
vendedor tem como obrigação dispor a mercadoria ao lado do costado
do navio no cais do porto de embarque, ou em embarcações de
transbordo. O desembaraço também é de responsabilidade do
vendedor (BB, 2015).
 FOB – Free on Board: Livre a Bordo do Navio. O vendedor assume os
riscos de colocar a mercadoria a bordo do navio indicado pelo
comprador, no porto indicado. Também cabe ao vendedor o
cumprimento de todas as formalidades da exportação. Esta é a
classificação mais utilizada nas exportações brasileiras (BB, 2015).
 Grupo C:
 CFR – Cost and Freight: Custo e Frete. Ficam por conta do vendedor
as despesas de embarque da mercadoria, frente até o ponto de destino
e formalidades de exportação. Para o comprador, ficam os riscos e
danos a partir da colocação da mercadoria no navio, que deverá
contratar e pagar o seguro e demais gastos de embarque. Este termo
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só pode ser utilizado para transporte marítimo ou fluvial doméstico (BB,


2015).
 CIF – Cost, Insurance and Freight: Custo, Seguro e Frete. Cláusula
universalmente utilizada em todas as despesas até a chegada da
mercadoria no porto de destino, e correm por conta do vendedor.
Ficam para o comprador a partir do embarque, bem como, fica sob sua
responsabilidade as despesas de desembarque, impostos, taxas e
direitos aduaneiros (BB, 2015).
 CPT – Carriage Paid To: Transporte Pago Até. O vendedor assume o
frete até o local de destino e o comprador, os riscos por perdas e
danos a partir do momento em que a transportadora assume a
custódia das mercadorias. Este termo pode ser utilizado em qualquer
forma de transporte, inclusive multimodal (BB, 2015).
 CIP – Carriage and Insurance Paid to: Transporte e Seguro Pagos até.
O frete fica a cargo do vendedor até o destino; os riscos e danos são
de responsabilidade do comprador a partir do momento em que a
transportadora assume a custódia da mercadoria. Este termo também
pode ser usado em qualquer forma de transporte, inclusive multimodal
(BB, 2015).
 Grupo D:
 DAF – Delivered At Frontier: Entregue na Fronteira. A mercadoria é
entregue em um ponto antes da fronteira alfandegária desembaraçada
para exportação, porém, não desembaraçada para importação. Assim,
a partir deste ponto o comprador assume as despesas, perdas e danos
(BB, 2015).
 DES – Delivered Ex-Ship: Entregue no Navio. O vendedor despacha a
mercadoria, não desembaraçada, no navio, no porto de destino
designado, a disposição do comprador. Até que a mercadoria chegue
ao destino, perdas e danos são de responsabilidade do vendedor (BB,
2015).
 DEQ – Delivered Ex-Quay: Entregue no Cais. O vendedor entrega a
mercadoria, não desembaraçada, ao comprador no porto de destino.
As despesas de entrega até o desembarque no cais são por conta do
vendedor. Para o comprador, ficam as despesas de desembaraço e o
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pagamento de todas as formalidades, taxas e demais despesas de


importação (BB, 2015).
 DDU – Delivered Duty Unpaid: Entregue Diretos Não-pagos. É a
entrega da mercadoria no país comprador, descarregadas. Nesse
caso, os riscos e despesas até a entrega são por conta do vendedor,
exceto o pagamento de direitos, impostos e demais despesas de
importação (BB, 2015).
 DDP – Delivered Dut Paid: Entregue Direitos Pagos. O vendedor
assume todos os termos de negociação até a disponibilização da
mercadoria no país importador, no local indicado e desembaraçada
para importação. Não é de sua responsabilidade, portanto, o
compromisso de efetuar o desembarque. O vendedor assume todos os
riscos e custos até a entrega da mercadoria. Este termo é considerado
o máximo de obrigação do vendedor (BB, 2015).

Feitas estas considerações, com relação ao processo logístico, o


Incoterm mais adequado a ser empregado nas transações comerciais pretendidas
pela TecBrasil, nessa sua busca por mercados alternativos, é o DDP – Delivered Dut
Paid. A definição por esse Incoterms levou em conta alguns aspectos, o principal
deles a intenção da TecBrasil em conquistar outros mercados, portanto, nessa
exportação assumindo todos os termos da negociação como alternativa para a
conquista de mercados. Tais Incoterms se aplicam bem para as exportações para a
Alemanha, no Continente Europeu, e o México, no Continente Norte Americano.
Os modais envolvidos serão o rodoviário, até os locais de embarque,
e o marítimo com a destinação para os países onde os produtos serão
comercializados junto aos parceiros comerciais ou diretamente com os
compradores.

2.3 GERENCIAMENTO DE RISCOS

Partindo do princípio de que riscos podem ser definidos como


qualquer ocorrência que pode modificar o resultado de uma atividade, ou projeto, ou
delimitação de estratégias, pode-se compreender o gerenciamento de riscos como
sendo a ação que visa aumentar a probabilidade e impacto de eventos positivos,
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reduzindo a probabilidade de eventos negativos (MULCAHY, 2007 apud MACHADO


FILHO, 2012).
Assim, conforme descrição do PMBoK (2008 apud MACHADO
FILHO, 2012), a implementação de um projeto, especialmente envolvendo
estratégias organizacionais, carrega em si riscos que são as incertezas sobre
eventos ou condições que podem acontecer e trazer impactos positivos ou negativos
em relação aos objetivos do projeto. Nesse entendimento, ainda segundo o autor:
[...] o gerenciamento de riscos do projeto deve tratar os eventos de riscos
que apresentam maiores impactos e probabilidades de ocorrência, visando
maximizar a ocorrência de eventos de impacto positivo e minimizar os de
impacto negativo. A teoria de probabilidades tem papel fundamental para o
gerenciamento de riscos, representando uma ferramenta capaz de apoiar
matematicamente o processo de análise.

A partir do gerenciamento de riscos a empresa consegue se


antecipar aos eventos que podem impactá-la negativamente e propor alternativas de
enfrentamento antes que o evento ocorra. Com esta atitude, além de antever tais
intercorrências, a empresa elabora um plano de ação que será requerido frente a
ocorrência do fato, minimizando seus impactos negativos e potencializando aspectos
positivos que podem se configurar em oportunidades em face de crises
circunstanciais.
Deste modo, dentre os principais riscos da internacionalização
empresarial, Oliveira Júnior (2014) destaca, segundo Cavusgil, Knight e
Riesenberger (2010): risco intercultural, risco cambial, risco-país e risco comercial. A
figura 1 ilustra esses riscos e seus fatores de incidência.

Figura 1: Quatro riscos de negócios internacionais.


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Fonte: Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010).


Descritivamente, o risco intercultural diz respeito a uma situação ou
evento em que incide uma má interpretação cultural e isso acaba por colocar em
cheque alguns valores culturais do país de destino das exportações. O risco
cambial, também chamado de risco financeiro ou risco monetário, relaciona-se ao
risco de incidência de flutuações adversas nas taxas de câmbio, impactando na
percepção de retorno financeiro da exportação. O risco-país, por sua vez, também
denominado de risco político, são efeitos que impactam na lucratividade da empresa
em decorrência de desdobramentos nos ambientes político, jurídico e econômico do
país estrangeiro. Esse risco inclui as intervenções governamentais sobre a política
econômica e as regras de importação/exportação. Por fim, o risco comercial é a
possibilidade de risco ou fracasso da empresa quando de sua atuação em ambiente
externo, e decorre de estratégias, táticas e procedimentos mal formulados ou mal
implementados (OLIVEIRA JÚNIOR, 2014).
Considerando estes riscos, os que mais preocupam as empresas
nacionais são o risco comercial, risco monetário e risco-país. Estes riscos são
percebidos pelos empresários que decidem pela internacionalização como
preponderantes das análises das estratégias para a exportação de seus produtos.
Conforme descritos no parágrafo anterior, cujos apontamentos permitem inferir
sobre as razões de esses riscos preocuparem tanto as empresas nacionais, segue
algumas estratégias de respostas a esses riscos:
 Risco comercial: para enfrentar esse tipo de risco a empresa deve analisar
suas estratégias comerciais e ponderar sobre sua política de preços em
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relação à realidade do mercado de interesse. Discordâncias quanto à


concorrência local podem interferir negativamente no volume de vendas e
isso impactar nas estratégias de exportação. Portanto, em caso de
adequação de preços estiver, a priori, acima da capacidade da empresa em
razão de seus custos produtivos e de exportação, a alternativa é buscar
formas de alcançar a excelência na gestão de custos de modo a conseguir
competir com as empresas locais, no país de destino.
 Risco monetário: Como esse risco decorre de flutuações adversas na taxa de
câmbio, ações de respostas fogem da competência estratégia da empresa.
Sendo assim, uma alternativa pode ser a antecipação dessa incidência
mediante análise permanente das políticas econômicas do país de destino e,
com isso, mesmo que haja redução na percepção de lucros em face das
flutuações cambiais, a empresa pode absorver sem grandes danos esses
lucros menores do que o planejado. Seria uma forma de minimização de
resultados abaixo do esperado, e não a aceitação de prejuízos financeiros, já
que estes últimos inviabilizariam a continuidade da parceria comercial.
 Risco-país: Este risco também foge da competência de controle da empresa e
está relacionado às políticas de governabilidade, especialmente, as
intervenções sobre a política econômica e de exportação/importação. Inclui o
excesso de burocracia e mudanças na legislação. Para amenizar os efeitos
desse risco e, ou, se preparar para sua incidência, a estratégia é basear-se
nos indicadores internacionais de risco-país como primeira ação antes da
decisão de investir na exportação. É mais uma ação preventiva do que,
propriamente, de enfrentamento.

Por fim, resta concordar com os autores, dentre eles Peter e Certo
(2005) e Porter (2004), que defendem a adesão à globalização como condição de
sobrevivência no atual cenário de alta competitividade, inclusive internacional. Neste
contexto, a internacionalização empresarial é a estratégia de resposta para a
conquista de mercados no exterior, ampliando as possibilidades de negócios do
empreendimento e aumentando seu faturamento e sua capacidade competitiva.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os conhecimentos requeridos no desenvolvimento desta atividade


estimularam o pensamento crítico sobre mudanças em estruturas organizacionais e
nos modelos de gestão, que geralmente ocorrem em momentos de dificuldades
enfrentados pelas empresas. Pode-se aprender que a implementação de um projeto
de mudanças perpassa etapas essenciais até sua consecução e que, ao longo do
caminho, o gestor poderá enfrentar dificuldades para conseguir colocar sua ideia
como possível de ser executada.
No caso específico da empresa objeto deste estudo, além do
aprendizado citado no parágrafo anterior, teve-se a oportunidade de conhecer um
pouco mais sobre o mercado internacional e os pressupostos que envolvem o
processo de exportação de produtos. Considerando a globalização, tal aprendizado
é substancial para a eficiência da prática profissional em Administração, face às
novas configurações de gestão que as empresas vêm adotando para se manterem
competitivas.
Portanto, esta atividade consolidou os conhecimentos aprendidos
nas disciplinas deste semestre acadêmico e ampliou a percepção de estratégia
diante de situações adversas, como a enfrentada pela empresa TecBrasil, frente à
possibilidade de enfraquecimento das relações do Brasil com o Mercosul, exigindo a
16

tomada de decisões para a manutenção dos negócios. Foi, deste modo, um


aprendizado substancial que resultou em qualificação para o exercício da gestão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BB. Banco do Brasil. Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS). 2015.


Disponível em <https://www.bb.com.br/docs/pub/dicex/dwn/IncotermsRevised.pdf>.
Acesso em 12 de março de 2019.

CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John R. Negócios


Internacionais: Estratégia, Gestão e Novas Realidades. São Paulo: Editora
Pearson, 2010.

ELETROEXPO. Brasil: 4º maior mercado consumidor de eletrônicos do mundo.


2016. Disponível em <http://eletroexpo.com.br/news/brasil-4o-maior-mercado-
consumidor-de-eletronicos-do-mundo/>. Acesso em 20 de março de 2019.

GAMBA, Karla et. al. Após encontro com Macri, Bolsonaro defendo Mercosul
“enxuto”. O Globo, publicado em 16 de janeiro de 2019. Disponível em
<https://oglobo.globo.com/economia/apos-encontro-com-macri-bolsonaro-defende-
mercosul-enxuto-23376425>. Acesso em 16 de março de 2019.

GLOBAL JR. Os 10 maiores parceiros comerciais do Brasil de 2018. Disponível


em <https://globaljr.espm.br/os-10-maiores-parceiros-comerciais-do-brasil-de-
2018/>. Acesso em 08 de março de 2019.

MACHADO FILHO, Edson Silva. O importante papel do Gerenciamento de


Riscos na Gestão de Projetos. [Monografia – Especialização em Gestão de
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OLIVEIRA JÚNIOR, Moacir de Miranda. Gestão de negócios internacionais. 2014.


Disponível em <http://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1034219>.
Acesso em 25 de março de 2019.

PETER, J. Paul; CERTO, Samuel C. Administração Estratégica: planejamento e


implantação da estratégia. São Paulo: Pearson, 2005.

PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e


da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

RUIC, Gabriela. Paulo Guedes diz que Mercosul não será uma prioridade. Isso é
ruim?. EXAME ONLINE, publicado em 31 de outubro de 2018. Disponível em
<https://exame.abril.com.br/mundo/paulo-guedes-diz-que-mercosul-nao-sera-uma-
prioridade-isso-e-ruim/>. Acesso em 07 de março de 2019.

SILBER, Simão; LIMA, Miguel; VASCONCELLOS, Marco Antônio. Gestão de


negócios internacionais. São Paulo: Saraiva, 2006.

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