Você está na página 1de 29

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS
FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ADOLESCÊNCIA, SEXUALIDADE E GRAVIDEZ NO


ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA EXPERIÊNCIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA DESENVOLVIDA POR MEIO DE
UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO INVESTIGATIVO

Vania Marçal Cristo


Manoel Augusto Polastreli Barbosa

Pinheiros – Espírito Santo

2021
VANIA MARÇAL CRISTO
MANOEL AUGUSTO POLASTRELI BARBOSA

ADOLESCÊNCIA, SEXUALIDADE E GRAVIDEZ NO


ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA EXPERIÊNCIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA DESENVOLVIDA POR MEIO DE
UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO INVESTIGATIVO

Trabalho apresentado como requisito


parcial para a Conclusão do Curso de
Especialização em Ensino de Ciências
nos anos finais do Ensino Fundamental –
C10 - do Centro de Ciências Humanas e
Naturais da Universidade Federal do
Espírito Santo.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________
Prof. Drª. Andréia Ferreira Costa
UFES

______________________________________
Prof. MS. Adriano Lucena de Góis
UERN

______________________________________
Prof. MS. Manoel Augusto Polastreli Barbosa
UFES

Pinheiros, ____ de____________ de 2021


Aos meus pais, filha, esposo e todos da família que, com muito carinho e apoio, não
mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, que deste- me força e coragem para vencer todos os
obstáculos, permitindo saúde e determinação para não desanimar.
Ao meu querido professor Manoel por ter sido meu orientador e dedicado seu tempo
com zelo e profissionalismo, amizade e conselhos para não desistir.
Aos meus pais Rosenilda e Wantuil que me incentivaram nos momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste
trabalho.
A minha filha Isa Bela que sempre esteve comigo, pelo amor incondicional e apoio
demonstrado ao longo desse período e ao bebê que ainda gero em meu ventre que
mesmo com muito sono e enjoo sigo firme na luta para um futuro melhor para meus
dois grandes amores.
Ao meu esposo Genivaldo, pelo apoio e ajuda compreendendo minha falta em
muitos momentos da realização do meu trabalho.
A minha amiga/irmã Keila que esteve presente ao meu lado ajudando-me nas
formatações e apoiando no decorrer do curso.
Aos pais e alunos que contribuíram com o questionário para um melhor aprendizado
e desenvolvimento desse trabalho.
CRISTO, VANIA MARÇAL & BARBOSA, MANOEL AUGUSTO POLASTRELI.
ADOLESCÊNCIA, SEXUALIDADE E GRAVIDEZ NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA
EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA DESENVOLVIDA POR MEIO DE UMA
SEQUÊNCIA DE ENSINO INVESTIGATIVO. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, 2021.

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo desenvolver uma Sequência de Ensino


Investigativo abordando a temática “Adolescência, Sexualidade e Gravidez” em uma
turma de 8º ano do ensino fundamental de anos finais da uma escola municipal do
município de Boa Esperança, ES. Adotou-se a metodologia de pesquisa,
bibliográfica, qualitativa, descritiva e exploratória, a qual almeja através do
posicionamento de alguns teóricos abordar a importância da Educação Sexual nas
famílias e nas escolas. Destaca-se que os resultados obtidos através dos
questionários aplicados que mesmo com várias famílias dando importância a
conversa com seus filhos eles ainda tem dúvidas sobre diversos assuntos
relacionados a sua sexualidade. Deste modo, concluísse que é relevante para as
aulas de Ciências o desenvolvimento de aulas expositivas e abertas destacando a
Educação Sexual o qual será capaz de contribuir de forma positiva ao processo de
ensino-aprendizagem dos alunos.

Palavras chaves: adolescência; famílias; escola; educação sexual.


SUMÁRIO

RESUMO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 01
2 OBJETIVOS.................................................................................................... 03
3 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 04
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 10
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 12
6 CONCLUSÃO................................................................................................. 13
7 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 15
8 ANEXOS ........................................................................................................ 17
1 INTRODUÇÃO

A sexualidade normalmente manifesta-se na adolescência, por meio da


masturbação praticada por meninos e meninas. Nessa fase há uma evolução sexual,
quando o conhecimento e o desenvolvimento do Sistema reprodutor estimulam a
prática do sexo e leva à escolha de um parceiro. De início, de forma tímida e
superficial, mas aos poucos progride no sentido de maior intensidade e busca de
intimidade, tornando o adolescente sexualmente ativo. A iniciação sexual precoce
tem sido motivo de preocupação da família e da área de saúde (ARAÚJO, 2003).
A imaturidade dos jovens no início de sua vida sexual ocorre devido à falta de
orientação segura por parte de todos os responsáveis pela educação do adolescente
nos diferentes espaços. Tal procedimento tem ocasionado graves consequências
tanto físicas quanto psíquicas e tem levado em número crescente de casos, à
gravidez indesejada, à promiscuidade sexual e ao aborto (ARAÚJO, 2003;
HABERMAS, 1989).
A educação sexual deve ser iniciada na família e na escola desde o ensino
fundamental e reforçada nos períodos posteriores, principalmente na adolescência.
Deve ser dada ênfase aos cuidados com higiene do corpo e ao comportamento
sexualmente responsável, com a prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis e com o uso de práticas contraceptivas, além de se abordar outros
pontos, às vezes polêmicos, como masturbação, namoro, aborto, homoafetividade, e
heterossexualidade e atitude pornográfica (BUENO, 2000).
O professor deve propor atividades práticas envolvendo o aluno onde ele
possa observar o seu corpo e fazer análise em relação ao corpo do outro,
percebendo as semelhanças e diferenças existentes e assim ampliando seu
conhecimento sobre o corpo. Para trabalhar com os adolescentes, deve-se criar um
espaço concreto onde eles possam e construam a base de sua personalidade. O
adolescente é um ser ativo em processo de construção, por isso cabe à escola criar
espaços onde ele explore, pesquise e tire suas conclusões, adquira novas
competências em relação ao seu corpo. Diante da situação percebe-se a
necessidade de envolver essa classe, possibilitando o avanço do conhecimento
(BRASIL, 2005; PUIG, 2004).
2

O presente trabalho visa desenvolver uma Sequência de Ensino Investigativo


abordando a temática “Adolescência, Sexualidade e Gravidez” em uma turma de 8º
ano do ensino fundamental dos anos finais de uma escola do município de Boa
Esperança, ES.
A metodologia aplicada neste trabalho é de pesquisa, bibliográfica, qualitativa,
descritiva e exploratória, a qual almeja através do posicionamento de alguns teóricos
abordar a importância da Educação Sexual nas famílias e nas escolas. Foi seguida
três etapas: um levantamento de conhecimentos prévios com uma pesquisa com
questionário onde os alunos e família irão responder de forma objetiva sobre a
educação sexual em família e a partir desse questionário será tabulado dados e
exposição das dúvidas; as aulas foram dialogadas e expositivas utilizando recursos
audiovisuais discutindo a temática de educação sexual com os alunos do 8º ano,
através de roda de conversas e momentos reflexivos; a avaliação do projeto foi feita
pelos alunos em uma roda de conversa onde fizeram a exposição dos pontos
positivos e negativos que puderam apreciar durante todos os estudos realizados.
3

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

 Desenvolver uma Sequência de Ensino Investigativo abordando a temática


“Adolescência, Sexualidade e Gravidez” em uma turma de 8º ano do ensino
fundamental dos anos finais de uma escola do município de Boa Esperança,
ES.

2.2 ESPECÍFICOS

 Analisar através de questionário escrito um prévio conhecimento dos


estudantes do 8º ano do ensino fundamental dos anos finais de uma escola
sobre a educação sexual em suas famílias;
 Promover a aprendizagem dos alunos em relação ao respeito às diferenças
diante da sexualidade, com a finalidade de promover a saúde sexual dos
jovens e garantir o exercício da cidadania no contexto da escola daqueles que
sofrem preconceito por sua orientação sexual e/ou comportamento que foge
dos modelos de gênero dominantes na sociedade;
 Desenvolver através de espaço reflexivo para alunos sobre a importância da
educação sexual na escola para que os educandos superem suas dúvidas,
ansiedades, angústias, quebras de tabus, estimulando a autonomia e
responsabilidade;
 Reunir os educandos do 8º ano ao fim do projeto, através de roda de
conversa para avaliação dos pontos negativos e positivos que eles obtiveram
no decorrer dos estudos.
4

3 REVISÃO DA LITERATURA

O termo sexo designa vários significantes, refere-se à atividade de sensação de


prazer no corpo humano ou em especial nos órgãos sexuais masculino ou feminino,
podendo também significar o ato sexual em si, à relação sexual. Há também a
significação de gênero, homem e mulher, com seus papéis sociais constituídos na
sociedade variando conforme cada cultura.
O ser humano em seu ato sexual envolve muito mais que o ato biológico,
existe sentimentos, histórias familiares, experiências passadas, orientação sexual,
características físicas e até mesmo a espiritualidade de cada um, sendo o que
diferencia o ato sexual humano, do ato sexual dos animais que é apenas biológico.
O conceito de sexualidade também nos remete à compreensão de que o
sexo não pode ser encarado como um ato de puro instinto, pois, como já
vimos, o instinto é um comportamento inato que serve a uma necessidade.
O sexo poderia ser encarado dessa forma, na medida em que serve à
reprodução da espécie, como acontece entre animais. No entanto, como
também já discutimos, o homem distingue-se dos animais pela consciência
de existir e por suas características de ser histórico. Portanto, nele os
aspectos instintivos são mitigados e transformados. Na questão sexual, a
escolha do parceiro é feita muito mais pelo prazer que o objeto da escolha
nos proporciona do que pela pressão da necessidade instintiva de
reprodução. No homem, o prazer refina o instinto de reprodução, passando
a ser mais determinante e fundamental na sexualidade (AMARAL,2007. p.
3).

Se falar de sexualidade é um aspecto do Ser humano, por que ainda é tão


difícil de se conversar sobre o tema. As famílias quase não se falam sobre a
sexualidade com suas crianças e com seus adolescentes e a escola por sua vez fica
com essa responsabilidade de ajudar os jovens a entender suas características e
mudanças que estão ocorrendo em seu corpo e em sua mente.
Para os professores resta enfrentar esse desafio de estimular a discussão do
modelo de sexualidade que a sociedade nos mostra. Em nossos dias atuais dois são
os temas na questão sexual que nos chama a atenção: o aparecimento da AIDS e a
gravidez na adolescência. As duas situações nos mostram aquela aceitação oficial
que, por um lado mostra a liberdade sexual, em outro não fornece as informações
necessárias e não estimula o diálogo sincero e aberto com os adolescentes. É
preciso um debate do papel da sexualidade, o significado das regras sociais
existente em relação a sexualidade, assim, avançaremos para uma nova ordem
5

sexual, que entenda a sexualidade como parte da personalidade dos sujeitos e


como fundamental para o bem-estar individual e interpessoal.

O psicanalista Sigmund Freud (1973), retrata a sexualidade como um instinto


presente desde o nascimento da criança, não se restringindo à noção de erotismo.
Ele apresenta as fases do desenvolvimento psicossexual mostrada na tabela 1:

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

0 a 18 Fase A boca é a região do corpo que


meses Oral proporciona maior prazer. Por esta
razão, a criança leva tudo o que
encontra à boca. É pela boca que a
criança pequena entra em contato com
o mundo. O seio da mãe é o principal
objeto de desejo para a criança. Não
apenas por ser sua fonte de alimento,
mas também por ser a sua forma de
satisfação.

18 meses a Fase O ânus passa a ser a principal fonte de


3 anos Anal satisfação, fase em que a criança
busca obter controle sobre os
esfíncteres. Esta fase sexual é marcada
por uma ambivalência, em que,
adquirindo o controle sobre o processo
de defecação, pode oferecer à mãe o
seu produto.

Inicia-se a noção de higiene. A forma


como a questão da higiene é conduzida
pode influenciar decisivamente a forma
como o indivíduo se portará durante a
fase adulta.

3 a 6 anos Fase
Fálica A atenção da criança é voltada para
a região genital. A criança imagina que
que ambos os sexos possuem pênis.
Onde é possíque que a criança possa
imaginar que as meninas tenham tido
seu órgão arrancado.

Também é neste período que surge o


6

complexo de Édipo. O qual é


presentado por uma forte atração que a
criança apresenta pelo genitor do sexo
oposto, enquanto nutre sentimentos de
amor e ódio pelo genitor do mesmo
sexo.

6 a 11 anos Fase de Período que se estende até o início da


Latência puberdade, a sexualidade da criança
passa por um período de ‘aquietação’.
Esta fase caracteriza-se pela sua
energia libidinal que é deslocada para
atividades socialmente aceitas, como
atividades criativas e escolares.

Após a Fase Ocorre com o início da adolescência e é


puberdade Genital caracterizada por uma retomada dos
impulsos sexuais. Neste período, ocorre
uma forte transição no comportamento
do adolescente, que vivencia a perda
das características infantis. Definindo
então a sua identidade, diferenciando-
se dos pais, para assumir uma
identidade adulta.

TABELA 1 – Fases do desenvolvimento psicossexual

A Sexualidade é da personalidade de todo ser humano, sendo que o


desenvolvimento total depende da satisfação das necessidades humanas básicas:
desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor. É
edificada através da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais, sendo
essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.
7

Ao falar da sexualidade humana vamos nos aprofundar sobre os


adolescentes, a puberdade, um período que o adolescente tem grandes descobertas
e grandes frustrações e a educação sexual familiar e escolar.
A puberdade é um período bastante complicado para os adolescentes, sendo
ao mesmo tempo uma grande descoberta, um pouco de confusão e até mesmo uma
fase de irritação. Normalmente os pais são as principais vítimas dessas irritações,
pois essa fase de transição entre infância e adolescência e suscetível a muito
estresse, aparecem problemas emocionais e muitas vezes de comportamento, pois
os adolescentes não sabem lidar com esses sentimentos e novas sensações e
reagem de forma impulsiva e inconsequentes.

Figura 1 – Mudanças no corpo adolescente


SITE: https://www.todamateria.com.br/puberdade/ Acesso em 16 de julho de 2021.
A fase da puberdade acontece entre 10 a 17 anos, podendo variar entre os
adolescentes. As meninas sofrem essas mudanças mais cedo que os meninos,
sendo mudanças físicas, hormonais e sexuais, que são visivelmente percebidas. Os
órgãos genitais desenvolvem devido a produção de hormônios sexuais. Nesse
período ocorrem também alterações neurológicas, cognitivas, sociais e psicológicas,
fazendo assim o adolescente a se comportar de maneira inusitada e não sabendo
administrar tantas mudanças em seu corpo e mente.
Os adolescentes buscam sua identidade e isso causa confusões emocionais
e diversos comportamentos estranhos, como formação de hobbies, panelinhas, por
meio de alguma atividade e pode ocorrer de abandonar o esporte que era paixão de
infância, ter sentimentos de inadequação, se sentir sozinho, baixa autoestima,
8

estresse, vergonha de ser magra ou gorda, medo das responsabilidades. Toda essa
mudança traz confusão aos pais e responsáveis desse adolescente.
O jovem nessa fase caminha em busca da vida adulta e assim, a vida social
começa a ser movimentada, as tomadas de decisões são assumidas levando em
consideração a opinião alheia, a forma de se vestir, novos interesses são mudados
devido a influência exterior.
É uma fase que alguns problemas podem ser tornar típicos entre os
adolescentes, como:
 Preocupação excessiva com a aparência;
 Baixa autoestima;
 Busca pela sua identidade;
 Necessidade de se igualar aos amigos, mesmo contra sua vontade;
 Depressão, ansiedade e fobias;
 Preocupação com reputação e popularidade;
 Isolamento social;
 Frustração ao não atingir objetivos;
 Desejo de se manter afastado dos pais e familiares;
 Esconder emoções e sentimentos;
 Bullying;
 Sexo ou engajamento em atividades sexuais sem segurança.
Entre todas os problemas citados acima vamos nos atentar ao último tópico,
onde entra a responsabilidade dos pais e responsáveis e da escola em dar a esse
adolescente uma boa educação sexual, para que o mesmo não tenha dúvidas sobre
o assunto e venha cometer grandes erros em sua vida, obtendo como
consequências uma gravidez precoce ou adquirir uma IST (Infecção Sexualmente
Transmissível) com o ato sexual desprotegido.

3.1 EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS

Ao trabalhar a sexualidade na escola não significa falar apenas da relação


sexual, envolve valores, sentimentos, amor, sensações e também formas de se
9

evitar que adquira uma doença. É de suma importância a abordagem do tema para
os adolescentes e jovens, pois eles necessitam de orientações específicas da
família e da escola em que eles estão integrados. Na Lei de Diretrizes e Base da
Educação – LDB de 1996 diz a responsabilidade da família e do estado o dever de
orientar a criança e ao adolescente em seu percurso socioeducacional.
O Art.2º diz é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
[...] Cabe repensar como discursos acerca de sexualidade e gênero se
formaram (e se formam), suas condições de produção e funcionamento nas
diversas instâncias sociais. Numa tentativa de problematizar discursos, que
instauram “verdades absolutas” acerca de sexualidade e gênero, parece
produtivo ressignificar o conceito de Educação Sexual. Embora seja campo
de múltiplas possibilidades, a Educação Sexual está marcada por um
regime de poder-saber que determina ‘como’, ‘com quem’ e ‘onde’ pode ser
vivenciada uma forma de sexualidade, reconhecida histórica e socio
culturalmente como legítima, o que reforça padrões acerca das identidades
sexuais e de gênero disseminados nos distintos espaços educativos
(SOUZA; MEYER; SANTOS, 2019, p. 775).

Os autores SOUZA; MEYER; SANTOS (2019) retrata a Educação Sexual:


Como um campo transdisciplinar, a Educação Sexual representa uma
prática pedagógica e política, que aponta continuidades e rupturas acerca
de “discursos verdadeiros” inventados histórica e socio culturalmente sobre
sexualidade e gênero, sugerindo “pontos de resistências” a partir da
problematização de fundamentalismos e determinismos (biológicos e/ou
culturais, etc.) imersos em mecanismos de poder que produzem
preconceitos, discriminações e segregações. (SOUZA; MEYER; SANTOS,
2019, p.776).

Para MORAES; VITALLE (2012):

A definição legal sobre o exercício da sexualidade segura não é expressa


claramente, os profissionais da área da saúde e educação acreditam que
devam condicionar a assistência à saúde sexual e reprodutiva dos
adolescentes à autorização dos responsáveis legais, porque há insegurança
quanto a riscos de processos judiciais ou acusações de desrespeito.
(MORAES; VITALLE, 2012. p. 49).

A pesquisa de ROHR; SCHWENGBER (2013) relata que as escolas não


possuem projetos que trabalhe a questão de sexualidade e gravidez na
adolescência e quando é feito algum projeto é isolado por um ou mais professores.
Ressalta que as escolas ainda tem receio em falar sobre o assunto, pois temem a
discriminação por incentivar os educandos a vida sexual ativa.
10

Para ALMEIDA(2008) a maternidade durante a fase da adolescência muitas


vezes não é vista pelos adolescentes como um processo negativo, obtendo também
fatores positivos como a concretização de um projeto de vida, a progressão da
infância a fase adulta e um possível reconhecimento social, assim idealizam um
futuro melhor através de um filho.
11

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A implementação do projeto Adolescência, sexualidade e gravidez no ensino


de ciências: uma experiência na educação básica desenvolvida por meio de uma
sequência de ensino investigativo acontecerá em uma escola municipal do município
de Boa Esperança – ES, com a turma do 8º ano do ensino fundamental de séries
finais sendo um grupo de alunos da zona rural do município com faixa etária de 12 a
16 anos e que sentem a necessidade de uma conversa de forma mais clara sobre o
tema.
A pesquisa qualitativa é um método de relação dinâmica e o mundo real e o
sujeito, não se usa métodos e técnicas estatísticas, quem pesquisa analisa dados
indutivamente (GIL, 1999).
Ainda em Gil (1999) a pesquisa descritiva tem a base a pesquisa científica,
com objetivo de descrever algumas características de uma determinada população,
um fenômeno e experiências para realizar o estudo, enfim, é uma pesquisa que
descreve uma realidade de forma imparcial, sem a interferência do pesquisador.
Será elaborado por meio de questionário fechado para sim ou não e levantamentos
de dados. O estudo de caso envolve estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Nos procedimentos técnicos, será utilizada a Sequência de Ensino Investigativo
(SEI) proposta por CARVALHO (2013). A sequência de ensino investigativa (SEI)
pode ser descrita sendo uma sequência de atividades que abrange um tópico do
programa escolar onde cada atividade planejada deve buscar a interação dos
conhecimentos que o aluno traz, sendo os conhecimentos prévios do aluno de modo
que passe do conhecimento espontâneo ao científico, em busca de entender os
conhecimentos já estruturados por gerações anteriores.
As etapas do projeto seguem as seguintes etapas:
 1ª etapa: Foi elaborado um levantamento de conhecimentos prévios
através de uma pesquisa com um questionário onde os alunos e família
irão responder de forma objetiva sobre a educação sexual em família e a
partir desse questionário será tabulado dados e exposição das dúvidas a
serem trabalhadas no decorrer do projeto;
12

 2ª etapa: As aulas foram de forma de aulas dialogadas e expositivas


utilizando recursos audiovisuais discutindo a temática de educação
sexual com os alunos do 8º ano, através de roda de conversas e
momentos reflexivos com a professora de Ciências Vania Marçal Cristo;
 3ª etapa: A avaliação do projeto foi feita pelos alunos em uma roda de
conversa onde irão expressar os pontos positivos e negativos que
puderam apreciar durante todos os estudos realizados.
13

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 13 alunos da turma do 8º ano da escola pesquisa apenas 08 responsáveis


devolveram o termo de consentimento livre e esclarecido e desses apenas 01 se
recusou a responder o questionário, alegando que a aluna não queria participar do
projeto. Entre os alunos que não devolveram o termo assinado 02 são da Educação
Especial, com laudo de Síndrome de Down e Transtorno bipolar e de
aprendizagem.
Dos 07 alunos que responderam ao questionário 100% deles relataram não
terem participado de nenhum curso, seminário, programa ou aula sobre Educação
Sexual fora do ambiente escolar.
Sendo que suas maiores dúvidas são sobre as Doenças Sexualmente
Transmissíveis e os métodos Contraceptivos, sendo que alguns desses alunos não
relataram nenhumas dúvidas exposta no questionário.
Ao serem questionados sobre sua relação com seus familiares, todos relatam
terem uma ótima e boa convivência com os citados. Em resposta a quarta pergunta
sobre uma conversa com os pais ou responsáveis sobre sexualidade 01 aluno
respondeu que mais ou menos existe esse diálogo, sendo uma escrita da própria
aluna na folha do questionário, já que essa resposta não estava escrita pelo
questionador, 04 alunos responderam que os pais conversam com eles sobre
sexualidade e apenas 02 disseram que não tem esse diálogo com os pais.
Dos alunos que responderam que não tem esse diálogo com seus pais e
responsáveis relatam que os pais não veem necessidade desse diálogo. Aos que
responderam que os pais mantem esse diálogo aberto os assuntos citados foram:
Corpo feminino e masculino, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis,
métodos contraceptivos.
14

6 CONCLUSÃO

A educação sexual é um assunto importante relacionado a sexualidade que


deve ser trabalhado no ambiente escolar, mais para que o sucesso seja bom é
necessário a integração família e escola, sendo que é um assunto que não deve ser
trabalhado apenas na escola, mais também no seio familiar, pois é na família que as
pessoas prezam e superam todas e quaisquer dificuldades que possam aparecer
referentes sobre sexualidade, pois é na família se se preza a cultura, os valores e
tradições.
A comunicação entre pais e filhos sobre a sua sexualidade vem diminuindo a
cada dia, pois alguns responsáveis por esses adolescentes deixaram esse papel
para a escola, mesmo sabendo quem muitas famílias hoje já tem o hábito de sentar
com seus filhos e ter um diálogo aberto sobre sexualidade, as mudanças do corpo
adolescente, relação sexual, namoros e outros temas que se encaixam no assunto,
assim, vemos que os riscos com os índices de jovens com IST, gravidez na
adolescência tende a diminuir com essa prática familiar, mais sabemos que não são
todas as famílias que tem essa conversa aberta com os jovens cheios de dúvidas e
vergonhas de questionarem seus pais.
A escola por sua vez pegou uma responsabilidade em realizar programas de
educação sexual e auxiliar esses adolescentes que ainda tem dúvidas e ainda mais
os jovens que não tem o suporte familiar nesse quesito. A instituição escolar aborda
dentro da BNCC os conhecimentos, habilidades e competências sobre adolescência
e sexualidade humana para lidar com os jovens sedentos de orientação e
conhecimento.
A parceria entre a escola e a família deve ser harmoniosa para que seja
desempenhado um bom projeto sobre educação sexual, enfatizando os valores que
as famílias tanto prezam em seu ambiente familiar. Com essa união escola/família
irá permitir que ocorra discussões, debates e troca de ideias sem preconceitos e
crenças.
Dentro dessa união o mais beneficiado será o adolescente que terá uma fase
sem tabus e exercerá sua vida sexual saudável, consciente, autonomia própria e
tomadas de decisões quando ele assim achar oportuno o início de uma vida sexual
ativa.
15

O trabalho de pesquisa nos retrata que na sala de aula pesquisada a grande


maioria dos alunos tem famílias que se preocupam com o seu desenvolvimento
sexual de forma consciente, são pais que tem diálogo aberto com seus filhos, assim
sanando grande parte das dúvidas de seus filhos.
16

7 REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e


documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ALMEIDA. M. C. C. Gravidez na Adolescência e Escolaridade: Um estudo em


três capitais brasileiras.- 174f. Tese (Doutorado). Universidade Federal da Bahia.
Instituto de Saúde Coletiva, 2008.

Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal,
RN: EDUFRN, 2007. 208 p.: il.

ARAÚJO, U. F. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo:


Moderna, 2003.

BRASIL, Base Nacional Comum Curriculares. 2017.

BUENO, Gláucia da Mota. Variáveis de Risco para a Gravidez na Adolescência.


São Paulo/2000.

CARVALHO, A. M. P. Ensino de Ciências por investigação: condições para


implementação em sala de aula. São Paulo: CENCAGE Learning, 2013. 156 p

FREUD, S. Três ensayos para uma teoria sexual. Madrid: Editorial Biblioteca
Nueva, 1973. Tomo II. (Obras completas).

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo


Brasileiro, 1989.

MORAES. S. P. de; VITALLE. M. S. de S. Direitos Sexuais e reprodutivos na


adolescência. In: Revista Associação de Medicina Brasileira. 58(1). 48-52. 2012.

PUIG, J. M. Práticas morais – uma abordagem sociocultural da educação


moral. São Paulo: Moderna, 2004.

ROHR. D. R.; SCHWENGBR. M.S.V. A Escola e “As Barrigas”. In: Revista


Contexto e Educação. Ano 28. n. 90. Maio/Ago. p. 183-206. 2013.
17

SOUZA ,Elaine de Jesus; MEYER, Dagmar Elisabeth Estermann; SANTOS;


Claudiene. EDUCAÇÃO SEXUAL NO CURRÍCULO DE BIOLOGIA: entre
resistências e enfrentamentos à “ideologia de gênero”. Currículo sem
Fronteiras, v. 19, n. 2, p. 770-788, maio/ago. 2019.
18

ANEXOS

ANEXO 1 – Questionário para os estudantes do 8º ano

Nome: _________________________________________
Idade: ____ anos
Sexo: ( ) M ( ) F
Religião: _________________

1. Já participou em algum, curso, seminário, programa ou aula sobre Educação


Sexual fora do ambiente escolar?
( ) Sim ( )Não

2. Você tem dúvidas sobre esses assuntos?


a. Orgãos sexuais Feminino ( ) Sim ( )Não
b. Órgãos sexuais masculino ( ) Sim ( )Não
c. Gravidez ( ) Sim ( )Não
d. Doenças Sexualmente Transmissíveis ( ) Sim ( )Não
e. Métodos Contraceptivos ( ) Sim ( )Não

3. Como é sua relação familiar com:


a. Pai ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo
b. Mãe ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo
c. Irmão ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo
d. Irmã ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo
e. Tios/tias ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo
f. Avós ( ) Ótima ( )Boa ( )Ruim ( ) Péssima ( )Sente Medo

4. Seus pais conversam com você sobre assuntos relacionados a sua


sexualidade?
( ) Sim ( )Não
19

5. Se SIM sobre o que eles conversam com você?


( ) Corpo feminino
( ) Corpo Masculino
( )Gravidez
( ) Doenças Sexualmente Transmissíveis
( ) Métodos Contraceptivos
( ) Outros____________________________
20

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, __________________________________________, de número de CPF


____________, responsável pelo aluno(a) _________________________________,
da EMEIEF “Quilômetro Vinte” autorizo a participação desse educando na pesquisa
“Adolescência, sexualidade e gravidez no ensino de ciências: uma experiência na
educação básica desenvolvida por meio de uma sequência de ensino investigativo”,
conduzida pela pesquisadora Vania Marçal Cristo que será realizada escola
municipal de Boa Esperança – ES, onde seu (sua) filho (a) estuda. Entendo que
neste estudo o aluno irá realizar atividades dentro e fora da escola como objetivo
“propor uma sequência didática direcionada para o ensino da temática “Educação
Sexual na escola”. Sei que vou poder entrar em contato com a Coordenação do
Curso de Especialização em Ensino de Ciências – Anos finais do Ensino
Fundamental, pelo email ead.ensinodeciencias@ufes.br. Ficam claros para mim que
embora mínimos sempre há a possibilidade de pequenos riscos ao participar da
pesquisa bem como o desagrado com algo que alguém diga ou faça. Também tenho
ciência que a pesquisa pode trazer inúmeros benefícios para o aluno, para a escola
e para a sociedade. Sei também há garantia de que as informações e o uso de
imagens (caso necessário) desta pesquisa serão confidenciais, e serão divulgadas
apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos
participantes voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo, sendo
assegurado o sigilo sobre a participação do aluno. Fui informado também que a
pesquisa visa contribuir com o processo de ensino-aprendizagem direcionado a
Educação Sexual na escola. Desse modo, reconheço que fui informado também que
não terei gastos e que minha participação no projeto é voluntária.

Boa Esperança - ES, _____ de _____________ de 2021.

_____________________________________________________
Assinatura do Responsável
21

ANEXO 3
22
23

Você também pode gostar