Infecc6es Cirurgicas e Selecao dos
Antibidticos
A era dourada da terapia antibidtica moderna se iniciou com a descoberta
e a producao em massa da penicilina, em 1941. Desde entao, muitas infeccdes
potencialmente fatais foram prevenidas através do uso dos antibisticos;
entretanto, esses medicamentos comumente sao mal utilizados. Uso
disseminado dos antibidticos profilaticos em pacientes ciruirgicos resultou
em uma menor énfase na assepsia cirirgica e no desenvolvimento de
bactérias resistentes aos antibidticos. Acimulo de bactérias resistentes em
hospitais e o aumento associado as infecgdes bacterianas tém sido
acentuados por procedimentos cirurgicos prolongados e extensos, aumento
da capacidade de invasao de medidas de apoio, hospitalizagao prolongada,
uso inadequado de antibisticos, falta de conformidade com as politicas de
prevencao de infeccao no pés-operatério, aumento da sobrevida de pacientes
geriatricos e debilitados e uso de medicamentos imunossupressores.
Selecdo de antibidticos muitas vezes é baseada no viés preconcebido e na
tradic&o, em vez da flora bacteriana esperada. Antibioticoterapia pode ser
profilatica ou terapéutica. A terapia antibidtica profildtica deve ser usada
quando existe um risco significativo de infeccdo, ou quando a infecciio seria
catastrofica; a selecao de antibidticos profilaticos devera ter como base a flora
bacteriana esperada no tecido-alvo. A escolha dos antibisticos terapéuticos,
idealmente, deve se basear nos resultados da cultura e susceptibilidade. No
entanto, esta é muitas vezes inadequada, devido 4 demora na obtencao de
resultados de cultura, e a selecao inicial é tipicamente baseada na flora
esperada com alteragées posteriores com base na resposta clinica e no
resultado da cultura e sensibilidade. O uso inapropriado pode tornar os
antibisticos ineficazes ou causar morbidade e mortalidade pela toxicidade ou
desenvolvimento de micrébios resistentes.
A sobrevivéncia bacteriana em um hospedeiro depende de viruléncia e
ntimero de bactérias, imunocompeténcia do hospedeiro e fatores da ferida
que desativam as defesas do hospedeiro (p. ex,, existéncia de codgulos de
sangue, tecido isquémico, actimulo de liquido ou material estranho). Aterapia antibidtica bem-sucedida requer uma redugdo do ntimero de
bactérias até o ponto em que as defesas do hospedeiro sejam efetivas. Com a
competente defesa do hospedeiro, sio adequados os agentes bacteriostaticos
que retardam a sintese de proteina ou impedem a replicagio bacteriana
(consulte discussao adiante). No entanto, quando as defesas do hospedeiro
tiverem sido comprometidas, tanto diretamente quanto por causa de fatores
deletérios da ferida, as concentragées bactericidas de antibidticos sao mais
desejaveis.
NOTA ® Alguns antibidticos sao bacteriostaticos em baixas concentragdes
e bactericidas em concentragdes mais elevadas. Se os testes de sensibilidade
tém sido feitos, selecione preferencialmente antibioticos aos quais as
bactérias sejam susceptiveis, independentemente de se tratar de
bacteriostatico ou bactericida.
NOTA ¢ Além do uso de antibidticos apropriados, fatores relativos a
ferida devem ser corrigidos por meio de desbridamento, drenagem ou
remocao de material estranho para alcancar um bom resultado.
MECANISMOS DA AGAO ANTIBIOTICA
Quando os antibiéticos inibem o crescimento de bactérias, eles sto
denominados bacteriostaticos; quando matam as bactérias, sao denominados
bactericidas. A distincao entre a classificacao bacteriostatica ou bactericida
para os antibisticos é relativa e depende da proporcao entre a MBC e a MIC.
A MIC, geralmente expressa em microgramas por mililitro (g/mL ou
mcg/mL), é a concentracao mais baixa de um farmaco que inibe o
crescimento bacteriano no plasma ou no tecido do paciente. A MBC é a
concentracao mais baixa que mata 99,9% das bactérias no plasma ou tecidos.
Os antibiéticos com uma baixa proporcéo MBC/MIC (i.¢., abaixo de 4) sio
classificados como bactericidas porque normalmente se obtém as
concentragées plasmaticas e de tecidos que matam 99,9% das bactérias.
Inversamente, se os farmacos apresentam relacao MBC/MIC alta, pode ser
dificil obter concentracées plasmaticas ou de tecidos que mantenham as
bactérias; tais farmacos sao considerados bacteriostaticos.
O antibiético deve matar as bactérias sem colocar o hospedeiro em risco.
Quando a dose necessdria para matar a bactéria for superior a tolerada pelo
hospedeiro ou & concentracio alcancada no plasma e nos tecidos, a bactériaseré considerada “resistente” a essa substancia. Como a distribuicio dos
antibisticos nos tecidos organicos é variavel, os resultados das culturas e dos
testes de suscetibilidade podem ser enganadores. Por exemplo, uma infeccao
no trato urinario que é “marginalmente sensivel” a um antibiético em
particular, com base nos testes de suscetibilidade, pode ser tratada de modo
bem-sucedido se o antibidtico se concentrar na urina. Inversamente, se a
infeccao envolver o sistema nervoso central (SNC) e se antibidticos
escolhidos nao penetrarem a barreira hematoencefalica, o tratamento
provavelmente nao sera bem-sucedido. Um antibistico eficaz é aquele que
atinge o tecido-alvo em concentracées suficientes para matar ou inibir 0
microrganismo.
Os antibiéticos geralmente sao classificados de acordo com seu mecanismo
de acdo. Eles podem destruir ou alterar a parede celular da bactéria ou inibir
sua sintese ou, ainda, inibir a sintese de proteina ou do dcido
desoxirribonucleico (DNA).
Destruigao das Paredes Celulares da Bactéria
Os antibidticos que inibem a sintese ou promovem a destruicao das paredes
bacterianas incluem os antibidticos com anel B-lactamico (p. ex,, penicilinas,
cefalosporinas, carbapenemos e monobacilar), vancomicina, bacitracina,
polimixina e os medicamentos antifiingicos: nistatina, anfotericina B ¢ os
imidazois. Os B-actamicos atuam unindo-se as proteinas de ligacao da
penicilina (PLPs) na parede celular, danificando a sintese da parede celular.
Isso, por sua vez, reduz sua resisténcia e rigidez, o que leva a uma
permeabilidade maior ¢ lise da célula. Os antibiéticos f-lactamicos tendem a
ser bactericidas.
Aminopenicilinas (i.¢., amoxicilina, ampicilina) sao eficazes contra diversos
microrganismos aerébios Gram-positivos e alguns anaerdbios Gram-
positivos e Gram-negativos. As carboxipenicilinas (p. ex,, ticarcilina) tém
melhores Gram-negativas e espectros anaerdbios do que as aminopenicilinas,
enquanto as ureidopenicilinas (p. ex, piperacilina, mezlocilina) t¢m os
melhores espectros Gram-negativos de todas as penicilinas. A resisténcia &
penicilina é mediada pelas penicilinases bacterianas (um tipo de B-
lactamase), diminuicao da permeabilidade da parede celular para as
penicilinas como resultado da alteracao do tamanho de porinas, e uma
estrutura PBP alterada que resiste a ligaco com penicilina (p. ex,
estafilococos resistentes 4 meticilina). Inibidores penicilinase podem ser
combinados com as penicilinas (p. ex, a amoxicilina ou ticarcilina + acidoclavulanico, ampicilina mais sulbactam, piperacilina mais tazobactam) para
melhorar a sua atividade. As penicilinas sao “dependentes do tempo”, o que
significa que é importante administrar os farmacos com uma frequéncia
suficiente para que MBCs sejam mantidas por 80% do intervalo de
tratamento, de modo a otimizar a sua eficacia.
As cefalosporinas (Tabela 9-1) sao geralmente mais eficientes que as
penicilinas contra bactérias Gram-negativas (p. ex., Enterobacte riaceae), mas
podem ser inativadas pelas cefalosporinases (um tipo de B-lactamase). A
maioria apresenta baixa eficacia contra os anaerébios (a cefoxitina é uma
exce¢do). As cefalosporinas de primeira geracao sao eficientes contra a
maioria dos organismos Gram-positivos e alguns organismos Gram-
negativos. As cefalosporinas de segunda geracaio apresentam maior atividade
contra bactérias Gram-negativas e anaerdbios, mas nao apresentam eficacia
adicional contra organismos Gram-positivos. As cefalosporinas de terceira
geracao sao altamente eficazes contra 90% das bactérias Gram-negativas, mas
geralmente sao menos eficientes contra organismos Gram-positivos que as
cefalosporinas de primeira geracao. Algumas cefalosporinas de terceira
geracdo apresentam espectro Gram-negativo especifico, sendo importante
observar que, somente porque uma cefalosporina de terceira geracao é
efetiva em uma infec¢do em particular, nao significa que outra cefalosporina
de terceira geracao seja eficaz. O ceftiofur é uma cefalosporina de terceira
geracdo com atividade antibacteriana prolongada porque seu principal
metabdlito é ativo; entretanto, ele nao tem amplo espectro de atividade
contra infeccdes Gram-negativas sérias. O cefepima (Maxipime) é uma
cefalosporina de quarta geracao que é impar entre as cefalosporinas, em
virtude de seu amplo espectro de atividade, que inclui cocos Gram-positivos,
bacilos entéricos Gram-negativos e Pseudomonas aeruginosa. Cefovecina é um
injetavel, repositol cefalosporina desenvolvido para o tratamento de bactérias
Gram-positivas, que mantém as concentracées terapéuticas no sangue
(dependendo das bactérias a serem tratadas), durante 7 a 14 dias apés a
injecdo subcutanea. A resisténcia as cefalosporinas é mediada pelos mesmos
mecanismos que causam a resisténcia as penicilinas.
6 TABELA 9-1
Cefalosporinas Comumente Utilizadas em Medicina VeterinariaINowEDO NOME
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snkemencor teed moles
‘Cebveama | Content [ Apovato pentane miegbus por Sepiyiann Sepsis Ta Tigh SC gh dis
PO, Oral; IV, intravenoso; /M, intramuscular; SC, subcutaénea.
“Em vez de fornecer recomendacées para a administragao de medicamentos utilizando 0 formato de duas
‘vezes ao dia (bid) ou trés vezes ao dia (tid) etc., optamos por incluir essa informagao em um formato mais
apropriado, por exemplo, qh (a cada 8 horas), q8-12h (a cada 8-12 horas), q14 dias (a cada 14 dias), etc
O imipenem (Tabela 9-2) e aztreonam sao f-lactamicos antibisticos que sao
altamente resistentes a §-lactamases. Elas sao tao eficazes contra os
organismos Gram-negativos como aminoglicosideos, mas nao so
nefrotéxicas. O imipenem (um carbapenemo) tem o mais amplo espectro
antibacteriano de qualquer antimicrobial sistémico e é eficaz contra a maioria
das espécies bacterianas clinicamente relevantes, incluindo microrganismos
aerébios e anaerébios Gram-negativos e Gram-positivos. Ele nao é ativo
contra estafilococos resistentes a meticilina ou cepas resistentes de
Enterococcus faecium. Devido a sua importancia na medicina humana como
“medicamentos de ultima instancia, ” o uso de carbapenémicos deve ser
restrito a pacientes graves que nao respondem a outros antibisticos (p. 88). O
aztreonam, um monobactam sintético, nao ¢ influenciado pela B-lactamase
bacteriana. Ele é altamente efetivo contra muitos aerébios Gram-negativos,
mas apresenta pouca atividade contra anaerdbios. Esse antibidtico nao
apresenta atividade contra bactérias Gram-positivas e deve ser utilizado em
combinacao com outros farmacos para atingir uma atividade de amploespectro.
6 TABELA 9-2
Dosagens de Antil
Veterinaria
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PO, Oral; IV, intravenoso; SC, subcutaneo; /M, intramuscular; SNC, sistema nervoso central; UTI,
infecgdo do trato urinario; MIC, concentragdo inibitéria minima.
“Para infusdo (injegao de imipenem-cilastatina), administrar durante 20 a 30 min)
"Para injego IM (suspensao), reconstituir com lidocaina a 1%.
‘Quando administrada IV, a enrofloxacina geralmente é diluida e administrada durante 10 a 20 min
Registros recentes sugerem que a enrofloxacina possa ser associada a cegueira em gatos quando s4o
utiizadas doses superiores a 5 mg/kg. Pode ser administrado como uma injegao IV Unica por dia.
SConsiderados os “medicamentos de tiltimo recurso”. Sé devem ser utllizados quando 0 teste de
sensibilidade extenso mostrar que esse medicamento é 0 Unico antibidtico para o qual a bactéria é
sensivel, Veja a discussao sobre "Medicamentos de Ultimo Recurso” no capitulo.
"Doses de até 9-14 mg/kg podem ser administradas uma vez por dia em pacientes de septicemia, por
menos de 7 dias, a fungao renal deve ser cuidadosamente monitorada,
A medida que a dose didria total se aproxima de 50 mg/kg, 0 risco de problemas vestibulares centrais‘aumenta. Quando utilizando doses mais elevadas, é melhor tratar de menos de 2 semanas para evitar
isso.
Inibigado da Sintese de Proteinas
Cloranfenicol, tetraciclina, eritromicina e clindamicina se ligam aos
ribossomos bacterianos, causando uma inibicao reversivel da sintese de
proteinas. Cloranfenicol tem atividade de amplo espectro contra os
estreptococos, estafilococos, Salmonella spp., Brucella spp., Pasteurella spp.,
Ehrlichia spp., Rickettsia spp., anaerdbios, mas tem baixa atividade contra
Pseudomonas spp. E altamente lipofilica e facilmente entra na maioria dos
tecidos (p. ex, CNS, préstata, olho). O farmaco pode causar anemia fatal
idiossincrasica em humanos; mas caninos e felinos geralmente apresentam
apenas anemia leve e transitéria. Embora seja considerado um farmaco
bacteriostatico, cloranfenicol pode ser bactericida se presente em
concentragées adequadas.
As tetraciclinas (p. ex, tetraciclina, oxitetraciclina, doxiciclina, minociclina)
sao eficazes contra diversas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas,
incluindo Clamidia spp., Rickettsias, espiroquetas, Mycoplasma spp., formas
L. bacterianas e alguns protozoarios. Elas geralmente sao ineficazes contra
estafilococos, enterococos, Pseudomonas spp. e enterobactérias. As
tetraciclinas se distribuem bem para a maioria dos tecidos, apesar de nao
alcangarem o SNC, e atingem boas concentracées intracelulares. Produtos
contendo tetraciclinas com quelato de calcio interferem com a absorgao oral.
A ligacao dos farmacos ao calcio pode ser um problema em animais jovens
ou gestantes e pode ocorrer uma descoloracao dos dentes e inibigao do
crescimento ésseo. A doxiciclina é usada mais comumente que a tetraciclina
ou oxitetraciclina, porque tem menos efeitos colaterais, penetra nas células
melhor, tem menor resisténcia desenvolvida para isso, é excretada através da
parede intestinal (em vez dos rins ou do figado), e é mais facil de
administrar. A minociclina é usada principalmente para o tratamento de
infecgées Brucella.
NOTA + As tetraciclinas sao cdusticas, sendo importante que o paciente
beba agua imediatamente apés deglutir um comprimido de tetraciclina (no
caso da doxiciclina, 0 paciente pode ingerir alimentos que nao sejam
derivados do leite). Caso contrario, o comprimido pode se alojar no eséfago
e causar esofagite ou estenose (especialmente em gato:A eritromicina é prontamente absorvida pelo sistema gastrointestinal
superior e se difunde bem através da maioria dos tecidos; entretanto, ela tem
um estreito espectro de atividade e pode estar associada a nduseas e vomitos
devido a sua atividade pré-cinética. Novos derivados incluem a claritomicina
(Biaxin), azitromicina (Zithromax) e diritromicina (Dynabac). A azitromicina
(Tabela 10-2) é ativa contra bactérias aerdbicas (tais como estafilococo,
estreptococo, Helico-bacter spp.) e as anaerdbicas. Ela possui boa atividade
contra Mycoplasma spp., organismos intracelulares (p. ex., Bartonella spp.,
Toxoplasma spp.) e micobactérias atipicas. A absor¢io oral da azitromicina é
alta, sendo bem tolerada. A substancia atinge concentracées teciduais
extremamente altas, sendo necessario administré-la apenas uma vez ao dia.
A dlindamicina, um derivado semissintético da lincomicina, possui um
espectro limitado de atividade em comparacao com a eritromicina. Ela é
eficaz contra patégenos Gram-positivos, incluindo estafilococos,
estreptococos, clostridios, varias espécies Actinomyces e algumas espécies
Nocardia. Ela é muito eficaz contra muitas bactérias anaerdbicas. A
clindamicina geralmente é utilizada para o tratamento de infeccées
resistentes a penicilina e eritromicina ou em pacientes que nao toleram essas
substancias. E eficaz contra Toxoplasma gondii, Neospora e osteomielite
estafilocécica, mas ineficaz contra bactérias Gram-negativas.
Os aminoglicosideos (p. ex, amicacina, gentamicina, canamicina,
neomicina, netilmicina, tobramicina) rompem a sintese de proteinas. Elas se
ligam de modo irreversivel aos ribossomos bacterianos e sao bactericidas.
Eles sao efetivos contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, incluindo
as enterobactérias e pseudomonas, e apresentam um efeito sinérgico com os
antibidticos B-lactamicos. Sua atividade é reduzida no tecido necrosado por
causa do material contendo Acido nucleico livre. Os anaerdébios sio
resistentes aos aminoglicosideos porque nao possuem o receptor necessario
para o transporte do antibiético até o interior da célula bacteriana. Os
aminoglicosideos sao polares e, portanto, so insoliveis em lipidios,
significando que apresentam uma distribuicao limitada nos liquidos
extracelular e cefalorraquidiano. Entretanto, a distribuicao no liquido pleural,
ossos, articulacées e cavidade peritoneal ¢ boa. Aminoglicosideos nao é bem
absorvido por via oral. Eles sao “dependentes da concentracao”, em vez de
serem “dependentes do tempo”, significando que podem ser administrados
em doses mais elevadas em intervalos maiores (p. ex., 1 vez ao dia), que
mantém a eficcia, mas que reduz a toxicidade renal. Desidratacao, perda de
eletrélitos, doenga renal preexistente e uso concomitante de outrassubstancias nefrotéxicas aumentam a nefrotoxicidade dos aminoglicosideos.
O uso simultaneo de medicamentos anti-inflamatérios nao esteroidais e
aminoglicosideos confidveis provoca insuficiéncia renal aguda. Ototoxicose e
bloqueio neuromuscular sao outros efeitos adversos possiveis. O uso
simultaneo de B-lactamico e um aminoglicosideo geralmente é sinergista,
além de auxiliar na prevencao da resisténcia bacteriana a essas substancias.
NOTA * Um farmaco -lactamico nunca deve ser misturado na mesma
seringa, frasco ou linha intravenosa (IV) com um aminoglicosideo, pois essa
mistura pode resultar em uma reacao quimica que inativa uma ou ambas as
substancias.
As fluoroquinolonas (p. ex, enrofloxacina, difloxacina, ciprofloxacina,
ofloxacina, marbofloxacina) (Tabela 9-2) e as sulfas potencializadas (p. ex,
trimetoprim-sulfa) inibem a sintese do DNA. As fluoroquinolonas inibem a
DNA girase, impedindo a abertura da hélice da molécula de DNA durante a
replicacao do DNA e transcricao para o acido ribonucleico mensageiro
(RNA-m). Elas sao bactericidas velozes e tém sido historicamente eficazes
para infeccées nos tecidos moles, pneumonia, osteomielite e infeccées do
trato urinario causadas por organismos Gram-negativos e estafilococos. Elas
também sao eficazes contra Rickettsia rickettsii e, possivelmente, bactérias em
formato de L, mas apresentam uma efetividade variavel contra cocos Gram-
positivos, especialmente enterococos (exceto estafilococos) e bactérias
anaerébias. Uma vantagem adicional publicada é a atividade contra
Pseudomonas aeruginosa, mas os registros sugerem que sao necessarias doses
mais elevadas que o normal para que se atinja esse efeito. A dose de
enrofloxacina varia conforme o tecido-alvo (Tabela 9-2). Possiveis efeitos
colaterais de quinolonas incluem vémitos, efeitos no SNC em animais de
todas as idades, lesdes cartilaginosas e de tenddes nos animais em
desenvolvimento. Tal como os aminoglicosideos, as quinolonas sio
dependentes da concentragao, 0 que significa que a administracao tnica
didria é normalmente preferida.
NOTA ® Quando administrada IV, a enrofloxacina deve ser dada
lentamente em uma solucao diluida ou o paciente podera experimentar
morbidade ou até mesmo morte.A ciprofloxacina oral é mais barata que a enrofloxacina, mas apresenta
uma biodisponibilidade menor em caes (aproximadamente 30% a 40%) que
em humanos (aproximadamente 70% a 80%). Esse antibidtico é, portanto,
administrado em doses abaixo do necessario, quando dado em cies. A
marbofloxacina possui um amplo espectro de atividade contra os principais
patdgenos encontrados em infecgées ciruirgicas. E seguro em caes, e uma
tinica injecdo IV de 2 a 4 mg/kg mantém as concentragées plasmaticas acima
da MIC para enterobactérias e estafilococos por 12 a 24 horas.
Nos tltimos anos, muitos isolados de Pseudomonas, Escherichia coli,
Enterococcus e Estafilococcus spp. tornaram-se resistentes as quinolonas. Em
um hospital humano, 80% dos Staphylococcus aureus resistentes 4 meticilina
(MRSA) desenvolveram resisténcia a ciprofloxacina no perfodo de 1 ano apés
sua introdugao. Nos Estados Unidos e na Europa, a prevaléncia do MRSA era
inferior a 3% no inicio dos anos 1980, mas chegou a valores superiores a 40%
na década de 1990. As infecgSes causadas pelo MRSA se tornaram um
problema significante de sauide global, com sérias consequéncias para todas
as areas dos hospitais humanos, especialmente salas de cirurgias ¢ unidades
de tratamento intensivo. Trabalhadores veterinarios parecem estar em maior
tisco para a colonizacéo por MRSA, o que pode aumentar a taxa de infeccio
hospitalar em pacientes hospitalizados, embora o risco para os funciondrios e
pacientes de doenga clinica pareca baixo (McLean e Ness, 2008; Walther et al.,
2009). Staphylococcus pseudintermedius Resistente a meticilina (MRSP) tem
padrées de resisténcia a antibidticos semelhantes e, atualmente, é de maior
preocupacao para a maioria dos veterinarios que MRSA. MRSP raramente
causa doenga em pessoas e quase nunca causa infeccées extradermatoldgicas
em cies ou gatos. O risco de transmissao da MRSP gene mecA (que provoca
resisténcia 4 meticilina) para outras bactérias nao é claro, e essa
possibilidade causou consternacao entre os veterinarios. Encorajar 0 uso
indiscriminado de antibidticos continuara resultando no desenvolvimento de
cepas resistentes em hospitais humanos e veterinarios.
As combinagées de trimetoprim-sulfonamida so eficazes para o
tratamento da osteomielite, piodermite, prostatite, pneumonia,
traqueobronquite e infecgdes do trato urinario. Essa combinacao
medicamentosa é bactericida e funciona através da inibigado de etapas
sequenciais na sintese do folato. Além disso, a terapia de combinaciio é
menos suscetivel em permitir o desenvolvimento de estirpes resistentes.
Combinacées trimetoprima-sulfonamida tém um amplo espectro de
atividade, incluindo a maioria estreptococos, muitos estafilococos e Nocardiaspp, mas geralmente sao ineficazes contra pseudomonas. Suscetibilidades in
vitro e in vivo nem sempre se correlacionam. Sulfas tendem a ter mé eficdcia
na presenca de tecido necrético ou pus, mas elas penetram facilmente a
maioria dos tecidos do corpo. Possiveis efeitos colaterais incluem
queratoconjuntivite seca, trombocitopenia, anemia, supressao da medula
éssea, vomitos, hipersensibilidade (i.e., vasculite ou artrite) e doenca
hepatica. Algumas racas, como Doberman Pinschers e Rottweilers e algumas
familias de cdes parecem apresentar uma probabilidade maior de sofrer
efeitos colaterais.
O metronidazol é muito eficaz contra a maioria das bactérias anaerdbic
Ele penetra facilmente na maioria dos tecidos corporais. Dependendo da
dose, toxicidade no SNC é comum se doses excessivas forem administradas.
“MEDICAMENTOS DE ULTIMO RECURSO”
O numero de antibiéticos que sao eficazes contra (MDR), infecgdes
multirresistentes (p. ex, MRSA, enterococos resistentes 4 vancomicina,
bacilos Gram-negativos MDR) é cada vez menor por causa da transmissao da
resisténcia entre as bactérias, especialmente em ambientes hospitalares.
Atualmente, existem algumas bactérias MDR para as quais apenas um ou
dois farmacos sao eficazes. Esses antibidticos sio muitas vezes referidos
como “medicamentos de ultimo recurso”. Eles incluem vancomicina, (i.e., as
carbapenemas, imipenem, meropenem, doripenem), a oxazolidinona
linezolida (Zyvox), a combinaco de estreptograminas dalfopristina e
quinupristina (Synercid), tigeciclina (Tygacil), a daptomicina lipopéptido
(Cubicin), e possivelmente os mais novos fluoroquinolonas, tais como a
moxifloxacin (Avelox), bem como a quarta e quinta geragdes de
cefalosporinas (cefepima, cefpiroma, ceftobiprole). E tentador usar esses
antibiéticos, quando confrontado com um paciente gravemente doente de
uma infeccao bacteriana, especialmente quando o médico quer impressionar
0 cliente com 0 fato de que seu animal de estimacao esta recebendo 0
antibiético mais novo e mais poderoso disponivel para as pessoas. No
entanto, é um imperativo moral e ético que os veterindrios apenas utilizem
tais medicamentos quando as bactérias foram isoladas e determinaram que
as mesmas respondem apenas a um desses antibiéticos. Quanto mais esses
medicamentos sao utilizados, as estirpes resistentes mais cedo se
desenvolverao. A maioria dos ces com infeccao extraintestinal por MDR E.
coli e Enterobacter teve tratamento prévio de antibidticos, internagdoprolongada ou cirurgia anterior (0 trato urinario parece ser 0 local mais
comum de infeccao com essas bactérias).
CAUSAS DA FALHA ANTIBIOTICA E MECANISMOS
DE RESISTENCIA ANTIBIOTICA
Um tratamento antibistico bem-sucedido requer atingir concentragées
adequadas do antibistico no local da infec¢ao, para que as bactérias
existentes sejam mortas ou suprimidas suficientemente, de modo a permitir
que os mecanismos de defesa do hospedeiro controlem a infec¢ao. Fatores
que contribuem para o insucesso dos antibisticos incluem dose inadequada
(ie., excessiva ou abaixo do ideal), frequéncia, via de administracao ou
duragao de tratamento inadequado; selegao de antibidético inapropriado (i.e.,
mais provavel quando nao se baseia na cultura e nos resultados de
sensibilidade); a persisténcia da causa da infecgao (i.e., corpo estranho ou
implante), a incapacidade do antibiético para atingir 0 tecido-alvo em doses
suficientes (p. ex. atravessar a barreira sangue-cérebro); resisténcia aos
antibisticos pela bactéria (consulte mais adiante a discussao); imunidade do
hospedeiro diminujda (i.e, doenca grave concorrente ou incapacitante);
farmacocinética da substancia, reagdes medicamentosas; antagonismo aos
antibisticos e diagnésticos incorretos (i.e., doencas virais ou corpos
estranhos).
A resisténcia antibidtica pode ser o resultado da destruigdo enzimatica do
antibistico (p. ex, algumas bactérias produzem B-lactamases, que inibem os
farma -lactamicos), alteragao da permeabilidade bacteriana ao antibidtico
(p. ex, estreptococos possuem uma barreira natural contra os
aminoglicosideos, que pode ser superada se um farmaco ativo contra a
parede celular, como um f-lactamico, for utilizado simultaneamente),
alteracao do alvo estrutural para o antibistico (p. ex, resisténcia para
aminoglicosideos pode se desenvolver através da alteragao da composigao
proteica do ribossomo bacteriano que serve como receptor em organismos
suscetiveis), ou o desenvolvimento de vias metabdlicas alternativas que
passam pela reagao antagonizada pelo antibidtico em particular.
Infecgées Cirurgicas
Classificagao das Feridas Cirurgicas
As feridas cirtirgicas sao classificadas de acordo com o grau decontaminaco para auxiliar na previsao da probabilidade de que ocorra a
infeccao. A infeccao bacteriana é definida pela presenca de mais de 105
bactérias por grama de tecido. O esquema de classificacao foi desenvolvido
pelo National Research Council (Tabela 9-3) para fornecer uma base de
comparacao entre tipos de feridas e instituicées. Apesar de esse esquema ser
util, existe certa superposi¢ao e inconsisténcia entre e dentro dos grupos. O
indice de infeccao para todos os tipos de feridas cirurgicas é de
aproximadamente 5%. Outra classificacao a partir do grau de contaminacao
da ferida resulta em diferencas significantes nos indices de infeccao. Nas
pessoas, ha uma correlagao clara entre as quatro categorias de contaminagao
da ferida (limpa, limpa contaminada, contaminada e suja) e taxa de infeccio
de local cirlirgico. Os escores dos indices de risco foram desenvolvidos para
prever melhor o risco de uma pessoa adquirir infeccao no local ciruirgico.
Fatores relacionados com o procedimento que tém sido associados a um
maior risco de infecgao em pessoas incluem a remogao do cabelo na véspera
da cirurgia, duracao da cirurgia e profilaxia antibidtica. O indice
“infeccao/inflamacao” em um estudo realizado em cies e gatos que foram
submetidos a cirurgia (1.000 interveng6es) foi de 3,8%, enquanto 0 indice de
“infeccao” foi de 3% (Eugster et al., 2004). A infecgio foi definida como a
existéncia de secrecao purulenta, um abscesso ou uma fistula, enquanto
infecgiolinflamagio foi utilizada quando a ferida estava “infectada” ou quando
mais de trés dos sinais citados a seguir estavam presentes de modo
simultaneo: rubor, edema, dor, calor, drenagem serosa e deiscéncia de
sutura. Neste estudo, a “infeccdo” estava associada a trés grandes fatores de
isco (i.e., duracao da cirurgia, aumento do niimero de pessoas na sala de
cirurgia e local cirurgico sujo) e um fator protetor (i.e., profilaxia
antimicrobiana). O desfecho “infeccao/inflamagao” estava associado a seis
fatores significantes (i.e., duracao da anestesia, duragao da permanéncia na
unidade de terapia intensiva, drenagem pela ferida, peso elevado do
paciente, local cirtirgico sujo e profilaxia antimicrobiana).
pa TABELA 9-3
Sistema de Classificagao de Feridas[ctassinicago pescRIGKO TIPO DEPROCEDBNNTO
(EXEMPLOS)
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PDA, paténcia do ducto arterioso.
Da National Research Council, Division of Medical Sciences.
As feridas limpas (Tabela 9-3) apresentam um indice de infeccées
publicado variando de 0% a 6%. Feridas limpas associadas a cirurgia cruzada
relataram taxas de infeccao tao altas quanto 6% (Frey et al., 2010; Fitzpatrick e
Solano, 2010). Nessa categoria, as feridas associadas ao trauma grave, com
miltiplas fraturas, procedimentos traumaticos (i.e., artrodese do carpo), ou
fraturas do radio distal ou tibia que exigem placas s4o mais propensas a
resultar em infec¢ao pés-operatéria. Acreditou-se, comumente, que a
profilaxia antibidtica nao reduzia os indices de infec¢So, exceto quando a
cirurgia era realizada por estudantes ou quando o procedimento durava mais
de 90 min. Contudo, a administracao perioperatéria de antimicrobianos
efetivamente reduziu as taxas de infeccdo pés-operatéria em cdes submetidos
a cirurgia ortopédica eletiva em um estudo (Whittem et al., 1999). Nesse
estudo, penicilina G ou cefazolina foram administradas no periodo de 30 min
antes da primeira incisdo ciruirgica e repetidos a cada 90 min até que a
cirurgia se completasse. Os antibidticos nao foram mantidos depois que o
procedimento foi concluido.
Em outro estudo nao se demonstrou diferenga significativa entre animais
com feridas limpas que receberam profilaxia antibiética perioperatéria e
aqueles que nao receberam profilaxia perioperatéria (Brown et al., 1997).
Neste estudo, a profilaxia perioperatéria consistiu em iniciar 0 uso do
farmaco menos de 2h antes da cirurgia, e a descontinuacgao, menos de 24h
apés 0 procedimento. No mesmo estudo observou-se que o indice de infecgio foimaior entre os animais que receberam antibidticos nao administrados de acordo com
0 protocolo de profilaxia mencionado anteriormente, e aqueles que receberam
somente antibidticos pés-operatérios quando comparados ao grupo que ndo recebeu
nenhum tipo de antibiético. Esse fato destaca a importancia do uso correto dos
antibioticos profilaticos. Em outro estudo, animais que receberam a
profilaxia antibistica tiveram seis a sete vezes menos probabilidade de
desenvolver infecc&o de local cirirgico em comparac¢ao com pacientes sem
profilaxia (Eugster et al., 2004). Portanto, os antibisticos profilaticos parecem
ser indicados em certos procedimentos limpos, particularmente aqueles que
envolvem implantes ortopédicos; no entanto, devem ser dados em inducao
(30 a 60 min antes da incisao cirurgica) e descontinuados dentro de 24h do
procedimento (de preferéncia no final da cirurgia).
As feridas limpas-contaminadas (Tabela 9-3) sao identificadas quando
érgaos luminares nao estéreis sdo penetrados sem um escape significante do
contetido. Inclusos nessa categoria esto os procedimentos nos quais ocorre
uma pequena ruptura na técnica ass¢ptica como, por exemplo, a perfuragao
de uma luva cirtirgica. O indice de infecgao publicado para esse tipo de ferida
ciruirgica é de 4,5% a 9,3%; fraturas limpas, contaminadas da pele e ossos
longos se infectam mais frequentemente. A profilaxia antimicrobiana esta
indicada em feridas limpas-contaminadas, e a opcode antibisticos se baseia
na flora esperada. Em um estudo realizado em 239 caes e gatos que foram
submetidos a procedimentos cirdrgicos limpos contaminados, machos
intactos e animais com endocrinopatias concomitantes tiveram maior risco
de desenvolver infeccao pés-operatéria na ferida (Nicholson et al., 2002). O
tempo total da cirurgia e o tempo total da anestesia foram mais longos em
animais que desenvolveram infec¢ao pés-operatéria na ferida. Nenhum outro
fator foi estatisticamente significante.
As feridas contaminadas (Tabela 9-3) apresentam um indice de infec¢3o
publicado que varia entre 5,8% a 28,6%; fraturas contaminadas de ossos
longos e da pelve e procedimentos urogenitais contaminados sao os que se
tornaram infectados com maior frequéncia. A profilaxia antibiética estA
indicada para feridas contaminadas, e a selegao da substancia se baseia,
inicialmente, na flora bacteriana esperada e, modificada de acordo com os
resultados da cultura e da sensibilidade. Essas feridas nao estao infectadas
inicialmente, mas apresentam 0 potencial de se infectarem. Tratamento
precoce pode notavelmente alterar o destino de feridas contaminadas. O
desbridamento delicado, uma lavagem copiosa e o tratamento com
antibidticos podem converter essas feridas em feridas limpas, enquanto aterapia inadequada geralmente resulta em uma ferida suja ¢ infectada.
As feridas sujas (Tabela 9-3) sao aquelas nas quais a infec¢ao esta
visivelmente presente no momento da intervengao cirtirgica (p. ex., feridas
traumaticas com tecido desvitalizado, corpos estranhos ou contamina¢gao
fecal). O manejo desse tipo de ferida requer tratamento com antibidticos (a
selecdo inicial se baseia na flora esperada e depois modificada pelos
resultados das culturas e sensibilidade), lavagem copiosa, desbridamento,
drenagem e, possivelmente, o uso de bandagens tmidas a secas ou outras
técnicas para desbridar ainda mais a ferida durante o periodo pés-operatério
inicial.
Classificagao das Infecgées Cirurgicas
A infeccao pode acometer os pacientes cirtirgicos em quatro grandes
situag6es: (1) com a doenca cirtirgica priméria (p. ex, osteomielite que ocorre
secundariamente a uma fratura aberta, piometra, peritonite que ocorre
secundaria a uma perfuracao gastrointestinal, ou abscesso prostatico); (2)
como uma complicacao de procedimentos cirurgicos nao comumente
associados a infecgdes; (3) como uma complicagao de procedimentos de
suporte; e (4) com implantes de préteses. A bactéria causadora das infeccées
associadas a doengas cirirgicas primérias sao caracteristicas de fonte nao
estéril (p. ex, pele, trato urinario ou trato gastrointestinal). Essas infecgdes
estao sujeitas somente ao tratamento ciruirgico e nao a prevengio ciruirgica. A
selecao inicial do antibiético se baseia na flora esperada, sendo substituida,
mais tarde, pelo antibistico determinado pelos resultados das culturas e dos
testes de sensibilidade.
Os locais de procedimentos cirurgicos que normalmente nao estdo
sociados a infecgdes se tornam infectados quando as bactérias s
introduzidas a partir de superficies nao estéreis (p. ex, pele, trato
gastrointestinal, trato urinario) para o tecido estéril. Todos os procedimentos
cirurgicos causam alguma contaminagao bacteriana. O desenvolvimento da
infeccao depende do numero e da viruléncia da bactéria, da competéncia das
defesas do hospedeiro e da quantidade de dano tecidual, além do espago
morto que resulta dos procedimentos. As infecgdes podem ser minimizadas
através de técnica cirtirgica meticulosa, lavagem copiosa da ferida,
fechamento dos espacos mortos e profilaxia antibidtica apropriada.
A infeccao pode ser uma complicacao dos procedimentos de suporte,
particularmente quando procedimentos de suporte extensos sao realizados
em pacientes debilitados, traumatizados ou imunocomprometidos. Os