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PAI NOSSO

Consideramos as três primeiras petições da Oração do Senhor. O início da


oração tem a ver só com Deus. Não devemos deixar que nossas próprias
necessidades e problemas dominem a oração, adoração e ação de graças —
centradas em Deus — vêm em primeiro lugar, pois curam o coração do
egocentrismo, o qual nos volta para nós mesmos e distorce toda a nossa
visão. Agora que a oração chegou quase à metade e nossa visão foi
reorganizada e esclarecida pela grandiosidade de Deus, podemos nos voltar
para nossas necessidades e as do mundo.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Agostinho nos lembra que o “pão de
cada dia” é uma metáfora para necessidades, não para luxos. Como vimos,
Agostinho acredita que a petição em sua totalidade deveria ser a de
Provérbios 30.8: “Não me dês nem pobreza (para que não te ofenda) nem
riquezas (para que não te esqueça)”. Calvino acompanha o raciocínio de
Agostinho quando diz que, achegamo-nos com nossas necessidades, cheios
de expectativas de que receberemos uma resposta positiva, mas agimos
assim porque fomos transformados por nossa satisfação e confiança nele.
Não nos aproximamos com arrogância nem lhe dizendo ansiosamente o que
tem de acontecer. Muitas coisas pelas quais antes nos angustiaríamos
podemos agora rogar sem desespero.
Lutero vê também uma dimensão social nessa oração. Para que todos
recebam o pão de cada dia, deve haver uma economia forte, um bom nível
de emprego e uma sociedade justa. Ou seja, orar “dá-nos — a todo o povo
da nossa terra — o pão nosso de cada dia” é orar contra a “exploração
desumana” nos negócios, no comércio e no trabalho, a qual “massacra o
pobre e o priva de seu pão diário”. Em tom de ameaça, ele faz uma
advertência quanto ao poder dessa petição sobre todo aquele que pratica a
injustiça. Que estejam conscientes da intercessão da igreja, e que cuidem de
que essa petição da Oração do Senhor não se volte contra eles.

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