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PERFIL SISTEMÁTICO
D A TUTELA A N T E C IP A D A
EDITORA
PERFIL SISTEMÁTICO
DA TUTELA ANTECIPADA
FÁBIA LIMA DE BRITO
PERFIL SISTEMÁTICO
DA TUTELA ANTECIPADA
EDITORA
Roberto Antônio Busato
Presidente da OAB e Presidente Honorário da OAB EDITORA
Rodrigo Pereira
Capa e Projeio Grático
Usina da Imagem
Diagramação
Conselho Editorial
Jefferson Luis Kravchychyn (Presidente)
Cesar Luiz Pasoid
Hermann Assis Baeta
Paulo Bonavides
Raimundo César Britto Aragão
Sergio Ferraz
1. Direito. I. Titulo
340
ISBN ■ 85-87260-52-9
EDITORA
SAS Quadra 05 • Lote 01 ■ Bloco M
Edifício Sede do Conselho Federal da OAB
Brasília, DF - CEP 70070-050
Tel. (61)316-9600
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e-mail: oabeditora@oab.org.br
jeHerson@kravchychyn.com,br
Á minha fam ília e ao meu noivo, pela
confiança e pela paciência de sempre.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................... 11
CONCLUSÕES...................................................................................... 119
REFERÊNCIAS...................................................................................... 127
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
INTRODUÇÃO
A autora.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A
' GR ECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro, v. 1, São Paulo: Saraiva. 1994, p. 6.
^ SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Teoria geral do processo civil. São Paulo: RT, 2000, pp. 34-35.
FÁ B IA L IM A D E BR ITO
^ BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. Tutelas sum árias e
tutelas de urgência (tentativa de sistematização). São Paulo: Malheiros, 1998. p. 98.
' DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 2. ed., v. 1. São Paulo:
Malheiros, 2002, pp. 104-107.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN TE C IP A D A 15
® De acordo com Humberto Theodoro Júnior, “nem sempre o litigante terá o direito à tutela jurisdicio
nal, mas sempre contará com a prestação jurisdicional para solucionar seu conflito jurídico" (Tutela
especifica das obrigações de lazer e não fazer. n. 2).
' Conforme Kazuo W atanabe, Tufe/a antecipatória e tutela especifica das obrigações de fazer e não
fazer, p. 20, autor da expressão ordem juridica justa.
* ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipação da tutela e colisào de direitos fundamentais. São Paulo:
Saraiva, 1996, p. 147.
DINAMARCO. C ândido Rangel, instituições de direito processual civil. 2. ed., v. 1. São Paulo:
Malheiros, 2002, p. 118.
” YARSHELL, Flávio Luiz. Tutela jurisdicional. São Paulo: Atlas, 1999, pp. 129-134.
" Como exem plo de tal sucedâneo da jurisdição, Luiz Guilherme Marinoni cita o exem plo das fave
las do Rio de Janeiro, onde já se detectou a existência de um direito inoficial, em que a Associação
de Moradores funciona com o instância de resolução de conflitos entre vizinhos. Essa iniciativa per
mite concluir, do ponto de vista sociológico, que o Estado contemporâneo não é mais detentor e xclu
sivo da realização do direito e da distribuição de justiça (Efetividade do processo e tutela de urgên
cia. Porto Alegre: Sergio Anionio Fabris, 1994, p. 10).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN TE C IP A D A
' ‘ DINAMARCO, C ândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
2002, pp. 127-128.
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo: GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, C ândido Rangel.
Teoria geral do processo. 8. ed. São Paulo: RT, 1991, p. 28.
''D IN A M A R C O , C ândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 2. ed, São Paulo: Malheiros,
2002. pp. 129-130.
YARSHELL, Flávio Luiz. Tutela jurisdicionai. São Paulo: Atlas, 1999, p. 128.
Com relação à definição da jurisdição, do processo e dos seus escopos, remete-se à leitura da obra
de Milton Paulo de Carvalho, Do pedido no processo civil, pp. 46-61, que traz substanciosa análise
das variadas teorias doutrinárias a respeito do tema.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A 19
“ Segundo José Roberto dos Santos Bedaque, o binômio condenaçào-execução não pode ser pen
sado como um dogma, por tratar-se de “técnica processual perfeitamente substituível por m ecanis
mos mais adequados às necessidades do direito material, sem qualquer sacrifício dos postulados
básicos do processo" ( Tutela caulelar e tutela antecipada. Tutelas sumárias e tutelas de urgência -
lantativa d e sistemâíização, p. 103),
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo; Malhetros, 2002, pp. 45-46.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN TE C IP A D A
D esse m o d o , a id é ia d a e fe tiv id a d e d a tu te la ju r is d id o n a l
co in cid e co m a d a p le n itu d e d o acesso à ju stiça e a d o processo
civil de resu lta d o s, d o n d e se co n tra sta a a u to n o m ia d o processo,
e m face d e s u a in s tru m e n ta lid a d e .^
N ã o se tra ta d e re n u n c ia r à a u to n o m ia d o d ire ito p ro c essu al,
p o is o re co n h ec im e n to d esta n ã o p re s s u p õ e o s e u iso lam ento .
D e a c o rd o co m C â n d id o D in am arco , " o p ro c esso e o d ire ito com -
p le ta m -se e a b o a c o m p re e n s ã o d e u m exige o su ficie n te co n h e
cim en to d o o u tro " . C o n tin u a D in am arco , c ita n d o L ieb m an , q u e
n o p ro c e sso p a re c e h a v e r d u a s alm as d is tin ta s , u m a é a q u e la em
q u e "se p ro lo n g a o esp írito d o d ireito p r iv a d o q u e v e m b u s c a r
n o p ro c e sso a p ro te ç ã o p a r a os d ireito s sub jetiv o s q u e co m p õ e m
a s u a su b stâ n c ia v iv a" e a o u tra aq u e la " e m q u e se e x p rim e a
exigência d e u m a função púb lica, m e d ia n te a q u a l o E stad o c u m
p re u m a d a s s u a s tarefas p rim á ria s , q u e é a d e a s s e g u ra r a efeti
v a v ig ên cia d a o r d e m ju ríd ica".^
N e sse e n te n d im e n to estão, ain d a , s e g u n d o D inam arco^^, os
asp ecto s n e g a tiv o e p o sitiv o d a in s tru m e n ta Ü d a d e d o processo.
O aspecto n eg a tivo co n siste na n eg a ção d o p ro c esso co m o v alor
em si m e s m o e n o re p ú d io aos ex ag ero s pro c essu alístic o s, o q u e
g u a r d a a lg u m a sem elh a n ça com a id éia d a in stru m e n ta Ü d a d e
d a s form as. Já o aspecto p o sitivo caracteriza-se p e la p re o c u p a ç ã o
em ex tra ir d o p ro cesso, e n q u a n to in stru m e n to , o m á x im o d e p ro
v eito p a r a a o b ten ç ão d o s re su lta d o s, esc o p o s d o sistem a. Esse
" DINAMARCO, C ândido Rangel. Tutela jurisdidonal. Revista de Processo. São Paulo, v. 81. p. 96,
jan./mar. 1996. A expressão “ processo civil de resultados", frise-se, deve ser atribuída ao menciona
do jurista.
” DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 4, ed., 1 .1, São Paulo:
RT, 2001, p- 592. Nesse sentido, também, Flávio Luiz Yarshell, Tutela jurisdicional. p. 137.
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Por um processo socialm ente efetivo, fíew sfâ Síntese de
Direito Civil e Processual Civil. São Paulo, v. 11, maio/jun. 2001, pp. 5-6.
FÁ B IA LIM A D E BR ITO
" Os Juizados Especiais Cíveis, na esfera estadual, têm competência para julgar causas cujo valor
não exceda a quarenta vezes o salário mínimo (Lei 9.099, de 26/9/1995, art, 3®, I); na esfera federal,
0 limite desse valor é de sessenta salários mínimos (Lei 10.259, de 12/7/2001, art, 3®).
" MARINONI, Luiz Guilherme, Efetividade do processo e tutela de urgência. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris, 1994, pp, 8-9,
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A
“ Ibidem, p. 147.
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BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tuíela cautelar e M e la antecipada. Tutelas sumárias e
tutelas de urgência (tentativa de sistematização). São Paulo: Malheiros, 1998, p. 98.
" DINAMARCO, Cândido Rangel. A inst''"^e n ta lid a de do processo. 7. ed. São Paulo: Malheiros,
1999, p. 299 .
F Á B IA L IM A D E BR ITO
"{...) a tu te la efetiva e p le n a , c a p a z d e d e b e la r p o r c o m
p le to a crise ju ríd ic a la m e n ta d a p e lo d e m a n d a n te , será
(a) m e r a m e n t e d e c la ra tó r ia , (b) c o n s t it u ti v a o u (c) ex e
c u tiv a . A tu te la e x ecu tiv a será e x e c u tiv a p u r a , q u a n d o
c o n c e d id a m e d ia n te o e m p r e g o e x clu siv o d o p ro c e s s o d e
e x e cu ção (títu lo s e x ecu tiv o s e x tra ju d ic iais); o u c o n d e n a -
tó rio -e x e c u tiv a , q u a n d o c o n c e d id a e m d o is te m p o s , m e
d ia n te a re a liz a ç ã o d e d o is p ro c e s so s (o c o n d e n a tó r io e o
ex ec u tiv o ), o u a in d a m o n itó r io - e x e c u tiv a , q u a n d o é o
r e s u lt a d o d e u m p ro c e s so e m q u e se p r o d u z o títu lo p a r a
a e x e c u ç ã o e se e x e c u ta (p ro ce sso m o n itó rio ). A tu te la
c o n s titu tiv a e as e x e c u tiv a s d e to d a o r d e m sã o s a t i s f a t i
v as, p o r q u e acre scem a o p a tr im ô n io d o su je ito a lg o m a is
q u e a m e ra certeza. A tutela c o n d e n a tó ria n ã o é satisfativa
e n ã o é tu te la p le n a , p o r q u e n a d a acresce a o p a t r im ô n io
d o d e s tin a tá rio " , (grifos n o o riginal)
E m c o n s o n â n c ia c o m o e n te n d im e n to d e L u iz G u ilh e rm e
M arinoni*’, o sistem a d o C ó d ig o d e P rocesso C ivil f u n d a d o n o
b in ô m io cogniçào-execiição foi con ceb id o e m o s tro u -s e eficaz p a ra
a tu te la d o s direito s p a trim o n ia is, p rin c ip a lm e n te q u a n d o se tra
ta v a d e o b rig aç ão a ser satisfeita e m d in h eiro , e m ra z ã o d e su a
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil, 2. ed., v. 1, São Paulo:
Malheiros, 2002, pp. 151-152.
MARINONI, Luiz Guilherme. Efetividade do processo e tutelas de urgência. P otio Alegre: Sergio
Antonio Fabris, 1994, pp. 6-7.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA A N TEC IPAD A
DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 4. ed., t. 1, São Paulo:
RT, 2 0 0 1 ,p . 597.
Diz-se parcialmente, porque o § 3- do art. 461-A não mandou aplicar o caput do art. 461, mas
apenas os seus parágrafos (§§ 1 -a 6®). 0 ca p u ió o art. 461 fala em “providências capazes de produ
zir resultado prático equivalente ao do adimplemenfo”, que tem cabim ento nas obrigações de fazer e
de não fazer e não nas de entregar, em que o objeto é uma coisa. Isto porque, "quando o objeto da
obrigação é uma coisa, nada é preciso substituir ou converter, pela sim ples razão de que basta
lançar mãos sobre a coisa devida, afastando-se a resistência do obrigado e fazendo o Poder Judici
ário a entrega que ele não fez”. Em tal hipótese, a aplicação do caput do art. 461 “produziria efeito
inverso ao desejado, ao perm itir que o obrigado retivesse consigo o bem devido, em troca de uma
privação de outra ordem" (Cândido Rangel Dinamarco, A reforma da reforma, pp. 246 e 234).
f A b ia l im a d e b r it o
" Além da classificação ora apresentada. Cândido Rangel Dinamarco também as classifica em pre
ventivas, reparatórias e sancionatórias; individuais e coletivas (Instituições de direito processual civil.
V, 1. pp. 154-158).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
LUCON, Paulo Henrique dos Santos, Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo: RT,
2000, pp. 160-161,
WATANABE, Kazuo, Tulela antecipatória e tutela especifica das obrigações de fazer e não fazer.
São Paulo: Saraiva, 1996, p. 28,
f A b ia l im a d e b r it o
^ CPC, art. 14: “São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer form a participarem do
processo: (...) V - cum prir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à
efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. Parágrafo único. Ressalva
dos os advogados, que se sujeitam exclusivamente à OAB. a violação do disposto no inciso V deste
artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções
crim inais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de
acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo
paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão fina! da causa, a multa será
inscrita sem pre com o dívida ativa da União ou do Estado” (Redação do capuf alterada e inciso V e
parágrafo único acrescentados pela Lei 10.358, de 28/12/2001).
Daí a utilidade das medidas cautelares, que preservariam os bens necessários ao futuro cum pri
m ento da obrigação, muitas vezes com a necessidade da execução exin tervallo (Hum berto Theodoro
Júnior, Tutela específica das obrigações de fazer e não fazer, p. 4).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O O A T U T E LA AN TE C IP A D A
“ Lei 8.078, de 11/9/1990, art. 84, c a p u t “Na açào que tenha por objeto o cum prim ento da obriga
ção de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determ inará providên
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento",
ZAVASCKI, Teori Albino, Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer. Gênesis -
Revista de Direilo Processual Civil. Curitiba, v. 4 ,1 9 97 , p, 111.
SÓ se c o n v e rte rá em p e r d a s e d a n o s se o a u to r assim o re q u e re r
o u se for im p o ssív e l a tu tela específica o u o eq u iv a le n te re s u lta
d o p rá tic o (art. 461, § 1”). E, m e sm o assim , d e a c o rd o com o § 2”
d o art. 461, "a in d e n iz a ç ã o p o r p e r d a s e d a n o s d ar-se-á sem p re
ju ízo d a m u lta (art. 287)".^
M esm o q u a n d o p e d id a em face d o P o d e r P úblico, é cabível a
an tecip ação d a decisão q u e concede tutela específica. C ite-se, p o r
exem p lo , o caso d a ação d e obrigação d e fazer, co m p e d id o d e
tu te la a n te c ip a d a , p a ra q u e o P o d e r P úblico p ro v id e n c ia s s e o
fo rn ecim en to d o s m e d ica m en to s necessários ao tra ta m e n to d a
S ín d r o m e d a Im u n o d e f ic iê n c ia A d q u i r i d a (A ID S ), q u e foi
d e fe rid a em 1" g ra u d e ju risd ição e m a n tid a p elo T rib u n a l d e
Justiça d o E stado d e São P au lo (TjSP).^^
P o r o u tro lad o , q u a n d o o d e m a n d a n te objetiva u m n ã o fazer,
tem -se a tutela inibitória, cujo cab im en to é m u ito c o m u m n as ações
a m b ien ta is, em q u e se p o s tu la o im p e d im e n to d e u m ato ilícito
lesivo ao m eio am b ien te. P a ra a su a concessão, b a sta o f u n d a d o
receio d o ilícito, n ã o im p o rta n d o se o d a n o é im in e n te. P o rq u e
esse não f a z e r d e p e n d e d e ato d o d e m a n d a d o , d e g ra n d e valia é a
u tiliz açã o d a m u lta .^
^ Estabelece o art. 287 do CPC (localizado na seção que cuida do pedido, no procedim ento ordiná
rio), com a redação que lhe deu a Lei 10.444, de 8/5/2002, que: "Se o autor pedir que seja imposta ao
réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa,
poderá requerer a com inação de pena pecuniária para o caso de descum prim ento da sentença ou
da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4®, e 461-A)”. Sob a égide do sistema anterior, "o
pedido de cominação de pena era um ônus absoluto do autor, sem o qual ele não poderia obter mais
tarde, no processo de execução por obrigação de fazer ou de não fazer, a imposição das astreinies
disciplinadas nos arts, 644-645 do Código de Processo Civil” (Cândido Rangel Dinam arco, A reforma
da reíorma, p. 242}. Com o advento da nova sistemática processual, tal pedido passou a ser faculda
de do autor que, evidentemente, não exclui a possibilidade de sua fixação ex otficio pelo juiz (art.
461, § 4-}. V., adiante, Cap. 3. item 3.3.2.
“ TJSP, 7® Câmara de Direito Público, Agr. Instr. 198.144,5/6-SP, Rei. Des. Sérgio Pitombo, j. 4/6/
2001, V.U ., BAASP 2.280, de 9 a 15/9/2002, pp. 2369-2372.
MARINONI. Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 2. ed. São Paulo: RT, 2000, pp.
158 e 166.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
" ZAVASCHl, Teori Albino. Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer. Gênesis -
Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v, 4, p. 113, jan./abr 1997.
“ WATANABE, Kazuo. Tutela antecipatória e tutela especifica das obrigações de fazer e não fazer,
(arts. 273 e 461 do CPC). Reforma do Código de Processo Civil. Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.).
São Paulo; Saraiva, 1996, p. 28.
f A b ia l im a d e b r it o
Tutela especifica das obrigações de fazere não fazer, n. 13. Disponível em; <htpp://wwwl.jus.com,br/
doutrina/texto.asp?id=2904>. Acesso em 29 abr. 2002.
“ GRINOVER, Ada Pellegrini. Tutela jurisdicional nas obrigações de fazer e não fazer. Reforma do
Código de Processo Civtl. Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). São Paulo: Saraiva, 1996, pp. 261-
264.
Ar^tecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer, p. 116. Na redação conferida pela Lei
8.953, de 13/12/1994, o ca p u td o art. 644. do CPC. dizia que: "Na execução em que o credor pedir o
cum prim ento de obrigação de fazer ou não fazer, determinada em titulo judicial, o juiz, se om issa a
sentença, fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela será devida". Em m anifestação
recente, afirmou Teori Albino Zavascki que é executiva lato sensu a ação prevista no art. 461 do CPC
{ “Liquidação e Execução" - Comentários às Reformas do CPC, p. 12),
P E R F IL S IS T E M Á T IC O O A T U T E L A AN TE C IP A D A
" LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo: RT,
2000, p. 167, V., sobre o tema, Eduardo Talamini, que questiona â viabilidade da reunião dos provi
mentos condenatórios, executórios lato sensu e mandamentais numa categoria única, já que a diver
sidade enlre as suas eticácias è precípuamente estrutural, pois "em term os funcionais, aproximada
mente, elas se eqüivalem”. {Tutela relativa aos deveres de fa ze re de r^ão fazer. São Paulo: RT, 2001,
pp. 205-207)
38 FÁ B IA U M A OE BR ITO
"A rt S
1. T o d a p esson tcin d ir e ito a s c r o u v id n , c o m a s d ezu d n s g fírm i-
tias e d e n t r o d e u m p r a z o r a z o á v e l , p o r l a n j u i z o u tr i b u n a l
c o m p e t e n t e , in d e p e n d e n te e im p a rc ia l, esta b elecid o a n t e r io r
m e n t e p o r lei, n a a p u ra ç ã o de q u a l q u e r a c u s a çã o p e n n l f o r m u
lada c o n tr a v h , ou p a ro q u e se d e t e r m i n e m s e u s d i r e ito s ou
obrigações de n a tu r e z a c ivil, tr a b a lh is ta , f i s c a l o u de q u a lq u e r
o u t r a n a t u r e z a " , (grifos nossos)
" A rt. 25
1. T o d a p es so n t e m d ir e ito a u m re c u rs o s im p le s e r á p i d o o u a
q u a l q u e r o u t r o r e c u r s o e f e t i v o , p e r a n t e os j u í z o s o u t r i b u
n a is c o m p e te n t e s , q u e a p ro te ja c o n tr a n to s q u e v io l e m s e u s
d ir e ito s f u n d n m e t i t a i s re co n h e c id o s p ela C o n s t it u i ç ã o , p e la lei
o u pela p r e s e n te C o n v e n ç ã o , m e s m o q u a n d o tal v io la çã o seja
c o m e tid a p o r p e s so a s q u e e s te ja m a lu a n d o n o e x e r c íc io d e s u a s
f u n ç õ e s oficia is" , (grifos nossos)
“ 0 art. 5-, § 2-, da Constituição Federal, dispõe que; “os direitos e garantias expressos nesta
C onstituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN TEC IPAD A
^ A expressão utilizada por Luiz Guilherme Marinoni é a de que "o tão mimado procedim ento ordiná
rio, somente após m uito custo reconhece a existência de um direito". [A antecipação da tutela. 7. ed.
Sào Paulo: Malheiros, 2002, p. 22),
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Biicãcia das decisões e execução provisória. São Paulo;
RT, 2000, pp. 232-233.
BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. Tutelas sum árias e
tutelas de urgér)cia (tentativa de sistematização). São Paulo: Malheiros, 1998, p, 107.
MARINONI, Luiz Guilherme. Ibidem, p. 23,
” LUCON, Paulo H enrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo: RI,
2000, p. 147,
F Á B IA L IM A D E BR ITO
d e p e n d e n te m e n te d e su a v alid ad e , d efin in d o , d e fo rm a p ro v i
sória o u d efinitiv a, a situação ju ríd ica existente e n tre as p a rte s " .^
A eficácia d a s d ecisões e o a trib u to d a coisa ju lg n d n n ã o se
c o n fu n d e m , já q u e e x e cu to ried a d e e im u ta b ilid a d e são co ncei
tos d istin to s. Isto p o rq u e , decisões p ro v isó ria s p o d e m se re v e s
tir d e eficácia, d e m o d o q u e to d o s os efeitos p o ssív eis d a s e n te n
ça p o s s a m ser p ro d u z id o s in d e p e n d e n te m e n te d o s e u trân sito
e m ju lg a d o (ex ecu to ried ad e) - é o q u e o co rre co m a an tecip ação
d a tu tela o u com a in terp o sição d e re cu rso q u e n ã o te n h a efeito
s u s p e n s iv o (p o r exem plo: apelação, re cu rso e x tra o rd in á rio e re
cu rso especial, co n fo rm e arts. 520 e 542, § 2^ d o CPC); p o r seu
tu rn o , a im u ta b ilid a d e d a s decisões ju d iciais p re s s u p õ e a a u to
r id a d e d a coisa julgada.^’
A eficácia, v ale d iz e r, refere-se ao c o n te ú d o d e u m ato im p e
ra tiv o d o E stado , ca p a z d e projetar seu s efeitos p a ra fora d o p r o
cesso, d e m o d o a atin g ir d e im e d ia to a v id a d a s p esso a s, d isci
p lin a n d o os conflitos m ateriais. D estarte, a eficácia d a s d ecisões
p o d e o co rrer co m a coisa ju lg a d a o u a n te s d ela, p o r m eio d a
c o n c e s s ã o d e tu te la a n te c ip a d a o u d a in e x is tê n c ia d e efeito
s u s p e n s iv o d o re c u rs o in te rp o s to - fe n ô m e n o esse q u e P au lo
H e n r i q u e d o s S a n to s L u c o n d e n o m i n o u d e a n te c ip a ç ã o da
executoriedade?^
A esse resp eito , salienta C ássio S carpinella B ueno q u e a p o s
sib ilid a d e d e início d a eficácia d a s d ecisõ es o co rre co m a sua
p ublicação, q u a n d o p a s s a m a existir ju rid icam e n te . A n tes disso,
p o r q u e inexistentes, n ã o p o d e m su rtir efeitos. E n tre ta n to , a p u -
Esse é 0 entendimento de José Carlos Barbosa Moreira, para quem o prolongam ento da ineficácia
da decisão, ocasionado pela interposição de recurso, “atinge toda a eficácia da decisão, e não ape
nas 0 efeito executivo que ela possa ter” ( 0 novo processo civil brasileiro, p, 123 - gritos no original).
É dizer, “a regra é a de que os recursos são dotados de efeito suspensivo. Enquanto sujeita a recur
so, a decisão, em princípio, não produz efeitos. Excepcionalmente, a lei, negando suspensividade ao
recurso, permite que a decisão se torne eficaz antes de transitar em julgado. Essa antecipação pode
concernir a toda a eficácia, ou só a alguns efeitos da decisão. Resulta necessariam ente de texto
legal expresso, ou de categórica imposição sistem ática” {José Carlos Barbosa Moreira, op. cit.. p.
1 2 3 - gritos no oiiginal).
FABIA l im a DE BRITO
” LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo: RT,
2000. pp. 150-151.
™ BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cauielar e tutela antecipada. Tutelas sumárias e
tutelas de urgência (tentativa de sistematizaçào). São Paulo: Malheiros, 1998, pp. 377-379. Bedaque
define eficácia jurídica com o sendo "os efeitos que as decisões iudiciais produzem no plano das
relações de direito material, quanto à atuação da vontade concreta da lei, à elim inação do litigio e ã
pacificação" (op. d!., p. 377),
V., também, Eduardo Talamini, Tutela relativa aos deveres de fazer e de não lazer, pp. 369-371,
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TEC IPAD A
“ MARINONI. Luiz Guilherme. A antecipação da íulela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 32.
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia tías decisões e execução provisória. São Paulo: RT,
2000, p. 200.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A
" ZAVASCKI, Teofi Albino. Antecipação da tutela e colisão tíe tiireitos tundam entais. Reforma do
Código de Processo Civil. S á lvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). São Paulo: Saraiva, 1996, pp. 148-
149.
" A p r o b a b i l i d a d e é s u p e r io r à v e r o s s im il h a n ç a d a s a le
g açõ es, p o is e sta se c o n te n ta c o m a m e ra p la u s ib ilid a d e ,
o u seja, c o m a p o s s ib ilid a d e d e o s fa to s a le g a d o s pela
p a r t e se re m v e rd a d e iro s . A q u i, a o c o n trá rio , p ro c e d e -s e
a u m ju ízo d e c re d ib ilid a d e e m to rn o d o s fa to s e m f u n
ç ã o d a s p r o v a s a té o m o m e n to c o n s ta n te d o s a u to s. (...)
[N a c o g n iç ã o su m á ria ] o ju l g a d o r d e v e e v i t a r p r o v id ê n c ia s
q u e se d i s l o n c i e m do d ir e ito s u b s t a n c i a l , m a s d e v e r á p r e fe r ir
er ra r co n ced e n d o tais p ro v id ê n c ia s do q u e erra r n eg a n d o -a s. A
c e r te z a a q u i re sid e n a p r o b a b ilid a d e d e n ã o s u je ita r o d i
re ito m a te r ia l a sa c rifíc io s in a c e itá v e is e c o m p r o m e t e d o
r e s d a p r ó p r i a e f e t i v i d a d e d o p r o c e s s o " ^ ^ . (grifos nossos)
MARINON!, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 1. ed, São Paulo; Malheiros, 2002, p. 33.
“ LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo: RT,
2000, pp. 190 e 193-
Sobre tais exemplos cabem algumas considerações: a) o exame do mérito, no mandado de seguran
ça, é "condicionado à existência de prova capaz de fazer surgir cognição exauriente"; b) na tutela ante-
cipatória concedida por meio do julgamento antecipado do pedido ou de um dos pedidos cumulados
(também com fulcro no art. 273, inciso II), a cognição não é sumária, mas exauriente; c) o processo
monitórío, que objetiva a formação do título executivo sem a morosidade da cognição plena e exau
riente “é resultado da combinação da técnica da cognição exauriente por ficção legal com a técnica
da cognição exauriente secundum eventum defensionis". na medida em que fica a cargo do devedor
ou do obrigado o juizo de oportunidade sobre a instauração dos embargos, que abrirá cam inho para
a cognição exauriente (Luiz Guilherme Marínoni, A antecipação da tutela, pp. 36 e 4 1).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A
Paulo Henrique dos Santos Lucon distingue a probabilidade d a plausibilidade: probabilidade "é a
situação decorrente da preponderância de fatos convergentes á aceitação de determ inada realida
de, sobre fatos divergentes"; plausibilidade consiste na "equivalência entfe o s latos convergentes à
aceitação de uma certa realidade e os fatos divergentes” {Eficácia das decisões e execução provisó
ria, pp. 190 e 193).
:o FÂBIA LIMA DE BRITO
* BEDAQUE, José Roberto dos Santos, Tufe/a caulelar e tutela antecipada. Tulelas sum árias e
fu(e/as de urgência (tentativa de sistemalização). São Paulo: Malheiros. 1998, p. 111.
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo; RT.
2000, p. 194.
Há que se considerar, todavia, que antes do ingresso do demandado no pólo passivo da lide. que
ocorre com a citação válida, não há que se falar em réu. Considerando-se que é o ingresso do réu
que viabiliza o contraditório no processo, medida inaudita altera parte não tem o condão de violar tal
garantia constitucional, porque contraditório ainda não há, na medida em que este só se viabiliza
com 0 ingresso do demandado (Antonio Carlos Marcato, Direito processual civil. Notas de aula pro
ferida no Curso Preparatório para Concursos - CPC, São Paulo, 25 mar. 2003).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
" LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execuçào provisória. São Paulo: RT,
2000, pp. 189-190. V., sobre 0 tema tutelas ditererjciadas. Humberto Theodoro Júnior, Tutela especi
fica das obrigações de fazer e não fazer, n. 1 .
F Á B IA L IM A D E B R IT O
d id a co m o a q u e la co n c ed id a, em ra z ã o d e n e c e s s id a d e u rg e n te ,
antes d e o co rrer a cognição ex au rien te.
N o C ó d ig o d e P ro cesso Civi] b rasileiro n ã o h á u m cap ítu lo
d e d ic a d o à tu tela su m á ria - o u d e u rg ên cia, d e m o d o q u e re s ta
ra m e s p a rs a s as m e d id a s co m essa classificação, seja n o p ró p rio
C ó d ig o d e P ro cesso C ivil (arts. 273, 928, 1.102b), seja em leis es
p eciais (alim entos, b u sca e ap reen sã o , s ep a raç ão d e corpos).
E m b o ra o in tu ito d o legislador, ao in tro d u z ir as m e d id a s s u
m á ria s n o có d ig o sem u m a d en o m in a ç ã o especial, às v ez es até
co m a criação d e artig o s s e g u id o s d e letras (p o r ex em p lo, arts.
461-A e 1.102b), te n h a sido o d e p ro p o rc io n a r u m a m e lh o r e m ais
eficaz a d a p ta ç ã o d o s o p e ra d o re s d o d ireito ao s n o v o s in stitu -
tos^"*, talv ez a sistem atização d essas m e d id a s , fu tu ra m e n te , n u m
c a p ítu lo o u títu lo p ró p rio s se revele u m a n e c essid ad e, a té p ara
m e lh o r e n te n d im e n to , so b re tu d o d o s n o v o s o p e ra d o re s d o D i
reito e m fase d e form ação.
M A R inO N l, Luiz Guilherme, ^ antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 46.
^ THEODORO JÚNIOR, Humberto. Tutela antecipada. Aspecíos polêm icos tia antecipação óe tute
la. Teresa Arruda Alvim W ambier (Coord.). São Paulo: R T 1997, p. 188.
m e d id a d e c a rá te r g en é rico o u " m e d id a u n iv e rs a l d o p ro c e d i
m e n to c o m u m " ^ , em relação às d e m a is h ip ó teses d e an te c ip a
ção, co m o a p re v is ta n o art. 461, § 3”, q u a n to ao c u m p rim e n to
d a s o brig açõ es d e fazer e d e n ã o fazer, b e m com o n a ação q u e
te n h a p o r objeto a e n tre g a d e coisa (de ac o rd o co m o art. 461-A,
acrescid o a o C ó d ig o d e Processo C ivil p e la Lei 10.444, d e 8 / 5 /
2002 ).""
D essa fo rm a , à tu te la específica d o § 3°, d o art. 461, se a p li
c a m as re g ra s gen éricas d a an te cip açã o d e tu tela p re v is ta s n o
art. 273, c o m o m e io d e se p ro p o rc io n a r o reforço n a a tu a ç ã o da
tu te la jurisdicional."*“
S aliente-se q u e, en tre as alterações tra z id a s p ela s e g u n d a fase
d a R eform a d o C ó d ig o d o Processo C ivil (a d e n o m in a d a R eform a
da R efo rm a ), a Lei 10.352, d e 2 6 /1 2 /2 0 0 1 , ao m o d ific a r o inciso
III, d o art. 527, p ossib ilito u ao relato r, em s e d e d e a g ra v o d e in s
tru m e n to , d eferir, em antecipação d e tu tela, total o u p a rc ia lm e n
te, a p re te n s ã o re c u rs a i'^ ', co m u n ic a n d o ao juiz s u a decisão.
* ZAVASCKl, Teori Albino. Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer. Gênesis -
Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v. 4, p. 114, Ainda, nesse sentido, ao vislum brar na
tutela antecipada brasileira o modelo genérico, Edoardo Ricci entendeu que: “o art. 273 do Código
de Processo Civil não contém qualquer limitação, dando a impressão de uma tutela antecipatória de
caráter geral. Em prim eiro lugar, não parece que a tutela antecipada seja prevista para alguns direi
tos e não para outros. Em segundo lugar, a norma não coloca qualquer obstáculo textual a uma
possível antecipação de todos os efeitos da sentença, compreendendo inclusive os declaratòrios e
constitutivos" {A tutela ar)tecipatória brasileira vista p o r um italiano, p. 697).
" V. Cap, 1, item 1.5.1.2, n. 40. V.. também. Cândido Rangel Dinarnarco, A reforma da reforma, p.
234,
TALAMINI, Eduardo, Tutela relativa aos áeveres de fazer e de não fa ze r São Paulo: RT, 2001, p.
346. Nesse sentido, também, Flávio Luiz Yarshell. Antecipação de tutela especifica, nas obrigações
de declaração de vontade, no s;s(ema do CPC, p. 179,
Ensina Cândido Rangel D inam arcoque ''ar)têcipar a pretêr)são recvrsal é concedei, em decisão
monocrática, aquilo que o agravante veio a pedir ao tribunal e que, não fora a interceptação feita pelo
relator, só poderia ser concedido depois, peto órgão colegiado competente", (al decisão pode consis
tir numa tutela antecipada ou numa tutela cautelar, em face da analogia existente entre ambas as
medidas {A reforma da reforrr^a, p, 19t),
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A
De acordo com Humberto Theodoro Júnior, “assim como não se recusa o bisturi ao cirurgião de
urgência, por simples tem or de vir a ser mal utilizado, também não se pode negar ao juiz um amplo
poder de antecipar providências e de tom ar medidas preventivas" (Tutela antecipada, p. 203).
V., a respeito, Teori Albino Zavascki, Antecipação da tutela e colisão de direitos fundamentais, pp.
147-149.
A propósito do tema, observa Paulo Henrique dos Santos Lucon que o contraditório não é um fim
em si mesmo, mas apenas um meio para a realização do processo, pois “a sua inobservância pode
em muito prejudicar, como também nada pode ocorrer de significativo quando nada fiá para se con
trariar". N ão se pretende desprezar essa garantia constitucional, mas apenas "dem onstrar que no
processo deve ser apenas observada a possibilidade de efetivação do contraditório, com a ciência
dos atos e termos do processo e a possibilidade de indagação por parte dos sujeitos do processo",
aqui, incluem-se as partes e o juiz. já que este tem o poder-dever de ordenar provas que sejam
pertinentes ao deslinde do caso concreto [Eficácia das decisões e execução provisória, pp. 146-
147). Grifos no original.
F Á 8 ÍA L IM A D E 8 R IT 0
A solução desse conflito se dá “m ediante a ponderação dos bens e valores concretam ente
coiidenies, de modo a que se identifique uma relação específica de prevalência de um deles", ou
seja, haverá uma necessária ítmilação de um direito fundam ental em beneficio do outro (Teori Albino
Zavascki, Antecipação da tutela e colisão de direitos fundamentais, p. 145), Desse modo, aplica-se o
principio da necessidade para que a limitação de um direito fundam ental só seja perm itida quando
fiouver conflito real entre os direitos fundamentais, sem possibilidade de convivência simultânea
entre ambos, de modo a que sejam atendidos, com o menor prejuízo possível, aos bens e valores
constitucionalm ente protegidos (principio da menor restrição possível ou da proibição de excessos).
V. Antônio Silveira Neto, Limites da tutela antecipada em face dos direitos humanos", n. 12.1 e,
também, Teori Albino Zavascki, ibidem, p, 146.
0 princípio da proporcionalidade, conforme explica Willis Santiago Guerra Filfio, tem a missão de
fiarm onizar os princípios constitucionais em conflito, dentre eles aqueles que trazem direitos funda
mentais, por meio de um “sopesamento” dos valores em confronto, para que todos sejam respeita
dos sem que haja o aniquilamento de uns pelos outros. Dessa forma, pode ser entendido como o
"princípio dos princípios", isto é, um “mandamento de otimização do respeito máximo a todo direito
fundamental, em situação de conflito com outro(s), na medida do jurídico e faticam ente possível"
{Processo constitucional e direitos fundamentais, pp. 45 e 67).
De acordo com Luiz Guilherme Marinoni, as tutelas anteclpatórías para a proteção dos direitos da
personalidade, por exemplo, eram fundadas no art. 798 do CPC, que se constituía em válvula de
escape para o juiz prestar a adequada tutela jurisdicional {Eletividade do processo e M e la de urgên
cia. p. 6).
ASSIS, Araken de. Antecipação de tutela. Aspectos polêmicos da antecipação de tutela. Teresa
Arruda Alvim W ambier (Coord ). São Paulo; RT, 1997, p. 15-19. V. Rodolfo de Camargo Mancuso,
que elaborou quadro comparativo enfre as caracferislicas da tutela cautelar e da tutela antecipada
(Tufe/a ar)lecipada: uma interpretação do art. 273 do CPC, pp. 175-176).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A 59
s e n d o m e n o re s as s u a s h ip ó te se s d e p ro v is o rie d a d e . A tu tela
a n te c ip a d a p re s s u p õ e a p ro p o s itu ra d e ação, p o is ela é co n c ed i
d a n o p ró p r io processo. O u tra d iferença está e m q u e n o s arts.
798 e 799 h á u m leq u e d e m e d id a s ca u telare s p o ssív eis, ao p asso
qu e, " n o caso d o art. 2 7 3 ,1, a m e d id a d e v e rá co n sistir n a p ró p ria
procedência do p edido, a in d a q u e co m o c a ráte r d e p ro v is o rie d a d e
e d a re v ersib ilid a d e, m a s com ten d ê n cia à d e fin itiv id a d e " .’'"
E m face d e su as distinções, d e o ra em d ia n te , a aç ão c a u telar
se d e s tin a rá ex clu sivam ente às m e d id a s ca u telare s típicas; as p re
ten sõ es d e an tecip ação satisfativa d o d ireito m a te ria l s o m e n te
p o d e r ã o o u d e v e rã o ser d e d u z id a s na p ró p r ia ação d e co n h e ci
m e n to e m q u e, " p a ra satisfazer a n te c ip a d a m e n te , exige m ais q u e
p lau sib ilid ad e, exige verossim ilhança c o n stru íd a sob re p ro v a ine
q u ív oca". P ostu lá-la em ação cau telar, o n d e os re q u isito s p a ra a
co ncessão são m e n o s rigorosos, significará fr a u d a r o art. 273 do
C P C .“ '
N e sse se n tid o d e c id iu a 5'’ C â m a ra d e D ireito P riv a d o d o Tri
b u n a l d e Justiça d o E stado d e São Paulo:
" T U T E L A A N T E C I P A D A . N ã o se c o n fiiiid e n t u t e l a a n t e c i
pad a c o m m e d id a c a u te la r , se7ido a lei m u i t o m a i s e x i g e n t e para
a c o n ces sã o daquela. R e p o u s a n d o as c a u te la r e s tã o -só n a a p a
rê n cia do b o m d ir e ito e n o p e r ig o da d e m o r a , a t u t e l a a n t e c i p a
da p r e s s u p õ e n f o r m a ç ã o da q u a s e c e r te z a da p ro c e d ê n c ia da
ação, a s s i m e n c o n t r a n d o o j u l g a d o r p r e s e n te , ao co n ced ê -la ,
s e g u r a n ç a so b re os p r e s s u p o s t o s p r o c e s s u a is , a s co n d iç õ e s da
ARRUDA ALVIM NETTO, José Manoel de. Tutela antecipatória (algumas noções - contrastes e
coincidências em relação às medidas cautelares satisfativas). Reforma do Código de Processo C M
Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.) São Paulo: Saraiva, 1996, p. 107.
ZAVASCKI, Teori Albino, Antecipação da tutela e colisão de direitos fundam entais. Reforma do
Código de Processo Civil. Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). São Paulo: Saraiva, 1996, pp. 164/
165.
60 F Á B IA LIM A D E BR ITO
TJSP, 5* Câmara de Direito Privado, Ag. de Instr. n, 94.813.4. Rei. Des. Marco César, j. 1/10/
1998. V .U ., BAASP 2111/207e. de 14 a 20/6/1999.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 2. ed., v, 1, São Paulo:
Matheiros, 2002, p. 161-164.
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer. São Paulo: RT, 2001, p.
363.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN T E C IP A D A
f i n a l , m a n t é m - s e i n s t r u m e n t a l a es ta - e s ta n d o - l h e f u n c i o n a l e
e s t r u t u r a l m e n t e vincxtladn. A n te c i p a m - s e efeito s d o p r o v i m e n t o
á cfirtiíivo , p r e c is a m e n t e para e v i t a r q u e e s te v e n h a a s e r i n ó
cuo. V a le d iz e r , a n te c ip a - s e p a r a a ca u te la r . A a n tecip a çiio de
tu te la , n essa o r d e m d e idéias, só a s s u m ir ia fe iç ã o e s s e n c i a l m e n t e
d i s t i n t a da p r o v i d ê n c ia c a u t e l a r s e t iv e s s e o c o n d ã o d e v i r a se
to r n a r , p o r s i só, d e fin itii'a , d e s d e logo o u caso o ré u n ã o d es se
i n íc io a u m p r o c e ss o de co g n iç ã o e x a u r i e n t e o u o d e i x a s s e n a s
f o r m a s d e t u te la p r o v i s io n a l , e x . a rt. 8 8 8 , o u - f o r a d o c a m p o
d a s m e d id a s de u r g ê n c i a - c o m a tu t e l a m o n it ó r ia . (...) m e s m o
q ue se conceba a d istin ç ã o e n tr e p ro v id ê n c ia s d e u rg ê n cia
c a u te la r e s e a n te c ip a d a s , ta l d ifere n cia çã o c f e i t a , n o m a is das
v e z e s , t o m a n d o - s e e m c o n t a o c o n t e ú d o p r e p o n d e r a n t e da
m e d i d a ( c o n s e r v a t iv o o u a n te c ip a á o r ). È f e n ô m e n o s e m e l h a n t e
à q u e le q u e se verifica relatix<amente à eficácia d o s p r o v i m e n
tos".'^'^ (grifos n o original)
BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada. Tutelas sumárias e
tutelas de urgência (tentativa de sistematização). São Paulo: Malheiros, 1998, pp. 378-379.
f A b ia l im a d e b r it o
Acrescentado ao art. 273, pela Lei 10.444, de 7/5/2002, na chamada Reforma da Reforma do
Código de Processo Civil, o m encionado § 7® traz em seu bojo o que Cândido Rangel Dinamarco
chamou de “duplo sentido vetoriaP, ou seja, também quando feito um pedido de medida cautelar. o
juiz poderá conceder a medida antecipatória, se fo r esse o seu entendimento e se os pressupostos
necessários estiverem presentes. Além disso, continua o processualista, o referido dispositivo tem a
virtude de abrir cam inho à “ exorcização do fantasma da radical distinção entre medidas cautelares e
antecipatórias" (A reforma da reforma, pp. 91-94). Portanto, a antecipação da tutela não segue,
pontualmente, a regra da congruência ou da adstrição prevista nos arts. 128, 459 e 460 do CPC,
segundo a qual o juiz julga de acordo com o que se pediu, nem fora e nem além do pedido. Por seu
turno, Eduardo Talamini, antes do novel dispositivo, já admitia a existência da fungíbilidade entre as
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
duas medidas, que deveria ficar restrita aos casos de dúvida objetiva sobre a natureza da medida ou
de extrema urgência na sua concessão para afastar dano grave. Nesse sentido, exemplificou: numa
‘ação cautelar’, com pedido de antecipação da imposição de dever de o plano de saúde realizar
cirurgia grave e de em ergência, se presentes os requisitos, deve a medida ser concedida; “depois, e
se necessário, providencia-se a correção procedimental" ( Tutela relativa aos direitos de fazer e de
não fazer, p. 368).
THEODORO JtJNiGR, Humberto. Tutela antecipada. Aspectos polêm icos da antecipação de tu
tela. Teresa Arruda Alvim Wambier (Coord.). São Paulo: RT, 1997, p. 194,
V., adiante, item 2.7.1.
FÁ B IA L IM A DE 8 R rT0
Em sentido contrário. J. J. Calmon de Passos entende que o pedido de tutela antecipada deve ser
efetuado em petição própria, autuada em apartado, por se constituir em incidente da causa (Da
antecipação da tutela, p. 200). Com todo respeito, não há como prevalecer tal entendimento em
razão dos princípios motivadores do instituto em tela, quais sejam, efetividade e tem pestividade da
tutela jurisdicional, bem com o do principio da economia processual decorrente daqueles.
™ Ainda quando atue como cusius legis, pode ser que o Ministério Público necessite pleitear a
antecipação da tutela. A idéia de custus legis deve ser entendida de form a mais abrangente do que
a de mero fiscal da lei, pois deve ter o significado de fiscal da justiça. Ademais, se pode o Ministério
Público recorrer, ainda que atue como fiscal da lei (CPC, art. 499), é razoável que possa requerer a
tutela antecipada e, quando assim o faz, age não no interesse desta ou daquela parte, mas “no
interesse da justiça, ao argumento de que esta somente se efetivará se os efeitos pretendidos pela
parte forem antecipados’’ (Roberto Eurico Schmidt Junior, A tutela antecipada e o Ministério Público
enquanfo custus legis", pp. 455-461). Exemplifica-se essa atuação ministerial com o caso em que o
Ministéno Público Federal requereu, incidenlalmente, a antecipação da tutela que foi deferida, em
prol do interesse de menores que atuavam no pólo ativo da lide, em ação de cunho previdenciário
(S Ã O PAU LO , 5* V ara P re v id e n c ià ria da 1- S e ção J u d ic iá ria , a ção o rd in á ria , a u to s n®
2000.61.83.003440-8, juíza; Tatiana Ruas Nogueira, data da decisão: 22/3/2001). Em sentido con
trário, a 1* Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, no Estado de São Paulo, sustentou a ilegi
timidade do Ministério Público para a postulação de tutela antecipada, se o incapaz estiver legalm en
te representado e houver assistência de advogado {1®TAGIVIL, 1® G àm „ Agr. In s tr 1.057.229-9-SP,
Rei. Juiz Correia Lima, j. 25/2/2002, v.u.. BAASP 2,261, de 29/4 a 5/5/2002, pp. 2218-2220).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TEC IPAD A
"ü r é u , n a c o n t c s tn ç ã o , l ic In d o ns h ip ó te s e s e x c e p c io n a is d e
ações d ú p l ic e s , n ã o f o r m u l a p e d id o . E n t r e t a n t o , o r é u , a o s o l i
c i t a r a r e je iç ã o d o p ie d id o f o r m u l a d o p e lo a u t o r , r e q u e r t u t e l a
j u r i s d i c i o n a l . O r é u , n n c o n te s ta ç ã o , r e q u e r t u t e l a j u r i s d i c i o -
n a l d e c o n te ú d o d e c la ra tó n o .
S e 0 a u t o r p o d e r e q u e r e r a t u fe ia a n t e c i p a l ó r i a n a p e n d ê n c i a d a
a ç ã o d e c l a r a t ó r ia q u e o b j e t i v a d e c l a r a r a l e g i t i m i d a d e d e u m
a t o , 0 r é u t a m b é m p o d e r á , e m tese, s o l i c i t a r a t u t e l a a j i t e c i p n t ó -
r i a n a a ç ã o d e c l a r a t ó r ia d e i l e g i t i m i d a d e d e a t o $e, e m f a c e d o
ca so c o n c r e t o , e s t i v e r e m p r e s e n te s c i r c u n s t â n c i a s q u e fa ç a m
c r e r q u e o a u t o r p r a t i c a r á a to s q u e i m p e d ir ã o o r é u d e p r a t i c a r
0 a t o q u e s u p õ e l e g í t im o . A t u t e l a i n i b i r á o a u t o r d e p r a t i c a r os
a to s q u e p o d e r ia m i m p e d i r o r é u d e p r a t i c a r o a t o q u e , e m c a s o
MARINONI, Luiz Guilherme, A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 174.
SILVA. Ovídio Araújo Baptisla da. A antecipação da tutela na recente reforma processual. Refor
ma do Código de Processo C/w7. Sálvio de Figueiredo Teixeira (Coord.). São Paulo: Saraiva, 1996, p,
137.
V. STJ, Turma, RESP 113368/PR (96/0071710-9), Rei. Min. José Delgado, j, 7/4/1997, v.u.,
DJU 19/5/1997, p. 20593.
6 6 FÁ B IA LIM A D E BR ITO
ASSIS, Araken de. Antecipação de tutela. Aspectos polêmicos da antecipação de tutela. Teresa
Arruda Alvim Wambier (Coord,), São Paulo: RT, 1997, p. 24,
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 212-
213,
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TE C IP A D A
no, q u e o d o c u m e n to q u e co n té m "a d e c la ra ç ã o te s te m u n h a i
a n te c ip a d a p ro v a a p e n a s a declaração te s te m u n h a i, e n ã o a afir
m a ç ã o d e fato q u e tal declaração p re te n d e p ro d u z ir"'" '" . P o rta n
to, a p ro v a d o c u m e n ta d a d ev e ser v a lo ra d a d e a c o rd o com esse
e n te n d im e n to .
A firm a -se q u e a tu te la a n te c ip a d a é c o n c e d id a com a
p ostergação d a p ro d u ç ã o d a pro\'a, o u com a p o sterg a ção d o con
trad itó rio no s casos q u e tais, em q ue a concessão ocorre antes q ue
as p ro v a s re q u e rid a s pelas partes ten h a m sido p ro d u z id a s . Isto
p o rq u e , a p ro d u ç ã o de p ro v a é a principal resp o n sáv el pelo gasto
d e te m p o n o processo e a tutela an te cip ad a objetiva, ju stam en te, a
re d u ção d o te m p o gasto ao longo d o pro ced im en to .'^’
Conforme Luiz Guilherme Marinoni, que utiliza a expressão “postecipação do contraditório" {/4
antecipação tía tutela, p. 213).
"A p r o v a n ã o p o d e s e r d e s ig n a d a d e 'p r o v a d e v e r o s s i
m i l h a n ç a ' o u d e ' p r o v a d e c e r t e z a '. Q u a n d o o p r o c e d i
m e n t o d e v e p r o s s e g u i r p a r a q u e o u t r a s p r o v a s s e ja m p r o
d u z id a s , h á a f o r m a ç ã o d e u m a e s p é c ie d e ju í z o , o q u a l
l h a n ç a '. É o j u í z o f o r m a d o a p a r t i r d a p r o v a , q u e p o d e
s e r d e s ig n a d o d e 'ju í z o p r o v is ó r io ', p o r s e r f o r m a d o n o
c u r s o d o p r o c e d im e n t o te n d e n te à c o g n iç ã o e x a u r ie n t e ,
m a s é c h a m a d o , e q u iv o c a d a m e n te , d e 'ju í z o d e v e r o s s i
m ilh a n ç a '.
F a la r q u e a p r o v a d e v e f o r m a r u m 'ju í z o d e v e r o s s im i
lh a n ç a ', c o m o p r e c e it u a o a r t . 2 7 3 , c o n s t i t u i t a u t o l o g i a .
I s t o p o r q u e t o d a p r o v a , e s t e ja f i n a l i z a d o o u n ã o o p r o
c e d im e n to , a p e n a s p o d e p e r m it ir a fo r m a ç ã o de um
'ju í z o d e v e r o s s im ilh a n ç a ' q u a n d o se p a r t e d a c o n c e p
ç ã o d e q u e a v e r d a d e é a lg o a b s o lu t a m e n t e in a t in g í v e l.
E n tr e ta n to , se p o r j u í z o d e v e r o s s i m i l h a n ç a ' d e s e ja - s e
s ig n if ic a r ju í z o n ã o fo r m a d o c o m b a s e n a p le n it u d e d e
p r o v a s e a r g u m e n to s d a s p a r te s , o m a is c o r r e t o é f a la r
d e 'ju í z o p r o v is ó r io '.
ASSIS, Araken de. Antecipação de tutela. Aspectos polêmicos da antecipação de tutela. Teresa
Arruda Alvim Wambier (Coord.). São Paulo; R I, 1997, pp. 24-25.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TE C IP A D A 69
C o n tu d o , 0 m a is im p o r t a n t e é a d e m o n s t r a ç ã o d e q u e a d i fe r e n
ciação e n t r e p r o v a e j u í z o não p e r m i t e m a is q u e s e f a l e e m p r o
v a d e v e r o s s im i lh a n ç a o u j u í z o de v e r o s s im i lh a n ç a q u a n d o se
p r e t e n d e a l u d i r a u m j u í z o p ro v isó rio " .'^* (g rifo s nossos)
MARINONI, Luiz Guilherme. -4 antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Matheiros, 2002, p. 214,
TJSP, 7® Câmara de Direito Público, Ag r. Instr. 198.144.5/6-SP, Rei. Des. Sérgio Pitombo, j, 4/6/
2001, V .U ., BAASP 2.280, de 9 a 15/9/2002, p. 2371,
™ LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia das decisões e execução provisória. São Paulo:
RT, 2000, p. 236.
70 F ÁBIA LIM A D E BRIT O
“A f i x n ç ã o d o s l i m i t e s da tu te la a n te c ip a d a não é a to d is c r ic io
n á r io do j u i z . E s le e s ta rá s e m p r e v i n c u l a d o ao p r i n c ip io da
n e cessid a d e, de s o r te q u e s o m e n t e a fa sta r á a g a r a n t i a d o n o r
m a l c o n t r a d itó r io p r é v io ( p r i n c íp io da s e g u r a n ç a j i m d i c a ) n o s
e x a to s l i m i t e s d o q u e f o r n ecessário à e f e t iv id a d e d a t u te la j u -
r is d ic io n a l. A p e n a s , p o r t a n t o , q u a n d o h o u v e r c o m p r o v a d o
risco d e iu u tiliz a ç ã o d a p r e s ta ç ã o e s p e ra d a p e la p a r te é
q u e será ca h iv e í a in v e r s ã o d a s e q ü ê n c ia n a t u r a l e lógica e n tr e
os a to s d e debate, a c e r ta m e n t o e e x e c u ç ã o " ( g r i f o s n o sso s)
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 184.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O DA T U T E L A A N T E C IP A D A
Q u a n d o d ec o rre d e u m d a n o já c o n s u m a d o , “o d a n o irre p a
rável o u d e difícil re p a ra ç ã o " {CPC, art. 273, inciso I), a tutela
a n te c ip a d a é rc ssn rd tó rin . P o r seu tu rn o , q u a n d o v isa a p re v e n ir
a to co n trá rio ao direito, a tutela a n te c ip a d a é in ib itó r la , p o rq u e
fu n d a d a n o "justificado receio d e ineficácia d o p ro v im e n to fi
n a l" , q u e n ã o é d a n o (CPC, art. 461, § 3“ e C ó d ig o d e D efesa d o
C o n s u m id o r, art. 84)."*"
0 § 6^ do art. 273 não se refere à incontrovérsia do direito. Incontrovérsia do direito é aquela que,
no curso do processo, significa que uma das parles, ou ambas, manifestou-se no sentido de eliminar
0 conflito entre as suas pretensões, o que se dá. por exemplo, quando há o reconhecimento do
pedido pelo réu, a renúncia do direito pelo autor ou a transação celebrada entre ambos. Nessas
hipóteses, o processo só se extingue se a autocomposição abranger a totalidade do pedido, caso
contrário, “restando parcelas de conflito ainda a dirimir, o sistema autoriza o juiz a fiom ologar o ato
negociai celebrado por uma das partes ou por ambas, fazendo-o por decisão interlocutória e não por
sentença, porque o processo não terá fim (...) Embora interlocutória, essa decisão que fiomologa o
ato dispositivo de uma das partes ou de ambas terá a mesma eficácia da sentença homologatória,
valendo com o título executivo se fo r o caso e ficando sujeita ã autoridade da coisa julgada na mesma
medida que essa sentença” (Cândido Rangel Dinamarco, A reforma da reforma, pp. 98-99).
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3. ed. São Paulo: Malfieiros, 2002, p. 95.
A esse propósito, Dinamarco, relembrando os conceitos de porito e questão, afirma que: "ponto é
fundamento. Cada afirmação contida na petição inicial é um ponto. Quando um ponto das alegações
de uma parte é contrariado pelo adversário, esse ponto deixa de ser pacifico, tornando-se controver
tido e assim erigindo-se em questão - donde se vê que a questão é sempre gerada pela controvérsia
lançada por uma das partes ao negar o que a outra afirmara” (op. cit., p. 95 - grifos no original).
F Á B IA L IM A DE BR ITO
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3, ed. São Paulo: Malheifos, 2002, p. 95.
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da lutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 203.
Ainda a esse respeito, assevera Luiz Guilherme Marinoni que: "Se o processo admite a cumulação
de pedidos, e não admite a fragmentação do julgamento dos pedidos, ele está agravando a situação
do autor que tem razão, sabido que a demora necessária à averiguação do direito já configura, por si
só, um prejuízo à parte autora. Um procedimento que não permite a cisão do m om ento do julgamento
dos pedidos cumulados é um procedimento incapaz de evitar que seja agravado o dano que é imposto
a todo autor que tem razão". Para o referido processualista, é "contraditória a postura de adm itir a
cum ulação de pedidos, com base no princípio da econom ia processual, e não perm itir o
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA A N TEC IP AD A
imediato julgamento do pedido que estiver maduro para julgamento antes dos demais”, por força do direito
à adequada tutela jurisdicional previsto no art. 5®, XXXV, da CF ( /l antecipação da tutela^ pp. 203-204),
" DINAMARCO, C ândido Rangel. A reforma üa reforma. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 96.
Com esse posicionamento, também, Teoh Albino Zavascki, Aritecipação da tutela em face de pedido
incontroverso, p. 11.
'5' “0 )U)z pode revogar a antecipação da luleia, a\é de oíício, sem pre que, am pliada a cognição, se
convencer da inverossimilhança do pedido" (STJ, 3 - Turma, RESP 193298-MS, Proc. 199800793631.
Rei. Min, W aldemar Zveiter, j, 13/3/2001, v.m., DJU 1/10/2001, p. 205),
Nesse ponto, Teori Albino Zavascki justifica a reiteração do mecanismo da antecipação da tutela
no § 3- do art. 461 em face da “importante função de salvaguarda da prestaçào especifica que a
medida assumirá em se tratando de cumprimento de obrigação de não fazei", uma vez que "o nosso
sistema anterior não dispunha de mecanismo eficiente a garantir tutela específica para obrigações
negativas sob ameaça de lesão” {Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer, p, 114
- g r ifo s no original).
FÁ B IA LIM A D E B R iT O
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3. ed, São Paulo: Malheiros, 2002, p. 234.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA A N TEC IPAD A
' “ TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer. São Paulo: RT, 2001, pp.
347-351.
ZAVASCKt, Teori Albino. Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer. Gênesis -
Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v. 4, p. 122, jan./abr. 1997.
CF, art, 5®, inciso LXVll: "não fiaverá prisão civil por divida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel".
7g F ÁBIA U M A D E BRITO
^ DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3. ed. São Paulo: Malheiros. 2002, pp.
244-245; THEODORO JÚNIOR, Humberto. Tuieia específica das o bfíg a fõ es de lazer e não lazer. n.
10-11. Disponível em: <htpp://www1 .jus.cofn.br/doutrlna/fexto,asp?id=2904>. Acesso em 29 abr, 2002,
e Processo de execução. 20. ed. São Paulo: Leud, 2000, pp. 40-41.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. pp.
235-236. Luiz Guilherme Mahnoni, por seu turno, sustenta que a multa coercitiva deve ser devida ao
Estado e não à parte, na medida em que “não se destina a dar ao autor um plus indenizatóno ou algo
parecido com isso, seu único objetivo é garantir a efetividade da tutela jurisdicional" {Tutela inibitória:
individual e coletiva, p. 179).
PE R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TEC IPA D A
DINAMARCO, C ândido Rangel. Ibidem, p. 236. V., ainda. Cap. 1, item 1.5.2.3, n. 50.
A multa do § 5- do art. 461 foi introduzida expressamente no dispositivo pela Lei 10.444, de 8/5/
2002. Assim, a sua redação atual diz que: T a r a a efetivação da tutela especifica ou a obtenção do
resultado prático equivalente, poderá o juiz, de oficio ou a requerimento da parte, determ inar as
medidas necessánas, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se neces
sário com requisição de força policial".
ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipação da tutela e obrigações de fazer e de não fazer. Gênesis -
Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v. 4, pp. 114-115, jan./abr. 1997.
Embora não se tenha cuidado, neste trabalho, da tutela inibitória, por torça das razões apontadas
FÂ B IA U M A D E BR ITO
anteriormente, remete-se o leitor à obra que trata amplamente do tema, de Luiz Guilherme Marinoni.
Tutela inibtíória: individual e coletiva. 2. ed. São Paulo: RT, 2000,
THEODORO JIJNIOR, Humberto. Tutela especifica das obrigações de fazer e não fazer, n. 10.
Disponível em: <htpp://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2904>. Acesso em 29 abr. 2002.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3. ed, São Paulo: Malheiros, 2002, pp,
239-241,
TALAMINI, Eduardo, Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer. São Paulo: RT, 2001, p.
254, Com a mesma opinião, Humberto Theodoro Júnior, Tutela especifica das obrigações de fazer e
não fazer, n, 11, Para Thereza Alvim, sistematicamente, a exigência da multa deve ser feita em
processo de execução, mas admite sua cobrança de plano nas situações em que o alcance da tutela
específica o exija (A tutela especifica do art, 461, do Código de Processo Civil, p. 110).
P E R F IL SS STEM ÁTIC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A
to q u e m a is se c o a d u n a co m o p rin c íp io d a e fe tiv id a d e d o p r o
cesso.
N o q u e c o n c e rn e à p ris ã o civ il, co m o fo rm a d e m e d id a co
ercitiv a, n ã o se p o d e d e ix a r d e a ssin a la r a c o n tro v é rs ia d o u t r i
n á ria acerca d o s e u c a b im e n to , n o â m b ito d o art. 461 d o CPC.
Isto p o r q u e a C o n stitu iç ã o F ed eral p ro íb e e x p r e s s a m e n te a p r i
são p o r d ív id a , salv o n o caso d e o b rig aç ão a lim e n tíc ia e d e d e
p o s itá rio infiel (art. 5°, inciso LXVII)'^®. A ssim , p o d e r-s e -ia e n
te n d e r q u e se o texto c o n stitu c io n a l n ã o e x c e p c io n o u a h ip ó te
se p e r m is s iv a d o art. 461, e n tã o n ã o teria c a b im e n to a p ris ã o
civil co m o m e c a n is m o d e co m p e lir o o b rig a d o ao a d im p le m e n to
d a tu te la específica.
P o r o u tro lado, a p risã o civil, p a ra os fins d o art. 461 d o CPC,
p o d e e n c o n tra r g u a rid a n o texto con stitucional, caso e n te n d e r-
se q u e a v e d a ç ã o d iz re sp e ito à p ris ã o p o r d ív id a d e d in h e iro e
n ã o ao d e s c u m p rim e n to d e obrigação específica. A ssim , n o caso
d e d e s c u m p r im e n to d e o rd e m judicial q u e d e te rm in a o a d i m
p le m e n to d e tutela específica, a p risã o civil, alé m d e d e r iv a r d o
p o d e r d e im p é rio estatal, tem p o r fim re s g u a rd a r a d ig n id a d e
d a justiça e a g aran tia d a tutela jurisdicional útil (CF, art. 5", inciso
XXXV)'^. Este, aliás, p arece ser o m e lh o r e n te n d im e n to , salien
ta n d o -s e q u e a p ris ã o civil, co m o m e d id a coercitiva, d e v e ser
u tiliz a d a em ú ltim o caso, s o m e n te n a q u e la s situ açõ e s e m q u e
n ã o se v is lu m b ra o u tro m eio d e co m p elir o d e m a n d a d o ao c u m
p rim e n to d a tu tela específica o u re s u lta d o p rá tic o eq u iv alen te.
Contra o cabimento da prisão civil como meio coercitivo tendente à realização da tutela especifi
ca, Eduardo Talamini, Tutelas mandamental e executiva lato sensu e a antecipação de tutela ex w do
art, 461, § 3-, do CPC. Aspectos polêmicos da antecipação de tutela. Teresa Arruda Alvim Wambier
(Coord.). São Paulo: RT, 1997, pp. 163465.
" ARENHART, Sérgio Cruz. A tutela inibiiória da vida privada. São Paulo: RT 2000, pp. 206-213.
F Á B IA LIM A D E B R IT O
BARBOSA. MOREIRA, José Carlos. 0 novo processo civil brasiíeíro. 19. ed. São Paulo: Forense,
1998, p. 185.
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; e TALAMíNI, Eduardo. Curso
avançado de processo civil: processo de execução. 5. ed., v. 2. Luiz Rodrigues W am bier (Coord.).
São Paulo: RT. 2002, p. 139. Com o mesmo entendimento, Paulo Hennque dos Santos Lucon, Eficá
cia das decisões e execução provisória, pp. 146 e 201.
FÁB IA L IM A D E B R ITO
BARBOSA M OREIRA. José Carlos. 0 novo processo civil brasileiro. 19. ed. São Paulo; Forense,
1998. p. 186.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de execução. 20. ed. São Paulo: Leud, 2000, p. 39.
V. Cap. 1, itens 1.5.2.1 e 15.2.2. V., ainda. Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de
Almeida e Eduardo Talamini, Curso avar^çaclo de processo civil. v. 1, p. 38.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N T E C IP A D A
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flàvio Renato Correia de; e TALAMINI, Eduardo. Curso
avançado de processo civil: processo de execuçào. 5. ed., v. 2. Luiz Rodrigues W am bier (Coord.),
Sào Paulo: RT, 2002. pp. 31-34.
Tais meios de coerção, ou de coação, são denominados pela doutrina, de execução ir)direta,
emtjora não sejam, rigorosamente, execução, já que esta só ocorre quando o Estado, por meio da
atuação do órgão jurisdicional, substitui a conduta do devedor inadimplente. Nesse sentido, Humberto
86 F Â B IA L IM A D E B R ITO
Theodoro Júnior, Processo de execuçào. pp. 40-41 e Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correia
de Almeida e Eduardo Talamini, op. dt.. p. 35. Com entendimento diverso, Araken de ASSIS admite
a existência de duas classes fundamentais acerca dos meios executórios: a sub-rogatória e a coerci
tiva (Manual do processo de execução, p. 105).
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA. Flávio Renato Correia de; e TALAMINI, Eduardo. Curso
avançado de processo civil: processo de execução. 5. e d „ v. 2. Luiz Rodrigues Wambier (Coord.).
São Paulo: RT, 2002, pp. 31-32.
THEODORO JIJNIGR, Humberto. Processo de execuçào. 20. ed. São Paulo: Leud, 2000, p. 46.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N T E C IP A D A
CPC, art, 587; "A execução è definitiva, quando fundada em sentença transitada em julgado ou
em titulo extrajudicial: é provisória, quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só
no efeito devolutivo” .
CPC, art. 588: "A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva,
observadas as seguintes regras: I - corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga,
se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado ventia a sofrer; II - o levanta
mento de depósito em dintieiro, e a prática de atos que importem alienação de dom ínio ou dos quais
possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nos
próprios autos da execução; III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a
sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior; IV - eventuais prejuízos
serão liquidados no mesmo processo.
§ 2- A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o limite de 60
(sessenta) vezes o salário mínimo, quando o exeqüenie se encontrar em estado de necessidade".
CPC, art. 589: "A execução definitiva far-se-á nos autos principais; a execução provisória, nos
autos suplementares, onde os houver, ou por carta de sentença, extraída do processo pelo escrivão
e assinada pelo juiz".
FÁB IA L IM A OE B R ITO
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Eficácia úas decisões e execução provisória. São Paulo-
RT, 2000, p. 208.
Nesse sentido, Paulo Henrique dos Santos Lucon sustenta que a atuação concreta do ato jurisdi-
cional, ensejador do resultado útil almejado pelas partes, não se confunde com os conceitos de
provisoriedade e delinitividade. Isto porque, “a execução não é em si provisória, mas é lundada em
titulo provisório, pois falta o valor pleno de uma declaração definitiva" (op, dl. pp. 210-211). V.,
ainda, Luiz Guilherme Marinoni, segundo o qual a qualidade 'provisória' da execução expressa, tão-
somente, a sua 'não-definitividade', por não existir, ainda, coisa julgada material; em razão disso, a
execução provisória pode ser completa ou incompleta ar^tecipação da tutela, p. 237}.
V, Cap. 2, item 2,1. Também. Humberto Theodoro Júnior, Processo de execução, p. 178.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TEC IPA D A 89
'« LUCON, Paulo Henrique dos Santos, Op. c il, pp. 228-229. V., ainda, Cap. 1, item 1.3.
CPC. art, 520: “A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensive. Será, no entan
to, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - hom ologar a divisão ou
a demarcação; II - condenar à prestação de alimentos; ill - julgar a liquidação de sentença; IV -
decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los im proceden
tes; VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; VII - confirm ar a antecipação dos
efeitos da tutela". 0 parágrafo VII desse dispositivo foi acrescentado pela Lei 10.352, de 26/12/2001.
CPC, art. 542, § 2®: "Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo” .
DINAIVIARCQ, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 3, ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 255.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TE C IPA D A
V. Hum berto Theodoro Júnior, para quem o advento da tutela antecipada transformou o processo
de conhecimento no antigo processo m /erd/fa/em que, numa mesma ação e numa mesma relação
jurídica, se declara o direito da parte e se procede à sua realização forçada. Isto porque "as providên
cias de antecipação de tutela compreendem medidas executivas lato sensu, realizáveis, portanto, no
mesmo processo de conhecimento já instaurado” . [Tulela especifica das obrigações de fazer e r)ão
fazer, n. 7) V., também, Paulo Henrique dos Santos Lucon, op. c ii. p. 270 e O vidio Baptista A. da
Silva, Processos de execução e cautelar. p 44.
MARINONt, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 1. ed. São Paulo: Malhetros, 2002, pp. 238-
240. Para Marinoni, o provimento aniecipatório possui uma “executividade intrínseca", porque não
possui natureza condenalória, não exige o ajuizamento da ação de execução, pois a atuação do
provimento sumário se insere no próprio processo de confiecimento. Com isso, não é possível (ançar
mão dos embargos do executado; o incontormismo com a decisão antecipatória enseja o requeri
mento, mediante simples petição, de revogação ou de m odificação da tutela (CPC, art, 273, § 4-) ou,
ainda, a interposição do recurso de agravo, nos moldes do art. 558 do CPC (op, dl. pp. 240-241).
FÁB IA LIM A D E B R ITO
'» BUENO, Cássio Scarpinella. Execução provisória e antecipação da tutela: dinâmica do efeito
suspensivo da apelação e da execução provisória: conserto para a efetividade do processo. São
Paulo: Saraiva, 1999, pp. 161-163,
^ V. Cap. 2. item 2,3, nota 36.
Disso resulta que a antecipação da tutela “outra coisa não é senão emprestar eficácia executória,
de caráter provisório, à decisão de mérito que dela seria desprovida" (J, J. Calmon de Passos, Da
antecipação da tutela, p. 209).
F Á B IA L IM A D E B R IT O
™ A esse respeito, no agravo de instrumento em sede de ação que pleiteava a concessão de bene
ficio previdenciário (aposentadoria por invalidez), a 1* Turma do TRF da 3- Região decidiu que; “As
questões da reversibilidade e da prestação de caução devem ser analisadas em face do conflito de
valores existente. Não fiá como se exigir caução, quando um dos fundamentos para a eventual
concessão da tutela é, exatamente, a impossibilidade de o requerente prover a própria subsistência.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N T E C IP A D A
" YARSHELL, R ávio Luiz. Antecipação de tutela específica nas obrigações de declaração de von
tade. no sistema do CPC. Aspeclos polêmicos da antecipação de tutela. Teresa Arruda Alvim Wambier
(Goord.). São Paulo; RT, 1997, nota 14, p, 177. V., também, Paulo Henrique dos Santos Lucon. op.
cit., p. 273.
™ De acorOo com Luiz Guilherme Marinoni, que detende a idéia da cisão parcial do julgam ento de
mérito, "o procedim ento que, muito embora a evidência de um dos pedidos cum ulados ou de parcela
deles, arrasta o julgam ento de todo o mérito para momento posterior à finalização da instrução -
princípio da sentença única não está em consonância com o direito constitucional de acesso à
justiça", além disso, contra tal decisão é cabivel o recurso de agravo com efeito suspensivo, nos
moldes do art, 558 do CPC. (-A antecipação da tutela, pp. 244-245 e 253-257), V., supra, Gap 2, item
2.6.
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fa ze r São Paulo, RT, 2001, pp.
469-471. Com 0 mesmo entendimento, Luiz Guiltierme Marinoni, A antecipação da tutela, pp. 246-
249.
F Á B IA L IM A D E B R ITO
" MARINONí, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. pp. 242-
243.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva. 2. ed. São Paulo: RT, 2000, p.
187.
Nesse sentido, Eduardo Talamini, Tutela relativa aos deveres de fazer e de não fazer, p, 254 e
Tutelas m andam ental e executiva lato sensu e a antecipação de tutela ex vi do an. 461, § 3- do CPC.
p. 159. Com a mesma opinião, Humberto Ttieodoro Júnior, Tutela específica das obrigações de fazer
e não lazer, n. 11. Para Thereza Alvim, sistematicamente, a exigência da multa deve ser feita em
processo de execução, mas admite sua cobrança de plano nas siluações em que o alcance da tutela
especifica o exijam {A tutela especifica do art. 461, do Código de Processo Civil, p. 110). V. Cap. 2,
item 2.7.2. Com entendimento diverso. Cândido Rangel Dinamarco, para quem a multa só é exigivel
após 0 trânsito em julgado da sentença, tenha sido fixada em decisão interlocutòria ou em sentença,
ante a possibilidade de tal preceito, vindo a ser revogado ou reformado, dar razão à outra parle no
processo (4 reforma da relorma, pp. 239-241). De acordo com Luiz Rodrigues Wambier, Fiávio Re
nato C orreia de Almeida e Eduardo Talamini, a exigibilidade da multa deve ocorrer quando a decisão
que a fixou não estiver mais sujeita a recurso com efeito suspensivo {C urso avançado de processo
civil, V. 2, p. 288).
100 F Â B IA L IM A D E B R ITO
2'* WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; e TALAMiNI, Eduardo. Curso
avançado de processo civil: processo de execução. 5, e d „ v, 2. Luiz Rodrigues W am bier (Coord.).
São Paulo: RT, 2002, pp. 292-293.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N T E C IP A D A
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Fiávio Renato Correia Qe; e TALAMINI, Eduardo. Ibidem.
pp. 292-293.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória: individual e coletiva 2. ed, São Paulo: RT, 2000, p.
166.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tuiela inibitória: individuale coletiva. 2. ed. São Paulo: RT, 2000. pp.
187-188.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N TEC IPA D A
" MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed, São Paulo: Malheiros, 2002, p. 55 e,
também, A tutela antecipatória nas ações declaratória e constitutiva, p, 77. V., ainda, Paulo Henrique
dos Santos Lucon, Eficácia das decisões e execução provisória, pp. 283-284.
™ Nesse sentido, o S uperior Tribunal de Justiça, admitindo a tutela antecipada declaratória, precei-
tuou que: “Conquanto para alguns se possa afastar, em tese, o cabimento da tutela antecipada nas
ações declaralórias, dados o seu caráter exauriente e a inexistência de um efeito prático imediato a
deferir-se, a doutrina e a jurisprudência vêm admitindo a antecipação nos casos de providência pre
ventiva, necessária a assegurar 0 exame do mérito úa demanda" (STJ, 4* Turma, RESP 201219-ES,
Rei. Min. Sáivio de Figueiredo Teixeira, j. 25/6/2002, v,m „ DJU 24/2/2003, p. 236).
™ MARINONI, Luiz Guilherme. Op. c/f., pp. 59-60.
™ MARINONI, Luiz Guilherme. A tutela antecipatória nas ações declaratória e constitutiva. Gênesis
- Revista de Direito Processual Civil Curitiba, v. 4, p. 78, jan./fev. 1997.
MARINONI, Luiz Guilherme. Op. c/f., pp. 56-58.
P E R F IL S tS T E M A T lC O D A T U T E L A A N TE C IP AD A
s o c ie d a d e a n ô n im a , ao in v é s d e se a n te c ip a r o p r o v i m e n t o
co n stitu tiv o (negativo), a decisão a n te cip ató ria p o d e r á ater-se a
a lg u n s efeitos d o p ro v im e n to p re te n d id o , co m o o exercício d o
d ire ito d e v oto an te s d o a u m e n to d o capital, o u a d istrib u iç ão
d o s d iv id e n d o s d e ac o rd o com a situ ação anterior.^^®
T a m b é m n o caso d e ação d e revisão d e c o n tra to , em q u e se
d isc u te acerca d o débito, é cabível a tu tela a n te c ip a d a p a r a evi
ta r a inscrição d a p arte, com o in a d im p le n te , e m c a d a s tro d e p r o
teção ao créd ito, sob p e n a d e p e r d a im ed iata d e s u a c re d ib ilid a
d e na p ra ça e m q u e atua. É nesse sen tid o a re ite ra d a ju ris p ru
dê n c ia d o S u p e rio r T rib u n al d e Justiça, s e g u n d o a q u al " d e sd e
q u e p e n d e n te d e decisão judicial o valor d o d éb ito, e p o n d e rá v e is
as ra zõ es d o d e v e d o r, justifica-se a concessão d a tu tela a n te c ip a
d a p a ra im p e d ir a in clusão d e seu n o m e n o rol d o s in a d im p le n te s
n o s ó rg ã o s c o n tro la d o re s d e crédito". ^
A lém d esse s casos d e an te cip açã o d o s efeitos p rá tic o s d a s
decisõ es d ec lara tó ria e co n stitu tiv a, é d e se p e r q u ir ir acerca da
h ip ó te se d e cu m iilnção de pedidos. Isto p o rq u e o p e d id o d eclara-
tório o u 0 p e d id o co n stitu tiv o p o d e rã o v ir c u m u la d o s com u m
p e d id o c o n d e n a tó rio , m a n d a m e n ta l o u executivo. P o r exem plo ,
n u m a ação d e resolução d e co n tra to c u m u la d a com re in te g ra
ção d e p o sse - p a ra a im ed iata execução d a re in te g ra ç ã o b asta a
p ro b a b ilid a d e d e êxito d o p e d id o co n stitu tiv o (de re so lu ç ão d o
contrato). É essa valoração, acerca da p ro b a b ilid a d e d e êxito da
" 0 exemplo citado è de Humberto Theodoro Júnior, Antecipação de tulela em ações declaralórias
e constitutivas, p. 18.
V, STJ, 45 Turma, RESP 471957-SP, Rei. Min. Aldir Passarinho Junior, j. 5/12/2002, v.u., DJU 24/
3/2003, p. 236; STJ, 3* Turma, RESP 435134-SP, Rei, Min. Castro Filho, j. 8/11/2002, v.u., DJU 16/
12/2002, p. 320; STJ, 4* Turma, RESP 435519-SP, Rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. 1/10/2002,
V.U., DJU 25/11/2002, p. 242.
FÁ B IA U M A D E B R ITO
" MARINONI. Luiz Guilherme. A tutela antecipatória nas ações declaratória e constitutiva. Gênes/s
- Revista de Direito Processual Civil. Curitiba, v. 4, p. 79, jan./fev. 1997.
™ MARINONI, Luiz Guilherme. Ibidem, p. 82. V., supra. Cap. 2, item 2.4.
Nesse sentido, Cássio Scarpinella Bueno acentua que a tutela antecipada é ‘‘importante (aliás,
fundamental) mecanismo de efetividade do processo contra as ingerências indevidas do Poder Pú
blico naqueles casos em que o particular apresentar-se não como titular de um direito líquido e certo
da iminência de lesão a afirmação de seu direito [hipótese do mandado de segurança), mas titular de
‘prova inequívoca da verossimilhança da alegação’, critério igualmente valorado e prestigiado pelo
legislador atual para legitimar a antecipação da tutela, mesmo em lides envolvendo relações de
direito público" ( Tutela antecipada e ações contra o Poder Público: reflexão quanto a seu cabimento
como conseqüência da necessidade de efetividade do processo, p. 54 - grifos no original).
™ A Lei 9.494, de 10/9/1997, que resultou da Medida Provisória 1.570-5, de 1997, determina, em
seu art. 1« que: "Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo
Civil 0 disposto nos arts. 5 - e seu parágrafo único e 7 - da Lei n® 4.348, de 26/6/1964, no art. 1 -e seu
FÂB IA U M A D E B R ITO
§ da Lei n« 5.021, de 9/6/1966, e nos arts, 1», 3® e 4« da Lei n« 8.437, de 30/6/1992". Na Açào
Direta de Constitucionaiidade - ADC 4-97. o Supremo Tribunal Federal suspendeu, liminarmente,
com eficácia “ex nunc” e com efeito vinculante, até final julgamento, a prolaçào de qualquer decisão
sobre pedido de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a constitu
cionaiidade ou inconstilucionalidade do art. 1-, da Lei 9.494/97 (Boletim do STF n- 287, de 30/10/
2002) .
Lei 4.348, d e 26/6/1964, art. 5®; “Não será concedida a medida liminar de mandados de segurança
impetrados visando à reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à concessão de
aumento ou extensão de vantagens. Parágrafo único; Os mandados de segurança a que se refere
este artigo serão executados depois de transitada em julgado a respectiva sentença". (...)
Art. 7®: “0 recurso voluntário ou ex officio, interposto de decisão concessiva de m andado de seguran
ça que importe outorga ou adição de vencimento ou ainda reclassificação funcional, terá efeito
suspensivo".
Lei 5.021, de 9/6/1966. art. 1-: " 0 pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias asseguradas
em sentença concessiva de mandado de segurança, a servidor público federal, da administração
direta ou autárquica, e a servidor público estadual e municipal, somente será efetuado relativamente
às prestações que se vencerem a contar do ajuizamento da inicial. (...)
§ 4®. Não se concederá medida liminar para efeito de pagamento de vencim entos e vantagens
pecuniárias".
Lei 8,437, d e 30/6/1992, art. 1®: “Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no
procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez
que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em
virtude de vedação legal. § 1®. Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada
ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à
competência originária de tribunal. § 2®. 0 disposto no parágrafo anterior não se aplica aos proces
sos de ação popular e de ação civil pública. § 3®. Não será cabível medida liminar que esgote, no
todo ou em parte, o objeto da ação".
Art. 3®: “0 recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo cautelar, proferida
contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em outorga ou adição de
vencimentos ou de reclassificação funcional, terá efeito suspensivo".
" BUENO, Cássio Scarpinella. Tutela antecipada e ações contra o poder público: reflexão quanto a
seu cabimento como conseqüência da necessidade de efetividade do processo. Aspectos polêmicos
da antecipação de tutela. Teresa Arruda Alvím Wambier (Coord,), São Paulo: R T 1997, p. 59.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A A N T E C IP A D A 109
ju iz q u a n d o os p re s su p o s to s essenciais ex ig id o s p a r a a su a con
cessão se to rn a re m p re sen tes, m e sm o q u e a p a r te re q u e rid a seja
a F a z e n d a P ública".
S e g u n d o já d e c id iu o T rib u n al R egional F ederal (TRF) d a 2"
R egião, " é p o ssív el a concessão d e tu tela a n te c ip a d a e m face da
F a z e n d a Pública, n ã o se n d o óbice a existência d o d u p l o g ra u d e
ju risd ição o b rig ató rio ", te n d o em vista q u e o o r d e n a m e n to jurí
dico p e r m ite a execução im ed iata d e d ecisõ es judiciais e m face
d o p o d e r p ú b lico , m e sm o q u a n d o te n h a m q u e ser s u b m e tid a s à
C o rte s u p e rio r, com o ocorre, p o r ex em plo, com o re e x a m e n e
cessário e m sed e d e m a n d a d o d e seg u ran ça (Lei n'^ 1 .533/51, art.
12, p a rá g ra fo único).
P or seu tu rn o , o T rib u n al R egional F ederal d a 3" R egião já
e s p o s o u o e n te n d im e n to d e q u e n ão h á o b stácu lo s à concessão
d a tu tela a n te c ip a d a c o n tra a F a z e n d a Pública, fora d o s casos de
a u m e n to d e v e n c im e n to s o u d e v a n ta g e n s d e fu n c io n á rio s p ú
blicos, s o b re tu d o q u a n d o a ação v eicu lar p e d id o d e benefício
assistencial p o s tu la d o p o r p esso a ec o n o m ic a m e n te hipossufici-
ente.^^'’
N e ss a esteira, o S u p e rio r T rib u n a l d e Justiça já p ro la to u o
e n te n d im e n to d e q u e é adm issível a a n te cip açã o d o s efeitos da
tutela e m d e t r i m e n t o da Fa ze nd a Pública e m h ip ó te se s
especialíssim as, e m q u e a d en e g açã o d o p e d id o im p licaria em
STJ, 1- Turma, RESP 113368-PR, Rei. Min. José Delgado, ]. 7/4/1997, v.u., DJ 19/5/1997, p.
20593.
™ TR F da 2 “ Região, 4* Turma, Apel. Cível 247702-RJ, Proc. 2000032010572115, Rei. Juiz Rogério
Carvalho, j. 6/12/2000, v.u., DJ 12/3/2001.
TRF da 3= Região, 1= Turma, Agr. Instr. 132396-MS, Proc. 200103000175756, Rei. Juiz Santoro
Facchini, j. 4/2/2002, v.u., DJU 2/5/2002, p. 400, Nesse sentido, também, o entendim ento da 5"
Turma, Agr. Instr. 80603-SP, Proc. 199903000126440, Rei. Juíza Suzana Camargo, j. 20/11/2001,
v.u., DJU 26/11/2002, p. 279.
F Á 6 IA L IM A D E B R ITO
STJ, 6“ Turma, RESP 463778-RS, Rei. Min. Vicente Leal, j. 26/11/2002, v,u „ DJU 19/12/2002, p,
504.
STJ, V Turma, RESP 445535-SC, Rei. Min. Luiz Fux. j, 4/2/2003, v.u., DJU 7/4/2003, p. 240.
" TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos d e m e s de lazer e de não lazer. São Paulo; RT, 2001, p.
359.
MARINONl, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 273.
V., também, Renato Lu is Benucci, Antecipação da tutela em face da Fazenda Pública, pp. 64-66. De
acordo com este último "não admitir a antecipação de tutela quando ocorrer 'fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação’ em face da Fazenda Pública, implica aceitar que a Fazenda Públi
ca pode, quando demandada, lesionar o direito do autor” (op. c/f., p. 68).
P E R F IL S IS T E M Á T IC O DA T U T E L A A N T E C IP A D A
tórias, s e n d o d e se d estac ar q u e o in té rp re te n ã o p o d e , sp o n te
p ró p ria , a m p lia r essa im p osição legal".
E m o u tra o p o rtu n id a d e , a m e sm a 5 ’ T u rm a d o TRF d a y Re
gião d e c id iu que:
" A n n te c ip a ç ã o de tu t e l a te m s e u f i i u d n m e u t o p r i n c i p a l n n n e
c e s sid a d e de se r a fa sta d o o m a l d e c o r r e n te da deu io ra )ia e n tr e -
g a díi p re sta ç ã o jtir is d ic io n n l, le v a n d o a q u e as p a r t e s s o fr a m
p e r d a s irr ep a rá v eis d u r a n t e o d e s e n r o la r d o p ro c e ss o e a t é o seu
j i i l g a n i e n t o d e f i n i t i v o , já o re exa nu ' n eces sá r io t e m p o r f i n a l i
d a d e p r e c íp u a res^'^uardar o in te r e s s e p ú b l i c o , s u j e i t a n d o , a s
s i m , a s s e n t e n ç a s a u m a n o i'a a va lia çã o d o ó r ^ ã o s u p e r i o r co m o
f o r m a d e a fa sta r os riscos d e j u l g a m e n t o s eq u iv o c a d o s , dos q u a is
p u d e s s e m d eco r rer lesões e p r e j u í z o s ao erário. N ã o há. p o r t a n
to, i n c o m p a t i b i l i d a d e e n t r e a co ncessã o da t u t e l a a n t e c i p a d a e a
su je iç ã o da s e n t e n ç a ao d u p l o g r a u de j u r i s d i ç ã o o b rig a tó rio ,
p o s to q u e cada i n s t i t u t o te m s u a esfera e f i n a l i d a d e próprias".^*''’
TRF da 3" Região, 5" Turma, Agr. Instr. 125162-SP, Proc. 200103000043992, Rei. Juíza Suzana
Camargo, j. 6/11/2001, v.u „ DJU 8/10/2002, p. 476.
TRF da 3 ' Região, 5 ' Turma, Apel, Cível 557396-SP, Proc. 199903991152055, Rei. Juíza Suzana
Camargo, j, 28/5/2002, v u ,, DJU 3/12/2002, p. 735.
CF, a rt. 100, ca pu t "À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivam en
te na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e á conta dos créditos respectivos, proibi
da a d esignação de casos ou de pessoas nas dotações orçam entárias e nos cré dito s adicionais
F Á B IA L IM A D E BR ITO
abertos para este fim. (...) § 3-. 0 disposto no capuí deste artigo, relativamente à expedição de
precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor
que a Fazenda Federal. Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial
transitada em julgado” .
Lei 10.099, d e 19/12/2000, art. 128: “As demandas judiciais que tiverem por objeto o reajuste ou
a concessão de benefícios regulados nesta Lei cujos valores de execução não forem superiores a
R$ 5.180,25 (cinco mil. cento e oitenta reais e vinte e cinco centavos) por autor poderão, por opção
de cada um dos exeqüentes, ser quitadas no prazo de até 60 (sessenta) dias após a intimação do
trânsito em julgado da decisão, sem necessidade da expedição do precatório".
Art. 2®, caput. “São considerados também de pequeno valor os precatórios judiciários que a Fazenda
do Estado de São Paulo, Autarquias, Fundações e Universidades estaduais devam quitar, nos ter
mos do § 1® do art. 100 da Constituição Federal, em relação aos quais não penda recurso ou defesa,
cujo valor seja igual ou interior a 1.135,2885 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - Ufesps".
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E L A AN TEC IPAD A 113
" Lei 10.259, de 12/7/2001, art. 3 ^ caput. “Compete ao Juizado Especial Federal Civel processar,
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 60 (sessenta) salários
mínimos, bem como executar as suas sentenças". (...) Ari. 17, caput. “Tratando-se de obrigação de
pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de
60 (sessenta) dias. contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a
causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federai ou do Banco do Brasil, independente
mente de precatório".
" MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, pp. 276
8 279.
114 FA B IA LIM A D E BR ITO
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de fazer e de não lazer. Sáo Paulo: RT, 2001, p.
359.
™ BENUCCI, Renato Luís. Antecipação da tutela em face da Fazenda Pública. São Paulo: Dialética,
2001, p. 74.
Lei 9.494, de 10/9/1997, art. 2®-B: “A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso,
inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão
de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de
suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado".
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E LA AN TEC IPAD A 115
TALAMINI, Eduardo. Tutela relativa aos deveres de lazer e de não fazer São Paulo: RT. 2001, p.
359,
MARINONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela. 7, ed. São Paulo: Malheiros, 2002, pp. 274-
275,
116 FÁ B IA L IM A D E BR ITO
DINAMARCO, Cândido Rangel, fu n tia m e n to s do processo civil moderno. 4. ed., t. 1. São Paulo:
Malheiros, 2002, p. 595 - gritos no original.
P E R F IL S IS T E M Á T IC O D A T U T E U \ AN TE C IP A D A 119
CONCLUSÕES
Tal conflito e n tre p rin cíp io s co n stitu cio n ais d e v e ser d irim id o
co m a aplicação d o prin cíp io-b ase d a p ro p o r c io n a lid a d e (necessi
d ad e ). A in d a assim , s e m p re q u e possível, o c o n tra d itó rio d ev e
ser o b s e rv a d o a priori, já q u e se constitui, ig u a lm e n te , e m g a r a n
tia constitucional.
9 .0 p e d id o incontroverso a q ue a lu d e o § 6" d o art. 273, d o CPC,
n ão autoriza, e m face d o atual sistem a processual (CPC, art. 459 c /
c arts. 2 6 9 ,1 e 162, § 1°), a cisão parcial d o ju lgam ento em q u e se
perm itiria sentença parcial, m as definitiva de m érito, até p o rq u e , o
inconform ism o contra sentença d e m érito n ão p o d e ser veiculado
p o r m eio d e sim ples petição, com p ed id o d e revogação o u m od ifi
cação d a d ec isã o d esfav o rá v el (CPC, art. 273, § 4").
10. A s m e d id a s d e coerção e d e s u b -ro g a ç ã o p re v is ta s no s
p a rá g ra fo s d o art. 461, d o CPC, aplicáv eis à tu tela específica e à
tutela an te cip ad a genérica d o art. 273, conferem m aior efetividade
e celeridade à prestação jurisdicional, p rop ician do a significativa
re d u ção d o s processos executivos au tôn om o s, q u e p a s s a m a ter
cabim ento , d o ra v a n te , so m e n te e m re d u z id a s hip óteses.
11. C o m a n o v a o rd e m ju ríd ica p ro c essu al, a sen ten ç a civil
c o n d e n a tó ria te n d e a d eix a r d e fo rm ar título executivo judicial
(seja definitiv o, seja pro visó rio), q u a n d o tiv er p o r objeto o b rig a
ções d e fazer, d e n ã o fazer e d e e n tre g a r coisa, e m ra z ã o da sua
n a tu re z a ex ecutiva Into se n su . A ssim , o c a b im e n to d o p rocesso
d e execução a u tô n o m o p a ra o c u m p rim e n to d e o b rigações d e
fazer, d e n ão fazer o u p a ra e n tre g a d e coisa, p a s s a a ser exceção.
12. A e x p re ss ã o "ex ecu ção d a tu tela a n te c ip a d a " d e v e ser
e n te n d id a e m se n tid o am p lo , p o is q u e d e efetivação, d e atu a ção
d a tu tela ju risd icio n al se cuida. D esse m o d o , a "ex ec u ção " d a
d ec isã o a n te c ip a tó ria o p era-se d e d u a s m an eiras: co m o u so d as
122 F Á B IA L IM A D E BR ITO
REFERÊNCIAS
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T H E O D O R O JÚ N IO R . H u m b e r to . A n te c ip a ç ã o d e tu te la em
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9788587 260529