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Serviços Públicos
Serviços Públicos
3 – LICITAÇÃO
Além do art. 37, XXI, da CF/88, o art. 175 também exige o procedimento
licitatório para a contratação em estudo. No entanto, conforme observado pela doutrina
especializada no assunto, a redação deste último dispositivo impede a contratação direta,
que ocorre sem o prévio procedimento licitatório e encontra fundamento de validade
naquele dispositivo constitucional.
Em outras palavras: apesar de o art. 37, XXI, da CF, abrir a possibilidade para
a lei dispor sobre a contratação direta, tem-se que esta não será possível em se tratando
de concessão de serviços públicos. Isso porque o art. 175 da CF dispõe expressamente
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão
ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
Desse modo, o Estado não pode escolher livremente o concessionário de seus
serviços. Importante ressaltar que já se declarou a inconstitucionalidade de lei estadual
que admitia a conversão direta de permissões municipais de transporte coletivo em
permissões estaduais, no caso da criação de novos Municípios ou de desmembramento
de área para incorporação ao território de outro Município. Isso porque, nesse caso, o ato
acarretaria a extinção da permissão em virtude da alteração da competência
constitucional para regular o serviço, de modo que seria necessária nova licitação para a
escolha do permissionário, em consonância com o disposto no art. 37, XXI, da CF.25
Quanto à modalidade de licitação, via de regra, ela será a concorrência, nos
termos do art. 2º, II e III da Lei 8.987/95. Vejamos:
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco e por prazo determinado;
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que
o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a
exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;
4 – INEXISTÊNCIA DE EXCLUSIVIDADE
Em regra, nos termos do art. 16 da Lei 8.987/95, a concessão não deve ser
celebrada com caráter de exclusividade, salvo em caso de inviabilidade técnica ou
econômica. Assim, o exclusivo será exceção, devendo haver motivação, inclusive à luz do
Princípio da Proporcionalidade, já que “cada restrição à pluralidade de concessionários só
será legítima se, entre os meios adequados para realizar as finalidades do serviço público,
for a menos restritiva da concorrência” (Alexandre Aragão).
6 – EXTINÇÃO DA CONCESSÃO
O art. 35 da Lei 8.987/95 veicula as hipóteses de extinção do contrato de
concessão, bem como os efeitos inerente a algumas delas.
I - advento do termo contratual – ocorre com o termo final do contrato.
Forma natural de extinção do contrato de concessão.
II - encampação – Nos termos do art. 37 da mesma lei, trata-se da retomada
do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização.
Merece destaque uma recente decisão do STF, em que a Suprema Corte
concluiu pela inconstitucionalidade de lei estadual que preveja que o Estado (poder
concedente) terá até 25 anos para pagar a indenização decorrente da encampação do
serviço público que era prestado pela empresa concessionária. Segundo o STF, no caso
concreto, a dilação do prazo de ressarcimento para até 25 anos traria grave ônus
financeiro à contratada e violaria as garantias decorrentes do ato jurídico perfeito e do
art. 37, XXI, da CF/88, o qual impõe à Administração o respeito às condições efetivas da
proposta formalizada. Ademais, restou consignado se tratar de matéria reservada à União
(art. 22, XXVII e art. 175, p.ú., I, da CF/88).
III - caducidade – ocorre no caso de inexecução total ou parcial do contrato
por parte do concessionário (art. 38). Os incisos do §1º do art. 38 esmiúçam as hipóteses
em que o poder concedente poderá declarar a caducidade da concessão.
Considerando que se trata de uma sanção pelo descumprimento parcial ou
total do contrato, é necessário o respeito à ampla defesa e ao contraditório do
concessionário, conforme exigido expressamente pelo §2º. No entanto, declarada a
caducidade da concessão, por se tratar de uma sanção, não será necessária a indenização
prévia, salvo no que se refere aos valores devidos por parte do poder concedente em
virtude dos bens reversíveis.
Assim, a indenização devida ao concessionário será feita a posteriori. Não
serão contemplados os lucros cessantes e da indenização serão descontados os valores
das multas aplicadas e as perdas e danos infringidos ao Poder concedente.
IV - rescisão – nos termos do artigo 39, o contrato de concessão poderá ser
rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas
contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para
esse fim.
Observa-se que o concessionário depende de um acordo administrativo ou de
uma decisão judicial autorizando a rescisão do contrato de concessão. Diante disso, a
doutrina passou a tratar o ponto como uma exceção à exceção do contrato não cumprido,
dada a primazia do princípio da continuidade do serviço público. Não é por outra razão
que o parágrafo único do referido dispositivo informa que, no caso de rescisão, os serviços
prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a
decisão judicial transitada em julgado.
V - anulação – Trata-se da extinção do contrato de concessão por conta de
vícios de legalidade, no contrato em si ou na licitação que o antecedeu, podendo ser
declarada pela Administração de ofício, pelo Poder Judiciário ou pelo Tribunal de Contas.
Considerando não se tratar de caso em que o particular está sendo punido
por uma atuação sua, a doutrina entende que é desnecessária a observância do devido
processo legal. No entanto, é despiciendo observar o parágrafo único do art. 59 da Lei
8.666/1993, que dispõe que “a nulidade não exonera a Administração do dever de
indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for
declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa”.
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou
incapacidade do titular, no caso de empresa individual – Neste caso, há o
desaparecimento do concessionário, de modo que revela-se imperativa a extinção do
contrato de concessão.
CONCESSÃO PERMISSÃO
- O concessionário pode ser pessoa jurídica ou - O permissionário pode ser pessoa jurídica ou
consórcio de empresas. pessoa física.
- Licitação na modalidade concorrência - Licitação em qualquer modalidade
Por fim, merece ser mencionado o entendimento de Rafael Oliveira, para
quem “a precariedade não pode ser um critério diferenciador entre a concessão e a
permissão. A extinção dos negócios jurídicos antes do termo final pode suscitar o direito à
indenização do particular, ainda que não existam bens reversíveis, tendo em vista os
princípios da boa-fé, da segurança jurídica e da confiança legítima. Por esta razão, não
existem diferenças substanciais entre a concessão e a permissão de serviços públicos”.
Além disso, entendendo-se a característica da precariedade como possibilidade de
rescisão unilateral do contrato por iniciativa do Poder Público, há que se ressaltar que há
essa possibilidade no contrato de concessão, através do instituto da encampação.
COMENTÁRIOS: Art. 37, §6º, CF: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
Sendo assim, concessionária será responsabilizada, independentemente de dolo ou
culpa, por se tratar de responsabilidade objetiva. Eventualmente, a falta de chuva
poderia ser considerada uma situação excludente de responsabilidade, como caso
fortuito ou força maior; mas nesse caso a questão deveria deixar claro que a falta de
chuva foi exclusivamente a responsável pelos problemas no fornecimento do serviço.
GABARITO: CERTO.
7) 2017 – CESPE - DPE-AL - Defensor Público
Determinado município notificou uma concessionária de transporte público municipal
por inadequação do serviço prestado e por paralisação do serviço sem justa causa, dando
prazo para que as irregularidades fossem sanadas. Diante da inércia da concessionária,
foi instaurado procedimento administrativo, com direito a ampla defesa, para a extinção
do contrato administrativo de concessão.
Nessa situação hipotética, o contrato de concessão deverá ser
a) extinto por caducidade, e o ente municipal deverá indenizar o concessionário
proporcionalmente aos bens usados na prestação de serviço, descontados multa e
eventuais danos causados.
b) rescindido, de forma unilateral, pelo ente municipal, não sendo cabível indenização
para o concessionário.
c) extinto por encampação, e o ente municipal deverá indenizar o concessionário
proporcionalmente aos bens usados na prestação de serviço, descontados multa e
eventuais danos causados.
d) extinto por caducidade, não cabendo indenização a ser paga ao concessionário.
e) extinto por encampação, em razão do inadimplemento do concessionário.
COMENTÁRIOS:
Lei 8987/95, Art. 38, § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder
concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base
as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as
hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade
será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização
prévia, calculada no decurso do processo.
§ 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devida na forma do art. 36
desta Lei e do contrato, descontado o valor das multas contratuais e dos danos causados
pela concessionária.
GABARITO: A.
9) 2017 – CESPE - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
Federal
O princípio que determina que os serviços públicos sejam remunerados por valor
acessível ao usuário é denominado princípio da
a) modicidade.
b) continuidade do serviço público.
c) eficiência.
d) economicidade.
COMENTÁRIOS: Os serviços públicos devem ser prestados a preços módicos e razoáveis.
Sua fixação deverá considerar a capacidade econômica do usuário e as exigências do
mercado, de maneira a evitar que o usuário deixe de utilizá-lo em razão de ausência de
condições financeiras, sendo, por esta razão, excluído do universo de beneficiários do
serviço público.
GABARITO: A.
10) 2017 – FGV - TRT - 12ª Região (SC) - Analista Judiciário – Área Judiciária
Concessão de serviço público é a transferência da prestação de serviços públicos para
particulares, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
De acordo com a Lei nº 8.987/95, ocorre extinção do contrato de concessão por
encampação quando:
a) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para
manter a adequada prestação do serviço concedido, conforme apurado em processo
administrativo, assegurado o direito de ampla defesa;
b) o contrato de concessão for rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial
especialmente intentada para esse fim;
c) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente e a concessionária
não atender à intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do
serviço;
d) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, por violação ao princípio
da continuidade do serviço público, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito
ou força maior;
e) o poder concedente retomar o serviço, durante o prazo da concessão, por motivo de
interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da
indenização à concessionária.
COMENTÁRIOS: Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder
concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante
lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior.
GABARITO: E.