sobrevivido a um acidente de automóvel em que morreram os dois irmãos mais velhos. Dois dias depois, apareceram-lhe ambos, como fantasmas, para fazerem coisas que gostavam de fazer quando estavam vivos.
Um deles, o Luís, que era
calmo e sossegado, ficava ali, sentado na beira do sofá, apenas a ver filmes na televisão, a ler, ou a fazer nada, apenas a existir.
João, o outro, dava mais
trabalho, pois queria jogar à bola, ir ao Estádio do Dragão ver jogar o Porto e isso. Hugo fez-lhes a vontade, pois gostava deles, tinha saudades, e também porque se sentia culpado por estar vivo, enquanto eles tinham morrido. Por isso, no dia seguinte, voltou a acompanhá-los naquilo que eles mais gostavam de fazer. Uns dias depois, Hugo também acompanhou a mãe ao cemitério. Ela levava um ramo de flores que colhera no jardim da casa e ia decerto deixá-lo nos túmulos dos dois filhos mortos, Luís e João. Muitas vezes Hugo a vira a chorar quando estava sozinha, com saudades deles. Mas, quando chegaram ao cemitério, ela pôs o ramo de flores num único túmulo. Não havia mais nenhum. Mas...
Hugo aproximou-se e pôde então ver, horrorizado, que aquele
era o túmulo de Hugo Monteiro, de 11 anos de idade. E só então percebeu que era ele o morto, não os seus dois irmãos.