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Música aleatória

Género de música em que certas escolhas na composição ou na realização são, em


maior ou menor grau, deixadas ao acaso ou à vontade de cada intérprete. Recursos
aleatórios típicos incluem dar ao intérprete uma escolha na ordem das secções; ou
utilizar notações simbólicas, gráficas, textuais ou outras, indeterminadas, que o
executante pode interpretar como quiser.
Isto é, o compositor deixa ao intérprete a liberdade de improvisar, deste modo, este
participa na criação da obra, e esta renova-se a cada execução, ou seja, uma obra
pode ser ou não interpretada da mesma forma. O termo aleatório não é sempre
atribuído à música cujo compositor não mantém total controlo sobre a obra. Nas peças
onde certas decisões são deixadas para o executor, mas não são resultados do acaso,
os termos música indeterminada ou aleatoriedade limitada são usados algumas vezes.
Os princípios da música aleatória foram desenvolvidos pelo norte-americano John
Cage, no inicio da década de 50, que aproveitou propostas paralelas, apresentadas
por Pierre Boulez. Outros compositores, como Xenakis, utilizaram o computador e a
matemática como parte do processo de criação (Música Factral). Outros percursores
como Luigi Nono, Luciano Bério e György Ligeti, também foram de grande importância
para a música aleatória. John Cage é o principal compositor de música aleatória, mas
muitos outros, incluindo Boulez, Stockhausen, utilizaram técnicas aleatórias. A Música
aleatória ainda é feita com frequência, um exemplo disso é a banda internacional
Radiohead, que utiliza rádios sintonizados durante as performances de “National
Anthem”.
Exemplos de música aleatória
Podemos destacar duas formas diferentes de música aleatória. Nas obras de
Stockhausen (1928-2007) e de Boulez (1925-2016), encontra-se uma indeterminação
controlada, o intérprete pode escolher o seu próprio caminho entre as possibilidades
que o compositor oferece. Outros compositores, como o espanhol Luis de Pablo
(1930), deixam por fixar certos pormenores da partitura, ou não determinam a altura
dos sons, duração, ou maneira de os atacar.
Em determinadas obras aleatórias, certos fragmentos são confiados ao improviso
pessoal ou coletivo dos intérpretes. Também nestes casos se exige do intérprete um
contributo e participação na criação.

Zyklus (Ciclo) Obra para 1 percussionista solista 1959 que envolve combinações
aleatórias e improvisação e está escrita de uma forma gráfica, a partitura está escrita
em espiral, assim pode ser lida de trás para a frente ou de frente para trás assim como
de qualquer outro ponto da peça. Assim, uma vez decidido o ponto de partida e a
direção que se vai tomar, a sequência global da música é fixa e a interpretação
normalmente continua até que se volte ao ponto de partida, aí será o fim da obra.
Klavierstucke I- XI (peças para piano I-XI). 11 Peças para piano de Stockhausen
compostas entre 1952-1956, com a IX e X revistas em 1961. Nestas peças
introduziram-se muitas técnicas novas de execução pianística. Klavierstück XI consiste
em 19 fragmentos espalhados por uma única página grande. O intérprete pode
começar com qualquer fragmento e continuar para qualquer outro, prosseguindo pelo
labirinto até que um fragmento seja alcançado pela terceira vez, quando a
performance terminar. Marcações de andamento, dinâmica, aparecem no final de cada
fragmento e devem ser aplicadas ao próximo fragmento. Embora compostos com
um plano serial complexo , os arremessos não têm nada a ver com as séries
dodecafónicas mas são derivados das proporções dos ritmos previamente compostos.
Técnicas utilizadas por Stckahusen

Síntese aditiva - A síntese aditiva consiste em sobrepor várias frequências em simultâneo de


forma a criar, com a sua soma acústica, uma nova textura sonora. Partindo do conceito de que
qualquer som pode ser decomposto em várias ondas sinusoidais a frequências diferentes, é
fácil compreender o funcionamento da síntese aditiva.

Síntese granular - Síntese granular é um método básico de síntese sonora que opera em escala
de tempo micro-som. As amostras não são usadas diretamente, sendo divididas em pequenos
fragmentos cuja duração varia de 1 a 50 ms. Esses pequenos fragmentos são chamados
“grãos”. Múltiplos grãos podem ser dispostos em “camadas”, sendo executados em diferentes
velocidades, fases, volume e tom.

O resultado é uma paisagem sonora (soundscape), frequentemente uma nuvem, que é sujeita
a manipulação de maneira diferente de qualquer som natural, produzindo sons diferentes
daqueles resultantes de outras formas de síntese sonora.

Pontilhismo na peça momente : Música pontilhista é uma sequência de sons dispersos,


separados por curtos intervalos de tempo, que eliminam qualquer possibilidade de se
estabelecer relações tonais entre as notas apresentadas, conferindo à obra um caráter
segmentado (ou "pontilhado"). Esse estilo de composição é inserido no período do
Vanguardismo.

Anton Webern foi o compositor que mais desenvolveu esse estilo de composição, aplicando
em suas obras os ideais aprendidos com seu antecessor (e mestre) Arnold Schoenberg, como
atonalismo e dodecafonismo. Karlheinz Stockhausen também foi um importante músico no
género.

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