“Quixadá nasceu de uma aventura. Uma casa de taipa e um curral de caiçara à
beira de um rio seco, centrando duas léguas de caatinga compradas ´pelo preço e quantia certa de duzentos e cinqüenta mil réis’. Foi quanto custou ao capitão José de Barros Ferreira, 1747, todo o chão quixadaense. A essas benfeitorias primitivas veio juntar-se depois uma capela, erguida pela crença e pelas esperanças daquele pioneiro, exposto a toda sorte de perigos, naqueles ermos pervagados pelo tapuio traiçoeiro. Estava formado assim o triângulo rural peculiar da região: casa, curral e capela, como expressões da família, da economia e da religião”. É assim que José Bonifácio de Sousa inicia sua obra Quixadá: de Fazenda a cidade. O percurso histórico daquela fazenda colonial, no coração do Sertão, à condição de município moderno e próspero, foi marcado por muitas lutas, dos homens com os homens, dos homens com a natureza; de tal modo que o “tapuio traiçoeiro” foi vencido pelo rústico criador de gado, e a natureza exuberante dos ciclópicos monólitos se viu domesticada pela economia e pela ciência da construção. Noutras palavras, a fazenda de criação colonial e o imperial Açude Cedro, se constituíram marcos da formação histórica desse aglomerado sertanejo. Situada numa região de trânsito interligando os Inhamuns, o sul caririense, o Jaguaribe e os ares do litoral, a cidade de Quixadá cedo se capitaliza fomentando um comércio dinâmico de artigos agropecuários e importados industriais. O município emancipa-se de Quixaeramobim em 1870 e, favorecido pelos incrementos humanos, financeiros, técnicos, culturais e políticos auferidos em duas décadas de obras do Açude Cedro, deslancha como grande produtor algodoeiro até os anos de 1970. De lá para cá, viveu a estagnação econômica e sobreviveu das rendas vitais do seu heróico e tradicional comércio. Hoje, a terra dos monólitos vislumbra nova era de desenvolvimento. Se, na aurora, Quixadá ergueu-se no tripé “casa, curral, capela”; para o futuro se apresenta armada no tripé referência turística, pólo industrial e celeiro universitário.
(*) Historiador e professor da UECE (Feclesc-Quixadá)
Capítulo 9 - A Democracia Liberal em Face Das Ideologias Dissolventes - A Maçonaria Cearense Frente À Aliança Nacional Libertadora e Ao Integralismo em 1935. Marcos José Diniz Silva