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CURITIBA
2014
JHENNYFER MAYARA PERTILLE
CURITIBA
2014
Página reservada para ficha catalográfica que deve ser confeccionada após
apresentação e alterações sugeridas pela banca examinadora.
Deve ser impressa no verso da folha de rosto.
COMISSÃO EXAMINADORA
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Profº. Drº. Marcelo Franz
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
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Profª.Drª. Janice CristineThiél
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
This paper aims at analyzing the role of women of the Beat Generation and the
literary breakthrough for which she was responsible, as well as her search for
acceptance by members of the countercultural group and by North American society.
Based on theoretical references ando n the analysis of Diane di Prima’s Memórias de
uma Beatnik de Diane di Prima, it was possible to notice that the author has built not
a story about her experience as parto f the beatnik movement, but she also has
described her dificulty to be accepted as a writer herself. Besides the literary analysis
and the investigation of the aesthetic elements of the book aforementioned, this
paper ha salso focused on presenting a historical view of the beatnik generation in
order to contextualize Di Prima’s world, the society and literary group.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10
2 A GERAÇÃO BEATNIK E O CONTEXTO SOCIAL .................................... 13
2.1 A ESCRITA FEMININA ................................................................................. 16
3 UMA BEATNIK CHAMADA DIANE DI PRIMA ............................................ 19
3.1 MEMÓRIAS DE UMA BEATNIK E A MULHER LITERÁRIA ......................... 20
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 25
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
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1 INTRODUÇÃO
pregava, grande parte dos jovens das décadas de 1950 a 1970 se manifestaram
contra o american way of life, formando movimentos que levantavam bandeiras com
lemas como Peace and Love e Make love, not war, movimentos estes chamados de
contracultura. Neste contexto, a mulher teve representação ativa, a mulher eleitoral
se tornou peça chave no cenário político
De acordo com Ferreira (2005, p. 106):
Com muito esforço e luta, as mulheres dessa geração fixaram seu poder,
mudaram a representação da sua figura na sociedade e tomaram impulso para
soltarem as amarras do preconceito e do machismo, aquelas que faziam parte da
geração beatnik em si - companheiras, amigas, ativistas e escritoras - eram
consideradas outsiders, ou seja, elas não se enquadravam na visão popular da
época, andavam em grupos e participavam ativamente de movimentos literários,
seja escrevendo ou sendo musas e fazendo parte das histórias - fictícias ou não -
que por muitas vezes envolviam drogas, bebidas e sexo sem pudor. As mulheres
que estavam ligadas direta ou indiretamente ao mundo da escrita eram mal vistas
pela sociedade padrão da época. Ao invés de cuidar do marido e de filhos, essas
mulheres participavam de manifestações sociais, culturais, políticas e de todo o
movimento intelectual do momento, sendo assim, as grandes responsáveis por
anunciar o segundo momento da história do feminismo, como aponta NAVAZ &
KOLLER (2006, p.649), “A segunda fase do feminismo ressurge nas décadas de
1960 e 1970, em especial nos Estados Unidos e na França. As feministas
americanas enfatizavam a denúncia da opressão masculina e a busca da
igualdade”. A igualdade que as mulheres buscavam era conhecida como “o
feminismo da igualdade”, onde as mulheres lutavam por empregos com o mesmo
salário que os homens ganhavam e a possibilidade de entrar em uma universidade
com os mesmos privilégios.
Infelizmente nem todos tiveram seu valor reconhecido; na geração beat não
foi diferente. As mulheres desta geração, que participaram de um momento chave e
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ultrapassaram barreiras impostas não só pelo gênero sexual, mas também por um
estilo de vida sui generis, foram outsiders e não foram tão ovacionadas quanto os
homens. Embora ambos possuíssem e buscassem sempre comportamentos
igualitários e estilos de vida alternativos, poucas são as obras traduzidas para outros
idiomas escritas por mulheres e pouco se ouve falar da figura feminina atuante na
época. Dentre algumas escritoras que faziam parte da geração beat, a que mais se
destacou foi Diane Di Prima, que chegou a ser procurada por editores pioneiros para
escrever cenas de romances eróticos, como aparece na obra Memórias de uma
Beatnik de Di Prima (2013, p. 212)
costumavam construir uma intertextualidade com outros grandes autores. Para Willer
(2009, p 63):
média alta, que eram o topo da elite letrada e culta. As mulheres se encaixavam no
grupo das minorias sociais, onde estavam também os negros, os pobres e os
homossexuais.
Diane di prima, de olhos devoradores, quis certa vez estudar física e foi
para a Universidade de Swarthmore. Chegando lá, entregou-se à musa
boêmia e começou a escrever seus poemas em prosa num estilo pessoal,
verdadeiro, requintado e fatal. Entre cerca de vinte e cinco escritoras jovens
da atualidade, Diane se sobressai por sua genuína modernidade. Inteligente
e lúcida, ela possui além do mais um espírito sincero, tenso e dolorido. Suas
histórias são cortantes como a ponta de um bísturi, e seu futuro é tão
importante para a literatura em geral quanto para o movimento
especificamente beat. Diane é uma escritora fascinante que conseguiu,
jovem ainda, o que os outros escritores mais velhos lutam para alcançar –
se é que alcançaram. Embora Diane passeie de mãos dadas com a
preciosidade, ela jamais se deixa cativar a ponto de perder a consciência do
que faz: sinal evidente de que presenciamos algo surpreendente com essa
jovem de raras qualidades.
com os homens, seu reconhecimento pode ser considerado muito superficial, mas o
passo que ela deu, com certeza foi o início da revolução e transformação da escrita
literária feminina.
Diane se dedicou ao mundo da arte não apenas pelo meio literário ela
também fundou o Teatro dos Poetas de Nova Iorque (New York Poets Theatre) e a
Editora dos Poetas (Poets Press).
Na década de 1970, Diane lançou seus livros que ganharam mais
repercussão: Revolutionary Letters (1971) e Loba (1978). O livro Revolutionary
Letters foi baseado em seu ativismo político e no grupo de teatro anarquista que foi
fundado por Emmett Grogan.
Ao todo, Diane publicou 43 livros de poesia e prosa, recebeu por eles prêmios
por sua trajetória literária e títulos honorários de literatura. Em 2009, foi eleita poeta
laureada.
Atualmente, Diane mora em São Francisco, onde continua produzindo
literatura e promove cursos. Em 2001, publicou Recollections of My Life as a
Woman. Em 2002, lançou Towers Down, em 2003 publicou The ones I used to laugh
with e em 2006 Timebomb. Em 2008 a obra Loba foi republicada e ampliada,
contendo o dobro do material de publicação anterior.
Montes de palavras partiam para Nova York sem que o aluguel estivesse
atrasado, e voltavam com as palavras “MAIS SEXO” rabiscadas na primeira
página, com a letra inimitável de Maurice, e eu imaginava ângulos bizarros
de corpos ou estranhas combinações de humanos, enfiando tudo ali e
mandando de volta. Às vezes, enandava pela casa, procurando gente para
verificar algumas coisas: ‘Deite’, eu dizia, ‘quero ver se uma coisa é
possível’. E eles deitavam, vestidos, e descobríamos, de modo amigável e
desinteressado, se determinada contorção era viável, e depois nos
levantávamos, sem excitação alguma, e cada um voltava a cuidar da sua
vida. PRIMA (2013, p. 214)
Mesmo com esse erotismo exacerbado e com grande parte ficcional no livro,
Diane di Prima não deixa de escrever o que realmente presenciou, como a
caminhada de uma mulher que entra no universo da contracultura beat. O livro deixa
bem claro que a mulher que encarava essa realidade vivia de forma totalmente
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como “cafés descolados” (2013, p.28), bares, becos e todo o círculo onde a
contracultura estava presente.
Em Memórias de uma Beatnik, Diane trata não só de erotismo sem nenhum
pudor, ela narra acontecimentos onde a opção sexual e outros aspectos sociais que
muitas vezes são vistos com preconceito, não eram tatados assim pelos beats.
Todas as atitudes que eram criticadas na época – e ainda atualmente – são
descritas de uma forma singular e incisiva, passando para o leitor um ar de
normalidade nas ações, como podemos perceber no trecho a seguir:
Podemos perceber que Di Prima descreve suas atitudes sem nenhum pudor,
deixa claro que sua vida não era nem um pouco padronizada como a época pregava
para as mulheres.
Na trajetoria narrada no livro, Diane conta que conheceu vários escritores da
geração beat, como Kerouac e Ginsberg. A autora narra seu deslumbramento ao se
deparar com o livro Uivo de Allen Ginsberg:
acima, o livro Uivo de Allen Ginsberg abriu terreno para os novos escritores e criou
uma geração inteira.
A linguagem que podemos ver no livro Memórias de uma Beatnik se
assemelha muito com os livros de outros autores dessa geração, até mesmo por ser
do gênero memorialistico, que é uma das principais característias da maioria desses
escritores, que contavam em tom confessional o que viviam e enfrentavam por fazer
parte de um grupo contracultural.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo analisar a obra Memórias de uma Beatnik,
de Diane di Prima, a fim de perceber a construção do papel da mulher da geração
beatnik e a visível diferença da mulher de uma geração tão aberta e que lutava pela
igualdade de sexo, raça, classe social, opção sexual. Para tanto, analisamos
elementos históricos e sociais da Geração Beatnik, bem como elementos de
construção estética do texto da referida autora.
Conclui-se que embora as mulheres não tenham sido aceitas por séculos
como protagonistas na sociedade, di Prima representa as mulheres que se
mostraram dispostas a mudar essa figura de coadjuvantes dos grandes escritores,
apostaram na construção de um novo papel de homem e mulher, defenderam a
visão de que a mulher não deveria ser uma sombra do homem e dos pensamentos
arcaicos de uma sociedade. Betty Friedan, considerada uma das maiores ativistas
fesminitas estado-unidenses do século XX afirma:
REFERÊNCIAS
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