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www.lumenjuris.com.br Eprrones Joke de Almeida oso Luiz da Silva Almeida ‘CONSELHO EDITORIAL, Adtvino Pat Fotppe Horning Roche Marco Auriio Brzera de Malo ‘eis sate. / 225.1068 AuRy Loves Ja. ‘Doutor em Direito Proceseual Penal pela Universidad ‘Complutense de Madrid Professor no Programa de Pés-Graduacfo em Ciéncias Criminais da Pontificia Universidade Catdlice do Rio Grande do Sul - PUCRS Peer de do CNP wow. wipes combr Gustavo Henrique RIGHT IvaHy BADARO ‘Mestre ¢ Doutor ext Direito Processual Penal ‘pela Universidade de St0 Paulo Professor de Direito Processual Pénal da Universidade de Sio Paulo - USP « da Universidade de Taubsté ~ UNITAU “Advogedo ‘worw badarcadvogados.com. br DIREITO AO PROCESSO PENAL NO PRAZO RAZOAVEL 2 edigao Revisada e Atualizada com as Leis Epsrora Lune Juris Rio de Janeiro 2008 _Aury Lopes J ¢ Gasava Henrique Badaré nova garantia constitucional brasileira, porém, apl Ambito judicial e administrative” 55 © novo dispositive constitucional no prevé, porém, de exw liberdade, se a duragio do pi ‘vel. De se observar que, neste cautelar se tornard ilegsl, posto que viola a garantia constituci se a prisio é ilegal. a Constituigéo assegura que “toda prisic 4 imediatamen- te telaxada pela autoridade judicitr suma, ainda que pela conjugacio do ine. LXXVIII com o inc. LXV, pode se concluir que existe de forma explicita no ordena~ ico brasileiro 0 direito de 0 acusado ter sua prisdo te relaxada se a duracao do processo penal exceder a0 prazo razoivel. ‘Comins, 2000p. 18) observa oe os Euados-Parses da CEDH mio podem evitat rorpeta da geratn do proceso em pro rarodvel“rotanda « eigueta” de tem dato, para strbuirthe natureza aninisraiva ou dsciplinar Capitulo 4 A Problematica Definigao dos Critérios: a doutrina do nao-prazo e sua critica 4.1. A Evolugao da Jurisprudéncia do Tribunal Europeu de Direitos Humanos ‘Tanto a Convengéo Americana de Direitos Humanos, como a Constitui¢io, ndo fixaram prazos maximos para a dura- gio dos processos e, tampouco, delegaram para que lei ordind- ria regulamentasse a matéria, sistema brasileiro adotou a denominada “doutrina do snfio-prazo”, persistindo muma sistematica ulrapassada com que ‘2 jurispredéncia do Tribunal’ Europeu de Direitos Humanos ‘vem, hé décadas, debatendo-se. Dessa forma, a indeterminag3o conceitual do art, 5%, XXVIII, da Constituigao, nos conduziré pelo mesmo (tortuo- 50) caminho da jurisprudéncia do Tribunal Europeu de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sendo importante explicar essa evolugo para melhor com- preensio da questio. Foi no caso “Wemhoff"! (Sentenga de 27.06.1968) que se dew o primeiro passo na diregéo da definigdo de cervos critérios, para a valoragao da “duracéo indevida’, ‘veneionou chamar de “doutrina dos 1 CE PASTOR, HI Plzo Raxomabe...p. LL e ‘Ay Lopes ¢ Gustavo Hessgue Balas ‘que a razoabilidade da prisio cautelar (e consegiiente dilagio indevida do processo) fosse aferida considerando-se: a) a duragio da prisio cautelar, 1b) aduragio da prisio cautelar em relagio & natureza do delito, & pena fixada e & provivel pena a ser aplicada em caso de condenagio; ©) os efeitos pessoais que o imputado sofreu, tanto de ordem material como moral ou outros; 2) a influéncia da conduta do imputado em relagio & demora do processo; €) _asdificuldades para a investigagiio do caso (complexi- dade dos fatos, quantidade de testemunhas ¢ réus, dificuldades probatérias, etc.) ) a maneira como a investigacao foi conduzida; ) aconduta das autoridades judiciais, Tratavam-se de critérios que deveriam ser apreciados em. conjunto, com valor € importincia relativos, admitindo-se, inclusive, que um deles fosse decisive na afericio do excesso de prazo. A doutrina dos sete critérios nio foi expressamente acolhi- da pelo TEDH como referencial decisive, mas tampouco foi completamente descartada, tendo si izada pela Comissio em diversos casos posteriores e servido de inspiracao para um referencial mais enxuto, denominado teoria dos trés critérios: a) complexidade do caso; b) a.atividade processual do interessado (imputado); c) aconduta das autoridades judicirias. Direito a0 Proceso Penal no raza Raxodvel Direitos Humanos? Ainda que mais delimitados, nfo sio menos aiscriciondrios. Cabe destacar que, nos dltimos anos, o TEDH, embora mantendo 0 critério geral da razoabilidade, tem acrescentado em suas decisdes que, a duragio prolongada da prisdo cautelar interesse piblico, que deve prevalecer sobre o diteito de liber- dade, nio obscante a presuncio de inocéncia” 3 A “real exigén- cia de um interesse publico” é um fator tio ou mais vago que os trés critérios anteriores, ‘Como tratar do direito de ser julgado mum “prazo” razod- vel, se o TEDH (e também a Cor impréprio espaco para sia (des)valoragio, sem qualquer possi- bilidade de refutacto.t __Nessa indefinicio e vagueza de conceitos foi consolidada a la) dowtrina do “nio-prazo”, pois deixa amplo espaco discricionério para avaliagdo segundo as circunstancias do caso € 0 “sentiz” do julgador, 05.01.2005; cao Panchenen, entenga Ge (8.02 2005; caso Sadinas Alb, ren tenga de 17.02.2005, 4 Tanto. definigfo de win prazofiso relevante, que o TEDK decid gue “nos ‘caps em que a duzagio mative ds privacto da Iheréade 6 Bade pel les, d2 ravi inlerropivel, todo prolongamento da detencio além do vermo fizado ‘aruceriza uns vioigio do are, § 1 da Canvengio Européia de Dieitor “Hutson” cato KE, semtengs de 27.1197). a ‘Aury Lapes Jr. © Gustave Hensique Badaré ‘Para se falar em dilacao “indevi namento juridico interno defina ccessos, um referenciat do que sejaa “dilagdo devida”, ou o“estén- dar medio admisible para proscribir dialaciones mas alld de l"5 ‘Uma vez definide um parimetro, a discussio desviard seu ‘rumo para outras questées, como, por exempto: se o limite abs- tratamente fixado é substancialmente constizucional (3 Juz dos diversos principios em torno dos quais gira a questo); em que sa superacio desse limite poderd ser considerada como “justificada’’ se é possivel considerar indevida uma dilagio, ainda que nio se tentha alcangado 0 prazo fixado, mas as cir- cunstncias espectficas do caso indicarem uma conduta danosa -e por parte dos érgios que integram a administragioy da justiga, ete. 2° é necessirio que o orde- ordindrios para os pro- 4.2. Andlise dos Critérios e 0 Principio da Razoabilidade como Elemento Integrador ‘Além dos trés critérios bésicos anteriormente apontados {complexidade do caso; a atividade processual do interessado (imputado}s a conduta das autoridades judicirias), é fundamen- tal, ainda, « leirura da questio & luz do principio da proporcio- 5 BEDRAZ POVALWVA,“ttdeecon unpre cin lacons nb. 5. (0.121995), slo lax dilcionesimpatablen ol Exado pucdem leva a coueluir In incbserincia del plazo rare’, 2 ‘Delo a0 Proceso Penal no Pra Razoével nalidade? ou razoabilidade, critério inafastével na ponderacao_ dos bens juridicos em questo e integrador dos demais, da‘ por- que, chamado de principio dos principios.# O ait idade, vem estabelecido na Con- vencio Européia (art. 5°, § 3°), na Convengio Americana (art. 78) € no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Politicos (art, 9, n° 3). Entre nés, embora o direito ao prazo razoiivel ja fizesse parte do ordenamento juridico interno, por forca da Convensao Carta, sobreleva 0 interesse pelo estudo da razoabilidade do prazo para o término do processo, ‘A razoabilidade prevista no art. 8.1, da CADH, é aquela relativa & necessidade de uma justiga tempestiva, como um dos cclementos necessérios para se atingir 0 justo processo.? A exi- 9 CE:CHIAVARIO, Proceso garanze.. V. 1p. 258: VIAGAS BARTOLOME, ELDerecho..p- 73, “ ‘Ary Lopes J © Gustavo Henvique Bedard _gincia de tempestividade € normalmente satisfeita quando, em um tempo razodvel. é proferida uma deciséo de mérito,"@ seja cesta de condenagéo ou tenha outro conteddo. E 0 desfazimento, ‘em um sentido ou em outro, da diivida sobre a acusagio que pesa contra o individuo. © processo penal possui uma carga infamante e sancionatéria em si mesmo, que nao deve se pro- Jongar por muito tempo. O processo que se desenvolve em um prazo razoavel evita que uma pessoa acusada fique muito tempo na incerteza de sua sorte. Ressalte-se, porém, que o direito a um julgomento no pruzo razodvel ndo pode ser entendido, simplesmente, como o direito a um processo que busque a celeridade processual a qualquer ‘custo. Ou seja, 0 processo no prazo razodvel no é 0 processo em. sua celeridade maxima. Para se respeitar 0 direito ao processo no prazo razoivel, a busca de celeridade nio pode violar outras ‘garantias processuais como a ampla defesa e o direito de a defe- sa possuir o tempo necessério para seu exercicio adequado. ‘Em outras palavras, 0 processo no prazo razodvel, significa lum processo que, naturalmente, deveré durar algum tempo, ‘mas que nfio pode ter uma demora exagerada, causada por dila- .G6es indevidas e injustificadas.1) necessdrio lembrar, ainda, com vistas exclusivas a0 pro- ccesso penal, que nio cabe ao legislador a opgio de instituir wm processo que se desenvolva em tempo razodvel ou ent instituir ‘um processo lento, em que se assegure ao acusado permanecer em liberdade.12 © proceso sempre tem de sc desenvolver em prazo razoavel, até por forga do art. 5°, LXXVII, da Constituio, ‘Oar 7.5 da CADH, apenas estabelece que a conseqiiéncia de um 10 GHIAVARIO, Proceso e gars 32 CHIAVARIO, fa Convenzione. (CET, La protection de accuse Dieito ao Pocesso Pal ne Praze Razatvel rocesso que se_estenda além do prazo razodvel, estando 0 réa preso cautelarmente, é 0 seu desencarceramento. um prazo razodvel para 0 réu que nao se encontra preso. O conceito de razoabilidade, segundo o TEDH e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, 6 um conceito aberto, um standard a ser analisado em face do caso concreto. Assim, no caberia ao legislador de cada pais definir, aprioristicamente, a razoabilidade em termos cronolégicos absolutos e validos para a sgeneralidade dos casos, Ha décadas a Comissio Européia de Direitos Humanos e 0 TEDH analisam o conceito de razoabilidade, jé tendo firmado Pardmetros bem definidos sobre o tema Conrido, quando se fala em razoabilidade, nfo se pode esquecer que estamos diante de uma cléusula genérica que, iso- Jadamente, se presta a qualquer senor (basta verificar que exis- te até quem defenda a admissibilidade de uma prova ilicita con- tra. réu, a partir da razoabilidade [ou proporcionalidade], ser- vindo como elemento legftimo [e legitimante, por conseqiién- ia] de uma sentenga condenatéria). Assim, sublinhamos: o principio da razoabilidade (ou pro- porcionalidade), na nossa concepséo, & considerado essencial- mente quando vinculado ao valor “individuo”, visto como gaz ia da juriadi individuo. Trata-se de uma garantia do individuo dentro do sistema juridico, Analisindo o conceito de razoabilidade, CHIAVARIO afirma que a quescio exige a valoragio balanceada de varios ele- mentos, tendo particular relevo, de um lado, a maior ou menor complexidade da investigagio que o processo exige ¢, junta- 6 -Aury Lopes Je Gustave Henzique Badaré mente, a maior ou menor diligéncia dos rgéos processus; de ‘outro, a conduta do impurado, a0 menos quanto & sua vontade Gilatéria ou de paralisagdo da atividade processual.13 ‘A questio pode ser ainda abordada desde uma interpreta~ ‘gio gramatical, sob o enfoque da vertente da “dilacéo indevida”. Por dilagao entende-se a {cl ‘oadiamento, a postergagio iclal-final) previamente esta- ‘© dever de impulso (ofi- ial) atribuido a0 érgio jurisdicional (0 que nao se confunde com poderes instrutérios-inguisitérics). fi 0 adjetivo “indevida” que acompanha o substantive “dilagio", constitui o ponto nevrilgico da questi, pois a sim- ples dilagio nio constitui o problema em si, eis que pode estar legitimada, Para ser “indevida”, deve-se buscar 0 referencial “devida”, enquanto marco de legitimacao, verdadeiro divisor de aguas (para igso é imprescindivel um limite normativo, confor- me tratado a continuacéo). ‘GIMENO SENDRAM aponta que a ditacio indevida cor- responde & mera inatividade, dolosa, negligente ou fortuita do érgilo jurisdicional. Nao constitui causa de justificacio a sobre- carga de trabalho do érgio jurisdicional, pois é inadmissivel traneformar em “devido" jevido” fancionamento da justi- ga. Como afirma o autor, “lo que n0 puede suceder es que lo 18” GHIAVARIO, Proceso e gana. HE, p.265. 0 anor se vale da posgio ‘nada pela Comiiefo Buropéa de Dictoe Humanoe, nas decsbes de 12 de ulho de 1977 {Caso Haape),reiterada ponerionnenre nas decises de 7 de dexembro (061977 e 12 de jl de 1979. Na dacting acionl, TUCCE, joss Rewicio Cruz eda extesiva duracdo do proceso In: Tema pole equerentee ocompanamento ds atoridades 14 GIMENO SENDEA, Vist otal Dowco Proce Penal Madr: Cex, 1996, p. 109, [Dineito a0 Precese Penal no Preza Razoivel normal sea el funcionamiento anormal de Ja justicie, pues los Estados han de procurar los medios necesarios a sus tribunales afin de que los procesos transcutran en un plazo razonable (SSTEDH Bucholz cit., Eckle, 8. 15 julio 1982; Zimmerman- Steiner, S. 13 julio 1983; DCE 7984/77, 11 julio; SSTC 23/1988; 37/ 1991).” Com relagio aos critérios de razoabilidade, nao se pode dei- xar de mencionar as decisbes da Comissdo Européia de Direitos ‘Humanos, proferidas nos casos Neumeister e Wemhoff, ambas, de 27 de junho de 1968, que se tornaram paradigmas na fixacio ‘0s pontos principais da sentenca proferida no caso Neumeister: “A Comissio, para facilitar 2 determinagio do prazo razodvel, entende que os casos devem examinar-se seguin- do os sete ‘critérios’, ‘fatores’, ou ‘elementos’ que se expéem a seguir: D Acchetiva duracio da detencio. A Comissio no quer dizer que tenha que se fixar um ‘limite temporal absoluto’ para a duracio da detengio. Tampouco se trata de medir essa durag&o em si mesma, mas geral~ ‘mente utilizé-la como um dos critérios que permitem determinar o cardter razodvel de que se trata. ‘H) A.duracio da prisio preventiva em relacto A narure- ia a srever para 0 suspeito,¢ 0 sistema Jegal de abatimen- ‘ta.da.prisio no.cumprimente da pena que no caso venba a ser imposta. A esse respeito, a Comissio adverte que a duracéo da prisio preventiva pode variar segundo a natureza da infracdo, 0 grau da pena cominada e 0 da pena que se hd de prever no caso. ‘Nio obstante, para apreciar a relagdo entre a pena ea ” | Ary Lopes Je. ¢ Gutave Henrique Badard durasio da prisio preventiva, segundo a Comissio, hd ue se ter em conta a presungio de inocéncia estabe- lecida pelo art. 6.2 da Convencio. Se duracio da derengéo se sproxima excessivamente da pena previs- ta para a hipdtese de condenacio, ndo se respeitaria 0 principio da presungao de inocéncia, Wy) i i i za qu IV) A condur do acusada. a) Teria ele contribuido para retardar ou ativar a instrugdo ou as debates? 1b) Teria retardado o procedimento em conseqilén- cia da apresentacio de pedidos de liberdade pro- visoria, de apelagées ou de outros recursos? ) Pediat sua liberdade mediante fianca ou ofere- cendo outras garantias para assegurar 0 compa- zecimento em juteo? Ws do caso (2 complexidade dos fatos ou do nimero de testemunhas e acusados, necessidade de produzir provas no estrangeiro, etc.). VP) A forma em que se desenvolven a instrucio ‘a) sistema pelo qual se rege a instrucio. 5) A diregdo da inscrucio pela autoridade (0 cuidado dedicado a0 caso ¢ a maneira como organizou). Vil) A atuagdo das autoridades judiciis. 2) No exame das petigdes de liberagdo durante a instruso b) No processamento do caso.” © TEDH, porém, jf ressaltou que nfo se deve confundir 0 disposto no art. 5°, § 3%, com 0 que estabelece o artigo 6*, § 18, ambos da CEDH. Este titimo artigo aplica-se a todos os jurisdi- cionados, para protegé-los contra a excessiva lentidao do proce 8 Direito ao Processo Penal no Prazo Razoével dimento. © primeiro s6 tem aplicagio em matéria punitiva, desde que 0 acusado esteja preso cautelarmente. Tem por obje- tivo evitar que, estando 0 acusado preso, a incerteza sobre sua sicuagio se mantenha por tempo demasiado.}5 E, com base em tal distincao, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, em um julgados entenden que, no que se tefere ao caréter * do prazo, somente alguns dos sete critérios que a Comissio Européia utiliza em relaggo ao art. 5°, § 3%, seriam aplicaveis mutatis mutandi ao artigo 6, § 1¥ (o primeiro, o quar- to, 0 quinto, o sexto ¢ o sétimo).6 Por outre lado, 0 TEDH também jé decidiu que a “regra dos sete critérios” da Comissio Eutopéia nao é aceitével, jé tendo sido abandonada atualmente.!7 Posteriormente, p TEDH passou a Jevar em conta apenas a complexidade do caso; © comportamento da parte; (3) © comportamento das autoridades judiciérias.18 E, conforme ja destacado, nos iltimos anos, o TEDH, ‘mantendo o critério da razoabilidade, acrescentou que a dura- do prolongada da prisio cautelar somente estaré justificada se 13 Caso Stogauile,sentonga de 15.11.1968, prt cn ard jrtiicada e boaver wana “real exigineie do ne ree publi, gue deve prevalecer she cei de Hbenfade, nfo obante& ‘bury Lopes ee Gustave Henrique Baders ‘houver uma “real exigéncia do interesse piblico, que deve pre~ valecer sobre o direito de liberdade, no obstante a presungio de inocéncia” 19 De qualquer forma, hd uma clara semelhanga entre os cri- ‘térios adotados anteriormente pela Comissao Européia e 0s cri- érios atuais do TEDH, embora este os tenha definido mais ‘genericamente. ‘No Brasil, 0 art. 58, XXVIII, da Constituigdo ~ incluido pela Fmenda Constitucional ne 45 ~ adotou a dou prazo, fazendo com que exista uma indefinicao de ;plexidade, comportamento da parte e das devemos considerar a “razoabilidade” ‘Na busca de subsidios para a adogdo de parimetros que permitam aferir 2 razoabilidade da duragio do processo no sis- tema brasileiro, procuraremos analisar, separado, cada um dos critérios da Comissio Européia de Direitos Hw bem como os mais importantes julgados do TEDH sobre o direito a0 processo no prazo razodvel. Cabe ressaltar que, na andlise desses critérios internacio- nais, serdo formuladas observacdes criticas sobre a situagio do processo penal brasileiro, em relacio a cada um deles. 4.2.1, A Efetiva Duragao da Prisio critério da duragao efetiva da prisio catitelar néo é um indice absoluta de razoabilidade. Um periodo de prisio preven- tiva longo nfo pode set, por si s6, um indicador de irrazoabili- 19 Gh: Gavo Griver, semenga de 16.092002; caso Nevmershitsey, satensa de 65.04.2005; camo Panchenko,sencenen de 08.02.2005; cave Sardar Abo, ¥- sega de 17.02.2005, Discito a0 Proceso Pesal no Prazo Rezotvel dade,oma vez que motives relevantes, como a propria conduta do acusado, podem determinar o retardamento do processo. Com relacio a longa duragio do processo, trazemos & cola- fo passagens de dois interessantes julgados do TEDH: “No caso Wenhoff, & certo que o provesso terminou com uma condenagéo. Porém, bem poderia ter acabado ‘com uma absolvigio e, ademais, mantendo uma pessoa demasiado tempo em detencao preventiva, este serd levado a0 desespero, e uma pessoa desesperada defende sua ino- céncia com uma vontade consideravelmente diminuida.’20 No caso Neumeister, a Corte afirmou que: “Bm uma sociedade democrdtica, o fato de manter um homem durante mais de sete anos na incerteza, tude, na anguistia do que serd dele, com os soft se produzirdo em sua vide profissional e social, constituem uma clara vulneragio do artigo 6.1 de que se trata."24 (© TEDH, no que se refere aos procedimentos e i busca de um critério adequado para a determinagao da razoabilidade de sun duragfo, tem afirmado a necessidade de se encontrar um “- padrio comum europeu”, independentemente das concretas Gircunstincias que confluam na administragio da Justica de cada um dos Estados, Ou seja, 0 prazo razodvel previsto no art, 5, § 3%, da CEDH, deve contemplar-se em relacdo a um padrio 20 Caso Weninof,sentenga de 27.07.1968, Wenhof fot prese era 9 de novembro de 1961, juntamente com outra pessoas, sob surplts de terem cometide virios nado a teis ance e seis meses de pena peivativa de Uberdade (CE Cour ‘Baropsenine des Droies de Pomme Série B, Asie *Wenko® Stasbourg, Grell dela Conseil de TEurepe, p68) 21 Guo Neumeiser,settenga de 27.07.1968, Aury Lopes. e Gustavo Henrique Bodacé comum europeu, significando, portanto, razodvel para toda pes- ‘soa em qualquer dos pafses curopeus signatdrios da CEDH 22 De ‘outro modo, sua valoragdo dependeri, necessariamente, das caracteristicas do sistema judicial de cada Estado concreto, o gue nao se coaduna nem com a letra nem com o espitito da dis- osigo comentada.23 No sistema brasileiro, recorde-se, as prisées cautelares no Possuem prazo maximo de duragio expressamente previsto e, tampouco, existe, expressamente, um direito de imediata libe- ragio do imputado quando superado 0 prazo, Assim, o prazo da prisdo cautelar esté intimamente vincu- lado ao prine{pio da provisoriedade. A provisoriedade estd rela- ion fator tempo, de modo que toda pris deve(ria) ser temporaria, de breve duracéo. Manifest apenas tutela de uma simagao fitica pode assumir contomes de pera a Aqui reside um dos maiores p brasileiro: a indeterminagzo, Reina a abso inagio acerca da duragdo da prisio cantelar, pois em momento algum foi disciplinada essa questdo. Excetuando-se a prisio tempord- tia, cujo prazo méximo de duracio esti previsto ema lei24 as demais prises cautelares sio absolutamente indeterminadas, podendo durar enquanto o juiz ou tribunal entender existir © peticulem libertatis. A jurisprudéncia tentou, sem grande sucesso, construir limites globais, 2 partir da soma dos prazos que compiem 0 pro- zie europe, Toto: UTET, 2006, p, enosbinatre europes del dirt Leis 7, 960/89, que determina que a segre spor igual periodo. Em ae tratande de ‘aime hediondo ov equipsrado, a piso tempore poderd duvar até 30 dia, ‘Pronegives par gua! period, ngs exmgs da Lei me 807290, 2 Dineito ao Proctsso Penal no Prazo Razofvel cedimento aplicével ao caso. Assim, resumidamente, se supera- dos os tais 81 dias o imputado continuasse preso, ¢ 0 procedi- mento (ordinério) nio estivesse concluida (leia-se: sentenga de 3° gran), haveria “excesso de prazo”, remediivel pela via do ‘habeas corpus (art. 648, 11) A liberdade, em tese, poderia ser testabelecida, permitindo-se a continuagio do processo. Algumas decisées até admitiram considerar 0 excesso de prazo , em esséncia, 0 critério da proporcionalidade. Processes que tenham por objeto delitos mais graves e, conseqiientemente, apenados mais severamente, poderdo durar mais tempo do que ‘outros feitos por delitos de pequena gravidade. Todavia, embora 0 critério da proporcionalidade seja fun- damental na ponderagio da duragio do processo em relagio ao binémio “narareza do delito ~ pena cominada”, nfo poderi sez aceito, de forma isolada, como indice de razoabilidade. Levado a0 exremo, delitos apenados com prisio perpétua teriam como rarodvel um,processo que durasse toda a vida... jurisprudéncia alema, depois consagrado legislativamente, de individualizar 0 critério da razoabilidade. Foi acolhido pela reforma da StPO, de 19 dezembro de 1964, em seu art. 120: “A 3 SOUZA DE OLIVEIRA, Por ume Teoria des Principia. P 2. 56 Direto o Proceso Panal no Prazo Razsivel custédia preventiva deve ser proporcional i gravidade do fato ou a da pena.” Para AMODIO, “o principio da proporcionalidade respon- de indubitavelmente & exigéncia de Tempersr a periculosidade decorrente da interpretagdo dada ao conceito de reasonable time da Comissio Européia, a qual, como se viu, considera legi- tima a existéncia de um longo periodo de enc: - ventivo para delitos no graves, s6 com base na justificativa da complexidade da investigagio. De resto, néo se pode nem ‘mesmo objetar com o perigo de uma indiscriminada proporcio- nalidade entre a duragio da custédia proventiva e a gravidade do delito, porque o princtpio acolhi De qualquer forma, 0 crit ‘uma leitura cuidadosa. Sem 0 da custédia preventiva em tando que a prisio se estenda de forma dezarrazoada, em razio da complexidade do caso ou outros fatores.!! Por outro lado, mais graves, a adogio da proparcionalidade, yepresenta um grave petigo a liberdade pes- soal vez que, subsistentes as razbes que determinaram a prisio, © processo poderia se esterider por longo tempo, 30 AMODIO, Ennio, “La mela delle Wberti personale dellimpueato ella | ' | t _Auty Lopes ee Gustavo Henrique Badaré Nio é este 0 espirite da Convencio Européia, cujo art. 5*, §.3°, determina que o acusado preso preventivamente seja jul- gado em tempo razoivel, sob pena de desencarceramento, mesmo subsistindo os fatores determinantes da prisio cautelar. ‘A auséncia de tais fatores impede que se decrete a prisio pre- ventiva (ou autoriza sua xevogagdo), mesmo que o julgamento venha a se realizar em tempo razodvel (art. 5°, § 15 ¢) Todavia, em algumas hipéteses, pode-se vetificar que, _mesmo presentes 0s motivos autorizantes do encarceramento no excedendo o tempo necessério para preparar um juizo de érito, a situagio contraste com 0 princfpio da razoabilidade. ‘Assume importincia, neste caso, o art. 6%, § 28, da Convengdo Européia, determinando que a duracdo da custédia preventiva, que se aproxinia demais da duragdo da pena que se pode espe- rar em caso de condenacéo, acaba por violar o principio da pre~ de inocéncia.® some a ine ae, seo peiodo de print camel fosse a pena cominada, independentemente de quais- quer van elementos definidores de sua razoabilidade, a dura- Go do processo e da prisio cautelar seriam corolirios automd- cos da imputagao, o que viola a presungao de inocéncia. ‘De outro lado, considerando uma situacio extrema em que fosse cominada a pena de priséo perpétwa, o critério da pena cominada ou da pena provével seria totalmente inadequado. A prisdo e, por conseguinte, o processo, poderiam durar por toda que dizer, entio, caso fosse cominada a pena de BL Caso Wenbof, sentenga de 27:07.1968, PONCET (La protection de tans 70), fron que principio de eran sorta poe rar vlad 7 feed alia do rnc da roprconaice, perat eee cons dear qe ume po proviso ¢ esrzouarens lng par 9 ne [plo ql peo es prea for previst uma pea mals Tongs ainda, No mest sentido, HENVENUT “la Raglonevoleze..p, 529-590. Direito a0 Processo Penal ne Privo Racor! deve-se buscar uma conjugagdo de erieérios, com base nos futos incontroversos emergentes no caso concreto, a fundamentarem 4 custédia e sua manutengio, Existem ainda outras razies para justificar 0 cuidado 20 analisar o bin6mio natureza do delito e pena cominada. Tal regra de proporcionalidade seria aplicdvel quanto a duragzo razodvel do processo penal. Contudo, néo seria suficiente para afericio da razoabilidade relacionada a0 processo civil, trabalhista, ou de qualquer outra natureza, o que também é assegurado pela Con- vengio Européia (art. 6, § 1°), pela Convencdo Americana (art, 8.1) ¢ pela Constituigao Brasileira (art. 5, inc, LXXVII), Ademais, a regra que postula uma comparagio entre a ena provével, em caso de condenacio, com o tempo de prisio proviséria do acusado, teria sua aplicagio enfraquecida nos pro- ccessos penais em que o imputado est i Por todas essas razées, o TEDH splicagao do cri- ‘ério “natureza do delito e pena aplicada” para situagées em que niio se esteja diante de um processo penal com réu preso.23 4.2.3. Os Efeitos Materiais e Morais da Prisio Cautelar ¢ do Proceso Penal Os efeitos materiais, morais ¢ de outro género, que podem decorrer da prisio cautelar e do proprio processo penal, sem Givida afetam os direitos dos imputados ¢ a prdpria presuncio de inocéncia. O encarceramento nao pode sujeitar o acasndo e a sua liberdade pessoal a um esforgo maior do que aquele que se pode exigir de quem se presume inocente. Em decorréncia disso, ha (ou deveria haver) sensiveis diferencas entre o trata~ mento dispensado ao acusado preso cautelarmente, de um lado, 33 Caso Neumeiner, sentenga de 27.07 1968, ‘Aury Lopes jr. 0 Gustavo Hensique Bard © 0 regime imposto ao preso ji condenado por sentenga transi- tada em julgado, de outro. ; Contudo, ¢ importante destacar que existe uma pena pro- cessual mesmo quando nao hé pristo coutelar, ¢ essa pena aumenta, progressivamente, com a duragio do proceso, Seu jimenso custo seré ainda maior, a partir do momento em que se configurar 2 duragdo excessiva do processo, pais entio, essa violéncia passa a ser qualificada pela ilegitimidade do Estado em exereé-la. a Iustrativa é a jd mencionada “pena de banquillo”, ou seja, a pena processual que encerra o “sentar-se no banco dos réus". £ uma pena auténoma, que cobra um alto prego por si mesma, independentemente de furara pena privativa de liberdade (que nndo compensa nem justifica, sendo acresce o carter punitivo de com a evolugdo da humani tes instrumentos de marcagio. Atualmente, no hé como negar ‘que o processo penal assume a marca da infamia ¢ a fungio do ferro candeme. ‘A Criminologia critica aponta para o labeling approack®® como essa atividade de etiquetamento que safre a pessoa e tal fendmeno pode ser pexfeitamente aplicado ao processo penal. 0 Jabeling approach; como perspectiva criminolégica, entende ‘que o self~ a identidade — nao é um dado, uma estrutura sobre ‘a qual atuam as “causas” endogenas ou exdgenas, mas algo que se vai adquirindo e modelando ao longo do processo de intera~ lo entre 0 sujeito ¢ os demais, FE LOPES IR, tmreducho Critica no Processo Penal p. 9, u6ta 5. 35. CL FIGUEIREDO DIAS e COSTA ANDRADE, Criminologie p42. o Diseito ao Processo Penal no Prazo Razosvel Nesse panoréma, 0 processo penal assume a atividade de etiquetamento, retirando a identidade de uma pessoa, para outorgar-the outra, degradada, estigmatizada. claro que essa estigmatizagao ¢ relativa € nfo absoluta, na medida em que varia conforme a complexidade que envolve a situagdo do réu (oobservador na viséo da relatividade de EINSTEIN) e a propria duragio do processo, Nao hi divida de que tanto maior serd 0 estigma, quanto maior for a duragéo do processo penal, espe- ccialmente se o acusado estiver submetido a medidas cautelares. processo penal constitui o mais grave status-degradarion ceremony. Como explicam FIGUEIREDO DIAS ¢ COSTA ANDRADE,% 0 conceito de ceriménia degradante foi introdu- zido em 1956, por H. GARFINKEL, como sendo os procescos ritualizados em que uma pessoa € condenada e despojada de sua identidade e recebe outta, degradada, O processo penal é a mais expressiva de todas as ceriménias degradantes, Ao lado do estigma, ¢ inegivel o softimento, para o impu- tado, que o processo penal gera. A expressio stato di prolunga- 14 ansia resume esse fendmeno. Foi empregada na Exposigio de Motives do arual Céaigo de Processo Civil italiano, para justifi- car a crise do procedimento civil ordindrio e a necessidade de implementar formas de tutela de urgéncia, mas encontra no Processo penal um amplo campo de aplicacio, levando em ‘conta a natureza do seu custo. ‘0 processo penal submete 0 particular a uma instituigo que, em geral, Ihe é absolutamente nova e repleta de mistérios e incdgnitas. A profissionalizacdo da justica ¢ a estrutura buro- critica que foi implantada devido também A massificagio da cri- minalidade fazera com que 0 sujeito passivo tenha que se sub- meter a um mundo novo e desconhecido. Isso sem considetar 0 sistema penitencidrio, que, sem diivida, € um mundo a parte, com sta prépria escala e hierarquia de valores, linguagem etc. 86 FIGUEIREDO DIAS e COSTA ANDRADE, Crimizofoga 350 a ‘uy Lopes re Gato Henrique Badr Esse ambiente'da justica penal ¢ hostil, complexo e impregnado de simbolismos. Para 0 sujeito passivo, todo o cenério revela um mistério, que somente poderé compreender depois de subme- ‘ter-se a toda uma série de ceriménias degradantes. ‘A arquitetuta das salas dos Tribunais configura um plégio das construgies religiosas, com suas estétuas e, inclusive, com uum certo vazio, onde deveré ser “exposto” o acusado. Tudo isso traduz, em dtima anélise, que o bindmio crime-pecado ainda no foi completamente superado pelo homem. Os membros do Estado ~ jufzes, promotores e auxiliares da justiga ~ movem-se em um cendtio que Ihes é familiar, com 2 indiferenga de quem sé cumpre mais uma tarefe rotineira, Utikizam uma indumentd- ria, vocabulério e todo um ritualismo que contribui de forma definitiva para que o individuo adquira a plena consciéncia de sua inferioridade. Dessa forma, 0 mais forte ¢ convertide no ‘mais impotente dos homens frente & supremacia punitiva esta~ tal. Tudo isso, acrescido do peso da espada de Damocles que pende sobre sua cabeca, leva 0 sujeito passivo a um estado de angéstia prolongada. Enquanto dura o processo penal, dura a incerteza, e isso leva qualquer pessoa a nfveis de estresse jamais imaginados. Nao raros serdo os transtornos psicol6gicos graves, como a depressio exdgena: O sofrimento da alma é um custo que terd que pagar 0 submetido ao processo penal, e tanto maior seré sua dor como maior seja a injustica a que esteja sendo submetido, ‘Além desse sofrimento psicolégico, o TEDH destacou que a consideragéo dos efeitos materiais € morais da ptisio, por Sbvio, somente tém aplicagéo quanto & afericlo da duracdo razoivel do processo, no campo penal. 4.2.4, O Comportamento Processual do Imputado O comportamento processual do imputado tem merecido destaque especial na doutrina e na jurisprudéncia para aaferi- a Diteito 20 Proceso Petal ao Pras Razoival ‘so da duragio razodvel do processo e, principalmente, 0 que seria a outra face da medalha, das dilagdes indevidas causadas ao processo. Expecificamente no processo penal, onde esté em jogo 0 delicado problema de coordenagao e equilfbrio entre o direito & decisio em um tempo razoivel eo direito de dispor de um tempo necessirio para a defesa, 0 problema avulta.37 Inicialmente, a conduta pode ser determinada pelo puro ¢ simples exercicio de um direito que a l tado, sem que isto represente uma especifica exigéncia de defesa, como por exemplo, 0 direito ao siléncio. Este caso no pode ser visto como retardamento processual, permitindo que se ultrapasse 0 prazo razodvel. Néo se exige, também, uma cooperagio ativa do interessado com a autoridade judicié- ia? Envdo, sublinhe-se: o imputado nfo tem nenbum dever de contribuir on colaborar para o célere tamite do processo. Nenhum prejutzo poderd advir-Ihe da inércia processual, pois protegido pelo direito de siléncio e de nao produzir prova contra si mesmo. Quando cautelarmente preso, o *atuar processual” do acu- sado é praticamente nulo, de modo que seu comportamento (ou auséncia de colaboracéo) & inadequado para justificar a demora processual. Tal posigao fica clara na decisio da Comissio Européia, no caso Neumeister: “A Comissio considera que o acusado que se nega a colaborar com os érgdos da instrugio ou que interpée os recursos que Ihe sio permitidos, se limita a fazer uso de seu {37 CHIRVARIO, Process e garansi..¥.1l,p. 270. 8 Cé; TEDH, Cao Belle, sencenga de 35.071982; Cato Corlgane, sentenga de 10.12.1982 6

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